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A UTO DA B ARCA DO I NFERNO (1517) Gil Vicente (1465-1540)

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Apresentação em tema: "A UTO DA B ARCA DO I NFERNO (1517) Gil Vicente (1465-1540)"— Transcrição da apresentação:

1 A UTO DA B ARCA DO I NFERNO (1517) Gil Vicente (1465-1540)

2 Cenas comparáveis ao do Auto da Barca do Inferno Inferno, painel português do século XVI. Museu das Janelas Verdes, Lisboa.

3 CLASSIFICAÇÃO DA PEÇA Peça de Ação Fragmentada – Teor Sagrado Cômico Moralizante

4 M ANIQUEÍSMO - C ENÁRIO

5 A SPECTOS DE LINGUAGEM Versos Redondilhas Esquemas de Rimas “Olá, ó demo barqueiro! (A) Sabeis vós no que me fundo (B) Quero lá tornar ao mundo (B) E trarei o meu dinheiro (A) Aqueloutro marinheiro (A) Porque me vê vir sem nada (C) Dá-me tanta borregada (C) Como arrais lá do barreiro (A)”

6 A NÁLISE ESTRUTURAL DAS CENAS 01 Cena Introdutória 10 Cenas simétricas (cenas de mesma estrutura) - Entrada da personagem - Interlocução: Tipo Social x Diabo - Interlocução: Tipo Social x Anjo - Sentença Final: Anjo - Embarque do Tipo Social: Salvação ou Punição

7 A PEÇA Contextualização (indicação cênica): Começa a declaração e argumento da obra. Primeiramente, no presente auto, se fegura que, no ponto que acabamos de espirar, chegamos supitamente a um rio, o qual per força havemos de passar em um de dous batéis que naquele porto estão, um deles passa pera o paraíso e o outro pera o inferno: os quais batéis tem cada um seu arrais na proa: o do paraíso um anjo, e o do inferno um arrais infernal e um companheiro.

8 P ERSONAGENS Fidalgo Onzeneiro Parvo Sapateiro Frade Alcoviteira Judeu Corregedor e Procurador Enforcado Cavaleiros

9 O D IABO E SEU C OMPANHEIRO O Preparo da Barca Propagandeia-se a Barca

10 Diabo À barca, à barca, houlá! que temos gentil maré! -Ora venha o caro1 a ré! Companheiro Feito, feito! Diabo Bem está, Vai tu, muitieramá2! Atesa3 aquele palanco4, e despeja aquele banco pera a gente que virá. — À barca, à barca, uuh! Asinha5, que se quer ir. Oh, que tempo de partir, 1 O mesmo que carro, parte inferior das vergas nas velas triangulares. O Diabo quer posicionar a vela conforme o vento. 2 Em má hora. 3 Estica. 4 Corda para erguer as velas. 5 Depressa. Euforia do diabo

11 F IDALGO D. A NRIQUE O primeiro intrelocutor é um Fidalgo que chega com um pajem, que lhe leva um rabo mui comprido e üa cadeira de espaldas. “ Objetos” trazidos por personagens – Símbolo dos desvios de conduta

12 F IDALGO - D ESVELAR DA HIPOCRISIA DIABO Em que esperas ter guarida? FIDALGO Que leixo na outra vida quem reze sempre por mi. DIABO Quem reze sempre por ti?!.. Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!... E tu viveste a teu prazer, cuidando cá guarecer (ter perdão) por que rezam lá por ti?!... Embarca - ou embarcai... que haveis de ir à derradeira! Mandai meter a cadeira, que assi passou vosso pai

13 O RGULHO FIDALGO (ao Anjo) Que me leixeis embarcar. Sou fidalgo de solar, é bem que me recolhais.

14 T IRANIA Ireis lá mais espaçoso, vós e vossa senhoria, cuidando na tirania do pobre povo queixoso. E porque, de generoso, desprezastes os pequenos, achar-vos-eis tanto menos quanto mais fostes fumoso.

