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“Sejamos realistas, peçamos o impossível”

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Apresentação em tema: "“Sejamos realistas, peçamos o impossível”"— Transcrição da apresentação:

1 “Sejamos realistas, peçamos o impossível”
Não sei o que vocês acham do título.. Sinceramente! Podemos mudar... É uma das frases bem conhecidas de maio de 68, época em que Deleuze e Guattari se conheceram. Karine Puntel, Luís Almeida, Marco Bolek, Nathaniel Pires

2 Análise Institucional
Institucionalismo Sociopsicanálise Gérard Mendel Análise Institucional Lourau e Lapassade Esquizoanálise Deleuze e Guattari Anarquismo. Pode ser feita por qualquer pessoa em qualquer lugar. Slide para contextualizar a Esquizoanálise. O institucionalismo engloba essas três correntes e outras mais. Sociedade: conjunto aberto de Instituições. Auto-análise e autogestão. Articulação da Psicanálise com o Materialismo Histórico. (Baremblitt, 1996)

3 Esquizoanálise: um saber inventado por...
Gilles Deleuze: Filósofo; escreveu sobre a obra de alguns filósofos, bem como cinema, política, estética, literatura, música, história... Felix Guattari: Psicanalista analisado por Lacan; militante político de esquerda; escrevia sobre Psicanálise, saúde mental, cinema, política, economia e ecologia... Foi jornalista e músico. Participou da fundação da clínica La borde (1952), referência francesa da revolução psiquiátrica dos anos 70 na Europa, movimento no qual Guatarri foi um dos mentores. A esquizoanálise é inovadora, não podendo ser situada em um gênero já conhecido. Talvez não seja à toa que quem a inventou escrevia sobre os mais variados temas... (Baremblitt, 1998)

4 Esquizoanálise Parte de uma FILOSOFIA DA DIFERENÇA
Os filósofos da Diferença, como Foucault, Deleuze, Guattari e Derrida, entre outros, fazem parte de uma linha filosófica que tem como expoentes Espinosa, Bergson e Nietzsche. A filosofia da Diferença se interessa menos pelas semelhanças e identidades e muito mais pela singularidade e particularidade. -Problema da recognição aplicado ao inconsciente Assim, cairíamos no problema da recognição, onde, como afirma Friedrich Nietzsche em sua “Gaia Ciência”: “conhecer é tornar familiar”. É claro que o filósofo alemão está fazendo uma crítica à noção de conhecimento tal qual o homem criou para si, onde não há o estranhamento, muito menos produção do novo, mas o mero reconhecimento, onde achamos aquilo que nós mesmos escondemos. NESSE ASPECTO ARTICULA-SE A CRÍTICA AO INCONSCIENTE ( POR TRATAR DO OCULTO DAQUILO QUE NA VERDADE SE SABE MAS SE RECALCA) E SE BASEIA A QUESTÃO DO NOVO , DO ESTRANHAMENTO, QUE NUMA PERSPECTIVA “RECOGNITIVA” SE TORNA IMPOSSÍVEL. -Crítica à dialética de Hegel “ em Bergson , graças a noção de “virtual” , a coisa inicialmente difere de si mesma. O que dá aa unidade é a “duração”, no tempo. Segundo Hegel ,a coisa difere de si mesma , pq ela é primeiramente, tudo o que ela não é. O movimento hegeliano utiliza a diferença de forma identitária, ou seja, o diferente é aquilo que não é idêntico, sendo o oposto de identidade. Ora, se diferença é oposição a algo, ela é algo, pois se afirma enquanto oposição, é algo-oposição, ela é aquilo que o movimento da identidade vai se apropriar para continuar a caminhar, em suma, em relação à diferença, “se correr a identidade pega, se ficar a identidade come” . A diferença é aquilo que não está para o plano da conceituação, quando algo é conceitualizado a diferença se apaga – essa é a dimensão trágica da nossa cognição. O que é diferente é aquilo que nos afeta, é aquilo que nos tira do chão, é aquilo que retorna enquanto força. Aquilo que ao afetar um sujeito, o implode em sua “sujeitice”, o tornando estranho de si . A reflexão apresentada por Nietzsche pode ser considerada como a força motriz das diversas filosofias da diferença A diferença, por mais que possa soar paradoxal, pois estamos tentando conceituá-la, é a própria vontade de potência nietzscheana, a explosão de multiplicidades que sempre retorna e retorna… Não há deslocamentos dialéticos . Somos sempre tudo ao mesmo tempo, : acordados , conscientes, apaixonados, ambivalentes....A criação de campos de possível não acontece dialeticamente em relação aa outros campos de possíveis. ELES COEXISTEM. Problema da recognição aplicado ao inconsciente Crítica à dialética de Hegel Diferença enquanto “vontade de potência”

