O divórcio entre a fé e a vida diária de muitos deve ser considerado como um dos mais graves erros da nossa época. (Vaticano II)

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2 O divórcio entre a fé e a vida diária de muitos deve ser considerado como um dos mais graves erros da nossa época. (Vaticano II)

3 Naquele tempo, os Apóstolos disseram ao Senhor: – Aumenta a nossa fé. Os apóstolos sentem a necessidade de uma fé mais profunda, querem aumentar a sua confiança em Jesus. Sinto essa mesma necessidade? Jesus não vai responder directamente ao pedido, vai falar da gratuidade da fé, do seu poder de fazer grandes coisas a partir do que é pouco. Para Jesus o fundamental é ter uma fé firme e pô-la em prática para a fortalecer.

4 O Senhor respondeu: – Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. Parece que a fé não se mede pela quantidade mas pela qualidade. “Se tivésseis fé”... Tenho fé? Como é a minha fé? Herdada, infantil, débil, autêntica, adulta, viva, libertadora, feliz...? Tenho fé ou um conjunto de afirmações doutrinais, um catecismo, um complicado credo que não tem muito que ver com a fé nem transforma a minha vida? Jesus continua a dizer-nos hoje: si Me seguísseis de verdade, se vivêsseis segundo o Evangelho, se tivésseis fé, teríeis a Força necessária para mudar o mundo. A fé atreve-se com o impossível.

5 Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado. Lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara- me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu. Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? A missão não termina no campo – evangelização -, mas em casa, vida pessoal, familiar, comunitária. Poder anunciar, com a maneira de viver, que o Evangelho é Boa Notícia que liberta e humaniza e que todos estamos convocados a fazer um mundo de irmãos, é o maior motivo de agradecimento e de alegria, sem nos acharmos, por isso, com direito a felicitações, louvores, recompensas ou privilégios.

6 Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’.” Jesus quer destacar a ideia da gratuidade. O verdadeiro discípulo, a verdadeira discípula, concebe a sua vida como serviço gratuito e generoso sem pensar em méritos nem necessitar recompensas. Quem tem mentalidade farisaica confia mais nas suas forças e meios que na fé e valores do reino. Atribui-se a si mesmo o mérito do que faz, trata de aproveitar as vantagens da sua missão. Pensa que Deus é um amo exigente, pelo que não actua como filho mas como servo... “Trata-se nem mais nem menos que se dê a superação da ideia farisaica da recompensa” (J. Jeremias).

7 Às vezes, Senhor, quando duvido, quando não sinto nada e me encontro céptico, ainda sei parar e colher um grão de mostarda na palma da minha mão, e olhá-lo e remirá-lo, lembrando-me das tuas palavras. E, às vezes, quando tudo corre bem, quando a vida me sorri, quando não tenho problemas para acreditar em Ti, nem para acreditar nos homens e mulheres, nem para acreditar em mim..., também me atrevo a colher um grão de mostarda na palma da minha mão, e olho-o e volto a olhá-lo Lembrando-me das tuas palavras: "Se tivésseis fé como um grão de mostarda..." Ulibarri Fl. Ulibarri Fl.