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OS CATOLICISMOS BRASILEIROS

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Apresentação em tema: "OS CATOLICISMOS BRASILEIROS"— Transcrição da apresentação:

1 OS CATOLICISMOS BRASILEIROS
ARNALDO LEMOS FILHO

2 “Cada religião , mesmo a católica ( ou melhor, especialmente a católica, primeiramente pelos seus esforços em permanecer unitária “superficialmente” para não se despedaçar em igrejas nacionais e em estratificações sociais ) é na realidade uma multiplicidade de religiões distintas e muitas vezes contraditórias : há um catolicismo dos camponeses, um catolicismo dos pequenos burgueses e operários da cidade, um catolicismo de mulheres e um catolicismo de intelectuais,, também ele variegado e desconexo” Gramsci, Concepção Dialética da Historia. 2ªedição. Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 1978

3 Roteiro Como é interpretada a realidade do catolicismo brasileiro
cientistas sociais agentes oficiais no processo histórico da formação do catolicismo brasileiro Conflitos ideológicos existentes na sua realidade atual.

4 Vamos analisar A explicação dos AGENTES OFICIAIS
A explicação dos CIENTISTAS SOCIAIS Por que as divergências existentes não levam à fragmentação

5 A explicação dos AGENTES OFICIAIS
Historicamente Existia um abismo entre a Igreja dos padres e o catolicismo que o povo vivia.

6 A explicação dos AGENTES OFICIAIS
Historicamente Durante muitos anos , este abismo se colocava entre o catolicismo oficial e o catolicismo do povo . Por estar aliado às classes dominantes , uma parte do catolicismo oficial interpretava o catolicismo do povo como superstição , fanatismo e ignorância

7 Cardeal Leme: Pe. Júlio Maria:
partia de um consenso que a religião católica era a religião da Igreja que se opunha , por sua vez , á religiosidade popular , considerada como crendice , superstição e devocionismo. Pe. Júlio Maria: queria descer até o povo , assumir as suas crenças e a sua vida infeliz e fazer com que a instituição se aproximasse dele . Reconhecia que a religião era fraca mas culpava disso o clero.

8 bispos e padres desenvolvem uma religião ligada às classes dominantes, reproduzindo as relações religiosas e legitimando-as nas relações sociais CATOLICISMO OFICIAL bispos e padres procuram criar condições para uma ruptura destas relações , buscando formas para uma transformação da sociedade.

9 Concilio Vaticano Medellin CELAM Puebla CNBB

10 Concilio Vaticano Foi um marco de referência na renovação da Igreja, pois exigia o conhecimento das “estruturas atuais da Igreja e sua adequação às exigências de hoje Ao se preocuparem com a reforma litúrgica, os bispos minimizaram as expressões populares não oficiais, aumentando o abismo entre o catolicismo oficial e o catolicismo popular Enquanto os setores mais progressistas exultavam com as reformas conciliares, a religiosidade popular, quando não foi separada, foi se tornando monopólio do catolicismo tradicional

11 CELAM - Medellin A aplicação das decisões do Vaticano II à realidade latino-americana levou os agentes oficiais a se preocuparem com as condições culturais e estruturais desta realidade, a situação de miseria, opressão e injustiça em que vivia a maioria do povo Este tipo de aproximação não seria uma nova forma de dominação? “uma religiosidade de votos e promessas e de um sem número de devoções, baseadas na recepção dos sacramentos, principalmente do batismo, recepção que tem mais consequências sociais do que um verdadeiro influxo na prática da vida cristã” Religiosidade popular “não podemos partir de uma interpretação cultural ocidentalizada das classes medias e urbanas”

12 CELAM - Puebla “entendemos por religião do povo o conjunto das profundas crenças seladas por Deus, das atitudes que derivam destas convicções e as expressões que as manifestam. Trata-se da forma ou existência cultural que a religião adota num determinado povo. A religião do povo latino americano é a expressão da fé catolica. É um catolicismo popular”

13 CNBB ‘É verdade que na Igreja tambem existia diversidade que hoje chamaríamos de pluralismo.: diversidade de ritos, diversidade de escolas teologicas, tanto dogmaticas quanto morais e espirituais, diversidade de tipo de vida e mesmo de trajes eclesiasticos. Tratava-se entretanto de diversidades consentidas, que se perpetuavam dentro das linhas tradicionais e não comprometiam a imagem da Igreja como um bloco monolítico de identidade perfeitamente definida, um rochedo num mundo dilacerado por conflitos”.

