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Redação e dinâmica da produção científica: dicas para publicar em revistas internacionais Sidinei M. Thomaz (baseado – ca. 10% dos slides – no curso oferecido.

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1 Redação e dinâmica da produção científica: dicas para publicar em revistas internacionais
Sidinei M. Thomaz (baseado – ca. 10% dos slides – no curso oferecido pelo Dr. Koen Martens - Royal Belgian Institute of Natural Sciences, Brussels, Belgium – aos alunos do PEA/UEM no ano de 2008)

2 Volpato (2010)

3 O escriba

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6 O que vamos abordar? 1) Porque os cientistas escrevem?
2) Antes de iniciar um artigo – o que fazer? 3) A importância de hipóteses e predições. 4) Organização de um artigo de pesquisa primária: título, abstract, introdução, métodos, resultados, discussão, agradecimentos e referências. 5) O processo de publicação: da submissão ao aceite final.

7 O que vamos abordar? 6) Qual revista escolher? Fatores de Impacto de revistas e autores. 7) Trabalhos de interesse restrito versus interesse amplo. 8) Trabalhos descritivos e experimentais: como torná-los mais atrativos. 9) Ética na ciência (incluindo co-autorias).

8 O que não vamos abordar? Outras atividades importantes na vida acadêmica: Qualquer forma de extensão acadêmica (serviços à comunidade); Atuação direta em práticas de conservação (p. ex., assessorias à órgãos de meio ambiente); Atuação junto ao terceiro setor visando à conservação; Atividades de divulgação científica e educação ambiental.

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11 Como será a avaliação? Escolha de um artigo publicado (em inglês) em qualquer revista indexada na WoS; Criticar o artigo, com base no que vamos abordar no curso; Apresentar na forma de um seminário (15 minutos + 5 para discussão); Use 2-3 minutos no início para abordar o conteúdo do artigo; Grupos de 3 pessoas.

12 O curso abordará princípios gerais;
Revistas importantes (em especial) dão mais liberdade para a escrita (embora a maioria dos componentes importantes do texto científico devam aparecer na publicação)

13 A Ciência envolve várias atividades: Pesquisa (publicação)
Administração Ensino Orientação Execução de processos industriais Divulgação científica Pesquisa (publicação)

14 Breve histórico sobre publicações no Brasil
a valorização de publicações em revistas com maior impacto é recente (2 décadas); acompanhou a internacionalização da ciência brasileira (ca. 15 anos); alguns pesquisadores discordam desse processo; o curso pretende oferecer dicas importantes que nós tivemos que aprender sozinhos.

15 Cientista: Pesquisador:
Usa a investigação para entender fenômenos gerais, universais Pesquisador: Contenta-se em relatar dados e compará-los com a literatura (“Discussão Fofoca”) Volpato (2010 – Dicas para Redação Científica)

16 Porque somos rejeitados (enquete (editores internacionais):
Estilo inapropriado; Excesso de referências; Objetivos pouco definidos; Discussão que não extrapola os resultados ou extrapolações excessivas; Excesso de resultados sem contexto teórico; Objetivo restrito. Volpato (2010 – Dicas para Redação Científica)

17 A ciência brasileira está crescendo...

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21 Porém, nem tudo são flores!

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23 http://media. folha. uol. com

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26 Subject Category: Total (# de documentos em 2011)

27 Subject Category: Total (# de citações em 2011)

28 Subject Category: Ecology, Evolution, Behavior and Systematics (# de documentos em 2011)

29 Subject Category: Ecology, Evolution, Behavior and Systematics (# de citações em 2011)

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32 Esse debate já chegou à grande mídia

33 “O vice-campeão é apenas o primeiro perdedor ”.
Nelson Piquet (filósofo e corredor de F1 nas horas vagas)

34 Seria um curso de redação científica, uma forma de ensinar a maquiar o trabalho ou “enganar” o leitor?

35 Religião x Artes x Ciência
A redação difere em cada forma de conhecimento humano, seguindo seus objetivos específicos Religião x Artes x Ciência Todas tentam convencer, mas de formas diferentes

36 Dogmatismo, hierarquia, ameaças (em algumas)...
Impressões, argumentos sensitivos e subjetivos...

37 Profeta Maomé....reações diferentes entre cientistas e religiosos!

38 Menos sujeita a subjetivismos.
Abordaremos a redação para expressar os resultados dessa forma específica de conhecimento humano Razão baseada em testes de hipóteses e argumentos que podem ser DESMORONADOS. Menos sujeita a subjetivismos.