5 Esquizoanálise e Psicanálise
Familialismo: redução da representação do inconsciente a um triângulo familiar. “Fala-se de psicoterapia familiar. Isso significa que se continua a procurar a referência fundamental do desarranjo mental em determinações familiares do tipo pai-mãe; e mesmo se essas determinações são interpretadas de modo simbólico, como função simbólica pai, função simbólica mãe, isso não muda muita coisa na discussão.“ Deleuze, 2006, pg.298. A Ilha Deserta Inconsciente transindividual- MUNDO AMBIENTE Subjetividade já é coletiva, por isso não faz sentido falar de uma intersubjetividade. Diálogo :“Caosmose” e “O que é filosofia?” (Baremblitt, 1998) . Academia. A teoria, o método, a técnica, e o campo clínico psicanalíticos são “valores do nosso mundo”, apesar da ética de castração resignação, falta,..., há aspectos produtivos e revolucionários do psicanalista que podem se conectar com o paciente. (Baremblitt, 1998, pg.20)

6 Esquizoanálise e Psicanálise
Cinco proposições sobre a psicanálise 1) É uma empresa ao ar livre; reduz o inconsciente; 2) Máquina já pronta de interpretação ; O paciente nunca diz o que quer dizer. 3) sujeito de enunciado; sujeito de enunciação; 4) relação de forças que passa pelo contrato burguês, do coletivo ao individual. 5) perspectiva freudo-marxista: duas razões - retorno as origens, textos sagrados , cultura da memória, interpretação; p/ uma força positiva do esquecimento . Foco nos aparelhos como são. - reconciliar economia política e economia libidinal desejante. Inversão: como o desejo investe as economias? Deleuze, 2006, pg.298. A Ilha Deserta

7 Esquizoanálise e Psicanálise
“Em Mil Platôs, o comentário sobre o homem dos lobos (“Um só ou vários Lobos”) constitui nosso adeus à psicanálise, e tenta mostrar como as multiplicidades ultrapassam a distinção entra a consciência e o inconsciente, entre a natureza e a história, o corpo e a alma.” Deleuze e Guattari, Mil Platôs, pg.8.

8 Sujeito na Psicanálise
Entidade unitária, consciente, racional e voluntária Freud e a Psicanálise Sujeito dividido Território consciente-racional-voluntário. Território inconsciente, involuntário e irracional (ou dotado de uma racionalidade diferente). (Baremblitt, 1998)

9 Desejo na Psicanálise As primeiras experiências de satisfação da necessidade no psiquismo deixam marcas na memória. Objetivo do instinto : satisfação Objetivo do desejo: prazer (e não tem objeto real) “O desejo anseia a reativação de um fantasma, na qual, de uma forma ou de outra, se tenta apagar a separação entre sujeito e objeto, restaurando, assim, um estado narcísico; sua decepção se chama castração” (Baremblitt, 1998, pg.83-84). Desejo como uma tendência reprodutiva: restaurar o narcisismo. Como não tem objeto, é insaciável. (Baremblitt, 1998)

10 Desejo na Psicanálise Pré-consciente – consciente: Processo Secundário. Lógica Aristotélica Se A não é = B B não é = C Logo, C não é = A A = A A não é = B Marco: HeIn??? * Afirmação ou positividade, mas também negação e negatividade. (Baremblitt, 1998)

