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Literatura Prof. Henrique Análise de Livros 1.Auto da barca do inferno - Gil Vicente; 2.Memórias de um sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida;

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1 Literatura Prof. Henrique Análise de Livros 1.Auto da barca do inferno - Gil Vicente; 2.Memórias de um sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida; 3.Dom Casmurro - Machado de Assis; 4.Vidas secas - Graciliano Ramos; 5.Iracema - José de Alencar; 6.O cortiço - Aluísio Azevedo; 7.Capitães da areia – Jorge Amado; 8.Antologia poética - Vinícius de Moraes 9.A cidade e as serras - Eça de Queirós

2 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Gil Vicente: vida e obra 1465 - 1540 Renascimento – (período): Humanismo Contexto: expansão marítima portuguesa Inquisição, Cia. De Jesus, corrupção 1516: Cancioneiro Geral, Garcia de Resende Valorização da Idade Média : estabilidade  X Renascimento : instabilidade

3 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Gil Vicente: teatro Auto: peça de um ato Tradição clássica: três unidades  Ação: uma só ação principal  Tempo: cronologia  Lugar: concentração espacial Gil Vicente: temas vários, ações várias, tempo da ação estendido, vários lugares

4 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Alegoria: Idéia abstrata = representação Personagens alegóricos: não são indivíduos, mas tipos sociais  Fidalgo: nobre arrogante  Corregedor : juiz corrupto  Alcoviteira: prostituição  Onzeneiro: usurário ganancioso

5 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Anjo X Diabo Perdão X Pecado: Fidalgo: arrogante Cadeira e longa capa com cauda Barca: vista com arrogância e desprezo

6 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Fidalgo: por que o Diabo veta a entrada do Fidalgo com sua cadeira no Inferno?

7 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Fidalgo: por que o Diabo veta a entrada do Fidalgo com sua cadeira no Inferno? Sinal de seu apego aos bens materiais e dos privilégios de sua posição social, o Diabo veta a cadeira no Inferno para mostrar como o Fidalgo é tolo em suas pretensões.

8 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Onzeneiro : usura Condenada pela Igreja Comércio e juros: novas práticas capitalistas Por que, pela atitude do Diabo em condenar o Onzeneiro, pode-se entrever um olhar conservador de Gil Vicente sobre sua época?

9 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Onzeneiro : usura Por que, pela atitude do Diabo em condenar o Onzeneiro, pode-se entrever um olhar conservador de Gil Vicente sobre sua época? Valorização do pensamento medieval e crítica da urbanização e mercantilização da economia e por extensão, da sociedade, vistas por Gil Vicente como desagregadoras dos valores medievais tradicionais.

10 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Joane ( João ) : parvo Camponês explorado Diabo: De que morreste? Parvo: De quê? Talvez de caganeira... D. De quê? P. De cagamerdeira...

11 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Joane ( João ) : parvo Camponês explorado Anjo: Tu passarás, se quiseres, porque em todos teus fazeres, per malícia nom erraste, tua simplicidade te seja suficiente, pera gozar dos prazeres, espera entanto per aí, veremos se vem alguém, merecedor de tal bem, que deva de entrar aqui... Camponês: Céu, pela sua burrice.

12 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Sapateiro: ladrão em sua oficina Frade com uma amante: concupiscência do clero Alcoviteira (Brisída Vaz): prostituição Judeu: Por que o Judeu vem com um bode?

13 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Judeu: Por que o Judeu vem com um bode? Sacrifício: religião hebraica, inútil num contexto cristão. Diabo: expulsa o bode do Judeu... Nem o Diabo aceita o Judeu...

14 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Corregedor : corrupto Procurador : corrupto  Linguagem : latinismos inúteis: símbolo da arrogância catedrática dos juízes Enforcado: não há perdão aos criminosos

15 1.Auto da Barca do Inferno Gil Vicente Auto da Barca do Inferno: Cavaleiros cruzados: salvos por si mesmos Diabo: Entrai cá! Que cousa é essa? Eu nom posso entender isso! Cavaleiro: Quem morre por Jesu Cristo não vai em tal barca como essa! Anjo: Ó cavaleiros de Deus, a vós estou esperando, que morrestes pelejando, por Cristo, Senhor dos Céus! Sois livres de todo mal, mártires da Madre Igreja, que quem morre em tal peleja, merece paz eternal.

16 2.Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida Brasil: XIX Médico, mas atuação no jornalismo Classe média baixa do RJ Tipografia Nacional: teve como aluno aprendiz Machado de Assis Livro único : publicado em folhetins junho de 1852 a julho de 1853

17 2.Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida Novela : episódios dramáticos, interrupções, histórias paralelas, capítulos curtos. Vocativo ao leitor: “por agora vamos continuar a contar o que era feito do Leonardo” Linguagem : direta, “descuidada”, cotidiana

18 2.Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida Romantismo: porém, próximo do Realismo por ser satírico, sem herói definido Influência = Macunaíma Sobrevivência : eixo central do personagem

19 2.Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida Personagem : Leonardo: filho de um beliscão e de uma pisadela... “carnavalização” do romance: cores fortes, mas sem preconceitos sociais ou raciais ou ideológicos Humor, mas sem crítica social evidente, embora tenha um ponto de vista “de baixo”

20 2.Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida Personagem : Leonardo: pais Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça Maria trai Pataca que expulsa a mulher e o filho de casa Leonardo: padrinho Barbeiro e madrinha parteira “umas vezes sentado na loja divertia-se em fazer caretas aos fregueses quando estes se estavam barbeando. Uns enfureciam-se, outros riam sem querer, do que resultava que saíam muitas vezes com a cara cortada, com grande prazer do menino e descrédito do padrinho”.

