Frio que chega a minha terra Passa o mar, Passa serra, Vem de surpresa, E com muita certeza Sabe o que vai encontrar.

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3 Frio que chega a minha terra Passa o mar, Passa serra, Vem de surpresa, E com muita certeza Sabe o que vai encontrar.

4 O mesmo quadro. De um lado, A moça bonita, vaidosa, Tão bonita quanto a rosa Aquecida em seu casaco carmim, Adornado de peles suntuosas

5 Feliz por vestir assim. Do outro lado, A criança maltrapilha, Tiritante, encolhida, Embrulhada em jornal. Os lábios roxos

6 Tais quais violetas Perdidas na selva. Os olhos verdes, Tão verdes quanto à relva, Mas sem esperança. Os pés descalços.

7 A mão estendida em súplica, Trêmula: “Uma esmola pelo amor de Deus”... E os transeuntes que passam Agasalhados. Seguem sempre em frente...

8 Uns não querendo enxergar Pois lhes dói a alma. Vendam os olhos. Outros que prosseguem com calma. A calma dos embrutecidos Pelo quadro rotineiro,

9 Pela ganância do dinheiro, Pelo corre, corre da vida, Pela responsabilidade transferida. E a pobre criança Cada vez mais encolhida, Continua a tiritar.

10 Já não pode nem falar. Apenas o que lhe aquece São as lágrimas que rolam Dos seus olhos, que da esperança Só tem a cor. E os que passaram

11 Deixaram de ver um tesouro De valor maior que o ouro. Só o frio a enxergou. E já que os homens nada fizeram Levou a criança em suas asas geladas.

12 Imagem: Baixaki Música: Duo – Secret Garden Formatação: adsrcatyb@terra.com.br Site: www.momentos-pps.com.br