CRISÂNTEMOS Raquel Naveira Inês Vieira Automático
Os crisântemos são flores de um amarelo tão vivo, Tão forte, Que acendem a casa Como lâmpadas de ouro
Van Gogh aprisionou crisântemos em suas telas, Deu-lhes contornos de tempestade, De ondas, Tentáculos e pistilos; A tinta amarela escorreu pela sua boca Como gema de ovo.
Os crisântemos não têm perfume Mas se tivessem Seria o perfume do mel enterrado nas tumbas, Dos gomos de uma fruta viscosa, Dos solos que desprendem pequeninas chamas de fogo.
Os crisântemos parecem de veludo, Repolhudos feixes de pétalas, De escamas, De unhas mortas; Se os desfolhamos Cai uma chuva amarela, Pasto para algum animal de chifres E olhos doces.
Que leva aos Campos Elísios. Crisântemos no caixão Dão um ar de glória, Iluminam o caminho Que leva aos Campos Elísios.
Crisântemos tiram os sentidos, Choque amarelo.
Música: Ernesto Cortazar – Imagens: Internet Música: Ernesto Cortazar – Eternal Love Affair inesdedes@gmail.com