21 2.Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida Leonardo: Expulso da escola Coroinha travesso Adulto vadio Apaixona-se por Luisinha, disputada por José Manuel Morre seu padrinho, reencontra-se com seu pai, mora com ele, é expulso de novo, mora em outras casas...

22 2.Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida Leonardo: José Manuel casa-se com Luisinha Emprego no exército Morre Manuel, Leonardo desposa Luisinha Torna-se Sargento de Milícias  Ironia final: encarregado de manter a ordem social...

23 2.Memórias de um Sargento de Milícias – Manuel Antônio de Almeida Dialética da malandragem, Antônio Cândido: Traição aos amigos Ascensão social pela herança Sorte e azar: reação aos problemas da vida Não há reflexão moral

24 3.Dom Casmurro Machado de Assis Triângulo amoroso: Bentinho – Capitu – Escobar Capitu: esperta, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”  José Dias – agregado Dependente da mãe, sempre pronto a tecer elogios, criador de frases de efeito Crítica: relações sociais no Brasil Império  D. Glória – mãe  Prima Justina

25 3.Dom Casmurro Machado de Assis Bentinho : seminário por promessa Capitu: seu primeiro amor  Cena do beijo: inteligência de Capitu  Seminário : conhece Escobar  Capitu: aproximação com D. Glória e com José Dias  Mudança na promessa: estudar Direito

26 3.Dom Casmurro Machado de Assis Bentinho casa-se com Capitu  Escobar casa-se com Sancha Demora a nascer-lhe o filho: Ezequiel Imitação de Escobar Morte de Escobar  Cena do enterro: olhos de ressaca  ciúme

27 3.Dom Casmurro Machado de Assis Bentinho afasta-se de Capitu Tenta o suicídio  Cena do teatro Otelo Tenta matar o filho Capitu e o filho vão para a Suiça “A mãe-creio que ainda não disse que estava morta e enterrada” Ezequiel volta adulto, reencontra o pai e é tratado secamente. Morre depois no Oriente

28 3.Dom Casmurro Machado de Assis Bentinho transforma-se em Dom Casmurro: “qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve!”.

29 3.Dom Casmurro Machado de Assis Traição ? Para o narrador em 1ª pessoa é certeza Para o leitor: elementos que levantam dúvida Ponto de vista : eixo central da narrativa Realidade ? Pontos de vista possíveis Psicologia da personagem = construção da realidade

30 3.Dom Casmurro Machado de Assis Exercícios: (José Dias) Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama. “Esta é a melhor apólice”, dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava- lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos pólos e de Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.

31 3.Dom Casmurro Machado de Assis Fuvest 2009:No texto, o narrador diz que José Dias “sabia opinar obedecendo”. Considerada no contexto da obra, essa característica da personagem é motivada, principalmente, pelo fato de José Dias ser: A) um homem culto, porém autodidata. B) homeopata, mas usuário de alopatia C) pessoa de opiniões inflexíveis, mas também um homem naturalmente cortês D) um homem livre, mas dependente da família proprietária E) católico praticante e devoto, porém perverso

32 3.Dom Casmurro Machado de Assis Fuvest 2009:No texto, o narrador diz que José Dias “sabia opinar obedecendo”. Considerada no contexto da obra, essa característica da personagem é motivada, principalmente, pelo fato de José Dias ser: A) um homem culto, porém autodidata. B) homeopata, mas usuário de alopatia C) pessoa de opiniões inflexíveis, mas também um homem naturalmente cortês D) um homem livre, mas dependente da família proprietária E) católico praticante e devoto, porém perverso

33 3.Dom Casmurro Machado de Assis Fuvest 2009:Considerando o contexto, qual das expressões sublinhadas foi empregada em sentido metafórico: A) teve um pequeno legado B) esta é a melhor apólice C) certa audiência, ao menos D) ao cabo, era amigo E) o bastante para divertir

34 3.Dom Casmurro Machado de Assis Fuvest 2009:Considerando o contexto, qual das expressões sublinhadas foi empregada em sentido metafórico: A) teve um pequeno legado B) esta é a melhor apólice C) certa audiência, ao menos D) ao cabo, era amigo E) o bastante para divertir

35 3.Dom Casmurro Machado de Assis Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama. “Esta é a melhor apólice”, dizia ele muita vez : A) teve um pequeno legado B) esta é a melhor apólice C) certa audiência, ao menos D) ao cabo, era amigo E) o bastante para divertir

36 4.Vidas Secas Graciliano Ramos Contexto Histórico Anos 30: Comunismo / Socialismo Mudança na sociedade: revolução Utopia: busca de um mundo melhor Prosa: mostrar a realidade do país Congresso Regionalista do Recife-1926 José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Gilberto Freire Temática : NE e sua sociedade

37 4.Vidas Secas Graciliano Ramos Miséria e exploração no NE Homem = universal Empatia ao homem explorado Drama do cotidiano Visão: da elite sobre o povo explorado, não dele mesmo