11 Desejo na Psicanálise Inconsciente: Processos Primários.
Primeira e Segunda Tópica – Conceito de Id. Compõe-se de um conjunto infinito de positividades, não tem negação nem negatividade. Não reconhece falta, ausência, nem nostalgia alguma. Não tem Ordem alguma, é um “caos” que Freud compara a um “caldeirão fervente de estímulos”. Na primeira tópica, “temos no seio do inconsciente um mundo altamente diferenciado, de sentidos, enunciados, imagens e representações” (Guattari, micropolíticas) Na segunda tópica, “a lógica do inconsciente é arrastada em direção a uma espécie de matéria indiferenciada...” (Guattari, micropolíticas) ou seja, o inconsciente é povoado de uma desordem pulsional a ser integrada, através de um processo de desenvolvimento, a lógica da ordem dominante. Crítica do Guattari esta em um processo de institucionalização da psicanálise, perde-se o momento delirante de Freud, momento inaugurador de uma nova leitura dos efeitos subjetivos. Dá pra se associar aqui à formação do Freud e a visão reducionista herdada dessa formação. (Baremblitt, 1998, pg.85)

12 Construção do Desejo Cada um de seus elementos constitutivos é uma “unidade” absolutamente diferente das outras, que se caracteriza por sua INTENSIDADE (não por sua qualidade nem por sua quantidade), sendo que sua intensidade pode se definir como potência que tem de gerar, a partir dela e de suas combinações com as outras, algo COMPLETAMENTE NOVO. Essas unidades nem “são” nem “existem”, são puro devir pura diferença. Não funciona de acordo com um tempo cronológico, nem com uma lógica aristotélica, nem com nenhuma outra das já conhecidas e aceitas. Se se quer relacionar esse processo com o DESEJO, só se pode dizer (alegoricamente) que seu único “desejo” é PRODUZIR O NOVO. Parece clara a noção de desejo como brotante do inconsciente nesse slide. Questionamos a Rose quanto a esse caráter dos agenciamentos também de intensidade, disse que é sim. E o desejo parece surgir dos nós dos agenciamentos, encontros de linhas que modulam-se, que transformam-se, que criam, embora exista uma força que modele o desejo porvir, esvaziando-o de sentido. (Baremblitt, 1998, pg.85)

13 Desejo para Deleuze e Guattari
O DESEJO é o que anima um processo que não é próprio de uma instância, sistema ou território do sujeito, senão da realidade mesma e de sua realização. Ser do Devir. Está em incessante Realização. Pura diferença, permanente movimento e mudança. PRODUÇÃO (Baremblitt, 1998,)

14 Desejo para Deleuze e Guattari
A este processo, não lhe falta nada, não pode ser completo, nem incompleto porque não é totalizável, mas sim, infinito , e transcorre intempestivamente. Caráter essencialmente produtivo-revolucionário. O desejo permeia o campo social , tanto em práticas imediatas quanto em projetos muito ambiciosos. Por não querer me atrapalhar com definições complicadas, eu proporia denominar desejo a todas as formas de vontade de viver,de vontade de criar, de vontade de amar, de vontade de inventar uma outra sociedade, outra percepção de mundo, outros sistemas de valores. (Baremblitt, 1998, pg.85) (Micropolíticas, 2007, pg. 261)

15 Inconsciente É preciso propor um modelo de inconsciente que nos permita aprender melhor a articulação entre esses diferentes modos de semiotização. Isso quer dizer um inconsciente que não seja redutor como o das concepções familiaristas dos primeiros modelos de inconsciente freudianos, ou como os inconscientes estruturalistas, que reduzem tudo a semiotizção do significante, ou ainda como as diferentes fórmulas em torno do sistemismo em voga nas terapias de família. Guattari, Rolnik, Micropolítica, pg.252 Inconsciente maquínico: Corresponderia ao agenciamento das produções do desejo e, ao mesmo tempo, a uma maneira de cartografá-las. Tende a produzir singularidades subjetivas. As formações do inconsciente são produzidas, , inventadas em processos de “singularização.” Quando mais componentes e mais complexidade, menos ocorre a redução. Guattari, Rolnik, Micropolítica, pg.255 Na evolução da mudança da idéia de inconsciente , foi se perdendo seu caráter lá de processo primáario. Primaaddo da triaangullação edípicca, , as queestões giram em torno ddo falo e da ccastraaçãao, , os objetos perdem suas DIMENSÔES IMAGINÀARIAS para uma concepção proto-estruturalista de objeeto. Pulsões, ee redução da ccriaação aos cconflitos pulsionais. .