15 R ECONHECIMENTO DOS ERROS Ao Inferno, todavia! Inferno há i pera mi? Oh triste! Enquanto vivi não cuidei que o i havia: Tive que era fantesia! Folgava ser adorado, confiei em meu estado e não vi que me perdia.

16 C RÍTICA AO FIDALGO Tirania Luxúria

17 O NZENEIRO - A VAREZA Apego aos bens - Comicidade ONZENEIRO Mais quisera eu lá tardar... Na safra do apanhar me deu Saturno quebranto. DIABO Ora mui muito m'espanto nom vos livrar o dinheiro!... ONZENEIRO Solamente para o barqueiro nom me leixaram nem tanto...

18 CONFIRMAÇÃO DOS ERROS ANJO Porque esse bolsão tomará todo o navio. ONZENEIRO Juro a Deus que vai vazio! ANJO Não já no teu coração.

19 M ENTIRA DO O NZENEIRO Onzeneiro ao Diabo Houlá! Hou! Demo barqueiro! Sabês vós no que me fundo? Quero lá tornar ao mundo e trazer o meu dinheiro. que aqueloutro marinheiro, porque me vê vir sem nada, dá-me tanta borregada (pancada)

20 CRÍTICA Ganância Usura Avareza

21 PARVO JOANE – NÃO TRAZ NENHUM OBJETO CÊNICO Simplicidade do povo DIABO De que morreste? PARVO De quê? Samicas de caganeira. DIABO De quê? PARVO De caga merdeira!

22 Descoberta de que seu interlocutor é o Arrais do inferno

23 E NCONTRO COM O A NJO ANJO Tu passarás, se quiseres; porque em todos teus fazeres per malícia nom erraste. Tua simpreza t'abaste pera gozar dos prazeres. Espera entanto per i: veremos se vem alguém, merecedor de tal bem, que deva de entrar aqui.

24 Parvo – Permanece em cena Voz popular que atua na encenação

25 SAPATEIRO: FALSA CONFISSÃO – USO INADEQUADO DO OFÍCIO Sapateiro Como poderá isso ser, confessado e comungado?!... DIABO Tu morreste excomungado: Nom o quiseste dizer. Esperavas de viver, calaste dous mil enganos... Tu roubaste bem trint'anos o povo com teu mester.

26 OBJETO CÊNICO – FORMAS DE SAPATO ANJO Essa barca que lá está Leva quem rouba de praça. Oh! almas embaraçadas! SAPATEIRO Ora eu me maravilho haverdes por grão peguilho (grande estorvo) quatro forminhas cagadas que podem bem ir i chantadas (amontoadas) num cantinho desse leito!

27 CRÍTICA Falsa confissão Uso inadequado da profissão

28 FRADE: VÁRIOS OBJETOS CÊNICOS Indicação cênica: Vem um Frade com üa Moça pela mão, e um broquel(escudo) e üa espada na outra, e um casco (capacete de combate) debaixo do capelo (capuz); e, ele mesmo fazendo a baixa (dança), começou de dançar, dizendo:

29 FANFARRÃO – CRÍTICA AOS MEMBROS DA IGREJA, NÃO À IGREJA FRADE Tai-rai-rai-ra-rã; ta-ri-ri-rã; ta-rai-rai-rai-rã; tai-ri-ri-rã: tã-tã; ta-ri-rim-rim-rã. Huhá! DIABO Que é isso, padre?! Que vai lá? FRADE Deo gratias ! Som cortesão. DIABO Sabês também o tordião? (tipo de dança) FRADE Porque não? Como ora sei!

30 CONDIÇÃO DE CLÉRIGO - CÔMICO FRADE Para onde levais gente? DIABO Pera aquele fogo ardente que nom temestes vivendo. FRADE Juro a Deus que nom t'entendo! E este hábito no me val?