38 4.Vidas Secas Graciliano Ramos Autores importantes: Rachel de Queiróz  O Quinze – 1930  Memorial de Maria Moura – 1992 José Lins do Rego  Menino de Engenho-1932  Fogo Morto -1943 Graciliano Ramos  Vidas Secas -1938 Jorge Amado  Capitães de Areia-1937

39 4.Vidas Secas Graciliano Ramos Vidas Secas “Vidas Secas” – Graciliano Ramos Biografia : Alagoas, jornalista, RJ, morte em 1953 Preso pela ditadura Vargas por ser comunista obras: São Bernardo – 1934 Vidas Secas – 1938 Memórias do Cárcere - 1953

40 4.Vidas Secas Graciliano Ramos Narrativa : família de retirantes Fabiano, Sinha Vitória, filhos, cachorra Baleia Pequenas histórias com um fio narrativo Sem rumo certo, fogem da seca, do autoritarismo ( Patrão, Soldado Amarelo)  Fortaleza moral: Fabiano ajuda o Soldado depois de ter sido injustamente preso por ele Natureza: “personagem” presente: seca Injustiça social: fuga e esperança

41 4.Vidas Secas Graciliano Ramos Fabiano : fala curta, falta de expressão Animalização Baleia : sentimento humano Filhos : não tem nome, desumanização Narrador : 3ª pessoa : Pensamentos e expressão mínima de Fabiano: denúncia da animalização que a exploração traz mas ao mesmo tempo, profunda humanização, individualização do drama social.

42 4.Vidas Secas Graciliano Ramos “Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas” Não há “exotismo” da paisagem, nem mesmo opiniões políticas do narrador Documentário estético: mostrar a realidade, mas humanizá-la, torná-la uma denúncia universal, para além das ideologias. Denúncia = está no receptor do livro Frases curtas, cenas descritas com grande precisão, retrato da psicologia dos personagens. Discurso indireto livre: “Olhou a caatinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta verde”. Monólogo interior : típico do romance urbano da mesma época, mas usado na prosa regionalista de Vidas Secas.

43 4.Vidas Secas Graciliano Ramos Fabiano : líder da família, mas ao mesmo tempo, fraco, sem capacidade de expressão, sem “lições” possíveis a seus filhos ( novo e velho) Baleia : “líder” humano da família, sentimento que se perde na miséria absoluta – sacrificada por Fabiano. “Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme”.  Cena emotiva: Baleia é morta por suspeita de raiva (hidrofobia...) Final do romance: possibilidade de migração para a cidade – esperança ou frustração ?

44 4.Vidas Secas Graciliano Ramos Comparações : Jorge Amado  X “cores fortes”, frases intensas, olhar no exótico, exuberância dos personagens  = romance regional, denúncia social ( Capitães de Areia) Machado de Assis  X falta de denúncia social explícita, romance urbano, foco na elite  = psicologia intensa dos personagens, olhar atento aos detalhes, frases curtas e precisas.

45 5.Iracema – José de Alencar José de Alencar Obras: Formação da Nacionalidade Formação da Nacionalidade  O Sertanejo - sertão  O Gaúcho - pampa  Til - interior de SP  O Tronco do Ipê - interior fluminense  Senhora - romance urbano Evolução histórica do Brasil  Ubirajara - período pré-cabralino  O Guarani - colonização  As Minas de Prata - bandeirantes  A Guerra dos Mascates - nativismo

46 5.Iracema – José de Alencar índio : herói nacional. "Bom Selvagem" de Rousseau- influência do cavaleiro medieval (Walter Scott - Ivanhoé / Fenimore Cooper - O Último dos Moicanos. branco : português que se integra ao índio para formar o Brasil. Idealização da colonização. Nós, os brasileiros, apesar de orçarmos já por mais de dez milhões de habitantes, havemos de receber a senha de nossos irmãos, que não passam de um terço daquele algarismo? (...) Nós, os escritores nacionais, se quisermos ser entendidos de nosso povo, havemos de falar-lhe em sua língua, com os termos ou locuções que ele entende, e que traduzem nossos usos e sentimentos busca de uma língua brasileira: " Nós, os brasileiros, apesar de orçarmos já por mais de dez milhões de habitantes, havemos de receber a senha de nossos irmãos, que não passam de um terço daquele algarismo? (...) Nós, os escritores nacionais, se quisermos ser entendidos de nosso povo, havemos de falar-lhe em sua língua, com os termos ou locuções que ele entende, e que traduzem nossos usos e sentimentos".

47 5.Iracema – José de Alencar Lenda do Ceará: "uma história que me contaram nas lindas várzeas onde nasci, à calada da noite, quando a lua passeava no céu argenteando os campos (...)" encontro da natureza - Iracema - com a civilização - Martim. Iracema: semelhança com América, da língua Tupi, "lábios de mel" "Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu takhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado." - tempo da narrativa: início em flashback: Martim, Moacir, filho dele com Iracema, e o cão Japi saem do Ceará  Preparação ao trágico final do romance narrativa: encontro de Martim e Iracema, guerra entre os tabajaras ( tribo de Iracema que habita o interior, inimiga dos portugueses) e os pitiguaras ( chamados de potiguaras, comedores de camarão, que habitam o litoral, aliados dos portugueses)