16 Singularização “Singularizar, portanto, está no domínio da ruptura, da afirmação da potência, do escape do que está naturalizado, separado de seus movimentos de produção. Singularizar é inventar, criar outros modos de existência que não sobrecodifiquem as experiências. O que caracteriza tal processo de singularização é sua capacidade de se automodelar, isto é de captar os elementos da situação que construa suas próprias referências teórico-práticas” (Benevides, 1995)

17 Inconsciente “Não há um sentido latente, deformado, uma significação verdadeira à espera de uma interpretação que viria desnudá-la. Nenhum sistema de significação tem primazia sobre os outros. Guattari, Rolnik, Micropolítica, pg.265 Para mim, o inconsciente na história, por exemplo na História do Brasil hoje, é a maneira como toda uma série de minorias vive sua problemática de subjetividade, seja resisitindo às produções de subjetividade dominante, seja dependendo ou contradependendo delas. Guattari, Rolnik, Micropolítica, pg.285 Guatarri: “Para mim , a importância das problemáticas da análise do inconsciente não fixação , tal identificação, em tal modo do desenvolvimento genético. Essas problemáticas só interessam na medida em que permitem discriminar como , nas situações concretas de determinadas relações sociais, processos de subjetivação individual ou coletiva estão bloqueados, ou girando em falso, ou desenvolvendo formações de sintoma. Um exemplo de sintoma desse tipo de grupo é a burocracia, a fala vazia,” clichês, MICROPOLÌTICAS (pág. 319)

18 Esquizoanálise e a Clínica
Doutrina? Filosofia? Ciência? Ideologia? Proposta radicalmente nova, impossível de reduzir a um desses gêneros de saber. Klinos = cama, leito; Klinikê = o que se faz junto ao leito; Klinamen = inclinação, desvio; A que Klínica referimo-nos? Klínica Esquizoanálítica que não condiz com a forma de clínica dominante. O “paciente” não entra nos enquadres de um saber que o remete a um lugar de “doente”. A clínica dá-se no encontro, onde as representações constroem-se a partir das afetações, dos agenciamentos, dos acontecimentos (O acontecimento, laço dos efeitos, emerge sempre imprevisível, trazendo o novo – Romagnoli, 2006), etc..

19 Clínica Esquizoanalítica
Prática movida por uma ética-política; Influência da psicanálise; Metodologia; Análise de implicação; Demanda formatada. Paciente? Cliente? “Intercessores qualitativos” Crítica e clínica - Prática movida por uma ética-política - É difícil dimensionarmos hoje o que acontece nas práticas clínicas esquizoanalíticas, sendo que dessa prática não se tira generalizações, pois de nada servem as generalizações. O analista vivencia com o sujeito seus agenciamentos, criando e possibilitando encontros que permitam que a invenção se dê. O analista, neste lugar, está em um permanente processo de análise de implicação, pois se é uma prática política, seu discurso deve propiciar encontros que não sirvam a uma máquina de desejo dominante, que perpetue apenas a reprodução. Influência da psicanálise – Hoje, ao menos no Brasil, é comum que o primeiro encontro com esquizoanálise dê-se por ou uma trajetória psicanalítica. Então, não é difícil de se encontrar práticas que estejam permeadas por um modelo psicanalítico ou uma prática psicanalítica permeada por uma visão da esquizoanálize. Visto, também, ambas remeterem-se a uma ética da escuta - inaugurada por Freud e problematizada na sua obra Mal Estar na Civilização -, que vai descortinar toda uma discussão em um momento de crise ética do homem ocidental (Sobre ética e psicanálise da Maria Rita Kehl, 2002). Metodologia – Uma das críticas que mais persistem à esquizoanálise é a de que não é nem um pouco instrumental, visto nem a fala ter o papel que possui na psicanálise (cura). No entanto, dentro do mundo de diversidades da esquizoanálise, muitos profissionais valem-se de técnicas em sua prática diária, quando acham pertinentes, tendo em vista uma possível afetação pela técnica, sempre dentro de um processo de análise de implicação. Para a clínica esquizoanalítica não se prescreve ou proscreve a técnica, mas cabe ao analista bancar esta “aposta”, aposta no potencial criativo do sujeito, aposta em um porvir. Análise de implicação – Guattari (Micropolítica) fala que na relação com o outro não existe neutralidade, a prática clínica, como producente de subjetividade, está impregnada com uma posição política do analista. A análise de implicação será a ferramenta mestra do analista para questionar o seu lugar dentro dessa relação e de que forças está sendo “agente” nesse processo. Lembrando que a esquizo tem suas raízes em um momento histórico de contestação (Década de 60), é imprescindível que se ressalte o caráter libertário da prática, uma prática compromissada com a molecularidade do desejo, com uma revolução molecular. (acho que não cabe adentrar tanto nesse tópico, talvez seja melhor cortar isso) Muitas vezes a demanda que surge na clínica esquizoanalítica vêm preso a um discurso de ordem, isto pela representação de clínica que povoa o imaginário hoje, quanto pelo pedido que demanda do analista uma intervenção que o reinsira na “máquina”. A clínica esquizoanalítica vai “jogar” com essas delimitações, tanto trabalhando com o paciente o que é essa clínica esquizoanalítica, quanto efetivando um processo de criação dentro do pedido do paciente. Sendo o problema da ordem de uma desadaptação, cabe uma adaptação (cri)ativa (termo de Pichón), o sujeito adapta-se ao seu meio ao mesmo tempo que torna-se um agente de mudança desse meio.

