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A poesia de João Cabral de Melo Neto

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Apresentação em tema: "A poesia de João Cabral de Melo Neto"— Transcrição da apresentação:

1 A poesia de João Cabral de Melo Neto
A educação pela pedra A poesia de João Cabral de Melo Neto

2 Aspectos gerais João Cabral de Melo Neto ( ) é considerado um equivalente poético de outro grande escritor nordestino, o romancista Graciliano Ramos. Quando realiza sua estreia, a tradição literária moderna brasileira já estava consolidada. Assim, sua obra alia a prática engajada do “romance de 30” ao experimentalismo formal e à consciência nacional aprendidas com poetas ligados ao modernismo.

3 Aspectos gerais A obra inicial de João Cabral revelam forte impregnação do surrealismo, mas logo ele abandona esse caminho para investir na construção de uma poesia, seca, racional e objetiva, longe da espontaneidade que caracterizou os modernistas. A partir de 1950 essa linguagem descarnada (“desmetaforizada”) torna-se veículo para a construção de uma poesia social, voltada para o homem e a paisagem do Nordeste. Morte e vida severina é um exemplo disso.

4 Imagem precede mensagem
“Poema” Meus olhos têm telescópios espiando a rua, espiando minha alma longe de mim mil metros. Mulheres vão e vem nadando em rios invisíveis Automóveis como peixes cegos Compõem minhas visões mecânicas Há vinte anos não digo a palavra que sempre espero de mim Ficarei indefinidamente contemplando meu retrato morto

5 Imagem precede mensagem
Poema de abertura de Pedra do sono (1942). Ao lado da presença do surrealismo – que se manifesta na criação de imagens misteriosas, livremente associadas, e de sensações parecidas com as que experimentamos em sonhos -, é fácil notar também a valorização plástica das palavras. O eu-lírico se contempla petrificado, em estado de sono (“meu retrato morto”), ou fabrica simulacros mecânicos de si mesmo, transformando-se ao mesmo tempo em sujeito e objeto. O primeiro de João Cabral conta com poemas que trazem uma atmosfera noturna, mórbida e melancólica.

6 Guinada para a racionalidade
Os versos noturnos de 1942 cedem lugar, em O engenheiro (1945), a uma poesia “solar”, que passa a ter como valores a claridade, concretude e racionalidade. O engenheiro sonha, porém fora da noite e em plena vigília. O sonho, agora, está envolto de luz e é feito de objetos concretos, assim como o poema que se escreve “a tinta e a lápis”. Trata-se não só da desmistificação do poema, retirado de sua velha aura de mistério, mas de um elogio ao trabalho de construção do poeta-engenheiro, movido pelo sonho de um mundo claro, limpo e justo.

7 Guinada para a racionalidade
“O engenheiro” A luz, o sol, o ar livre envolvem o sonho do engenheiro. O engenheiro sonha coisas claras: Superfícies, tênis, um copo de água. O lápis, o esquadro, o papel O desenho, o projeto, o número O engenheiro pensa o mundo justo, mundo que nenhum véu encobre (Em certas tardes nós subíamos ao edifício. A cidade diária, como um jornal que todos liam, ganhava um pulmão de cimento e vidro.) A água, o vento, a claridade de um lado o rio, no alto as nuvens, situavam na natureza o edifício crescendo de suas forças simples.

8 Entre luz e trevas Vivendo na Espanha, impressionado pela leitura de uma reportagem sobre a miséria no Nordeste, João Cabral escreveu o poema o “O cão sem plumas”. Neste, pela primeira vez, tratou diretamente da paisagem nordestina, da qual ele também aprende uma série de lições. O “cão sem plumas” é o rio Capibaribe e também o homem que vive às suas margens plantados na mesma lama, a cujo estado de carência corresponde, no plano formal, uma linguagem feita de signos concretos e também ela magra, essencial (“poesia do menos”). O que importa é a vida aguda, sensível, violenta e não o entorpecimento de Pedra do sono ou o excesso de luz e limpeza de O engenheiro.

9 Entre luz e trevas Em contraste com as coisas claras, surgem as águas escuras e a realidade espessa da nossa “condição caatinga”.

10 A metalinguagem “Catar feijão” 1. Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco. 2. Ora, nesse catar feijão entra um risco: o de que entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quando ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a como o risco.

11 Mais poemas “Questão de pontuação” Todo mundo aceita que ao homem cabe pontuar a própria vida: que viva em ponto de exclamação (dizem: tem alma dionisíaca); viva em ponto de interrogação (foi filosofia, ora é poesia); viva equilibrando-se entre vírgulas e sem pontuação (na política): o homem só não aceita do homem que use a só pontuação fatal: que use, na frase que ele vive o inevitável ponto final.

12 Mais poemas “Menino de engenho” A cana cortada é uma foice. Cortada num ângulo agudo, ganha o gume afiado da foice, um dar-se mútuo. Menino, o gume de uma cana cortou-me ao quase de cegar-me, e uma cicatriz, que não guardo, soube dentro de mim guardar-se. A cicatriz não tenho mais; o inoculado, tenho ainda; nunca soube é se o inoculado (então) é vírus ou vacina.


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