48 5.Iracema – José de Alencar Martim é protegido por Araquém, pai de Iracema, mas os outros líderes tabajaras,liderados por Irapuã querem atacar Martim. Iracema o protege, mas não pode tornar-se sua esposa, pois ela é sacerdotisa de Tupã. Martim é guiado por Iracema e Caubi, irmão dela, de volta para o litoral, para a região dos pitiguaras. Encontram os aliados pitiguaras, liderados por Poti, amigo de Martim. Já no litoral, Iracema tem o filho de Martim, Moacir, filho da dor: "-Quando o teu filho deixar o seio de Iracema, ela morrerá como o abati depois que deu seu fruto. Então o guerreiro branco não terá mais quem o prenda na terra estrangeira". Guerra entre as duas tribos "Enterra o corpo de tua esposa ao pé do coqueiro que tu amavas. Quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é tua voz que fala entre seus cabelos". Ao morrer Iracema, Martim e seu filho Moacir, o primero cearense, emigram, "Havia aí a predestinação de uma raça?". O próprio Alencar cearense, emigrou para o RJ. Ao voltar, Martim funda uma vila que será a primeira cidade do Ceará.

49 5.Iracema – José de Alencar 1-No Romantismo e em toda a obra de Alencar, existe o interesse de criar uma literatura nacional, tipicamente brasileira. Indique quais elementos estilísticos e de enredo justificam essa nacionalidade na obra Iracema. 2-Não há final feliz em Iracema, mesmo assim, a obra é tipicamente romântica. Explique.

50 6.O Cortiço – Aluísio Azevedo Autor: nascimento Maranhão- 1857 Morte 1913 Jornalista, caricaturista, diplomata Romances naturalistas: O Mulato Casa de Pensão  Influência Zola  Determinismo / evolucionismo / darwinismo.

51 6.O Cortiço – Aluísio Azevedo 1890 – O Cortiço Contexto : RJ – debates sobre a remodelação urbana Prefeito Pereira Passos Av. Central - 1904.

52 6.O Cortiço – Aluísio Azevedo

53 João Romão : imigrante português ambicioso Bertoleza : sua amante e criada: escrava  Explora sua amante: determinismo de raça: português, explorador, negra, a ser explorada Miranda: português rico, vizinho e opositor de Romão, nobre.

54 6.O Cortiço – Aluísio Azevedo João Romão X Miranda: Quando Romão torna-se rico, deseja ser nobre: status social ligado aos títulos, numa sociedade não plenamente capitalista Personagens: caracterização sexualidade e racializada.

55 6.O Cortiço – Aluísio Azevedo Jerônimo – Piedade : casal de portugueses, trabalhadores Rita Baiana: mulata sensual Jerônimo: abrasileiramento....  Comida, noites de samba, Rita Baiana  Jerônimo: mata Firmo, morador do cortiço vizinho  Incêndio que destrói o cortiço de Romão

56 6.O Cortiço – Aluísio Azevedo Romão: rico, reconstrói o cortiço Miranda: empobrecido, mas vivendo de aparências, traído pela mulher Crítica a sociedade de títulos E Bertoleza?  Romão, tinha comprado sua liberdade com uma alforria falsa, denuncia a seus donos e ela comete suicídio  Ascensão social a todo custo: lei do mais forte

57 6.O Cortiço – Aluísio Azevedo Descrição dos personagens: sexualização/animalização/racialização Personagem principal: o próprio cortiço Psicologia individual? Complexidade de personalidade? Meio + raça = destino

58 7.Capitães da Areia – Jorge Amado Jorge Amado Pitoresco: gente, costumes e ambiente da Bahia vistos sob o prisma do exótico, do estranho – atração pelo leitor estrangeiro Sensualidade: forte temática sexual dos personagens e do ambiente Socialismo/ denúncia da injustiça social: 1ª fase do autor, depois matizada. Oralidade: forma mais próxima do falar cotidiano

59 7.Capitães da Areia – Jorge Amado Capitães da Areia Capitães da Areia” – Jorge Amado Paralelo com romance Jubiabá-1935 Antônio Balduíno: órfão, vadio, lutador, operário, militante político Protegido por Jubiabá, pai de santo Balduíno – Lindinalva: morte da amada, casada com um advogado que trata mal Balduíno adota o filho de Lindinalva

60 7.Capitães da Areia – Jorge Amado Jubiabá-1935 Antônio Balduíno: Da vida errante até a consciência política Realismo socialista + sensualidade do povo baiano Realismo socialista: teoria e prática da URSS que propunha que a estética deveria estar a serviço da ideologia socialista, retratando com fidelidade as classes operárias. Sabendo-se da teoria do “realismo socialista”, o escritor Jorge Amado a adota de forma literal ou a adapta ao ambiente brasileiro?

61 7.Capitães da Areia – Jorge Amado Tema : meninos de rua em Salvador Grupo:  Pedro Bala : líder, filho de um líder sindical assassinado numa greve  João Grande: forte e vice-líder do grupo. Tem poucas aptidões cognitivas, mas instintivamente defende os mais fracos  O gato: malandro, sustentado em parte por uma prostituta (Dalva)  Volta Seca: deseja tornar-se cangaceiro, odeia autoridade  Professor: tenta fugir de sua condição pela leitura  Pirulito: deseja ser padre  Sem-Pernas: coxo, é o espião do grupo.

