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PublicouEmily Vargas Alterado mais de 9 anos atrás
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Texto enviado por e-ferreira-netto@uol.com.br
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Era uma vez uma senhora já entrada em anos que vivia num casebre, caindo aos pedaços, na mais profunda miséria. O marido morrera anos atrás lhe deixando apenas aquele casebre. Apesar dessa vida miserável, Margarida, assim chamava-se a senhora, era pessoa de regular cultura e alguma religiosidade.
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Cansada de tanto sofrimento, procurou certo dia uma organização filosófica, onde segundo ouviu dizer, davam orientações para melhorar a vida das pessoas; dizia-se mesmo que faziam verdadeiros milagres. Ao chegar à dita organização mandaram-lhe conversar com um senhor, jovem ainda, que cumprimentou-a carinhosamente e convidou-a a entrar e sentar-se.
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_Muito bem D. Margarida, o que é que lhe aflige? _ Ah, meu senhor, minha vida é um tormento; desde que meu Sebastião morreu tenho vivido miseravelmente. Às vezes passo dias e dias só a pão e água. _ Oh, meu Deus! e com uma inflexão carinhosa na voz o orientador, extremamente compadecido daquela situação, continuou.
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_Oh, desculpe lhe falar assim, mas a senhora foi muito ingrata durante toda sua vida. Nunca soube retribuir as graças que recebia e assim est á colhendo os frutos do que plantou. Como nunca soube agradecer tamb é m nunca deu nada a ningu é m, foi sempre uma mão fechada, não foi? _ Mas Sr. Paulo, eu nunca tive nada para dar, sempre fomos pobres.
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_ Não se dá apenas dinheiro ou bens... Uma palavra amiga, uma flor, uma visita a uma pessoa doente; prestar pequenos favores a algu é m são formas de doação à s vezes até mais valiosas do que dinheiro. _ Hum! O orientador continuou a admoestar a paciente, embora com palavras carinhosas.
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_ A senhora nunca soube agradecer devidamente ao seu marido, sempre foi um tanto grosseira com ele. _ E precisava agradecer a ele? Eu é que trabalhei a vida inteira para ele quase como escrava! _ A senhora não me disse logo no in í cio, que depois que o seu Sebastião morreu sua vida tornou-se uma mis é ria? _ L á isso foi.
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_ Pois é, precisaria ter sido mais agradecida ao seu marido. _ Bem, o que é que eu posso fazer? _ A senhora precisa mudar o seu modo de pensar e de agir. Precisa ser mais cordata, aprender a se dar mais aos outros e, sobretudo a agradecer a tudo e a todos. Passe a falar a todos os instantes: muito obrigada, muito obrigada; o dia todo fique repetindo isto. Procure também sorrir, ser mais jovial.
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_ Só isso Sr. Paulo? _ Vamos rezar um pouco. Ponha as mãos em posição de oração e repita comigo: MUITO OBRIGADA DEUS, MUITO OBRIGADA PELA VIDA, PELA SAÚDE, PELA PAZ, PELOS AMIGOS; MUITO OBRIGADA PELAS FLORES, PELAS FRUTAS, PELAS MATAS, PELOS RIOS, PELA CHUVA, PELA TERRA, OBRIGADA POR TUDO O QUE TENHO, OBRIGADA, MUITO OBRIGADA, MUITO OBRIGADA!
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D.Margarida ostensivamente fazia a oração com visível constrangimento. _ Faça essa oração a todo instante e sua vida vai melhorar. A velhota saiu dali “ vendendo azeite às canadas ”. _Desaforado, como é que aquele fedelho podia lhe chamar de mão de vaca? Idiota!
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Chegou a casa e passou a rememorar as palavras do Prof. Paulo e depois de muito falar mal e falar palavrões, muito penosamente, começou a ver que o professor em alguns aspectos tinha razão. Passou então a chorar, chorou bastante e por fim decidiu mudar.
