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Adaptação: conceitos finais, mercado e justificativas

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Apresentação em tema: "Adaptação: conceitos finais, mercado e justificativas"— Transcrição da apresentação:

1 Adaptação: conceitos finais, mercado e justificativas
Prof. Me. Sabine Mendes

2 Um pouco de história da adaptação no Brasil (SILVA, 2010)
Livros e filmes de «violência» - Marçal Aquino, Fernando Bonassi, Paulo Lins, Patrícia Melo, Luiz Alfredo Garcia-Roza e Toni Belloto – cuja principal matriz remonta à obra literária de Rubem Fonseca. Filmes de ficção oriundos de literatura não-ficcional: vários livros assumidamente biográficos, ao invés de tornarem-se documentários, viraram ficção: «O que é isso, companheiro?» (Bruno Barreto, 1997), «Bicho de sete cabeças» (Laís Bodanski, 2000), «Lara» (Ana Maria Magalhães, 2002), «Carandiru» (Hector Babenco, 2003), «Garrincha: estrela solitária» (Milton Alencar, 2003), «Olga» (Jayme Monjardim, 2004) e «Cazuza – O tempo não pára» (Sandra Werneck e Walter Carvalho, 2004). Adaptação de peças de teatro: A partilha» (Daniel Filho, 2001), «Domésticas – o filme» (Fernando Meirelles, 2001), «Querido estranho» (Ricardo Pinto e Silva, 2002), «Mais uma vez amor» (Rosana Svartman, 2005), «Fica comigo esta noite» (João Falcão, 2006) e «Irma Vap: o retorno» (Carla Camurati, 2006) (7).

3 Um pouco mais de teoria da adaptação...
uma adaptação cinematográfica deve partir do pressuposto de que o livro e o filme nele baseado são “dois extremos de um processo que comporta alterações de sentido em função do fator tempo, a par de tudo o mais que, em princípio, distingue as imagens, as trilhas sonoras e as encenações da palavra escrita e do silêncio da leitura” (Xavier, 2003: 61). Noção de adaptação como processo intertextual, anti-hierárquico, plural, hibridizante, multicultural e canibalizante (SILVA, 2010, p. 3). a experiência de leitura vs. a experiência da audiência.

4 Um pouco mais sobre fidelidade...
“[a noção de fidelidade] impõe um valor pregresso, no texto-fonte, que o filme deveria capturar e adequar a seus códigos representativos. Esse paradigma da fidelidade ganhou atenção, principalmente, porque, como indica Robert Stam (2005: 3), “(a) algumas adaptações «realmente» falham em ‘realizar’ o que mais apreciamos nos romances fontes; (b) algumas adaptações são, em verdade, melhores que outras; e (c) algumas adaptações perdem ao menos alguns dos aspectos salientes de suas fontes” (SILVA, 2010, p. 4)

5 Um pouco mais sobre fidelidade...
Uma adaptação é automaticamente diferente e original devido à mudança de meio. A alteração de um meio verbal «single-track» como o romance, para um meio «multitrack» como o filme, que pode representar não só com palavras (escritas ou faladas) mas também com música, efeitos sonoros, e imagens fotográficas em movimento, explica a improbabilidade, e eu diria mesmo a “indesejabilidade”, da adaptação literal. (STAM, op. cit.: 3-4).

6 Elementos da narrativa – do literário ao fílmico
Personagens principais – previsibilidade e verossimilhança; contradições e crescimento; Personagens de apoio – função ou vida própria; relação com plot; Espaço e tempo (cronológico/psicológico); Conflito(s) – HOMEM vs HOMEM; HOMEM vs FORÇA DA NATUREZA e HOMEM vs ELE PRÓPRIO. Curva dramática e clímax (bem ou mal preparado); Enredo/Ação Dramática – ordem e fluidez; Vozes narrativas e diálogo; Coesão e coerência.

7 Elementos da narrativa – do fílmico ao literário
Sucker Punch: “Alice no País das Maravilhas com metralhadoras” – segundo Jack Snyder.