62 7.Capitães da Areia – Jorge Amado Narrativa : coletânea de acontecimentos Salvador: meninos de rua interagem com os personagens da cidade, mães de santo, policiais, capoeiristas, comerciantes...  Exemplo de ação: estupro de uma menina de 15 anos;

63 7.Capitães da Areia – Jorge Amado “era uma negrinha bem jovem, talvez tivesse apenas quinze anos como ele. Mas os seios saltavam pontiagudos e as nádegas rolavam no vestido(...) E o desejo cresceu dentro de Pedro Bala. -Mas que é que tu viu, cabocla? Tu pensa que eu vou te deixar antes de tu me dar? Deixa de orgulho. Teu macho não vai saber, ninguém fica sabendo. E tu vai ver o que é um homem bom. -Me deixa, que eu sou virgem. Tu pode ser bom, não me querer; depois tu encontra outra. Eu sou donzela, tu vai me fazer mal. -Só boto atrás. -Não, não. -Tu fica virgem igual. Não tem nada.(...) Mas ele a acarinhava, uma cócega subiu pelo corpo dela. Começou a compreender que se não o satisfizesse como ele queria, sal virgindade ficaria ali. E quando ele prometeu(...) -Se doer eu tiro... – ela consentiu.

64 7.Capitães da Areia – Jorge Amado Ação dos personagens: é motivada pela sobrevivência / luta contra as forças sociais da cidade Indivíduo X sistema: tema principal da literatura de caráter socialista Moralidade ? Vista como burguesa Regras de convívio social? Vistas como meros sistemas de dominação  Sem-Pernas: infiltra-se numa família como menino pobre desamparado, para depois o grupo poder roubar.  É bem cuidado pelo casal Dona Ester e Dr. Raul, que tinham perdido seu filho natural.  Rouba a casa mesmo assim, embora tenha chorado depois de remorso  Ação individual ? Menos importante que a força do grupo e o sistema

65 7.Capitães da Areia – Jorge Amado Relação entre Dora X Pedro Bala: Entra para o grupo e torna-se “irmã” de Pedro Bala, posteriormente cuida dele como mãe Dora fica doente e é possuída por Bala no leito. Morre pouco depois. Pedro Bala : assume uma consciência política Greve: grupo torna-se um grupo paramilitar para conter a ação dos furagreves. Alberto, estudante e João de Adão, estivador, estimulam Bala a tornar-se militante Capitães da Areia = torna-se um grupo político

66 7.Capitães da Areia – Jorge Amado “Dentro de Pedro Bala uma voz o chama: voz que traz para a canção da Bahia, a canção da liberdade. Voz poderosa que o chama. Voz de toda a cidade pobre da Bahia, voz da liberdade. A revolução chama Pedro Bala”. Oralidade da narrativa: falar cotidiano Sexualização: tom crítico à “moralidade burguesa” Meio = determina o comportamento individual Indivíduo = toma consciência pela ação política Fim último da narrativa : revolução social Maniqueísmo : classe oprimidas = boas X classes opressoras e o sistema = maus

67 7.Capitães da Areia – Jorge Amado Compare os dois romances, O Cortiço e Capitães da Areia, em relação a temática, forma e bases ideológicas.

68 7.Capitães da Areia – Jorge Amado Compare os dois romances, O Cortiço e Capitães da Areia, em relação a temática, forma e bases ideológicas Tema: classes oprimidas Forma: romance,  Oralidade modernista X narrativa cientificista do XIX Bases ideológicas  Determinismo: século XIX  X  Socialismo: opressão X sistema  “determinismo”: indivíduo oprimido pelo sistema ou pela raça/meio X escolha individual, psicologia complexa.

69 8. Poesia – Vinícius de Moraes biografia: 1913 – RJ, cursa Direito, Diplomata, exonerado do Itamaraty em 1969 por suas opiniões de esquerda, já compositor e parceiro de nomes da Bossa Nova. 1980 –morte Obra : poesia Crítica cinematográfica, crônicas Romances ( alguns se perderam) Teatro : Orfeu da Conceição “tem o fôlego dos românticos, a espiritualidade dos simbolistas, a perícia do parnasianos (sem refugar,como estes, as sutilezas barrocas) e finalmente, homem bem do seu tempo, a liberdade, a licença, o esplêndido cinismo dos modernos” – Mário de Andrade sobre V. M

70 8. Poesia – Vinícius de Moraes Temas: Idealismo / misticismo Forma: versos bíblicos Erotismo sofisticado Sexualização Forma : soneto camoniano Rio de Janeiro: idealismo da cidade Forma: redondilhas, com forte musicalidade

71 8. Poesia – Vinícius de Moraes A casa Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela não Porque na casa Não tinha chão Ninguém podia Dormir na rede Porque a casa Não tinha parede Ninguém podia Fazer pipi Porque penico Não tinha ali Mas era feita Com muito esmero Na Rua dos Bobos Número Zero Não pertence a Antologia

72 A legião dos Úrias Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos Passam olhos brilhantes de rostos invisíveis na noite Que fixam o vento gelado sem estremecimento. São os prisioneiros da Lua. Às vezes, se a tempestade Apaga no céu a languidez imóvel da grande princesa Dizem os camponeses ouvir os uivos tétricos e distantes Dos Cavaleiros Úrias que pingam sangue das partes amaldiçoadas. São os escravos da Lua. Vieram também de ventres brancos e puros Tiveram também olhos azuis e cachos louros sobre a fronte... Mas um dia a grande princesa os fez enlouquecidos, e eles foram escurecendo Em muitos ventres que eram também brancos mas que eram impuros. (...)

