29/VI/2008 – 29/VI/2009 GUIÃO: Antonio Rodríguez Carmona MONTAGEM: Antonio García Polo

SERIE I “VIDA DE SÃO PAULO” 7 – Os judaizantes e a Assembleia de Jerusalém

Os cristãos judaizantes + Paulo e Barnabé tinham admitido centenas de gentios na fé cristã directamente, por meio do baptismo, sem os fazer previamente judeus. Tinham seguido nisto a praxis iniciada pela Igreja de Antioquia. + Mas um grupo de cristãos de Jerusalém não estão de acordo. Não se opõem a que os gentios se integrem na comunidade cristã, mas a que o façam directamente, sem se fazerem previamente judeus e prescindindo da Lei de Moisés. Deve-se- -lhes chamar judaizantes.

+ Um grupo deles vai a Antioquia a exigir que os novos cristãos se circuncidem, isto é, se tornem judeus: Ora alguns vindos da Judeia ensinavam aos irmãos: «Se não vos circuncidais segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos. » (Act 15,1) + Corre o ano 48.

+ Paulo e Barnabé opõem-se frontalmente. Que un cristão judeu se circuncide e continue a cumprir a Lei de Moisés, adiante, não é mau; pelo contrário, é uma praxis que tem a sua origem em Deus e Moisés e foi praticada por milhares de judeus piedosos. O próprio Paulo continua a praticar algumas das suas normas por devoção. Mas não se pode impor isto aos não judeus como necessário para a salvação. Basta a fé em Jesus Cristo, único salvador, que relativizou a Lei.

+ Discutem e decidem ir a Jerusalém para aclarar estes pontos com os Apóstolos: Tendo-se suscitado uma grande discussão de Paulo e Barnabé contra eles; e decidiram que Paulo e Barnabé e alguns deles fossem a Jerusalém, consultar os Apóstolos e presbíteros, para tratar esta questão. Eles, pois, acompanhados pelos membros da Igreja, atravessaram a Fenícia e a Samaria, contando a conversão dos gentios, o que causava grande alegria a todos os irmãos. Tendo chegado a Jerusalém, foram recebidos pela Igreja, pelos Apóstolos e pelos anciãos e contaram todas as coisas que Deus tinha feito com eles. (Act 15,2-4)

+ Mas levantaram-se alguns da seita dos fariseus, que tinham abraçado a fé para dizer que era necessário que os gentios fossem circuncidados e que lhes impusessem a observância da Lei de Moisés. Reuniram-se, pois, os Apóstolos e os presbíteros para examinar esta questão. (Act 15,5-6) A assembleia

Depois de uma longa discussão, Pedro levantou-se e disse-lhes: «Irmãos, sabeis que Deus há muito tempo, me escolheu entre vós para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra da Boa Nova e abraçassem a fé. Deus, que conhece os corações, deu testemunho em favor deles, conferindo-lhes o Espírito Santo, como também a nós; e não fez distinção alguma entre nós e eles, purificando com a fé os seus corações. Porque tentais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós tivemos força para suportar? Pelo contrário, pela graça do Senhor Jesus Cristo cremos ser salvos, do mesmo modo que eles. » (Act 15,7-11) + Pedro intervém, afirmando que não é preciso impor a circuncisão, pois só salva a fé em Jesus:

+ Os presentes sentam-se e escutam Barnabé e Paulo que dão a conhecer os dois milagres por eles realizados como sinal de que Deus aprovava a sua forma de actuar: Toda a assembleia ficou em silêncio; e ouviam Barnabé e Paulo contar os milagres e prodígios que Deus tinha feito por intervenção deles entre os gentios (Act 15,12).

+ O próprio Paulo o narra na carta aos Gálatas, oferecendo outros dados, como que os acompanhava Tito, gentil, a quem não obrigaram a circuncidar-se; que Pedro e Paulo reconheceram mutuamente o carisma que tinha recebido cada um, e que Pedro pediu a Paulo que se recordasse dos pobres de Jerusalém:

- Catorze anos depois, subi novamente a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo a Tito. Subi, em consequência de uma revelação; conferi com eles o Evangelho que prego entre os gentios, particularmente com aqueles que eram de maior consideração, a fim de não correr ou não ter corrido inutilmente (Gál 2,1-2). - Ora nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi obrigado a circuncidar-se (Gál 2,3).