39 The better you write, the more people will take notice
“In science, the credit goes to the man who convinces the world, not the man to whom the idea first occurs.” Sir Francis Darwin ( ) The better you write, the more people will take notice

40 “A naturalist's life would be a happy one if he had only to observe and never to write.”
Charles Darwin

41 O curso será voltado para a redação de artigos científicos, mas o mesmo raciocínio pode (e deve) ser empregado em projetos, dissertações, teses etc.

42 Erros conceituais aparecem no texto
Volpato (2010) Erros conceituais aparecem no texto Epistemologia: também chamada de teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia que trata da natureza, das origens e da validade do conhecimento

43 1) Porque os cientistas escrevem?

44 Porque escrever um artigo científico?
“Publish or perish” or “Publish and flourish” Para conseguir emprego Para manter o emprego Para conseguir um emprego melhor … e ganhar mais dinheiro Para se tornar famoso Para ganhar o Nobel! Por razões científicas Para comunicar seus resultados: Tornar suas descobertas públicas Evitar pesquisas repetidas Para conseguir mais fundos para pesquisa Para aprender a partir de outros

45 Por razões científicas
Para melhorar a avaliação do seu programa de pós-graduação na CAPES Cursos bem avaliados produzem alunos com melhores perspectivas de mercado. Para melhorar a avaliação do seu curso de graduação Cursos bem avaliados produzem alunos com melhores perspectivas de mercado.

46 “...uma redação científica descuidada indica um pensamento também descuidado e ambos são desastrosos para a pesquisa e para a divulgação da mesma.” Matthews et al. (1996)

47 Pode-se ter uma ideia acerca da cozinha de um restaurante pelo seu banheiro

48 Porque os cientistas escrevem ?
Tornar as descobertas públicas é uma boa forma de dar satisfação à sociedade sobre o dinheiro investido no seu laboratório! ATENÇÃO: Desconfie de um pesquisador que possui vários resumos em eventos mas não publica. É sinal que ele recebe verbas, faz pesquisa e viaja (na maioria das vezes com dinheiro público) mas suas conclusões não passam pela REVISÃO POR PARES! (L. M. Bini)

49 Que língua usar?

50 Que língua usar? A linguagem científica internacional é o inglês
Porque não utilizar espanhol, português? Em termos democráticos, deveria ser o chinês (> 1 bilhão de pessoas!) – sorte nossa que é o inglês!

51 Alguém se habilita?

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53 Que língua usar? Serviço profissional:
A escrita em inglês deve ser padrão e sem falhas (tanto o inglês britânico como o estadunidense podem ser utilizados, mas nunca misturados) Esse ponto tem sido contestado: e os canadenses? => Sempre peça a ajuda de alguma colega nativo na língua (ou busque ajuda profissional) Serviço profissional: American Journal Experts, English Journal Experts, as próprias revistas (algumas) etc.

54 Para quem os cientistas escrevem?
Embora você escreva para seus pares, seus artigos também devem ser compreensíveis pelos seguintes leitores: Cientistas cuja língua nativa não é o inglês Estudantes que estão somente iniciando suas carreiras Cientistas que leem artigos de fora de sua disciplina Jornalistas com uma compreensão razoável do método científico

55 Um exemplo de sucesso do item 4

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59 Para quem os cientistas escrevem?

60 Para quem os cientistas escrevem?
Para seu (sua) namorado(a), principalmente se ele(a) for cientista!

61 2) Antes de iniciar um artigo – o que fazer?

62 Conteúdo Um artigo começa a ser escrito na concepção da pesquisa

63 DICA IMPORTANTE Antes mesmo de iniciar seu trabalho:
Tente visualizar as principais tabelas e figuras que ele vai produzir Quais análises você vai utilizar Principalmente, qual sua hipótese

64 Ou seja, tente traçar uma trajetória

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66 Em um projeto, testou-se a hipótese de que “uma espécie de planta exótica afetava negativamente a diversidade de plantas nativas”. Pelo menos duas predições foram geradas: As curvas cumulativas de espécies resultariam em menor riqueza em quadrados colonizadas pela exótica; Haveria redução da S de espécies nativas com o aumento da biomassa da exótica.