73 O olhar para trás Nem surgisse um olhar de piedade ou de amor Nem houvesse uma branca mão que apaziguasse minha fronte palpitante... Eu estaria sempre como um círio queimando para o céu a minha fatalidade Sobre o cadáver ainda morno desse passado adolescente. Talvez no espaço perfeito aparecesse a visão nua Ou talvez a porta do oratório se fosse abrindo misteriosamente... Eu estaria esquecido, tateando suavemente a face do filho morto Partido de dor, chorando sobre o seu corpo insepultável....

74 Talvez da carne do homem prostrado se visse sair uma sombra igual à minha Que amasse as andorinhas, os seios virgens, os perfumes e os lírios da terra Talvez… mas todas as visões estariam também em minhas lágrimas boiando E elas seriam como óleo santo e como pétalas se derramando sobre o nada. Alguém gritaria longe: – "Quantas rosas nos deu a primavera!..." Eu olharia vagamente o jardim cheio de sol e de cores noivas se enlaçando Talvez mesmo meu olhar seguisse da flor o vôo rápido de um pássaro Mas sob meus dedos vivos estaria a sua boca fria e os seus cabelos luminosos. (...)

75 Agonia No teu grande corpo branco depois eu fiquei. Tinha os olhos lívidos e tive medo. Já não havia sombra em ti – eras como um grande deserto de areia Onde eu houvesse tombado após uma longa caminhada sem noites. Na minha angústia eu buscava a paisagem calma Que me havias dado tanto tempo Mas tudo era estéril e mostruoso e sem vida E teus seios eram dunas desfeitas pelo vendaval que passara. Eu estremecia agonizando e procurava me erguer Mas teu ventre era como areia movediça para os meus dedos. Procurei ficar imóvel e orar, mas fui me afogando em ti mesma Desaparecendo no teu ser disperso que se contraía como a voragem. Depois foi o sono, o escuro, a morte. Quando despertei era claro e eu tinha brotado novamente Vinha cheio do pavor das tuas entranhas.

76 Soneto de Fidelidade De tudo, meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor ( que tive ) : Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.

77 Operário em Construção 1 Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas Ele subia com as casas Que lhe brotavam da mão. Mas tudo desconhecia De sua grande missão: Não sabia, por exemplo Que a casa de um homem é um templo Um templo sem religião Como tampouco sabia Que a casa que ele fazia Sendo a sua liberdade Era a sua escravidão. 2 De fato, como podia Um operário em construção Compreender por que um tijolo Valia mais do que um pão? Tijolos ele empilhava Com pá, cimento e esquadria Quanto ao pão, ele o comia... Mas fosse comer tijolo! E assim o operário ia Com suor e com cimento Erguendo uma casa aqui Adiante um apartamento Além uma igreja, à frente Um quartel e uma prisão: Prisão de que sofreria Não fosse, eventualmente Um operário em construção.

78 Operário em Construção 3 Mas ele desconhecia Esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa E a coisa faz o operário. De forma que, certo dia À mesa, ao cortar o pão O operário foi tomado De uma súbita emoção Ao constatar assombrado Que tudo naquela mesa – Garrafa, prato, facão – Era ele quem os fazia Ele, um humilde operário, Um operário em construção. Olhou em torno: gamela Banco, enxerga, caldeirão Vidro, parede, janela Casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que existia Era ele quem o fazia Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão. 4 Ah, homens de pensamento Não sabereis nunca o quanto Aquele humilde operário Soube naquele momento! Naquela casa vazia Que ele mesmo levantara Um mundo novo nascia De que sequer suspeitava. O operário emocionado Olhou sua própria mão Sua rude mão de operário De operário em construção E olhando bem para ela Teve um segundo a impressão De que não havia no mundo Coisa que fosse mais bela.

79 Operário em Construção 5 Foi dentro da compreensão Desse instante solitário Que, tal sua construção Cresceu também o operário. Cresceu em alto e profundo Em largo e no coração E como tudo que cresce Ele não cresceu em vão Pois além do que sabia – Exercer a profissão – O operário adquiriu Uma nova dimensão: A dimensão da poesia. E um fato novo se viu Que a todos admirava: O que o operário dizia Outro operário escutava. 6 E foi assim que o operário Do edifício em construção Que sempre dizia sim Começou a dizer não. E aprendeu a notar coisas A que não dava atenção: Notou que sua marmita Era o prato do patrão Que sua cerveja preta Era o uísque do patrão Que seu macacão de zuarte Era o terno do patrão Que o casebre onde morava Era a mansão do patrão Que seus dois pés andarilhos Eram as rodas do patrão Que a dureza do seu dia Era a noite do patrão Que sua imensa fadiga Era amiga do patrão.

80 Operário em Construção 7 E o operário disse: Não! E o operário fez-se forte Na sua resolução. Como era de se esperar As bocas da delação Começaram a dizer coisas Aos ouvidos do patrão. Mas o patrão não queria Nenhuma preocupação – "Convençam-no" do contrário – Disse ele sobre o operário E ao dizer isso sorria. Dia seguinte, o operário Ao sair da construção Viu-se súbito cercado Dos homens da delação E sofreu, por destinado Sua primeira agressão. Teve seu rosto cuspido Teve seu braço quebrado Mas quando foi perguntado O operário disse: Não! 8 Em vão sofrera o operário Sua primeira agressão Muitas outras se seguiram Muitas outras seguirão. Porém, por imprescindível Ao edifício em construção Seu trabalho prosseguia E todo o seu sofrimento Misturava-se ao cimento Da construção que crescia.