- E isto, apesar dos falsos irmãos que se intrometeram a espiar a liberdade que temos em Jesus Cristo, para nos reduzirem à escravidão. A estes, não cedemos, nem um só instante, para que a verdade do Evangelho permaneça entre vós. ( Gál 2,4-5)

- Quanto, porém, àqueles que pareciam ser alguma coisa, - o que tenham sido noutro tempo, não me importa, pois Deus não faz acepção de pessoas -, aqueles, digo, que tinham grande autoridade, nenhuma correcção me fizeram. Antes pelo contrário, tendo visto que me tinha sido confiado o Evangelho para os incircuncisos, - porque Quem fez de Pedro o apóstolo dos circuncisos, também fez de mim o apóstolo dos gentios – e tendo reconhecido a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram considerados as colunas, deram as mãos, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão, para que fôssemos aos gentios, e eles aos circuncisos. (Gál 2,6-9)

- - Recomendaram-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que eu procurei ser solícito em cumprir (Gál 2,10). Por isso organizou a colecta em favor dos pobres de Jerusalém no fim da sua terceira viagem.

+ Foi uma assembleia posterior, a que não assistiu Paulo (em Act 21,25 dão-se-lhe a conhecer as decisões tomadas), na qual se estudaram os problemas das comunidades mistas, compostas por judaico-cristãos e étnico-cristãos, pois estes últimos mantinham uns costumes que repugnavam aos judeus. Ratifica-se o acordo da primeira assembleia e acordam-se limitações nos usos dos étnico- cristãos. + Lucas continua o seu relato apresentando outra intervenção de Tiago, o responsável da comunidade de Jerusalém. Fá-lo aquí provavelmente, não porque tivesse lugar neste contexto, mas porque se tratava da mesma problemática. Outra assembleia posterior

Com isto, concordaram as palavras dos profetas… « Por isso sou de opinião que não se devem inquietar os que, dentre os gentios, se convertem a Deus, mas que se lhes escreva que se abstenham do que está contaminado pelos ídolos, da fornicação, das carnes sufocadas e do sangue. Porque Moisés, desde tempos antigos, tem em cada cidade homens que o pregam nas sinagogas, onde é lido todos sábados. » (Act 15,13-21). Num discurso pronunciado por Tiago expõem-se ambas as coisas: + Num discurso pronunciado por Tiago expõem-se ambas as coisas: - Tiago tomou a palavra, dizendo: « Irmãos, ouvi-me. Simeão contou como Deus, desde o princípio, cuidou em tirar do meio dos gentios um povo que fosse Seu.

+ Então, os apóstolos e os presbíteros, de acordo com toda a Igreja, decidiram eleger de entre eles alguns homens e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé; e estes foram Judas, chamado Barsabás, e Silas, que eram dirigentes entre os irmãos. Por seu intermédio enviaram-lhes esta carta: Uma carta que recolhe as conclusões das duas assembleias

«Os Apóstolos e os presbíteros irmãos, aos irmãos convertidos dos gentios, que estão em Antioquia, na Síria e na Cilícia, saúde! Tendo nós sabido que alguns, indo do meio de nós, sem nenhuma ordem da nossa parte, vos perturbaram com discursos que agitaram as vossas almas, aprouve-nos, depois de nos termos reunido, escolher alguns homens e enviá-los a vós com os nossos muito amados Barnabé e Paulo, homens que têm exposto as suas vidas pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas que vos exporão as mesmas coisas e de viva voz. Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargos além destes indispensáveis: Que vos abstenhais das coisas imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e da fornicação, das quais fareis bem em vos guardar. Adeus.» (Act 15,22-29)

+ Proíbem-se os alimentos com sangue (animais estrangulados e não sangrados), alimentos oferecidos nos sacrifícios aos ídolos, impureza (possivelmente uniões matrimoniais inválidas segundo Lev 17-18).

+ Missão cumprida. Barnabé e Paulo regressam a Antioquia com o problema resolvido. Aparentemente, porque os judaizantes continuaram a sua campanha querendo impor a Lei de Moisés aos gentios convertidos. Paulo terá que tratar este problema amplamente nas cartas aos Gálatas e aos Romanos.

+ Tendo-se demorado ali algum tempo, foram despedidos em paz pelos irmãos, regressando para junto dos que os tinham enviado. Paulo e Barnabé demoraram-se em Antioquia, ensinando e evangelizando, com muitos outros, a palavra do Senhor (Act 15,30-35). + Eles, pois, tendo-se despedido, foram a Antioquia, e, tendo-se reunido a assembleia, entregaram a carta. Tendo-a lido, encheram-se de alegrias pela coragem que lhes dava. Judas e Silas, como eram também profetas, consolaram e confortaram com muitas palavras os irmãos.