Aspectos estruturais da Agricultura

Aspectos estruturais da Agricultura
As fragilidades dos sistemas agrários Aspectos estruturais da Agricultura

Características das Explorações “Tanto a propriedade como a exploração mostram-se muito mais pequenas e parceladas no Norte, em especial no Noroeste, muito maiores e contínuas no Sul, designadamente Alentejo e Sueste da Beira.” Carlos Alberto Medeiros - Portugal, Esboço Breve de Geografia de Portugal, 197

Como se Distribui o Número de Explorações ? Concentram-se em maior número nas regiões da Beira Litoral e Entre-Douro e Minho. Concentram-se em menor número no Alentejo e Algarve questão 1 da ficha de acompanhamento Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INe, 1997

Na distribuição da SAU o contraste é inverso: Alentejo apresenta a maior área de SAU Na Beira Litoral e Algarve a SAU é menor Nas Regiões Autónomas Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INe, 1997 Reduzido número de explorações e de SAU explicam-se pela sua dimensão e pelo relevo muito acidentado.

Dimensão das explorações: Importante para o desenvolvimento agrícola pois a excessiva fragmentação condiciona a modernização dos sistemas agrícolas. Varia de região para região: Fonte: Google Norte (noroeste) – Predominam os minifúndios Sul (Alentejo) - Predominam os latifúndios Fonte: Google

Razões: Naturais Sociais e Históricos Norte – A fragmentação da propriedade deve-se: Relevo acidentado. Maior fertilidade do solo. Carácter anárquico do processo de reconquista. Parcelamento de grande propriedades pelo clero e nobreza. Densidade populacional. Abolição da lei de Morgadio.

Sul – A existência de grandes propriedades deve-se: Relevo mais ou menos aplanado Clima Seco Pobreza dos solos Feição mais organizada da reconquista População pouco abundante Extensas áreas incultas

Figura 1 - Latifúndio Figura 2 - Minifúndio Fonte: Google Fonte: Google

Principais formas de Exploração Agrícola Nem sempre o agricultor é o proprietário das terras que explora: Arrendamento: o produtor paga em dinheiro ou géneros ao proprietário da terra pela sua utilização Exploração por conta própria: o produtor é também o proprietário (predomina em todo o país) Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INe, 1997

Qual a mais vantajosa ? Exploração por conta própria O proprietário mesmo procurando tirar o melhor partido da terra, tenta valorizá-la, preservando o solo e investindo em melhoramentos fundiários como a construção de redes de drenagem, instalações de rega, etc. O proprietário estando ligado à terra, pode ter um papel mais activo na comunidade rural, participando na preservação da paisagem e das espécies autóctones, preservação de fogos florestais, etc. Fonte: Google O proprietário pode mais facilmente aliar a actividade agrícola a outras actividades complementares e assim assumir um papel de agente de um desenvolvimento rural sustentável Fonte: Google

Características da população agrícola Evolução Embora com um ligeiro aumento nas últimas anos, deu--se uma diminuição muito significativa da população agrícola nas últimas décadas devido: Modernização da agricultura Atracção exercida pelos outros sectores de actividade que oferecem empregos mais diversificados, mais seguros e melhor remunerados. Êxodo Rural Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INe, 1997 Êxodo Agrícola (transferência de mão de obra da actividade agrícola mas mantendo residência em áreas rurais)

Estrutura etária Forte envelhecimento Poucas perspectivas de rejuvenescimento Nível de instrução e formação profissional Embora tenha vindo a aumentar nos últimos anos, o nível de instrução é ainda relativamente baixo São poucos os que têm mais do 2º ciclo. A formação da maior parte dos agricultores contínua a assentar na transmissão de conhecimentos práticos de pais para filhos. Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INe, 1997 Fonte: Google

Estrutura etária Nível de instrução e formação profissional Constituem um entrave ao desenvolvimento da agricultura portuguesa no que respeita a: Adesão a inovações Adaptação às normas comunitárias de produção e comercialização. É necessário incentivar a fixação de jovens agricultores e investir mais na formação e qualificação profissional dos agricultores