8 O que andamos vendo (nas palavras de Carol Fioratti)
ARGUMENTO O argumento consiste na história contada em sua íntegra, na forma de um texto, quase como um conto, porém focando nas ações e evitando a parte “poética, literária” da escrita. Lembre-se de escrever sempre no presente. Lembre-se também que um roteiro é uma história para ser contada em imagens (mostrada). Dessa forma, ao invés de falar: João é tímido. Você pode criar uma ação que demonstre essa característica que você traçou no perfil de seu personagem, como: Flávia sorri para João e ele desvia o olhar, sem graça.

9 Daí para a escaleta e o desenvolvimento das cenas...
A escaleta é a divisão do argumento em cenas. Neste momento o autor pensa somente na ação central de cada cena. Não é preciso elencar todas as cenas do roteiro (já que muitas serão descobertas no trabalho de “abrir” o roteiro), mas as cenas principais, que estruturam o enredo, são indicadas na escaleta. Nesse momento foca-se mais nas ações e se evita utilizar o diálogo. Se for necessário, apenas se indica o que o personagem fala, sem desenvolver o diálogo.

10 Um conto para aspirantes a executivos (SILO, 1991)
"A sociedade que está sendo colocada em marcha trará finalmente a abundância. Porém, além dos grandes benefícios objetivos, ocorrerá uma liberação subjetiva da humanidade. A antiga solidariedade, própria da pobreza, não será necessária. Muitos já concordam que com dinheiro, ou algo equivalente, se solucionarão quase todos os problemas; assim, os esforços, pensamentos e sonhos estarão lançados nessa direção. Com o dinheiro se comprará boa comida, boa moradia, viagens, diversões, brinquedos tecnológicos e pessoas que façam o que se queira. Haverá um amor eficiente, uma arte eficiente e psicólogos eficientes que resolverão os problemas pessoais que pudessem ainda existir, e que, mais adiante, terminarão de ser resolvidos pela nova química cerebral e pela engenharia genética. Nessa sociedade de abundância diminuirá o suicídio, o alcoolismo, a droga, a insegurança urbana e a delinqüência, como hoje já mostram os países economicamente mais desenvolvidos (?).

11 Um conto para aspirantes a executivos (SILO, 1991)
Também desaparecerá a discriminação e aumentará a comunicação entre as pessoas. Ninguém estará pressionado a pensar desnecessariamente no sentido da vida, na solidão, na enfermidade, na velhice e na morte porque com cursos adequados e alguma ajuda terapêutica, se conseguirá bloquear esses reflexos que tanto têm detido o rendimento e a eficiência das sociedades. Todos confiarão em todos porque a competição no trabalho, no estudo, na relação a dois terminará por estabelecer relações maduras. Finalmente, as ideologias terão desaparecido e já não serão utilizadas para lavagem cerebral das pessoas. Certamente, ninguém impedirá o protesto ou o inconformismo com temas menores, sempre que para se expressar sejam pagos os canais adequados. Sem confundir liberdade com libertinagem, os cidadãos se reunirão em números pequenos (por razões sanitárias) e poderão expressar-se em lugares abertos (sem perturbar com sons contaminantes ou com publicidade que enfeie o "município", ou como se chame mais adiante).

12 Um conto para aspirantes a executivos (SILO, 1991)
Porém, o mais extraordinário ocorrerá quando já não se precise do controle policial, uma vez que cada cidadão será alguém decidido que protegerá os demais das mentiras que algum terrorista ideológico possa tentar inculcar. Esses defensores terão tanta responsabilidade social que irão rapidamente aos meios de comunicação, nos quais encontrarão imediata acolhida para alertar a população; escreverão brilhantes estudos que serão publicados imediatamente e organizarão fóruns nos quais formadores de opinião de grande cultura esclarecerão a algum desprevenido, que ainda pudesse estar a mercê das forças obscuras do dirigismo econômico, do autoritarismo, da antidemocracia e do fanatismo religioso. Nem sequer será necessário perseguir os perturbadores porque com um sistema de difusão tão eficiente ninguém desejará aproximar-se deles para não se contaminar.

