Música Brasileira I CMU 322 Módulo V Música em São Paulo colonial O Grupo de Mogi Prof. Diósnio Machado Neto

Os papéis de Mogi Papéis de Mogi –Mais antiga fonte musical brasileira. Foi localizada em –Vinte nove folhas contendo 7 peças, muitas delas incompletas: Bradados para Domingo de Ramos Tractos para a profecia de Sexta-feira da Paixão Antífona Regina Coeli Ex Tractatu sancti Augustini Ofício de quarta-feira santa Ladainha de Nossa Senhora (somente a parte de rabeca) Matais de incêndio (cantiga) –Em 1996 instaura-se uma polêmica acerca da autoria das obras Faustino Xavier do Prado aparece nomeado em três frontispícios. Constam também seu irmão Ângelo Xavier do Prado e Timóteo Leme do Prado. A constatação de que o Ex Tractatu sancti Augustini seria uma cópia de uma obra portuguesa levou a suspeita de que os nomeados nos códices seriam copistas e não compositores.

Faustino Xavier do Prado –Nasce em Sant’Anna das Cruzes de Mogi em 1708 –Mestre-de-capela do Carmo, em 1729 –Ordena-se com processo de 1733 –Nessa década podemos encontra-lo prestando serviços na matriz paulistana, ao lado de Ângelo de Siqueira, entre outros –Inicia uma peregrinação por paróquias paulistas Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá Matriz da Vila de Santos –Em Santos funda uma colegiada Única colegiada paulista Assistem diversos músicos como coreiros –Ângelo Gomes Ribeiro, João Lim de Córdova (havia sido mestre-de-capela dos jesuítas), João Floriano Ribeiro de Andrada. Faustino torna-se um importante articulador do recém criado bispado de São Paulo (1745) –Em 1760, é nomeado cônego Torna-se uma das mais importantes figuras eclesiásticas paulistas do século XVIII. Seu labor como tesoureiro lhe rende o título de ecônomo do bispado Negocia as fronteiras do bispado de São Paulo Priva com André da Silva Gomes. É sempre presente no coro da catedral –Faleceu em Na ocasião, inúmeras homenagens lhe são rendidas.

Documento de Faustino como pároco de Santos

As características dos papéis de Mogi Os papéis de Mogi se apresentam em partes cavadas Sistema de Notação –Notação proporcional (branca) A divisão das notas são determinadas por sinais de mensura –Podem ser ternárias (perfeita) ou binária (imperfeita) Não utiliza barras de compasso –Existem casos de uma notação híbrida (arcaica), onde combina-se trechos em notação proporcional com outros divididos em compassos modernos. »Ladainha de Nossa Senhora Os principais compassos usados nesses códices são: Compassinho (C) e o de Proporção sesquialtera (C3)

Temporas Tabela – Paulo Castagna

Notação

Sistema de Claves Três sistemas de claves –Claves Altas (até a segunda metade do século XVIII) –Claves Baixas (século XIX) –Claves modernas Nos papéis de Mogi utilizam-se preferencialmente as claves altas –Essas claves são transpositoras (4ª ou 5ª abaixo) Claves Altas

Estilo Homofonia Harmônica –Os papéis de Mogi estão construídos dentro de uma concepção do motete polifônico simplificado (homorrítmico), típico da música religiosa do século XVII. Escrita a quatro vozes –Em algumas peças tem uma clara formação aguda (2 tiples, altus e tenor) Vocabulário harmônico simples –Harmonia seqüencial típica do barroco. –Predileção por modulações para a subdominante Tratamento silábico das vozes –Texto em latim –Raros momentos canônicos Utilização da técnica do Tactus –Reminiscência renascentista

O manuscrito de Mogi