31 REZA COMO SALVAÇÃO- SÁTIRA DO DIABO Frade Como? Por ser namorado e folgar com üa mulher se há um frade de perder, com tanto salmo rezado?!... DIABO Ora estás bem aviado! (arranjado) FRADE Mais estás bem corregido! (certo) DIABO Dovoto padre marido, haveis de ser cá pingado... Pingado (castigo- pingar gordura fervente)

32 E SGRIMA E A QUEBRA DA REGRA CONVENTUAL Começou o frade a dar lição d'esgrima com a espada e broquel (escudo), que eram d'esgrimir, e diz desta maneira: FRADE Deo gratias! Demos caçada! (comecemos a luta) Pera sempre contra sus! Um fendente! Ora sus! (golpe forte) Esta é a primeira levada. (estocada) Alto! Levantai a espada! Talho largo, e um revés! E logo colher os pés, que todo o al no é nada!

33 TENTATIVA DE REDENÇÃO - CÔMICA Tornou a tomar a Moça pela mão, dizendo: FRADE Vamos à barca da Glória! Começou o Frade a fazer o tordião e foram dançando até o batel do Anjo desta maneira: FRADE Ta-ra-ra-rai-rã; ta-ri-ri-ri-rã; rai-rai-rã; ta-ri-ri-rã; ta-ri-ri-rã. Huhá! Deo gratias! Há lugar cá pera minha reverença? E a senhora Florença polo meu entrará lá! PARVO Andar, muitieramá! Furtaste esse trinchão, frade? (facão)

34 R ECONHECIMENTO DO DESVIO DE CONDUTA FRADE Senhora, dá-me à vontade que este feito mal está. Vamos onde havemos d'ir! Não praza a Deus coa a ribeira! Eu não vejo aqui maneira senão, enfim, concrudir. (aceitar)

35 CRÍTICA Falso moralismo religioso

36 A LCOVITEIRA B RÍSIDA V AZ - Símbolos de sua conduta BRÍZIDA Seiscentos virgos postiços (hímens falsos) e três arcas de feitiços que nom podem mais levar. (bem carregadas) Três almários de mentir, e cinco cofres de enlheos, (enleios – atrativos para homens) e alguns furtos alheos, assi em jóias de vestir, guarda-roupa d'encobrir, (...)

37 D UAS JUSTIFICATIVAS PARA DESEJAR O CÉU 1- Os castigos recebidos por ser alcoviteira Açoutes tenho levados e tormentos suportados que ninguém me foi igual. Se fosse ò fogo infernal, lá iria todo o mundo!

38 2- Responsável pela “conversão” de meninas Ao Anjo: E eu som apostolada, angelada e martelada (martirizada), e fiz cousas mui divinas. Santa Úrsula nom converteu tantas cachopas como eu: (moças)

39 C RÍTICA Feitiçaria Alcovitagem Prostituição

40 O J UDEU E O B ODE Quebra da estrutura – Não pretende ir ao céu JUDEU Que vai cá? Hou marinheiro! DIABO Oh! que má-hora vieste!... JUDEU Cuj'é esta barca que preste? (de quem) DIABO Esta barca é do barqueiro. JUDEU. Passai-me por meu dinheiro. DIABO E o bode há cá de vir? JUDEU Pois também o bode há-de vir. DIABO Que escusado passageiro! JUDEU Sem bode, como irei lá? DIABO Nem eu nom passo cabrões.

41 C RÍTICA DO PARVO - VOZ POPULAR Depois do Judeu achar que o Fidalgo é um meirinho e tem poder na barca, o Parvo se manifesta: PARVO E ele mijou nos finados n'ergueja de São Gião! E comia a carne da panela no dia de Nosso Senhor!

42 D ESTINO DO JUDEU E DO BODE DIABO Sus, sus! Demos à vela! Vós, Judeu, irês à toa, (a reboque) que sois mui ruim pessoa. Levai o cabrão na trela! (amarrado)

43 O J UDEU E SEU B ODE E XPIATÓRIO O Judeu traz o Bode Expiatório Duas leituras: a) Pária social b) Mito do judeu errante Não pode ser salvo: não crê no Cristo Condenado: vai amarrado atrás da Barca do Inferno

44 C ORREGEDOR Um Corregedor, carregado de feitos (autos), e, chegando à barca do Inferno, com sua vara na mão (...) DIABO Ora, pois, entrai. Veremos que diz i nesse papel... CORREGEDOR E onde vai o batel? DIABO No Inferno vos poeremos. CORREGEDOR (indignado) Como? À terra dos demos há-de ir um corregedor?

