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Introdução à Psicopatologia I

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Apresentação em tema: "Introdução à Psicopatologia I"— Transcrição da apresentação:

1 Introdução à Psicopatologia I
‘História da loucura’ Faculdade Salesiana de Vitória Curso de psicologia Disciplina: Psicopatologia I Profrª Ms Andréa Campos Romanholi 2012

2 Esta apresentação tem como referência o texto “Viagem dos loucos”, de Nelson Lucero, no qual o autor desenvolve reflexões sobre “A história da loucura, de Foucault (LUCERO, N. Viagem dos loucos. Revista Você. Ano I, nº 2, Julho/1992, Vitória: Secretaria de Prod. E Difusão Cultural/UFES, 1992, p ) Também é utilizada leitura teórica de Michel Foucault sobre a constituição histórica da noção de doença mental tal como apresentada no livro Doença mental e psicologia (FOUCAULT, M. Doença mental e psicologia. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1975). Com vistas a manter a estética da apresentação não utilizamos as normas de referências da ABNT.

3 Foucault lembra que até o final da Idade Média, a lepra dominava o espaço europeu representando a grande ameaça de destruição. Nesta época, multiplicaram-se os leprosários e grandes extensões tornaram-se inabitáveis. A lepra causava horror e este sentimento de horror foi o que levou à sua exclusão do cenário social através do seu encerramento nos leprosários.

4 Após o desaparecimento da lepra do mundo medieval, houve um movimento inicial de fazer das doenças venéreas as substitutas desta doença no que respeita ao sentimento de horror e conseqüente necessidade de exclusão. Porém, este movimento logo fracassou, pois as doenças venéreas rapidamente foram incluídas entre as outras doenças, tornando-se problema propriamente médico.

5 Neste momento, segundo Foucault, não só os leprosários ficaram ficou vazios, mas também se instalou um outro vazio relativo à momentânea ausência de algo que encarnasse o sentimento de horror que permite aos homens situarem seus temores mortais. Torna-se necessário preencher este vazio. “A lepra se retira, deixando sem utilidade esses lugares obscuros e esses ritos que não estavam destinados a suprimi-Ia, mas sim a mantê-Ia a uma distância sacramentada, a fixá-Ia numa exaltação inversa” (FOUCAULT, História da loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 1987).

6 Esse lugar vazio é aquele de um confronto. O confronto com a morte
Esse lugar vazio é aquele de um confronto. O confronto com a morte. E vai ser a loucura o fenômeno herdeiro da lepra nessa questão. “Aqui devemos observar que o louco, como o leproso, são figuras em continuidade. Afinal, o leproso e seu ritual de exclusão apontavam para a presença da morte no interior do vivo. O leproso ainda vivo carregava a presença da morte. O que o século XV vai perceber é que de certa forma todos nós carregamos nossa lepra, a loucura, que aponta para esse vazio existencial, que é a própria interioridade da morte. A existência se manifestando como a existência para a morte” (LUCERO, N. Viagem dos loucos. Revista Você. Ano I, nº 2, Julho/1992, Vitória: Secretaria de Prod. E Difusão Cultural/UFES, 1992, p. 16).

7 De certa forma, para o homem medieval o exercício ativo da razão humana como desvelante da verdade não era o habitual. O entendimento do mundo se dava mais geralmente a partir de um mundo de formas simbólicas que não tinham a análise racional como base.

8 É apenas quando esse mundo medieval com sua lógica própria de funcionamento começa a desmoronar que a razão emerge como elemento ordenador e desvelador da verdade. E é neste momento que irrompe também um confronto trágico do homem com o seu destino. Espaço propício à invasão perpetrada pela loucura.

9 O Renascimento é marcado por um mergulho na interioridade humana
O Renascimento é marcado por um mergulho na interioridade humana. Na medida em que o plano divino é descentrado e que a verdade revelada não mais conduz e preside a forma do mundo, um mergulho na interioridade humana começa a se efetuar buscando no homem, na razão humana, a capacidade de desvelar a verdade.

10 Se já ficava claro que as ‘verdades’ medievais eram ‘falsas’ e ‘incorretas’, se tudo o que se sabia até então estava em questão, não havia ainda nenhuma ordem de saber que substituísse o anterior, restando a incerteza e a angústia de se estar num mundo que não se entende.

11 A Renascença acredita que o louco carrega a inteireza desse saber sobre a multiplicidade do sentido, do qual o homem racional e sábio só consegue se aperceber de algumas verdades fragmentárias.

12 Nesse sentido, no final da Idade Média, o louco emerge como detentor da verdade. A loucura parece estar mais próxima da felicidade e da verdade que a própria razão. Isso porque a razão que já tenta se impor não tem, ainda, conhecimentos que lhe permitam ‘explicar’ o mundo e suas ameaças.

13 E como tal a loucura é exaltada na literatura e na iconografia e mesmo num cotidiano que lhe é extremamente tolerante. Como exemplos desta exaltação temos as obras Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdã (1467–1536); os textos de William Shakespeare (1564–1616) e de Miguel de Cervantes (1547–1616) no seu livro, Dom Quixote.