14 A explicação das ciências sociais
“Por abranger toda a extensão geográfica do país com suas marcadas diferenças socioeconômicas , pelo fato de incluir em seus quadros e em sua clientela classes antagônicas , O catolicismo brasileiro são varios catolicismos por sua intencionalidade de resposta única a situações sociais , políticas e econômicas discrepantes e mesmo conflitantes Pierucci, José Flavio

15 A explicação das ciências sociais
a preocupação na elaboração de tipologias com critérios propostos pela Sociologia Religiosa dominante na Europa, algumas totalmente clericais Duas Interpretações a busca da história, a partir das duas tradições da historiografia brasileira : Varhagen e Capistrano de Abreu.

16 Em busca de uma tipologia do Catolicismo Brasileiro
A construção de tipologias religiosas foi feita em função da maior ou menor adesão ao catolicismo oficial, às suas crenças, normas e observâncias.

17 Tipologia de Thales de Azevedo
Social ou cultural A Igreja encarada como um elemento da organização social 1904/1995 Integro e completo conhecimento da fé católica e de suas prescrições Formal catolicismo Identificação e lealdade à Igreja Catolica . Relação superficial com a Igreja formal Nominal ou tradicional Praticas muitas vezes não aceitaveis pela Igreja formal. Pratica contendo elementos pagãos ou estranhos que se fundiram com o catolicismo Popular ou de folk

18 Tipologia de Procopio Camargo
Baseado em costumes legitimados pela sacralidade do passado Confunde os valores da sociedade com os da religião Tradicional Os ritos pesam mais que os conteudos significativos conscientemente vividos por cada um Comportamento orientado conscientemente por valores religiosos Baseado em formas racionais de explicação tanto dos valores como das regras de comportamento e dos papeis sociais Internalizado Pode haver certa diferenciação quando não tensão entre os valores defendidos pelas religião e aqueles que predominam na sociedade

19 Tipologia de Pedro Ribeiro de Oliveira
formada pelos atos nos quais o relacionamento é mediado pelo corpo sacramental sacramental o catolicismo se apresenta como um sistema religioso, no qual é possível distinguir constelações” de atos, isto é, conjuntos de atos afins quanto à relação homem/sagrado cujos atos expressam um relacionamento direto, no sentido de piedade, reforçando uma aliança entre o fiel e o santo de sua devoção devocional na qual o relacionamento é direto no sentido em que a proteção pedida pelo fiel no santo invocado se estabelece de modo contratual: do ut des protetoral evangélica na qual o relacionamento é mediado pelas Sagradas Escrituras cujos atos são mediados por agentes qualificados na manipulação de ritos, para responder à necessidades concretas magica

20 a história dos esforços dos brasileiros comuns, do povo simples.
A busca da Historia Varhagen a história dos grandes, dos poderosos, das instituições que dominam o povo brasileiro 1816/1878 Capistrano de Abreu a história dos esforços dos brasileiros comuns, do povo simples. 1853/1829

21 Tradição em relação à historia da Igreja Catolica no Brasil
Há a história do catolicismo a partir das instituições oficiais, da hierarquia há a história do povo, a história da fé e das crenças do povo, um esforço recente de historiadores e pesquisadores para construir uma história não oficial do catolicismo. Há também estudiosos interessados em analisar, ao longo da história da sociedade brasileira, a articulação entre Igreja e Sociedade, a relação entre a Igreja e os diferentes grupos sociais, a relação entre Igreja e Estado.

22 Proposta de Abordagem A partir de uma realidade concreta , analisar a diversidade de catolicismos que coexistem no mesmo espaço e tempo , gerando conflitos e , de outro lado , ver até que ponto estes conflitos não rompem com a unidade da Igreja Católica revisão dos principais fatos da história da Igreja Católica , em Itapira, no período de 1820 a 1958 e análise da organização da Igreja Católica e dos conflitos ideológicos existentes neste período. análise da organização e dos conflitos ideológicos entre e 1990 , data do encerramento da pesquisa. Conclusão: Discussão sobre a “unidade”do catolicismo brasileiro

23 HIPÓTESE O catolicismo mantém a sua unidade por saber incorporar as diferenças que se expressam na sua formação histórica e atualmente, na sua organização e nos seus conflitos Estes conflitos não são apenas ideológicos mas conflitos estruturais resultantes da quebra de monopólio religioso.