45 D ESVELAR DE SUA CONDUTA CORREGEDOR Hou! Videtis qui petatis (vede o que reclamais) Super jure magestatis (acima do direito de majestade) tem vosso mando vigor? (sua ordem pode vigorar?) DIABO Quando éreis ouvidor nonne accepistis rapina? (propina) Pois ireis pela bolina (ireis aonde formos) onde nossa mercê for...

46 P ROCURADOR Estando o Corregedor nesta prática com o Arrais infernal chegou um Procurador, carregado de livros (...) CORREGEDOR Confessaste-vos, doutor? PROCURADOR Bacharel som (sou). Dou-me à Demo! Não cuidei que era extremo, nem de morte minha dor. E vós, senhor Corregedor? CORREGEDOR Eu mui bem me confessei, mas tudo quanto roubei encobri ao confessor...

47 CRÍTICA Crítica aos membros do poder judiciário

48 E NFORCADO – PAGAR PELOS MALES TERRENOS DIABO Venhais embora, enforcado! Que diz lá Garcia Moniz? ENFORCADO Eu te direi que ele diz: que fui bem-aventurado em morrer dependurado como o tordo na buiz, (como pássaro na armadilha) e diz que os feitos que eu fiz me fazem canonizado.

49 C RÍTICA Possivelmente, crítica aos crimes cometidos em vida

50 C AVALEIROS Vêm Quatro Cavaleiros cantando, os quais trazem cada um a Cruz de Cristo, pelo qual Senhor e acrecentamento de Sua santa fé católica morreram em poder dos mouros. Absoltos a culpa e pena per privilégio que os que assi morrem

51 Q UEBRA DA ESTRUTURA TEATRAL DIABO Cavaleiros, vós passais e nom perguntais onde is? 1º CAVALEIRO Vós, Satanás, presumis? Atentai com quem falais! 2º CAVALEIRO Vós que nos demandais? Siquer conhecê-nos bem: morremos nas Partes d'Além, e não queirais saber mais. DIABO Entrai cá! Que cousa é essa? Eu nom posso entender isto! CAVALEIROS Quem morre por Jesu Cristo não vai em tal barca como essa!

52 F IM MORALIZANTE ANJO Ó cavaleiros de Deus, a vós estou esperando, que morrestes pelejando por Cristo, Senhor dos Céus! Sois livres de todo mal, mártires da Santa Igreja, que quem morre em tal peleja merece paz eternal. E assi embarcam.

53 FIDALGO (D. Henrique) Pajem, manto, cadeira PARVO (Joane) ONZENEIRO Bolsa de dinheiro vazia SAPATEIRO Formas de sapatos FRADE Florença, espada, capacete ALCOVITEIRA (Brísida Vaz) Hímens postiços, feitiços CORREGEDOR Autos processuais PROCURADOR Livros jurídicos ENFORCADO Corda no pescoço JUDEU Bode amarrado QUATRO CAVALEIROS CRUZADOS

54 Batel do Inferno Fidalgo (D. Anrique) Pajem, manto e cadeira PRESUNÇÃO E TIRANIA Onzeneiro Bolsa vazia GANÂNCIA / USURA Sapateiro Formas ROUBO / APEGO AOS VALORES MATERIAIS Frade escudo e capacete MUNDANISMO Brísida Vaz “600 virgos”, arcas de feitiço, cofres de enleios, furtos e jóias ALCOVITAGEM/ PROSTITUIÇÃO/ BRUXARIA Judeu Bode HERESIA

55 Corregedor “feitos” (autos e processos) Procurador Livros Enforcado Corda no pescoço Punição divina CORRUPÇÃO NOS MEIOS BUROCRÁTICOS

56 Batel do Céu Parvo Joane SIMPLICIDADE / INOCÊNCIA Quatro cavaleiros (Cruzadas) MORAL CATÓLICA


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