14 Mas, ao mesmo tempo, a loucura ameaça a razão que tenta se erguer para dar conta da vida e da morte.
A razão tenta se impor, mas, por baixo desta, a loucura insidiosa invade o comando da produção do sentido, embaralhando o mundo e o homem.

15 O homem racional passa a ser uma espécie responsabilizável: a razão o torna responsável pela produção do saber, pela ordem do mundo, pela ordem humana. O destino não se situa mais como decidido na ordem cósmica e teológica, mas no ato racional humano. Assim, de alguma forma se fazia necessário expurgar a ameaça presente na loucura e na sua outra forma de ver e lidar com a vida e com o mundo.

16 Diante desses acontecimentos, um novo objeto emerge na paisagem imaginária da Renascença - a Nau dos Loucos. "A moda é a composição dessas Naus cuja equipagem e heróis imaginários, modelos éticos ou tipos sociais, embarcam para uma grande viagem simbólica que lhes traz, senão a fortuna, pelo menos a figura de seus destinos ou suas verdades” (FOUCAULT, História da loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 1987).

17 A nau dos loucos Hieronymus Bosch

18 É preciso esclarecer que já na Idade Média a viagem dos loucos através das águas não era um acontecimento estranho. Porém, se para alguns casos ou em alguns locais já existiam práticas com o envio dos loucos para fora das cidades, Foucault nos mostra que no período medieval havia uma "existência facilmente errante" da loucura. E que até antes do século XIX a experiência da loucura no mundo ocidental era bastante polimorfa.

19 Havia, desde a Grécia, discursos sobre a loucura considerando-a como patologia e, correlatamente, práticas de cura. Todavia, tratavam-se de práticas localizadas e geralmente voltadas para as formas de loucura consideradas ‘curáveis’. Não se tratavam de práticas aplicadas a todos os loucos e em todos os lugares, havendo variações nas formas de acolhida da loucura.

20 No século XVI a loucura deixa de ter valor
No século XVI a loucura deixa de ter valor. Diante da razão a loucura torna-se objeto de riso. A loucura é colocada numa relação direta de oposição com a razão surgindo o que Foucault chama de a experiência clássica da loucura, na qual esta só aparece como erro.

21 “Dois movimentos marcam, portanto a história da loucura nos séculos XV e XVI. O primeiro movimento é aquele da Nau dos Loucos. O segundo movimento é o encerramento da loucura nas teias da razão, que se prolongará no século XVII como um grande processo de interdição e posterior medicalização no século XIX. Até meados do século XVII a loucura fará sua incursão de enfrentamento da razão, para em seguida ser literalmente excluída. Considerada como desrazão, não mais será tolerada pelo pensamento naturalista e pela moral da burguesia em ascensão. A loucura vai desembocar num mundo de limites morais, considerada apenas em seus efeitos de erro e defeito. É uma das formas do mal” (LUCERO, N. Viagem dos loucos. Revista Você. Ano I, nº 2, Julho/1992, Vitória: Secretaria de Produção e Difusão Cultural/UFES, 1992, p. 16)..

22 “O mundo desmoronava e o homem passava a ocupar o lugar de desvelador e construtor das formas do mundo. Sentia a enormidade da tarefa quando se via às voltas com os ataques do sonho e de todas as formas consideradas de erro. Se as velhas formas da razão já não funcionavam mais, então era necessário colocar uma nova razão em ação. Mas como operar tal tarefa se o que emergia do humano era a loucura, onirismo, a ambigüidade do sentido? De alguma forma se fazia necessário expurgar tal ameaça. A loucura agora não era mais uma questão divina, em relação à qual apelava-se para as partilhas rituais, as peregrinações, a salvação pela exclusão; ela agora havia se instalado no coração e na razão. Denunciava a cada momento a condição humana: frágil e ridícula” (LUCERO, N. Viagem dos loucos. Revista Você. Ano I, nº 2, Julho/1992, Vitória: Secretaria de Produção e Difusão Cultural/UFES, 1992, p. 16).

23 Ao mergulhar na sua própria interioridade, o homem se depara com seus limites. A loucura que denuncia essa fragilidade, essa expectativa de certa forma ridícula do homem na sua ambição de conhecer e dominar o mundo, aparece de modo ambíguo: por um lado tem a força de apontar limites, por outro aponta a ameaça, a vulnerabilidade do homem lembrando sua natureza mortal.

24 O horror causado pela loucura reside neste seu aspecto desvelador dos limites do homem, limites que em geral preferimos desconhecer ou, ao menos, ignorar. A loucura pode aparecer como uma morte em vida, já que não atende às exigências da razão. E no outro ponto gerador do horror causado pela loucura situa-se medo de ‘perder a razão’.

25 Estes pontos de ‘horror’ devem ser pensados entre os fatores que alimentam a exclusão da loucura, alindo-se aos fatores sociais e econômicos apontados por Foucault. Lucero não explorou estes últimos, pois suas reflexões voltaram-se mais especificamente para a relação que o homem passou a estabelecer com a vida, seu caráter trágico e consigo mesmo a partir da modernidade.


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