67 Quadrados Predição (i): As curvas cumulativas de espécies resultariam em menor riqueza em quadrados colonizadas pela exótica

68 Predição (ii): Haveria redução da S de espécies nativas com o aumento da biomassa da exótica

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70 Figuras e tabelas extras:
Mapa dos locais e estações amostradas; Tabelas com os resultados estatísticos (podem ser apresentados no texto); Tabelas com espécies (podem ser apresentadas como apêndice).

71 Antes de iniciar... É sempre bom lembrar: faça um bom planejamento amostral, pois NÃO HÁ REMÉDIO PARA ERROS FATAIS (“FATAL FLAWS”)! Então, leve MUITO A SÉRIO seu planejamento experimental, de outra forma seu trabalho não será publicado em uma revista internacional.

72 Gradiente de temperatura
Exemplo real de um erro fatal: criação de gradiente de temperatura em uma casa de vegetação para testar efeito do aquecimento global sobre o crescimento de plantas leste entrada da estufa oeste fundo da estufa Gradiente de temperatura

73 Antes de iniciar... Um trabalho recentemente submetido à revista Aquatic Botany, e praticamente aceito: Editor's comments: dear dr Becker Rodrigues, thank you for your revision. I have several minor points left, and a more serious question on your experimental design. Did you, and how did you randomise? Please inspect the annotated pdf. Best regards Jan Vermaat

74 OU SEJA, PLANEJAMENTO É TUDO!

75 Antes de iniciar... Faça um levantamento bibliográfico
Use várias possibilidades (Thomson ISI (WoS), Biological Abstracts..) – disponíveis no Portal de Periódicos da CAPES Faça várias combinações de palavras-chaves

76 Macrophyte* 10504 papers 10124 papers

77 EXATAMENTE IGUAL AO QUE VOCÊ ACHA QUE SERÁ INÉDITO!
Antes de iniciar... Faça um bom levantamento bibliográfico porque... HÁ UMA ENORME CHANCE DE QUE ALGUÉM JÁ TENHA FEITO ALGO PARECIDO OU... EXATAMENTE IGUAL AO QUE VOCÊ ACHA QUE SERÁ INÉDITO!

78 A família de Hill (e a entropia de Tsallis)
Antes de iniciar... Um exemplo próprio... um índice unificador de diversidade baseado em uma família de índices A família de Hill (e a entropia de Tsallis) Mendes et al. (2008)

79 Mendes et al. (2008)

80 Antes de iniciar... OU SEJA:
Publicar é importante mas... SER RÁPIDO PODE SER MAIS! Existem milhares de pessoas no mundo EXATAMENTE agora com ideias parecidas com as suas!

81 Cuidado na hora de escolher um projeto...

82 Escolha um problema importante, para a ciência ou para a sociedade.
“...um cientista de qualquer idade que quer fazer descobertas importantes, deve estudar problemas importantes.” “Uma grande parte da arte do solúvel é a arte de propor hipóteses que possam ser testadas por experimentos praticáveis.”

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85 3) A importância de hipóteses e predições

86 Conteúdo: a importância das hipóteses
A hipótese direciona o estudo, determinando o que o pesquisador pretende buscar, dentro de um universo maior.

87 Algumas perguntas são mais facilmente respondidas com a formulação de uma hipótese (Volpato, 2010).

88 Nem sempre a hipótese é a melhor estratégia da pesquisa (Volpato, 2010).
Pesquisa descritiva

89 Conteúdo: a importância das hipóteses
HIPÓTESE: ideia pré-concebida acerca dos resultados que serão obtidos; Uma pergunta que já contém a resposta.

90 Conteúdo: a importância das hipóteses
Não se esqueça: - Uma hipótese DEVE ser passível de rejeição

91 Exemplo: “No presente trabalho testou-se a hipótese de que a comunidade de peixes difere entre os ambientes investigados.” Dificilmente essa hipótese será rejeitada, porque SEMPRE haverá diferença em algum atributo (ex., diversidade, riqueza, equitabilidade ...)