20 Esquizoanálise e a Clínica
Crítica e clínica: - Crítica como o traçado do plano de consistência de uma obra, peneira que separa as partículas emitidas ou captadas, os devires em jogo. - Clínica: traçado ou maneira pelas quais essas linha traçam o plano, que estão paralisadas,em impasse, que se continuam. Arte das declinações/passagens. (Deleuze, Parnet, , pág.137, Diálogos) O “clínica do caso” e o “caso da clínica“ “(...)Considero que se não somos capazes de compreender as dificuldades pessoais de alguém à luz de seus investimentos sociais e da subjetividade coletiva à qual ele participa , não adianta nada. “ (Guattari, Rolnik, Micropolítica pag. 280) A CLÍNICA DO CASO E O CASO DA CLÍNICA*** Deste modo, colocar em discussão a construção de uma paradigma ético-estético e a forma de apresentá-lo, ou seja, pensar o processo de construção, também é problematizar os conceitos-ferramenta, as concepções de objeto e de sujeito imanentes a essa produção. Isso envolve pensar permanentemente o que é a CLÍNICA - Seguindo as definições de clínicas anteriores, a qual cada afirmação remete-se? A esquizo vem com uma postura de permitir-se não saber sobre esse sujeito que vem até sua clínica. Sua contextualização dá-se no presente, orientada para um processo criativo, produtor de multiplicidades, de territórios de existência para além de uma ordem de controle centralizadora, referência de tudo, esquizofrenizante. Aí fala-se do paradigma ético-estético-político como produtora de linhas de fuga desse processo de massificação do desejo. (Acho que cabe ligar aqui aos conceitos chave da esquizo: desejo, inconsciente, agenciamento) ***Existe uma questão ética aí, que é onde as éticas esquizo e psicanalíticas parecem conflitar muito: “ A ética da cura em psicanálise refere-se ao encontro do analisando com duas evidências, em torno das quais, tentando negá-las, ele construiu a estrutura de sua neurose: a evidência de que o Outro, esse Outro a quem ele tanto almejou servir, de quem ele quis se fazer objeto de gozo – ser o falo na falta de poder ser -, esse Outro é uma abstração, um fato linguagem, um lugar vazio de significação e de intenção. Esse Outro não quer nada dele, não tem projetos para sua vida, não planejou seu destino; esta é a condição do desamparo humano (...). Esta é a segunda evidência com que o sujeito se depara no final de uma análise: a evidência do inconsciente como responsabilidade sua, lugar de registro daquilo que de sua própria história escapou ao domínio da consciência.” Maria Rita Kehl – Sobre ética e psicanálise.

21 Esquizoanálise e a Clínica
Interpretação: - Os músicos já consideram que a música não consiste apenas em repetir as notas , que o referente não está apenas no texto musical, e sim na produção de um movimento de expressão, que se chama interpretação. Se a interpretação dos psicanalistas adotasse o sentido que essa palavra tem para os músicos , eu PARARIA DE APORRINHÀ-LA – e pararia também de APORRINHAR OS PSICANALISTAS. Guattari, Rolnik, Micropolítica pág. 268) -A interpretação para mim, não é o manejo de uma chave significante que resolveria não sei que matema do inconsciente. É , antes de mais nada, um trabalho que consiste em situar os diversos sistemas de referência da pessoa diante da qual nos encontramos com seu problema familiar , conjugal, profissional, estético, tanto faz. Guattari, Rolnik, Micropolítica pag. 269 - Não se interpretam lapsos ou atos falhos, mas situa-se suas trajetórias para aproveitá-los como indicadores de novos universos de referência.