24 Comum em toda sociedade brasileira
a passagem de uma posição de monopólio absoluto da religião católica para uma situação de concorrência entre grupos religiosos e não-religiosos Caso de Itapira a passagem dentro da catolicismo oficial do monopólio absoluto de uma paroquia para uma situação de concorrência entre as paróquias. A situação de concorrência dentro das paroquias entre os diversos grupos de leigos Comum em toda sociedade brasileira

25 Peter Berger “Durante a maior parte da história humana , os estabelecimentos religiosos têm sido monopólio dentro da sociedade, isto é ,monopólio da legitimação suprema da vida individual e coletiva . A desmonopolização é uma característica da situação pluralista “ “ A situação pluralista é sobretudo uma situação de mercado. Nela, as instituições religiosas se convertem em agências comerciais e as tradições religiosas em mercadorias para o consumidor. Grande parte da atividade religiosa nesta situação é dominada pela lógica da economia de mercado “ 1929 -

26 da passagem do monopólio religioso para uma situação de mercado religioso.
de uma situação global inter-religiosa, ou seja , as religiões organizam-se no mundo urbano e industrial em um sistema de mercado. de um processo historico de secularização, baseado na idéia de Weber de “desencantamento do mundo” Berger fala de que a secularização leva ao pluralismo que conduz a uma situação de mercado religioso competitivo que a competição leva à racionalização e burocratização crescentes que a situação de mercado afeta o próprio produto religioso, pois as exigências dos consumidores determinam modificações nos produtos

27 Pierre Bourdieu “A estrutura de sistemas de representações e práticas religiosas reforça sua eficácia mistificadora pelo fato de que exibe as aparências de unidade, dissimulando, sob a capa de um mínimo de dogmas e ritos comuns, interpretações radicalmente opostas das respostas tradicionais ás questões mais fundamentais da existência. Qualquer uma das grandes religiões universais apresenta tal pluralidade de significações e funções “ (Bourdieu).

28 O conceito de campo religioso (conjunto de posições e relações entre as posições) e capital (aplicado aos bens simbólicos acumulados) Campo religioso : um corpo de agentes especializados na produção, distribuição e difusão dos bens de salvação e um grupo de leigos, consumidores destes bens. Bourdieu fala Os bens religiosos são assimilados a um capital cujas condições de produção se procura desvendar com a análise das relações de classe e das relações entre os agentes religiosos.

29 Os interesses próprios ao corpo dos agentes diferem segundo as condições históricas:
o monopólio religioso - conservação da mensagem, não há preocupação com o produto oferecido, autonomia do campo religioso, prática religiosa e discurso fixos, a legitimação, a reprodução dos interesses da classe dominante A manutenção do poder situação de mercado - o pluralismo da mensagem , a incerteza dogmática, a busca de fórmulas novas, atenção aos problemas sociais e políticos e às aspirações dos homens, insuficiência do discurso Situação de mercado Os interesses dos leigos como componente essencial a ser levado em conta na produção/reprodução das relações agente/leigo, garantida pela produção/reprodução dos bens de salvação capazes de responder aos seus interesses. Interesses dos leigos

30 PRIMEIRA PARTE /1958 Costuma-se dizer que, no Brasil, muitas das cidades nasceram “á sombra de uma capela e de seu santo protetor” (Nestor Goulart) Não se pode separar, em Itapira, suas origens históricas de sua história religiosa.

31 A dissidência católica Catolicismo popular
Primeiro período ( ) A derrubada da mata para a construção da capela Catolicismo popular Segundo período ( ) A chegada do fazendeiro trouxe o padre Catolicismo oficial Terceiro período ( ) A Igreja do Pe. Amorim A dissidência católica Catolicismo popular Quarto período ( ) A paroquia da Penha O monopolio religioso

32 Conflitos Catolicismo popular x Catolicismo oficial dos
dos camponeses dos fazendeiros Catolicismo popular urbano x Catolicismo oficial urbano Catolicismo dissidente x Catolicismo ortodoxo

33 SEGUNDA PARTE OS CATOLICISMOS de 1958/1990
Quinto período ( ) As quatro paroquias A quebra do monopolio Com a quebra do monopólio da paróquia da Penha em 1958, os conflitos e as diferenças existentes no catolicismo oficial começam a expressar uma situação de mercado, produzindo cada paróquia seus bens religiosos e oferecendo-os a seus fiéis consumidores

34 Em Itapira, o estudo dos elementos da organização das quatro paróquias nos mostraram quatro realidades, expressando-se num continuo : extremos e meios. Isto se pode verificar examinando as paróquias, seus agentes oficiais, seus leigos, seus cultos, suas festas

35 Há dois momentos fundamentais para a compreensão da complexidade do catolicismo brasileiro: a passagem de um catolicismo leigo para um catolicismo clerical, com o processo de romanização e deste catolicismo clerical, novamente para o catolicismo leigo, com o Concilio Vaticano IIC

36 Catolicismo leigo tradicional Catolicismo leigo renovado
Catolicismo clerical antes da romanização romanização Vaticano II Popular Luso-brasileiro Familiar Oficial Tridentino Individual Oficial Cultural Social Não significa simplesmente uma seqüência histórica ou o fato de que um tenha eliminado o outro. Na realidade a complexidade do catolicismo brasileiro reside justamente na existência de todos ocupando espaços dentro da realidade social. Há um catolicismo rico de expressões populares, há um catolicismo romano e há um catolicismo leigo renovado.