92 Evitar hipóteses gerais do tipo:
Nesse trabalho testamos a hipótese que: ... o ambiente X difere do Y. ... a espécie W difere da Z. ... o tempo T difere do tempo T+1.

93 Essas hipóteses são fracas, pois:
são desprovidas de um contexto teórico mais geral; são praticamente impassíveis de rejeição; aproximam-se mais de predições (resultados a serem testados com testes estatísticos) do que de hipóteses (associadas com conceitos gerais).

94 “A menos que uma hipótese restrinja o número de observações possíveis de eventos no universo, um experimento não produzirá nenhum efeito. Uma hipótese totalmente permissível diz nada.” P. Medawar

95 Hipóteses gerais do tipo:
... o ambiente X difere do Y. ... a espécie W difere da Z. ... o tempo T difere do tempo T+1. Podem ser testadas desde que BEM CONTEXTUALIZADA EM UMA ABORDAGEM TEÓRICA MAIS ABRANGENTE.

96 Evite o uso de hipóteses ad hoc:
É uma construção teórica sem o intuito de ser testada, pois apenas visa evitar que a hipótese principal seja derrubada. Volpato (2013)

97 Exemplo: Hipótese: “O mordomo matou o patrão”
Os dados coletados indicam que o mordomo é inocente (por ex., houve um álibi) Hipótese ad-hoc: “O mordomo conseguiu um sósia seu para lhe garantir um álibi”.

98 Conteúdo: a importância das hipóteses
Re-organizando as ideias (segundo Farji-Brener, 2003 e Singer, 2007) A distinção entre hipóteses, predições e pressupostos (ou premissas) não é clara para a maioria dos pesquisadores.

99 Uso parcialmente correto ou incorreto das hipóteses e predições

100 Hipótese: suposição de uma coisa possível, da qual se extraem consequências (Larousse).
Predição: consequências das hipóteses (as predições são testadas). O uso de uma predição como se fosse uma hipótese não permite ao leitor conhecer as IDEIAS que estão sendo avaliadas pelo autor.

101 Exemplo: Hipótese de trabalho:
“A complexidade estrutural de habitats afeta positivamente a diversidade de espécies.” Stiling (2002)

102 Predições: “Córregos com fundo pedregoso terão maior diversidade de invertebrados do que córregos com fundo arenoso.” “A diversidade de invertebrados associados a macrófitas aumenta com a dimensão fractal (um indicador da complexidade).” “Florestas com maior número de estratos suportam maior diversidade de insetos”. “Florestas com maior número de estratos suportam maior diversidade de aves”.

103 HIPÓTESE OU TEORIA: IDEIAS GERAIS
Predição 2 Predição 1 Predição 3 HIPÓTESE OU TEORIA: IDEIAS GERAIS Predição 6 Predição 4 Predição 5

104 O uso dessas predições como hipóteses não permitiria avaliar A PRINCIPAL IDEIA OU OS CONCEITOS que cercam a pesquisa. Relação entre complexidade estrutural de habitats e diversidade de espécies

105 Pressupostos (premissas):
O que levou a formular a hipótese. Stiling (2002) A maior complexidade estrutural dos habitats fornece abrigo e mais nichos (inclusive alimentar), o que eleva a diversidade.

106 “Testei experimentalmente duas predições da hipótese de que a relação positiva entre diversidade de habitat e diversidade de espécies surge a partir da redução nos efeitos negativos da competição inter-específica. Por permitir que as espécies partilhem o habitat e evitem competição, a diversidade de habitat deveria 1) facilitar a adição de uma espécie intermediária em uma comunidade pré-existente e 2) reduzir os efeitos negativos daquela espécie sobre os membros da comunidade.”

107 Exemplo: observação do “efeito berçário”

108 berçário Em Estatística a hipótese nula é uma hipótese que é apresentada sobre determinados fatos estatísticos e cuja falsidade se tenta provar através dum adequado teste de hipótese. Uma hipótese nula geralmente afirma que não existe relação entre dois fenômenos medidos.

109 pois uma hipótese aceita pode ser refutada por um futuro experimento.
Exemplo anterior: Experimentos posteriores poderiam revelar que as diferenças de temperatura constadas não seriam suficientes para explicar o sucesso das plântulas sob o dossel. Assim, o apoio de uma hipótese é transitório, mas sua rejeição é permanente... pois uma hipótese aceita pode ser refutada por um futuro experimento.

