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PublicouManoela Conceição Bergler Alterado mais de 8 anos atrás
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Sexta-feira, 31 de Julho de 2015
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Cada tempo, na nossa vida, conta de forma diferente.
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Há semanas que duraram anos, como há anos que não valeram um só dia.
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Há paixões que foram eternas, como há amigos que desapareceram cedo, apesar de a memória nos mostrar que eles para ali ficam eternamente!
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Há amores nunca confessados que deixaram os olhares e os beijos sem qualquer desfecho.
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Há trabalhos que fizémos ao longo de décadas, mas que a nossa memória insiste em que só duraram semanas.
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Há casamentos que só duraram o tempo que demora a gente a ver os feriados do calendário.
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Há tristezas que nos paralisaram durante meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal guardamos a lembrança de algumas da suas horas.
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Há acontecimentos que nos marcaram, e que duram para sempre:
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…o nascimento do filho, a morte da avó, a viagem inesquecível, o êxtase do sonho realizado. Enfim… Estes têm a duração da eternidade.
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Já viajei para o mesmo sítio uma centena de vezes, e, na maioria das vezes, o tempo decorrido foi o mesmo.
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Mas, de acordo com as minhas lembranças, houve viagens que não tiveram fim até hoje.
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Este relógio bate numa outra frequência, que é diferente daquela com que bate o que trago no pulso.
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Este relógio marca um tempo diferente, marca o tempo das emoções que perduram e que mostram o que foi o nosso verdadeiro tempo.
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Por este relógio, a velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que cada qual tem.
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É tal e qual como a gente olhar as nossas rugas e não percebermos o que é a nossa velhice.
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É pensarmos antes naquilo que não foi feito, em vez de nos alegrarmos com as lembranças do que se viveu.
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Ah! Este relógio…
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