37 Paroquias Padres Fora das estruturas Fora das estruturas
Dentro das estruturas Penha S.Benedito S.Antonio S.Judas Padres Pre-conciliar Conciliar Pós-conciliar

38 Tradição Renovação A legitimação da ordem social O espiritualismo
Instrumento de legitimação na medida em que prescreve e legitima valores, normas e papéis sociais dominantes. Tradição função exclusivamente espiritual, isto é, a orientação de uma espiritualidade com tendência essencialmente religiosa, procurando uma reforma interior, através da busca de Deus e valorização do culto. O espiritualismo Deixando de ser obstáculo à mudança social, a religião passa a recomendar novos padrões de comportamento, legitimando dessa forma modos de viver modernos. Houve a renovação liturgica, a mudança no comportamento entre padres e leigos, na animação de equipes e comunidades de bairros. A modernização Renovação O catolicismo apresentado como uma resposta radical à atual estrutura da sociedade, preconizando uma participação dos católicos na transformação da sociedade e condenando a posição do catolicismo que justifica e legitima a ordem social vigente, A contestação

39 Esta unidade é “aparente “ ( Bourdieu) ou “superficial” (Gramsci ).
A analise do catolicismo no Brasil, ontem e hoje, nos permite concluir que sob a aparente homogeneidade ideológica, o que existe de fato são vários catolicismos, expressos na organização e nas relações de conflito. A força do catolicismo está em sua unidade e na capacidade de mante-la ainda que formalmente, acima das divergências internas. Esta unidade é “aparente “ ( Bourdieu) ou “superficial” (Gramsci ). A diferença da organização das paróquias, os diversos modos de expressão cultual, na diversidade dos discursos de seus agentes oficiais, revelam que o catolicismo se fragmenta, significando a diversidade dos interesses dos fiéis, ás vezes conflitantes

40 Por que as divergências existentes não chegam a romper a sua unidade, ainda que esta seja apenas formal? Duas respostas: a articulacão do catolicismo em dois pólos, o elemento clerical e o elemento leigo a necessidade de definir o campo em que um fenômeno religioso se situa quando analisado numa determinada sociedade.

41 Max Weber Weber já observou que as religiões universais, como o catolicismo, enquanto tentam conter todo o corpo social como uma unidade, na realidade, se fragmentam em diferentes grupos e classes sociais.

42 Esta pluralidade não implica porem na ruptura da unidade “aparente”(Bourdieu) ou “superficial”(Gramsci), pois é capaz de se difundir em diferentes classes sociais, como explica Bourdieu: “A unidade aparente destes sistemas profundamente diferentes pode ser facilmente preservada, pois os mesmos conceitos e as mesmas praticas tendem a assumir sentidos opostos quando são usados a fim de expressar experiências sociais radicalmente opostas”

43 ou exercendo a função de legitimadora da ordem social
O catolicismo deve ser analisado internamente em seu conjunto de crenças, valores, práticas e ritos (representações religiosas) e ao mesmo tempo em sua relação com a sociedade (representações sociais). ou exercendo a função de legitimadora da ordem social As representações religiosas e sociais nos revelam um dualismo na Igreja em Itapira e, em extensão em toda a sociedade brasileira: ou se articulando com as forças emergentes em sua luta contra a dominação de tal modo que a religião tenha um lugar dentro da estratégia de libertação do povo.

44 ou como legitimador da ordem social e defensor das normas e valores sociais vigentes (constituindo um obstáculo a forças sociais inovadoras) O Catolicismo ou apoiando e mesmo liderando movimentos de reformas sociais, quando não criticando e apresentando projetos mais radicais de transformação da sociedade

45 Gramsci, Literatura e Vida Nacional)
“Ser catolico tornou-se coisa muito fácil e muito difícil ao mesmo tempo. É coisa muito fácil para o povo ao qual não se pede senão “crer” em geral e ser respeitoso para as praticas do culto: alguma luta efetiva e eficaz contra a superstição, contra os desvios intelectuais e morais, contanto que eles não sejam teorizados; na realidade, um camponês católico pode ser intelectualmente, de um modo inconsciente, protestante, ortodoxo, idolatra: basta que ele se diga “católico”. Mesmo para os intelectuais não se pede mais se eles se limitarem ás praticas exteriores do culto; não se pede nem mesmo crer, mas somente de não dar o mau exemplo, não negligenciando os sacramentos, especialmente os mais visíveis e sobre os quais existe o controle popular: o batismo, o casamento, os funerais ( o viático, etc)” Gramsci, Literatura e Vida Nacional)


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