As Paisagens agrárias “Designa-se por paisagem agrária aquela que resulta da acção do homem sobre a terra. O estudo desta paisagem compreende os seguintes pontos: forma e dimensão das parcelas, alterações orográficas provocadas pela acção do homem, a disposição dos grandes conjuntos cultivados por uma mesma exploração rural, a existência ou não de vedações.” Max Derruau, Geografia Humana I Portugal apresenta uma grande diversidade de paisagens

Sistema de Culturas - Conjunto de plantas escolhidas, e técnicas utilizadas no seu cultivo Consideram-se dois principais: Extensivo “A cultura de cereais –centeio no Nordeste, trigo e centeio no Sul, toma feição extensiva, precedida no Inverno de uma lavoura funda preparatória e seguida de um pousio mais ou menos longo. Portanto a área de exploração está dividida em parcelas (folhas), sujeitas alternadamente a estas operações culturais.Com o pousio desenvolve-se a vegetação subespontânea...” Portugal, O mediterrâneo e o Atlântico, Orlando Ribeiro.

Caracteriza-se por: Uma ocupação descontínua do solo, praticando-se um sistema de rotação de culturas em que se procede à divisão do solo em sectores que são rotativamente em cada ano, ocupados com culturas diferentes Um dos sectores é deixado em pousio, ou é semeado com espécies que enriquecem o solo e alimentam o gado. Os campos apresentam uma forma regular, não estando separados por quaisquer vedações, designando-se por campos abertos ou “openfield” Fonte: Antunes, João; 2002 Fonte: Google

O povoamento é em regra concentrado Fonte: Carta Militar de Portugal Fonte: Google Associado a explorações de média ou grande dimensão com mão de obra pouco abundante e mecanização intensa e especializada. A monocultura permite rentabilizar o uso das máquinas. Em Portugal, está ligado à cultura cerealífica (trigo), Característico de clima seco relevo mais ou menos aplanado, fraca densidade populacional e explorações de grande dimensão como no Alentejo

Intensivo O solo é total e continuamente ocupado, não se praticando o pousio Os campos apresentam uma forma irregular e estão separados por vedações (muros ou sebes de árvores e arbustos) – Campos fechados (constituem um abrigo para o vento) Ocorre normalmente em áreas de solos férteis e de abundância de água Fonte: Google As culturas sucedem-se umas às outras ou misturam-se (Policultura com vista a obter uma extensa gama de géneros alimentares para autoconsumo e/ou abastecimento dos mercados urbanos proximos) O povoamento é disperso (a policultura intensa exige a presença quase constante do agricultor, daí as casas estarem intimamente ligadas às explorações e disseminadas pela paisagem Fonte: Extrato do mapa 5-D - Braga Fonte: Google

Caracteriza-se pela existência de pequenas explorações familiares (minifúndios) e pela utilização de mão de obra abundante Em Portugal é característico das regiões pluviosas, de solo rico de forte densidade populacional e explorações de pequena dimensão como é o caso do Noroeste, Ilhas da Madeira e Açores. Estas paisagens são características de que regiões? Noroeste/Madeira Alentejo Fonte: Google Fonte: Google

No Contexto Europeu A nossa agricultura encontra-se numa situação de desvantagem: Dimensão média das Explorações

Problemas do sector agrícola.
As Actividades Agrícolas e a Problemática da Utilização do Solo Problemas do sector agrícola.

Problemas no sector agrícola
Portugal - A agricultura produz cerca de um quinto da riqueza do país. ha são destinados à agricultura. Existem mais de 400 mil explorações agrícolas sendo que 2 % ultra passa os 100 ha. A Dimensão média das explorações é de 9 ha (UE : 18,5 ha). 29% dos terrenos agrícolas são em regime de arrendamento A agricultura produz 17 % da riqueza (P.I.B.) A agricultura emprega17 % dos trabalhadores ( pessoas sendo 18 % assalariadas).