13 Um conto para aspirantes a executivos (SILO, 1991)
No pior dos casos, serão "desprogramados" com eficácia e eles agradecerão publicamente sua reinserção e o benefício que lhes produzirá reconhecer as bondades da liberdade. Por sua vez, aqueles esforçados defensores, se é que não foram enviados especificamente para cumprir essa importante missão, serão pessoas comuns que assim poderão sair. do anonimato, ser reconhecidas socialmente por sua qualidade moral, dar autógrafos e, logicamente, receber uma merecida retribuição. A Companhia será a grande família que favorecerá a capacitação, as relações e o lazer. A robótica terá suplantado o esforço físico de outras épocas e trabalhar para a Companhia na própria casa será uma verdadeira realização pessoal. Assim, a sociedade não necessitará de organizações que não estejam incluídas na Companhia. O ser humano, que tanto tem lutado pelo seu bem estar, finalmente, terá chegado aos céus. Saltando de planeta em planeta terá descoberto a felicidade. Instalado ali, será um jovem competitivo, sedutor, aquisitivo, triunfador e pragmático (sobretudo pragmático)... executivo da Companhia!"

14 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
PROFESSORA CÉLIA Boa noite, minha gente, tudo bem? Hoje, eu trouxe uma nova proposta para vocês, uma proposta realmente inovadora... Nós vamos ter uma aula como nunca antes foi vista: a aula da verdade. Funciona assim: a partir de agora, tudo o que dissermos aqui tem que ser, de verdade, o que estamos pensando e sentindo... Nada de “professora, adorei sua aula” quando, na verdade, vocês estão só com medo de serem reprovados se não me agradarem... Vamos dar um fim ao falar por trás, combinado?

15 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
OS ALUNOS SORRIEM ANIMADOS E BALANÇAM A CABEÇA EM CONCORDÂNCIA. MÁRCIA COMEÇA A ANOTAR FRENETICAMENTE. PEDRO Professora, eu gosto da ideia, mas eu queria saber o seguinte: vai valer nota? PROFESSORA CÉLIA Não, Pedro, não vai valer nota, por mais que eu esteja com medo de você não fazer nada a aula inteira e eu me sentir uma incompetente por causa disso. Na verdade, eu acho uma falta de respeito enorme você ouvir uma proposta como essa e só se preocupar com nota. Viram como é fácil, gente, falei a verdade!

16 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
PEDRO Bem, professora, sinceramente, se não for valer nota eu prefiro ficar calado, porque trabalhei o dia inteiro, meu chefe foi um saco hoje e, além do mais, não vejo nenhuma utilidade na sua matéria e ainda acho que você é nova demais para ser professora e deve ter comprado o diploma no Paraguai. PROFESSORA CÉLIA Muito bem, Pedro, esse é o espírito! Então, já que é para abrir o jogo, eu tenho que dizer pra vocês que eu não preparei a aula de hoje, sabe? Mas, antes de falar sobre isso (caminhando em direção à Márcia e tirando a caneta da mão dela), eu gostaria de dizer que não suporto que fiquem anotando tudo o que eu digo, porque é pra saber aqui (aponta a cabeça) e não anotar.

17 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
MÁRCIA Se me permite, professora... PROFESSORA CÉLIA Fique à vontade, Márcia... Eu acho um absurdo pegar uma coisa da minha mão, mal sabendo quem eu sou, o que estou anotando e qual é a minha forma particular de aprender. Pra mim, isso é falta de educação familiar básica, coisa que eu tenho e que a senhora parece não ter. Gente, que lindo, a verdade liberta mesmo! Vocês entenderam a proposta!

18 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
RONALDO É, professora, não somos retardados como a senhora acha que somos. Na maioria das vezes, estamos só de saco cheio mesmo ou com preguiça ou pensando nas contas a pagar... PROFESSORA CÉLIA O que me traz de volta ao tema “não ter preparado a aula”. Vocês sabem que professor ganha por hora, né? E eu precisava dar aula dessa disciplina apesar de não ter nunca estudado nada sobre o assunto. Mas fica feião dizer que eu não sei – até porque é uma disciplina básica, né? – e eu preciso pagar as prestações do meu carro. Então, estamos aqui!