81 Operário em Construção 9 Sentindo que a violência Não dobraria o operário Um dia tentou o patrão Dobrá-lo de modo vário. De sorte que o foi levando Ao alto da construção E num momento de tempo Mostrou-lhe toda a região E apontando-a ao operário Fez-lhe esta declaração: – Dar-te-ei todo esse poder E a sua satisfação Porque a mim me foi entregue E dou-o a quem bem quiser. Dou-te tempo de lazer Dou-te tempo de mulher. Portanto, tudo o que vês Será teu se me adorares E, ainda mais, se abandonares O que te faz dizer não. 10 Disse, e fitou o operário Que olhava e que refletia Mas o que via o operário O patrão nunca veria. O operário via as casas E dentro das estruturas Via coisas, objetos Produtos, manufaturas. Via tudo o que fazia O lucro do seu patrão E em cada coisa que via Misteriosamente havia A marca de sua mão. E o operário disse: Não!

82 Operário em Construção 11 – Loucura! – gritou o patrão Não vês o que te dou eu? – Mentira! – disse o operário Não podes dar-me o que é meu. E um grande silêncio fez-se Dentro do seu coração Um silêncio de martírios Um silêncio de prisão. Um silêncio povoado De pedidos de perdão Um silêncio apavorado Com o medo em solidão 12 Um silêncio de torturas E gritos de maldição Um silêncio de fraturas A se arrastarem no chão. E o operário ouviu a voz De todos os seus irmãos Os seus irmãos que morreram Por outros que viverão. Uma esperança sincera Cresceu no seu coração E dentro da tarde mansa Agigantou-se a razão De um homem pobre e esquecido Razão porém que fizera Em operário construído O operário em construção.

83 8. Poesia – Vinícius de Moraes Fuvest 2009 – Por caminhos diferentes, tanto Pedro Bala ( de Capitães da Areia, de Jorge Amado) quanto o operário ( do conhecido poema “O operário em construção” de Vinícius de Moraes) passam por processos de “aquisição de uma consciência política” (expressão do próprio Vinícius). O contexto dessas obras indica também que essa conscientização leva ambos à: A) exclusão social, que arruína precocemente suas promissoras carreiras profissionais B) sublimação intelectual do ímpeto revolucionário, motivada pelo contato com estudantes C) condição de meros títeres, manipulados por partidos políticos oportunistas D) luta, em associação com seus pares de grupo ou de classe social, contra a ordem vigente E) cumplicidade com criminosos comuns, com o fito de atacar as legitimas forças de repressão.

84 8. Poesia – Vinícius de Moraes Fuvest 2009 – Por caminhos diferentes, tanto Pedro Bala ( de Capitães da Areia, de Jorge Amado) quanto o operário ( do conhecido poema “O operário em construção” de Vinícius de Moraes) passam por processos de “aquisição de uma consciência política” (expressão do próprio Vinícius). O contexto dessas obras indica também que essa conscientização leva ambos à: A) exclusão social, que arruína precocemente suas promissoras carreiras profissionais B) sublimação intelectual do ímpeto revolucionário, motivada pelo contato com estudantes C) condição de meros títeres, manipulados por partidos políticos oportunistas D) luta, em associação com seus pares de grupo ou de classe social, contra a ordem vigente E) cumplicidade com criminosos comuns, com o fito de atacar as legitimas forças de repressão.

85 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Eça de Queirós: (1845-1900) 1ª fase : crítica demolidora, irônica, agressiva às vezes, contra a sociedade portuguesa  O Crime do Padre Amaro -1876, O Primo Basílio - 1878, Os Maias-1888 2ª fase: crítica diminui de intensidade, suave otimismo, busca das raízes portuguesas, permanece a ironia e o sarcasmo  A Ilustre Casa de Ramires – 1900, A Cidade e as Serras 1901.

86 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Narração 1ª pessoa : José Fernandes, amigo de Jacinto, neto de Jacinto Galião, defensor de D. Miguel na luta contra D. Pedro – derrotado Miguel, Jacinto Galião parte para o exílio em Paris, onde nasce seu filho e seu neto.

87 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Jacinto: alegre, rico, feliz com a vida na cidade de Paris: “o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado” “suma ciência+ suma potência=suma felicidade” Casa de dois andares em Paris: Elevador, telefone, luzes, perfumadores, conferençofone, teatrofone... mas

88 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Jacinto: “é uma seca”... (=chatice) Ouve uma notícia: uma igrejinha em Portugal( região de Tormes) havia desmoronado por uma tempestade = sepulcro de seus familiares Passeio ao Montmartre: “Sim, com efeito, a cidade... É talvez uma ilusão perversa”. “-Zé Fernandes, vou partir para Tormes”

89 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Mora numa quinta, almoço e janta bem, cuida da propriedade, melhora a vida dos empregados... Casa-se com Joaninha, prima de José Fernandes, tem dois filhos: se diz socialista ao invés de seu avô, miguelista Zé Fernandes volta a Paris: decepciona-se com a cidade, com a vulgaridade, visita uma escola e é ofendido por um aluno, dando-lhe um soco no rosto. Abandona Paris e reencontra-se com Jacinto e sua família na quinta, agora batizada de “Castelo da Grã- Ventura”.