22 Caso clínico - Guattari
Jean-Baptiste Esquizofrênico, 30 anos , imensamente dependente de seus pais , idosos. Território familiar inteiramente fechado sobre si mesmo. Diversas internações psiquiátricas. Depois de uma delas, passa a ser atendido por Guattari. Traz chicletes, documentos administrativos, jornal e folhas em que escreveu. Lamenta que aquilo não serve pra nada, diz que queria trabalhar e encontrar garotas. Território familiar se desagrega. Mãe gravemente doente; agora ele só fica no quarto. Às vezes ele sai, como no dia em foi tentar ver um prostituta e quase acabou internado.

23 Caso clínico - Guattari
INTERVENÇÃO: - Propôs que saísse de casa, procurasse um alojamento e estipulasse mínimo de planos de vida. - Esta tentativa poderia desembocar numa catástrofe total. Guattari deixa claro a Jean-Baptiste a sua incerteza de que isso daria certo. - Não é uma prescrição terapêutica, nem uma interpretação psicanalítica. - Mas por que tentar? Porque poderia ser eficaz. - Guattari convoca a família, faz uso das forças institucionais que encontra, negocia um mínimo de dinheiro para Jean-baptiste, pede a supressão de hostilidades e a suspensão de ameaças de internação. Implica em se utilizar de autoridade, envolver os pais no dinheiro, seguro social, pensão de invalidez, alugar apartamento. Como ele estará sozinho num quarto? Mudará seu modo de percepção do espaço e relações sociais? Que processo se dará?

24 Caso clínico - Guattari
Sua relação com a sessão começa a mudar: Descreve e desenha situações da casa, tentativas de contato social, televisão, os barulhos da vizinhança. Se inscreve num clube de judô , mas não funciona. Dá um jeito de ser contratado por uma empresa de venda de seguros a domicílio. Tem problemas, pois o trabalho consiste em bater na porta de pessoas desconhecidas para propor-lhe coisas que não as interessam. Se inscreve numa faculdade de direito. Não passa em nenhum exame e fica espantado com isso, mas continua indo. “Nesse novo agenciamento, ele começou a forjar um modo de expressão , a desenvolvê-lo, a criar uma espécie de cartografia de seu próprio universo, coisa que ele não podia desenvolver no território familiar, nem no território de um hospital psiquiátrico, nem em sua relação terapêutica comigo.” (Guattari, Rolnik, Micropolítica pág.294) A análise consistiu apenas em tentar apreciar , com a maior exatidão possível, o que poderiam ser os diferentes modos de consistência de territórios, os diferentes tipos de processos maquínicos suscetíveis de serem postos em funcionamento. Também em não encorajar algo que por conta e risco poderia levar a um impasse total.

25 Análise A análise constitui muitas vezes , em tentar apreciar o que poderiam ser os diferentes modos de consistência de territórios, os diferentes tipos de processo, - processos maquínicos- suscetíveis de serem postos em funcionamento. Não se deve , no entanto levar a pessoa a um impasse total. Guattari, Rolnik, Micropolítica, pg.294 Para mim , o ato analítico não é algo que pode centrar-se na interpretação do analista em determinada seqüência de discurso. É aquilo que , vindo de tais ou quais elementos de singularidade, pode fazer surgir , completamente armados, outros tipos de possíveis, numa situação onde tudo parecia predeterminado, pré-inscrito, em modos estratificados de subjetivação, em modos de redundância de expressões, etc. Representam revoluções analíticas dessa natureza a associação livre e os modos de ruptura a-significante, os quais aparecem ao mesmo tempo na literatura, no surrealismo, na pintura, etc. Guattari, Rolnik, Micropolítica, pg.312

26 Entrevista para revista veja: 1982
...o que é a doença mental ? Entrevista para revista veja: 1982 Sonia Golddfeeder: o que é a doença mental para você? Guattari: A doença mental se insere num agenciamento das questões de trabalho, de relações no seio da família, , elementos de ordem pessoal, relações de ordem sexual,... mesmo que o que apareça seja unicamente um sintoma no corpo. Toma -se como exemplo a poluição. A poluição pode ser medida por instrumentos de análise química,mas ela não é causada somente por uma cadeia de combinações químicas. A poluição é também um modo de conceber a vida,a produção e o conjunto de sistemas de valores humanos. Isso pode-se encarnar como sintoma particular, assim como na doença mental, e seria falho tratar a “doença poluição apenas pelo sintoma.