19 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
ANA É um alívio enoooorme a senhora ter dito isso... aliás, pra que senhora, né? Vamos usar o você, já que estamos com tanta intimidade... PROFESSORA CÉLIA Mas é claro! Digo que é um alívio, porque já conversamos tanto sobre isso... A gente está cansado de saber que a senho- você não tem a menor ideia de sobre o que está falando, mas não queremos também ofender, né? Você é gente boa, é responsável pela nota e, além disso, podemos acabar precisando de você no futuro... Vai que você vira nossa chefe?

20 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
PROFESSORA CÉLIA Muito bem colocado, Ana! Eu só acho o seguinte: é muita empáfia sua – e não se ofenda com isso que eu vou dizer... ANA De maneira alguma, professora! É muita empáfia achar que, mesmo que eu não saiba a matéria, eu não tenho mais condições de estar aqui na frente do que você, porque, afinal de contas, eu estudei muito, né? Tudo comprovado, carimbado e assinado. Além do mais, eu comi o pão que o diabo amassou para entregar trabalhos, fazer seminários, escrever monografia... Você acha que é fácil assim? Que eu vou dar mole? Vocês vão ter de, pelo menos, sofrer 1/5 do que eu sofri, né? Claro que esse cálculo é apenas uma estimativa...

21 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
JULIO Permita-me discordar, professora... Eu entendo da seguinte maneira: se eu li o livro, pensei em perguntas para fazer que você nunca nem me deixa fazer, estudei e cheguei a pensar em temas do cotidiano relacionados a ele, eu é quem deveria estar aí na frente. PROFESSORA CÉLIA Sabe, Julio, isso é uma coisa que me assusta muito! Sempre fico pensando sobre como muitos alunos parecem saber muito mais do que eu... Mas, por sorte, eu é que fui contratada, né? Então, mesmo com um pouquinho de vergonha, eu vou seguindo, fazendo o que posso e tento não falar muita besteira... Eu acho que até pensei em coisas bem criativas como aquelas aulas de campo, visitas, seminários...

22 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
MÁRCIA Claro, professora, mas a senhora sabe que muita gente pensa que isso é só para enrolar, né? Desculpa falar assim gente, em nome de todos, mas é que é para abrir o jogo... Eu nem acho que é para enrolar, acho que é uma metodologia inovadora... Só tem um problema: eu reclamo quando o professor faz uma coisa assim, como direi, mais básica, mas, por outro lado, quando me cobra muito, pede muitas coisas diferentes, também fico com preguiça, sabe? PROFESSORA CÉLIA E você acha que eu não fico? É por isso que, às vezes, eu proponho coisas que não cumpro, sabe? Fico rezando para vocês terem se esquecido ou para, pelo menos, terem medo de me questionar ou terem tanta preguiça que preferem que eu me esqueça... É por isso que eu anoto, professora, e sei que, até agora, você já fez umas dez propostas que nunca viram a luz do dia... É chato: a gente se empolga, depois descobre que é só falação...

23 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
PROFESSORA CÉLIA Pois é, às vezes, é preguiça mesmo... Aliás, às vezes, quando eu não venho dar aula é por preguiça também, embora eu não possa dizer isso a vocês, né? ANA É, você falta muito e eu acho um absurdo porque se a gente faltar dez vezes está reprovado, mas você já faltou umas cinco e... noves fora... É chato mesmo... Mas, fazer o quê? Vocês precisam disso aqui e eu também, cada um do seu jeito... Aliás, eu gostaria de saber porque, Ronaldo, você foi dizer por aí que eu sou uma péssima professora. RONALDO Na verdade, todo mundo diz, professora. Só não diz pra você. Resolveram fofocar e agora estou na berlinda...

24 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
PROFESSORA CÉLIA Bem, eu acho que, enquanto eu fingir que estou ensinando alguma coisa e você fingirem que estão aprendendo, está tudo bem, concordam? Eu sei que ninguém entendeu nada do que eu disse sobre sexuação seccionada das abelhas e nem esperava mesmo porque odiava essa matéria quando estudei. Agora, não é porque eu não sei que não posso cobrar que vocês saibam, né? Aliás, meu trabalho é muito isso! JULIO Professora, sejamos práticos! É pra falar, certo? Certo!