110 Ex. duas espécies de Typha aparentemente colonizam profundidades diferentes.

111 Ex. duas espécies de Typha aparentemente colonizam profundidades diferentes.
Hipótese: a profundidade determina a distribuição dessas espécies. Predição 1: uma das espécies colonizará regiões mais profundas que a outra.

112 Ex. duas espécies de Typha apresentam preferência por profundidades diferentes.
Hipótese: a profundidade determina a distribuição das espécies. Predição 2: quando ambas crescem isoladamente, uma das espécies continuará colonizando locais mais profundos.

113 uma hipótese aceita pode ser refutada por um futuro experimento.
Exemplo anterior: A zonação era aparentemente o fator determinante, mas a competição parece ser mais importante Ou seja, uma hipótese aceita pode ser refutada por um futuro experimento.

114 Assim, filosoficamente, rejeitar uma hipótese seria mais robusto do que aceitá-la!
Pontos para reflexão: Deveríamos encarar as rejeições de hipóteses de forma natural; Editores e revisores deveriam encarar “resultados negativos” com naturalidade.

115 Conselho de P. Medawar (sobre hipóteses):
“Não posso oferecer a nenhum cientista de qualquer idade melhor conselho que esse: a intensidade da convicção de que uma hipótese é verdadeira não tem nenhuma influência sobre o fato de ela ser verdadeira ou não.”

116 “Every experiment may be said to exist only in order to give the facts a chance of disproving the null hypothesis. Yet in many experiments it is well known (or at least well accepted) that there are differences among the treatments. The point of the experiment is to estimate the magnitude of these differences and provide estimates of the standard errors associated with the estimates of these differences.“ Fisher, R.A. (1935) The Design of Experiments. Edinburgh: Oliver and Boyd.

117 As duas últimas envolvem testes de hipóteses
Tipos de trabalhos (Volpato, 2010): Descritivos: descrevem fenômenos, medem e comparam resultados de variáveis etc. De associação: testam associação entre variáveis De interferência: testam relação de interferência entre variáveis As duas últimas envolvem testes de hipóteses

118 Volpato (2010)

119 Exemplos de trabalhos:
Descritivos: comparar a diversidade de duas áreas De associação: testar a hipótese de que a complexidade de habitats encontra-se positivamente relacionada com a diversidade De interferência: testar uma hipótese acerca dos mecanismos envolvidos na relação entre complexidade de habitats e diversidade

120 Revistas melhores: Em geral, o mesmo trabalho deve mostrar a associação e os mecanismos envolvidos

121 Caso você tenha feito um trabalho de associação, pode inferir sobre os mecanismos com base em dados da literatura Volpato (2010)

122 Importante: O conteúdo de um artigo científico (título, introdução, métodos, resultados e discussão) deve ser coerente com cada uma dessas formas de trabalho. Uma experiência recente...

123 Ególogos: quando o EGO – e não a curiosidade – dirige sua forma de trabalho.
Apaixonam-se pelas ideias e as mantêm independente dos resultados (dados); Encaram a rejeição de uma hipótese como uma derrota.

124 Maneiras para ACEITAR hipóteses:
1) Apostar no seguro – testar hipóteses que quase certamente serão aceitas. 2) Indiferença acadêmica – prestar atenção somente aos dados que se ajustam. 3) Coleta inconsciente de dados que se “ajustam” à hipótese.

125 4) Amostragem (im)perfeita – criticar a amostragem quando os resultados refutam uma hipótese, mas desconsiderar críticas quando os resultados levam à aceitação da hipótese. As críticas do desenho amostral devem ser feitas independente dos resultados e sempre a priori. 5) Tortura dos dados – utilização de métodos estatísticos convenientes para a aceitação da hipótese.

126 6) Manipulação numérica

127 Pode-se incluir o “outlier” e deixar o leitor decidir
Carvalho et al. (2013)

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129 Esses cientistas nunca vão ser inovadores!
Muitos cientistas usam essas estratégias para aumentar a quantidade de artigos publicados, pois hipóteses aceitas são mais facilmente publicáveis. Porém... Esses cientistas nunca vão ser inovadores!