90 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Oposição campo x cidade: Civilização, progresso, técnica... Porém vulgaridade, banalização das idéias, perda de identidade, inutilidade das invenções Campo: origens, raízes culturais e pessoais, valores familiares, prazeres simples

91 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Forma: prosa de Eça: sofisticada “cervejarias filosóficas” Poeta idealista permanecera impassível na sua majestade obesa” = hipálage ( deslocamento do adjetivo) Frase com palavras escolhidas meticulosamente, sonoridade, discurso indireto livre. É provável que Eça não tenha revisto totalmente o livro como fez em suas outras obras

92 (...) é uma bela moça, mas uma bruta... Não há ali mais poesia, nem mais sensibilidade, nem mesmo mais beleza do que numa linda vaca turina. Merece o seu nome de Ana Vaqueira. Trabalha bem, digere bem, concebe bem. Para isso a fez a Natureza, assim sã e rija; e ela cumpre. O marido todavia não parece contente, porque a desanca. Também é um belo bruto... Não, meu filho, a serra é maravilhosa e muito grato lhe estou... Mas temos aqui a fêmea em toda a sua animalidade e o macho em todo o seu egoísmo... Eça de Queiróz, A Cidade e as Serras.

93 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Fuvest 2009: Neste excerto, o julgamento expresso por Jacinto, ao falar de um casal que o serve em sua quinta de Tormes, manifesta um ponto de vista semelhante ao do: A) major Vidigal, de Memórias de um Sargento de Milícias, ao se referir aos desocupados cariocas do tempo do rei B) narrador de Iracema, em particular quando se refere a tribos inimigas e a franceses C) narrador de Vidas Secas, principalmente quando ele enfoca as relações sexuais de Fabiano e Sinhá Vitória D) Anjo, do Auto da Barca do Inferno, ao condenar os pecados da carne cometidos pelos humanos E) narrador de O Cortiço, especialmente quando se refere a personagens de classes sociais inferiores

94 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Fuvest 2009: Neste excerto, o julgamento expresso por Jacinto, ao falar de um casal que o serve em sua quinta de Tormes, manifesta um ponto de vista semelhante ao do: A) major Vidigal, de Memórias de um Sargento de Milícias, ao se referir aos desocupados cariocas do tempo do rei B) narrador de Iracema, em particular quando se refere a tribos inimigas e a franceses C) narrador de Vidas Secas, principalmente quando ele enfoca as relações sexuais de Fabiano e Sinhá Vitória D) Anjo, do Auto da Barca do Inferno, ao condenar os pecados da carne cometidos pelos humanos E) narrador de O Cortiço, especialmente quando se refere a personagens de classes sociais inferiores

95 (...) Jacinto e eu, José Fernandes, ambos nos encontramos e acamaradamos em Paris, nas escolas do Bairro Latino – para onde me mandara meu bom tio Afonso Fernandes Lorena de Noronha e Sande, quando aqueles malvados me riscaram da universidade por eu ter esborrachado, numa tarde de procissão, na Sofia, a cara sórdida do Dr. Pais Pita. Ora, nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este príncipe concebera a ideia de que o homem só é “superiormente feliz quando é superiormente civilizado”. E por homem civilizado o meu camarada entendia aquele que, robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corportal dos seus órgãos com todos os mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um magnífico Adão quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher dentro de uma sociedade e nos limites do progresso ( tal como ele se comportava em 1875) todos os gozos e todos os proventos que resultam de saber e de poder...

96 (...) pelo menos assim Jacinto formulava copiosamente a sua ideia, quando conversávamos e fins e destinos humanos, sorvendo bocks poeirentos, sob o toldo das cervejarias filosóficas, no Boulevard Saint- Michel. Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo, que tendo surgido para a vida intelectual, de 1866 a 1875, entre a batalha de Sadowa e a batalha de Sedan e ouvindo constantemente desde então, aos técnicos e aos filósofos, que fora a espingarda de agulha que vencera em Sadowa e fora o mestre de escola que vencera em Sedan, estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivíduos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da mecânica e da erudição. Um desses moços mesmo, o nosso inventivo Jorge Calande, reduzira a teoria de Jacinto, para lhe facilitar a circulação e lhe condensar o brilho, a uma forma algébrica: Suma ciência + Suma potência = suma felicidade

97 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Unifesp 2009: Conforme o pensamento de Jacinto, que ganhou a forma algébrica desenvolvida por Jorge Calande, a concepção de um homem superiormente feliz envolve: A) a dissimulação da força e da sabedoria B) a busca pela simplicidade C) o conhecimento e o progresso científico D) a dissociação entre progresso e filosofia E) o distanciamento dos preceitos filosóficos

98 9.A Cidade e as Serras – Eça de Queirós Unifesp 2009: Conforme o pensamento de Jacinto, que ganhou a forma algébrica desenvolvida por Jorge Calande, a concepção de um homem superiormente feliz envolve: A) a dissimulação da força e da sabedoria B) a busca pela simplicidade C) o conhecimento e o progresso científico D) a dissociação entre progresso e filosofia E) o distanciamento dos preceitos filosóficos


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