27 Grupo: a arte de percorrer superfícies
“Nossa tese: O grupo, bem como o indivíduo e a sociedade, tem funcionado em um mesmo registro – um modo que é, ao mesmo tempo, totalizante e individualizante. Unidades monádicas que mantém em si relações complementares...”(Benevides, 2007) Grupo: afirmação de um simulacro, pag.322 (...)Justamente por estar o grupo gerido pelo modo-indivíduo é que ele vive os impasses do indivíduo e com ele rivaliza. Tornam-se ambos, pretendentes ao lugar de verdade. O grupo, definido como todo , unidade, posse de identidade, etc-.- está aprisionado no mesmo modelo uno que a díade indivíduo/sociedade produz a séculos. (Benevides,2007. pag.322)

28 Grupo: a arte de percorrer superfícies
“O contato com o outro pode, então, destituir o eu de seu lugar emanador e sobrecodificador. Acreditamos que isto seja possível a partir da instauração do dispositivo grupal. A presença de outros , como expressão dos mundos possíveis; a presença do outro como duplo em seu movimento de desidentifcação, criam passagens para o trabalho analítico desnaturalizador que pretendemos.” (Benevides,2007 ,Pag. 311) “Em todo dispositivo,disse Deleuze (Foucault, 1988)), “ é necessário distinguir isto que nós somos, isto que não somos mais,e isto em que estamos nos tornando...”. É assim que entendemos o grupo - um dispositivo que põe a funcionar máquinas de desmanchamento do “indivíduo” que nós somos...” “entrar em contato com as multiplicidades que flutuam, não almejando equilíbrios, mas a invenção de bifurcações...(Benevides, 2007pag.325)

29 Grupo: a arte de percorrer superfícies
“Tomado pelo nível molar, o grupo existe- as pessoas se reúnem , fazem coisas juntas, criam projetos que querem realizar, etc. Neste nível - o fenômico-, o grupo existe, e trabalhar com ele pode levar à construção de nova histórias , outras conquistas. “(Benevides,2007 pag.313) “A nível molecular, encontraremos não mais o grupo, mas cartografias grupais, processos que entram em contato com singularidades não-individuadas, em um terreno em que não cabem mais dualidades nem intermediários, apenas devires. Não se trata de comparar semelhanças para que as diferenças apareçam.” (Benevides, 2007pag.324) Efeito-grupo e não natureza-grupo pois aqui se destitui o grupo daquilo que parecia ser seu destino inexorável: massificação ou libertação da alienação. O grupo não é, então, um dado, é construção, desenho que se configura a cada situação. É desde esta perspectiva processual que o grupo é exigido à abertura que o confronta com as capturas coisificantes que determinam seu lugar de objeto de investimento por sujeitos individuados que temem a morte “que vem de dentro”e a “que vem de fora”. (Benevides, 1995)

30 Clínica Nômade - Acompanhamento Terapêutico
A partir do movimento de desinstitucionalização da loucura , para além dos muros dos hospitais psiquiátricos, era necessário libertar a loucura de sua condição de doença. O acompanhamento terapêutico se coloca como uma possibilidade de se construir mediações entre os territórios traçados pela loucura, no entre das redes: hospital, família, comunidade, cidade. Muito produção teórica neste paradigma

31 Clínica Nômade - Acompanhamento Terapêutico
O AT se coloca numa posição fronteiriça – a de compor com os loucos possíveis territórios de existência não doente Qual a natureza destes territórios? -Interno e externo talvez não sejam “espaços” - “Dentro” e “fora” - Fora: aquém ou além dos contornos visíveis ou dizíveis do mundo objetivo e subjetivo. “a estabilidade dos espaços é ilusória: sob essa impressão de quietude, agitam-se forças de toda espécie que compõem os ambientes de que é feita cada paisagem, inclusive subjetiva – forças do ambiente econômico, político, sexual, artístico, informático, etc. Sente que, com seu deslocamento para a fronteira, entraram em jogo em sua prática muitos ambientes que não costumavam integrar o território clínico e, junto com eles, muitas forças inéditas, formando uma série de relações desconhecidas. “(pág.85) Clinica nomade” AT: ampliação em sua própria subjetividade, a capacidade de vibração em relação as intensidades do fora. Somente ficar na dimensão espacial diminui suas chances de obter algum efeito clínico na fronteira que lhe coube habitar

