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Ninguém gostava de mim, e eu me sentia profundamente deprimido, a tal ponto que eu pensava que o melhor que tinha a fazer era eliminar o meu pai e as.

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3 Ninguém gostava de mim, e eu me sentia profundamente deprimido, a tal ponto que eu pensava que o melhor que tinha a fazer era eliminar o meu pai e as outras pessoas que viviam conosco e, em seguida, me suicidar.

4 Refleti, durante quinze dias, em como realizar o meu intento. Então, saí de casa, infeliz, desencorajado e triste, para me jogar do alto da ponte Duarte (São Domingos). Eu já não tinha dinheiro nem para beber, nem para comprar drogas. Um dia, tomei a decisão de me suicidar. Eu também queria me vingar de todas as pessoas do bairro que não me queriam bem.

5 Quando saí, pronto para acabar com a minha vida, passei diante da casa da Anunciação, onde a Missa, que seria celebrada pelo Padre Emiliano Tardif, se iniciava. Havia muitas pessoas na rua diante daquela casa, pois o Ofício Divino seria celebrado ao ar livre. No grande agrupamento, distingui muitos jovens. Eram rapazes e moças do meu bairro. Reuni-me à multidão, não para participar da Missa, mas para incomodar, aborrecer, acariciar as jovens e me divertir. "Vale a pena passar uns momentos agradáveis, antes de me suicidar" - eu pensava.

6 Chegando o momento da oração pela cura, testemunhei algumas pessoas sendo curadas e não conseguia acreditar no que tinha diante dos olhos. Mas reconheci, sob um abacateiro, um homem que era coxo, com suas duas muletas: eu o conhecera, havia muito tempo. Naquele momento, o Padre Emiliano anunciou: "Temos conosco um coxo que caminha auxiliado por muletas, e que está sendo curado." Eu observava o homem capenga... As curas prosseguiam. O Padre repetiu: "Onde está o manco que o Senhor acabou de curar?"

7 Eu me sentia tão pouco à vontade que me aproximei do coxo e disse-lhe: "Caro amigo, você é o único manco que eu vejo por aqui." Ele me respondeu que não era ele quem estava sendo curado. Eu lhe repeti, então: "Meu amigo, se este Padre não fala mentiras, este manco é você. Eu vou tirar as muletas das suas mãos e se a pessoa curada não for você, você vai dar de cara no chão." Tirei-lhe então, as muletas e ele continuou de pé. O manco saiu caminhando, tranquilamente.

8 Algumas pessoas gritaram: 'Padre, Padre, aqui está um coxo!' Quando vi que o coxo se dirigia ao altar, senti um frio a me envolver. O Senhor o havia curado. Meus braços se dobraram, as muletas que eu havia retirado de suas mãos, incitando-o a avançar, caíram por terra; o meu corpo inteiro tornou-se insensível, parecia entorpecido. Comecei a chorar, e dirigi-me a Deus com essas palavras: 'Senhor, perdoa-me, prometo que jamais escarnecerei, jamais zombarei dessas coisas.'

9 Naquele mesmo instante, o Senhor inspirou ao Padre Tardif palavras de sabedoria e ele falou para a multidão que lá estava: 'Temos, entre nós, um homem que usa drogas e que vive em desarmonia com a sua família. Ele teve uma infância bem triste e por isso se revolta. Viveu uma vida de pecado, influenciado pelas drogas e por outros vícios; mas o Senhor o está tocando, agora, e o está curando.' Sentei-me no chão para chorar, ao lado das muletas do coxo. O que eu não sabia é que Deus também me havia curado.

10 Lembro-me de que senti uma espécie de torpor em todo o corpo, assim como quando se engole um pedaço de gelo que desce estranho, goela abaixo. Eu sabia que ele estava se referindo à minha pessoa. No dia seguinte, retornei à casa da Anunciação e continuei a rezar. Conversei com o Padre Emiliano Tardif e contei-lhe todos os meus problemas. Eu não parava de rezar. Meu pai e todas as pessoas do bairro notaram a mudança operada em minha vida.

11 O Senhor é tão imprevisível. Quando deseja transformar uma comunidade, Ele escolhe a pior pessoa, Ele a converte e todos as outras pessoas se sentem arrebatadas, presas pelo amor de Deus. Eu parei de beber. Perdoei meu pai de todo o coração, disse-lhe que o amava e o abracei. Ele, por sua vez, também me perdoou. Pedi desculpas, igualmente, a todas as pessoas a quem eu havia ofendido com a minha má conduta, a meus irmãos e ao homem que vivia com a minha mãe. Agora, nós vivemos felizes, na paz de Cristo.

12 25/08/2009


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