Problemas do sector agrícola Estruturais Técnicos Sociais Inserção nos mercados Organizativos A Dependência Externa A produção da agricultura portuguesa tem-se revelado incapaz de satisfazer as necessidades internas, obrigando à importação de produtos agrícolas. O nosso défice em termos de produção agrícola gera uma forte dependência externa.

A grande fragilidade da agricultura portuguesa reflecte-se no desequilíbrio, cada vez mais acentuado da balança comercial portuguesa. Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INE, 1997 A agricultura portuguesa não consegue satisfazer as necessidades do mercado nacional, e portanto vemos-nos obrigados a recorrer aos mercados externos.

A importação de produtos agrícolas não se deve simplesmente ao facto de a produção ser deficitária: Livre circulação de mercadorias dentro da união europeia A facilidade de transporte; A agressividade do marketing; A melhoria do nível de vida de muitos portugueses; São factores que favorecem a importação de produtos de outras regiões do mundo

Níveis de Rendimento e Produtividade Agrícola “No estudo de um sistema de cultura, o geógrafo tem de considerar as técnicas de produção agrícola: os processos de trabalho, as forma de cultura, o tipo de material utilizado, a quantidade de mão de obra... A produtividade agrícola é o coeficiente de produção por unidade de mão de obra, enquanto que o rendimento é o coeficiente de produção por unidade de superfície.” Max Derruau, Geografia Humana Rendimento Agrícola – Quantidade de produto obtido por unidade de superfície (geralmente o hectare).  expressa-se em Kg/ha. Produtividade Agrícola – Quantidade de produto obtida per capita, num determinado período de tempo.  relação entre a quantidade produzida e a mão-de-obra.

Rendimento Agrícola “A agricultura portuguesa tem vindo a registar progressos consideráveis nos últimos anos, traduzidos em grandes aumentos de produção vegetal e animal, no rendimento da terra, na produtividade e nos diferentes factores de produção. Na base destes progressos está o melhor conhecimento e a utilização mais racional dos meios naturais, bem como o conhecimento de novas tecnologias, de inovações no campo da maquinaria, da química agrícola, da biologia das plantas e animais (criação de novas variedades vegetais e selecção de novas raças animais, formas de controlo e tratamento de doenças e pragas...), o que aumenta o rendimento agrícola.” Adaptado de Carminda Cavaco, Agricultura Moderna. Ambiente e Desenvolvimento Rural na Perspectiva Comunitária, Lisboa 1991 ____________________________________ ______________________ ____________________ _______________ _____________________________________________ _____________________________________

Portugal apresenta os mais baixos rendimentos para a maior parte dos produtos agrícolas quando comparado com os outros estados membros da união europeia. Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INE, 1997 Cereais: Portugal está na cauda de toda a comunidade, com um rendimento inferior à média da comunitária (1800 Kg/ha para 5215 Kg/ha) e cerca de um terço do rendimento Holandês (cerca de 8000Kg/ha).

Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INE, 1997 Batata: o nosso país ocupa também o ultimo lugar na União Europeia, com um rendimento correspondente a cerca de metade da média comunitária cerca de Kg/ha enquanto na Bélgica, Reino Unido e Holanda ultrapassa os Kg/ha.

Produtividade Agrícola Em relação à produtividade as disparidades entre Portugal e os restantes países da União Europeia aumentam. Porquê? Os outros países apresentam: maior desenvolvimento tecnológico melhor preparação profissional dos produtores

A agricultura portuguesa caracteriza-se por: - Fraca produtividade - Baixos rendimentos Porquê? Predomínio das técnicas agrícolas tradicionais; Condições naturais pouco favoráveis; pobreza geral do solo fraqueza e irregularidade das precipitações