32 Clínica Nômade - Acompanhamento Terapêutico
E o dentro? Como fica a subjetividade? Onde se dão essas sensações e esse estranhamento? -O dentro nada mais é do que o interior de uma dobra do fora, estratificação temporária de certas relações de força. As forças do fora desestabilizam os contornos habituais exigindo um constante processo de subjetivação de um novo tipo . A subjetividade é feita das próprias partículas do fora. Dentro-fora indissociáveis. Nesse processo somos levados para fora de nós mesmos e nos tornamos “um sempre outro”.

33 Clínica Nômade - Acompanhamento Terapêutico
Saúde: jogo de cintura para lidar com as forças do fora e do dentro. Lidar com a irremediável disparidade da vida, de forma a embarcar nos movimentos que vão nos levando para longe de nós mesmos. Saúde = fluidez deste processo Doença = emperramento dos processos, seja do lado de dentro ou de fora.

34 Clínica Nômade - Acompanhamento Terapêutico
A loucura pouco impede seus acompanhados a constituírem territórios de existência. O problema do louco é que seus territórios trazem a marca de uma acentuada singularidade, e isto não tem lugar numa sociedade na qual impera um modo de subjetivação neurótica. Como o louco se transforma em doente? Os singulares territórios que o louco cria não fazem sentido para ninguém, perde consistência, mingua seu desejo - essa potência de criar novos territórios de existência. -Tutelado pela medicina mental, com seu vasto espectro de especialidades. Passa a ser visto como desprovido de desejo e subjetividade. O louco fica desprovido de subjetividade e desejo num pensar neurótico, este ,fechado em sua dobra reduzindo dentro e fora a uma perspectiva espacial.

35 Clínica Nômade - Acompanhamento Terapêutico
Modo de subjetivação neurótica:O indivíduo é visto aí apenas como um espaço, cujos contornos delimitam de um lado uma interioridade psíquica , morada de suas fantasias, e, de outro, uma exterioridade, morada da realidade em sua materialidade ou do conjunto de códigos compartilhados por um coletivo. E mais: a exterioridade é filtrada por um mundo interno – conjunto de fantasias de cada indivíduo, espécie de filme imaginário rodado em sua infância que jamais saiu nem sairá de cartaz. O que está dado, está dado. Não se pensa a mudança. Domesticação das forças do fora. O AT se dá conta disso , porque sua posição fronteiriça e a convivência com os psicóticos desterritorializam em sua alma paisagens tão familiares.

36 Clínica Nômade - Acompanhamento Terapêutico
A clínica não se dá somente na fronteira, nos intervalos indiferenciados entre os espaços instituídos. É necessário procurar meios que favoreçam a reativação dos movimentos de invaginação do fora, de constituição do dentro. Dupla capacidade: administrar a inconciabilidade entre o fora e os dentro e resistir ao despotismo da dobra dominante contra tudo que se distingue dela. Tecer junto com o acompanhado redes para as quais seus investimentos façam sentido. Contemplação ativa dos processos que percorre junto ao seu acompanhado, participando das errâncias e construindo caminhos que façam sentido e que oxigene as dobras petrificadas. Identificar focos suscetíveis de fazer a existência do louco bifurcar em novas direções , de modo que territórios de vida possam vir a ganhar consistência.

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Só faz sentido pensar em fronteira quando se tem uma concepção unicamente espacial da realidade. De habitante entre os espaço interior das instituições e exterior da cidade, ele se transforma em habitante do tempo, nômade entre as dobras. CUIDADO :“MANICÔMIO EM DUAS PERNAS” A clínica atravessada pelo A.T. ganha outros sentidos. Podendo abarcar todo o potencial do A.T. já comentado aqui, em quaisquer de suas práticas, sejam elas de consultório, de grupos ou institucionais.


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