25 Tópicos Especiais em Sala de Aula – a comédia – A aula da realidade
JULIO Então, eu tenho nove professores e eu acho que a gente pode dividir assim: cada um de vocês tem direito a passar, no máximo, um trabalho... Eu escolho aqueles que dão nota para qualquer coisa e deixo pro final... Nisso, já saem quatro. Pego os três de quem eu não gosto e das disciplinas que nem sei porque estudo e deixo para recuperação mesmo... Sou muito jovem para perder a vida e reprovação é coisa rara. Estudo para aqueles que cobram muito e, com sorte, sobrevivo a todos. Que tal?

26 Para que serve a justificativa?
Sobre ser ou não um gênero textual real; Quando se usa? Reuniões, editais (visão do roteirista), projetos, negociações, pós-produção (Marketing); Situações de negociação escritor-roteirista; Situações em que o escritor é o roteirista; A noção de escolhas estético-narrativas; A obra como multidimensional: expressão de experiências humanas; Dialogismo (o que está “na obra” e o que está “em você”).

27 Feliz Ano Velho – Roberto Gervitz (roteirista e diretor)
Uma adaptação livre da obra de Marcelo Rubens Paiva Não foi à toa que o ponto de partida foi uma imagem evocada pelo livro – a imagem da imobilidade, da paralisia que aos meus olhos era expressão do medo. Medo de crescer, de se transformar num indivíduo, de virar adulto. Eu havia passado pelo menos dois anos sem rumo. Agora, começava a sair do estado de anestesia em que me encontrava, do turbilhão de dúvidas ao qual me agarrara para não sair do lugar. O livro se configurou em minha mente como uma metáfora do que havia sido minha própria vida até então.

28 Feliz Ano Velho – Roberto Gervitz (roteirista e diretor)
Resolvi falar com Marcelo. Antes disso, fiz uma nova leitura do livro e escrevi uma página sobre meu desejo de adaptá-lo para o cinema. No início, Marcelo ficou um pouco hesitante. Talvez com receio da minha proposta de livre adaptação. Mas, passados alguns dias, topou minha proposta. Do ponto de vista técnico, a dificuldade estava na característica fragmentada do livro cujas passagens se ligavam por associações livres.Uma tênue linha narrativa contava o processo de recuperação do Marcelo.

29 Feliz Ano Velho – Roberto Gervitz (roteirista e diretor)
Em seu livro, Marcelo faz um inventário de fatos que compuseram sua vida. Em meu filme, embora isso esteja presente, minha preocupação caminhou no sentido de refletir sobre o processo de libertação de um indivíduo das amarras do medo que o paralisavam. Não se tratava de colocar minha história pessoal, mas de construir um personagem que viveria conflitos com as quais eu me identificava. Fui fiel ao impulso que me movia a fazer esse filme e procurei não perdê-lo. MUDANÇA DE NOME – DE MARCELO PARA MARIO

30 Feliz Ano Velho – Roberto Gervitz (roteirista e diretor)
Em comum com o livro, o filme revelaria que a geração alienada e acomodada que havia crescido sob o AI-5 não existia. Os jovens dos anos 1970 não estavam somente curtindo rock, surfando e fazendo suco de papaia com laranja. Essas eram as cores da época e a sua vitalidade.

31 Feliz Ano Velho – Roberto Gervitz (roteirista e diretor)
Método de Trabalho Para adaptar o livro, fiz um argumento sintético e a seguir, após estar familiarizado com o livro, selecionei as situações e os personagens que me interessavam. A partir daí, por meio de um mapa numerado, fui desenvolvendo as cenas, num primeiro momento livremente (meu roteiro é um quebra-cabeça que exigiu paciência para ser montado). Aprendi, com o tempo, a não jogar fora de imediato as ideias que me pareciam ruins e passei a vê-las como sementes de futuras descobertas. Nos sucessivos tratamentos e como fruto das críticas e do amadurecimento do trabalho, fui me libertando dos excessos – tanto de diálogos como de cenas reiterativas e desnecessárias. Procurei valorizar cada vez mais as imagens e a ação dos personagens e percebi que desta forma os diálogos ganhavam mais força. Um roteiro deve ser tanto escrito quanto lido, procurando-se a sua visualização cinematográfica (que nasce da relação som/imagem).