130 Conteúdo: a importância das hipóteses
De onde surgem as ideias (hipóteses e perguntas)? Uma das fases menos compreendidas (Peters, 1991) e ignoradas pelos professores (Singer, 2007)

131 Interesse dos filósofos versus interesse dos cientistas
“A maneira como uma nova ideia ocorre a um homem [...] é irrelevante para a análise lógica do conhecimento científico. Este não se ocupa com questões de fato [...] mas apenas com questões de justificativa ou validade” (Popper, 1968 in Mayr (1997). “...aos olhos do cientista, o método que se usa para refutar uma hipótese errônea é em geral algo de interesse trivial, ao passo que a descoberta de um novo fato ou a formulação de uma nova teoria é frequentemente da maior importância” (Mayr, 1997).

132 Ex 1 (Singer, 2007). um pesquisador notou que corvos que utilizavam uma carcaça “gritavam”. Para um desavisado, a observação soaria como uma “festa de corvos”.

133 A observação interessou ao pesquisador porque ele compreendia seleção natural e sabia que grupos de corvos são incomuns. Porque os corvos gritam, chamando a atenção de outros, se seria melhor não fazer alarde e ficar com a carcaça sozinho? Na sequência, o pesquisador gerou uma lista de hipóteses baseadas em observações em trabalhos com espécies relacionadas. Finalmente, delineou métodos observacionais e experimentais, aplicáveis aos corvos para testar suas hipóteses.

134 Sem muita leitura e conhecimento, nada se produz ideias novas!
Lição: O pesquisador SOMENTE se interessou pelo objeto da pesquisa e GEROU HIPÓTESES (IDEIAS) porque tinha conhecimento sobre seleção natural e sobre o funcionamento da sociedade dos corvos. Ou seja... Sem muita leitura e conhecimento, nada se produz ideias novas!

135 “The writer who produces more than he reads…a sure mark of an amateur
Contos proibidos do marques de Sade

136 “Chance favours the prepared mind...”
Louis Pasteur

137 Surgimento de ideias a partir de outras áreas da ciência:
Ex2. Índice de Shannon (R. Margalef, a partir da teoria da informação).

138 Ex3. Uso da dimensão fractal como indicador da complexidade de habitats

139 Ex. 4: Surgimento inusitado
Arthur Hasler: Demonstração da impressão olfativa como explicação para os salmões migrarem para os mesmos rios onde nasceram. Caminhando pelas montanhas e córregos em sua cidade natal, ficou surpreso como os aromas das plantas nativas o remetiam à infância. SILnews 34 (sep 2001)

140 …he suddenly had what he called a "déjà senti" experience, "as a cool breeze, bearing the fragrance of mosses and columbine, swept around the rocky abutment, the details of this waterfall and its setting on the face of the mountain suddenly leapt into my mind's eye" (1966, p. 65). Among other things these smells reminded him of childhood memories and of home. If smells could trigger such memories in a human, they must be at least as evocative for salmon, Hasler reasoned. This revelation led to a rich and productive series of experiments and field trials on olfactory and solar orientation in fishes. G. Likens (Nat Ac Sci)

141 Conteúdo Algumas possibilidades:
1) Resultados fantásticos, discussão pertinente e bem contextualizada nos paradigmas modernos = publicação garantida nas melhores revistas

142 Conteúdo 2) Resultados não tão bons, mas bem contextualizados nos paradigmas modernos = publicação garantida em boas ou mesmo nas melhores revistas A arte de lapidar, transformar pedra bruta em joia rara!

143 Alguns exemplos bem sucedidos:

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145 A arte de transformar ouro em lixo!
Conteúdo 3) Resultados fantásticos, mas discutidos fora de contexto ou dos paradigmas modernos = insucesso na publicação em boas revistas A arte de transformar ouro em lixo!

146 Conteúdo 4) Resultados ruins, discutidos fora de contexto ou dos paradigmas modernos; pesquisa mal conduzida = insucesso na publicação em qualquer revista!

147 4) Organização de um artigo de pesquisa primária: título, abstract, introdução, métodos, resultados, discussão, agradecimentos e referências

148 Conteúdo A estrutura de um artigo segue a sequência de argumentos críticos: Apresenta-se uma pergunta (ou hipótese) Mostra-se evidências que suportam possíveis respostas para a questão Tenta-se persuadir o leitor de que as respostas escolhidas são verdadeiras.