Fraca integração de novas tecnologias nos sistemas produtivos: Elevado índice de envelhecimento e baixo nível de instrução e formação profissional da população agrícola; Estrutura fundiária demasiado fragmentada na maior parte do território nacional; Uso deficiente de adubos e pesticidas; Desajustamento das culturas relativamente à aptidão dos solos

Consequências: Fraqueza da produção. Altos custos de produção. Incapacidade de competir em preços com os do mercado internacional nomeadamente os da U.E: menos encargos financeiros factores de produção mais baratos Assim, é necessário investir na modernização do sector agrícola nacional, de forma a melhorar os níveis de rendimento e de produtividade, tornando-os mais competitivos em Portugal e na União Europeia.

A Utilização Real e Potencial do Solo Um dos factores da baixa produtividade da agricultura portuguesa era o desajustamento entre a superfície efectivamente cultivada e a superfície com real aptidão cultural. Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INE, 1997 Utilização Real Utilização Potencial

Problemas da Utilização do Solo: Escolha das culturas a praticar sem ter em conta as características dos solos Sistemas de culturas utilizado, muitas vezes, de forma incorrecta Prática exclusiva da monocultura. Utilização inadequada de fertilizantes químicos.

Reserva Agrícola Nacional (RAN) Criada em 1989 e como objectivo essencial a protecção dos solos com boa aptidão agrícola. Nos solos da RAN são proibidas: As acções que diminuam as suas potencialidades agrícolas, como: lançamento ou deposito de qualquer resíduo construção de vias de comunicação e acesso construção de edifícios, aterros e escavações utilização indevida de técnicas ou produtos fertilizantes e pesticidas.  As habitações são permitidas quando são para utilização dos proprietários e seus agregados  as vias de comunicação são permitidas quando são consideradas de interesse público e se não existirem outras alternativas técnicas e economicamente viáveis.

Pluriactividade e Pluri-rendimento “Perante a dupla insuficiência de grande parte do universo das explorações agrícolas, em termos de ocupação e de rendimentos das famílias produtoras, estas desenvolveram estratégias de sobrevivência multifacetadas e ajustadas, em cada época, ás possibilidades locais e regionais de prática de outras actividades geradoras de rendimentos complementares” Adaptado de Carminda Cavaco, Do povoamanto rural ao desenvolvimento local

Actualmente, só uma pequena percentagem (11,5%) dos agregados familiares dos produtores tem nas suas explorações a única fonte de rendimentos. Principalmente de outras actividades (60,3%) Principalmente da Exploração (28,2%) Exclusivamente da Exploração (11,5%) Fonte: Inquérito à estrutura das Explorações agrícolas, INE, 1997 Para cerca de 60%, os rendimentos provêm principalmente de outras origens que não o sector agrícola. Pluriactividade  prática em simultâneo do trabalho na agricultura e noutras actividades

Pluriactividade tem sido favorecida: melhoria das redes de transportes, que proporcionam uma maior mobilidade da população e possibilitam a pendulação para as áreas urbano-industriais mais próximas E, pode ser encarado como: Alternativa para diversificar e aumentar o rendimento dos agricultores nas explorações de pequena dimensão. Forma de fixar a população agrícola elevando a sua qualidade de vida. Neste caso, também se fala de: Pluri-rendimento  A acumulação de rendimentos provenientes da agricultura e o de outras actividades

Assim, deve-se motivar os agricultores para desenvolverem novas actividades lucrativas em simultâneo com a pratica da agricultura: apicultura; artesanato; produção de caracóis, queijos e enchidos e turismo em espaço rural.

A pequena dimensão das explorações dificulta a modernização As pequenas explorações estão associadas a áreas de relevo acidentado o que dificulta a utilização de máquinas e outros tipos de tecnologia agrícola População activa na agricultura Fonte: INE - Estatisticas Agrícolas Fonte: INE - Estatisticas Agrícolas Conclusão: comparativamente aos outros países da U.E a agricultura portuguesa é menos mecanizada e com maior recurso ao trabalho humano.

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