32 A teoria de tudo (Anthony McCarten – roteirista e produtor)
Anthony McCarten, roteirista e produtor, há muito é fascinado pelo Professor Hawking, particularmente, pelo tempo e esforço que esse homem fisicamente comprometido levou para escrever seu livro seminal. “Ele iluminou a física para o mundo e há um conceito profundo em todo o seu trabalho”, diz McCarten. “Isso foi enfatizado pela situação física de Stephen, que só lhe permitia elaborar sua comunicação no ritmo agonizante de uma palavra por minuto; ali, num só homem, havia uma justaposição sem precedentes de proeza mental extraordinária e incapacidade física igualmente incomum.

33 A teoria de tudo (Anthony McCarten – roteirista e produtor)
“Sua mente continuava a descortinar uma fronteira após outra, numa pesquisa incansável, portanto, ele estava se contraindo, mas também se expandindo – algo bem propício para um homem cuja vida é dedicada ao estudo do universo”. McCarten ficou comovido ao ler a autobiografia de Jane Hawking, intitulada Travelling to Infinity: My Life with Stephen. Ele descobriu “uma intensa história de amor com dificuldades extremas: primeiro, pelo declínio físico, depois, pela chegada da fama em suas vidas. Quando a notícia da morte iminente provou ser um exagero, e dois anos se transformaram em 10, depois 20, a situação deles exigiu que o amor assumisse formas ousadas e nada ortodoxas, para sobreviver. Essa história de amor que eles viveram foi, de fato, sem precedentes”.

34 A teoria de tudo (Anthony McCarten – roteirista e produtor)
Imaginando a história do casal como um longa-metragem, ele começou a escrever a adaptação do roteiro baseado no livro, sem garantia de que o projeto se realizaria; ele se reuniu com Jane na casa dela, para discutir a respeito. “Sempre lhe serei grato por atender à campainha e me receber. Naquele dia, nenhuma promessa foi feita e nossa conversa prosseguiu, ao longo do tempo”, ele comenta. Depois de vários esboços, ele foi apresentado à produtora Lisa Bruce, através de um amigo comum, Craig Bernstein, agente da ICM. Conhecendo Stephen Hawking apenas como homem brilhante da cadeira de rodas motorizada, que se comunicava através de um dispositivo acionado pela voz, para Bruce o roteiro foi uma revelação. Ela comenta “muita gente nem sequer pensa na vida doméstica de Stephen Hawking, muito menos sabe que ele já andou e conversou e certamente ignora que ele é pai. Quando você olha mais profundamente para sua vida, é possível enxergar muito mais que apenas um gênio: você encontra um pai, um marido e – por baixo disso tudo – um eterno otimista. “Mas, pra mim, o elemento mais poderoso dessa história foi a sensação de que ele jamais teria realizado o que realizou sem uma parceira com a Jane”.

35 A teoria de tudo (Anthony McCarten – roteirista e produtor)
McCarten e Bruce levariam vários anos para a obtenção dos direitos legais integrais e a benção e permissão de Jane e Stephen para que essa história de amor fosse transformada em filme. Durante esses anos, eles trabalharam incansavelmente na história, prometendo absterem-se de sensacionalismo e sentimentalismo quanto ao enredo do casal, e se comprometendo a transmitir a complexidade do casamento. McCarten comenta, “Para eles, passar, juntos, por aquele período tão difícil, e ter tido um casamento que durou décadas foi, no mínimo, um triunfo. Stephen e Jane nos mostram do que os seres humanos são capazes, quando se dispõem a fazer algo. Mas, ao escrever o roteiro, eu tive que deixar transparecer seus humores e frustrações que eram completamente compreensíveis. Nosso filme celebra Stephen, mas não tenta transformá-lo em mito; ele teve sentimentos negativos muito fortes sobre a perda de sua capacidade física e nós mostramos isso, assim como os altos e baixos do casamento. “A Teoria de Tudo é tanto sobre a física do amor, quanto sobre o amor à física”.


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