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Próximo à casa de D. Margarida havia uma mansão, que segundo sabia era habitada apenas por uma senhora muito idosa e doente, tendo por companhia apenas uma criada.
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Margarida, vez por outra passava pela frente da mansão e via a senhora sentada numa cadeira de balanço, tomando banho de sol, mas nunca lhe cumprimentara, apenas resmungava com inveja da vizinha. O orientador estava cheio de razão, D. Margarida nem ao menos dava bom dia.
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No dia seguinte levantou-se cedo e começou a fazer a oração que o orientador ensinou, agradecendo a tudo, enquanto agradecia notou a casa suja, as janelas empoeiradas e a aparência de abandono do casebre. Encheu-se de coragem e passou a limpar e arrumar tudo, em seguida foi para o jardim. Estava também abandonado há muito tempo.
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Arrancou as ervas daninhas, podou as plantas, amarrou os galhos de uma trepadeira e viu encostada à cerca, encoberta por folhagens uma rosa totalmente aberta, lindíssima e exalando um extraordinário aroma. Lembrou-se das palavras do Sr. Paulo e passou a agradecer, lembrou-se da vizinha e a duras penas, tirou a rosa e mesmo suada e suja como estava levou-a à vizinha.
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D. Hortência, assim se chamava a vizinha, recebeu aquela flor com tanta alegria que parecia ter recebido um tesouro. Abra ç ou-se à Margarida sem se incomodar com sua sujeira e beijou-a carinhosamente demonstrando a gratidão que sentia por seu presente.
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Aquela recepção tão calorosa por parte da senhora tão rica e tão bem vestida em contraste com seus trapos sujos e mal cheirosos, deixou-a sem fala, ela que julgava a vizinha uma velha rabugenta... por fim criou ânimo e falou: _ Senhora eu sempre passo por aqui e vejo-a solit á ria, mas tinha vergonha de vir lhe falar, hoje ao tratar do meu jardim, vi esta rosa tão bonita e achei que a senhora iria gostar. _ Não me contive e assim mesmo suja e desgrenhada vim trazê-la.
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_Oh, querida, você foi muito gentil, muito obrigada, esta rosa é muito bonita, muito obrigada! Margarida ao se ver tratada com tanto carinho, quase desmaiou de felicidade. Conversa vai, conversa vem, chegou a hora do almo ç o. D. Hortência convidou a visitante para almoçar.
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_ Eu aceito o seu convite D. Hortência, mas me dê uma tempinho para eu ir em casa tomar um banho e trocar de roupa, num instantinho eu volto! _ Est á bem, eu espero! Margarida correu para casa tomou um banho, deu um jeito melhor nos cabelos, pôs um vestido velho, mas muito bonito, dos tempos em que sa í a aos domingos para passear com o finado Sebastião e voltou à casa da vizinha.
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_ Oh, vizinha como você está bonita! – exclamou D. Hortência. Margarida vibrou de tanta alegria, nunca lhe haviam dito tal coisa. Almoçaram, conversaram ainda toda a tarde e por fim D. Hortência convidou a vizinha a vir morar com ela, pois gostara muito de sua companhia. Com alguma relutância, Margarida aceitou o oferecimento e no dia seguinte mudou-se para a casa da nova amiga.
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Após algum tempo de convivência juntas passaram a se dedicar a importante trabalho de assistência social, levando conforto e alegria às crianças de um orfanato e a um abrigo de idosos.
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A transforma ç ão da vida de D. Margarida veio comprovar os ensinamentos de conhecido filósofo oriental:
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“ A GRATIDÃO É UM ESPELHO QUE REFLETE E MULTIPLICA AS GRAÇAS RECEBIDAS ”
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Formatação:Mariza V. Rodrigues mariza_v. rodrigues@hotmail.com Texto enviado por Eduardo e-ferreira-netto@uol.com.br
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