149 Regra 1 Um artigo, uma (es)história!!!

150 PORÉM, evite fazer “ciência salami”!
Quando todos os resultados juntos produzem uma mensagem única que pode ser apresentada em um artigo com tamanho normal, elas se completam e devem ficar juntas.

151 Regra 2 SEJA SIMPLES! “Todas as coisas grandes têm nomes pequenos, como vida e morte, paz e guerra, ou poente, dia, noite, amor, casa. Aprenda a usar pequenas palavras de forma grande – é difícil fazer isso. Mas elas dizem o que você quer dizer.” Quando você não sabe o que você quer dizer, use palavras grandes: elas frequentemente enganam pessoas pequenas”

152 Pratique a habilidade de síntese, pois ela é de extrema importância para um cientista.

153 USE A LINGUAGEM CORRETA
Regra 3 USE A LINGUAGEM CORRETA

154 Organização de um artigo científico primário
No século 17, Newton e seus colegas escreviam os resultados de sua pesquisa em ordem cronológica: Primeiro eu fiz isso... Então eu fiz aquilo... Depois eu fiz aquele outro … Após a década de 40, a maioria das revistas: Segue formatos padrões Passam por revisões pelos pares IMRAD-system – introduzido pelo Instituto de Padronização Nacional dos EUA, em 1979

155 Organização de um artigo científico primário

156 Organização de um artigo científico primário – IMRAD:
INTRODUÇÃO O que você fez? Porque você fez essa pesquisa? MATERIAIS E MÉTODOS Como você fez sua pesquisa? RESULTADOS O que você encontrou? DISCUSSÃO Qual o significado dos seus resultados? (CONCLUSÕES)

157 Organização de um artigo científico primário
Título Abstract Introdução Materiais e Métodos (Métodos) Resultados Discussão (Conclusões) Agradecimentos Referências Tabelas e Figuras, legendas (Apêndices)

158 Mas...antes de abordar cada uma dessas sessões...

159 Transforme um escritor nato em um estúpido
“Parabéns, agora você é capaz de escrever artigos técnicos, impessoais e chatos como eu e os outros senhores – bem vindo à Academia”.

160 10 regras para escrever artigos chatos
Evite foco: Introduza várias questões, ideias e evite a formulação de hipóteses claras; Super-enfatize o que não é importante.

161 2) Evite originalidade:
Faça questão de repetir experimentos que já foram realizados mais de 100 vezes! “It has been shown numerous times that seagrasses are very important to coastal productivity (Abe 1960, Bebe 1970). It was decided to examine whether this was also the case in Atlantis ’’ Fictive Cebe Não há nada errado em repetir experimentos, mas deve haver uma boa razão para você fazer isso.

162 3) Escreva artigos longos:
Nunca se inspire em artigos curtos, como os que são escritos na Nature ou Science. 4) Remova implicações e especulações: ... pois elas podem atrasar o reconhecimento de uma descoberta.

163 5) Não use ilustrações, principalmente as mais informativas:
“Muitas ideias complexas podem ser melhor visualizadas em uma figura que em 1000 palavras!”

164 6) Omita degraus necessários para a razão e
7) Abuse de termos técnicos e abreviações: Esses quesitos tornam uma publicação quase algo secreto, acessível a um público restrito; além disso, evita o uso das descobertas por cientistas de outras áreas e a potencial inter-disciplinaridade.

165 8) Suprima completamente o humor e a linguagem florida:
A linguagem científica não tem que ser angustiante! Um pouco de humor faz bem. “According to Garfield (2005), impact critics cite all sorts of anecdotal citation behaviour which does not represent average behavior of IF. Everybody would probably agree with this statement, except those who are outliers!” Thomaz & Martens, 2009

166 9) Transforme espécies e biologia em pura estatística.
10) Cite numerosos papers com afirmações auto-evidentes: Cite vários, mesmo aqueles que corroboram as afirmações mais triviais – isso realmente vai contribuir para que seu artigo fique muito chato mesmo!

167

168 Os leitores agradecem! A despeito da resistência das revistas, dos editores e dos pares, porque não tentar transformar a ciência em algo mais agradável?

169 Um exemplo extremo


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