Carta de amor Fred Jorge
O vento frio de junho vem soprando O vento frio de junho vem soprando... vem agitando os braços despidos das roseiras. Vem sacudindo as palmas esquálidas... e contorcendo os ramos crestados das árvores... O céu é de um azul pálido maravilhoso. Estrelas brilham timidamente, como se estivessem transidas de frio... E a terra, imitando o céu, enfeita-se com pontos luminosos. Meu inesquecível amor!
São fogueiras das festas tradicionais. São fogueiras juninas São fogueiras das festas tradicionais. São fogueiras juninas... O negror do céu é cortado por rojões que espocam festivamente... Extáticos no céu, os balões vão seguindo, como que tocados delicadamente pelas mãos geladas do vento... São sonhos feitos de papel colorido... São ilusões cheias de fumaça, alimentadas pela fragilidade de uma chama fugaz...
Depois, caem transformados em cinzas Depois, caem transformados em cinzas... Meus sonhos também são balões destruídos pelo fogo... Caem sobre a terra em forma de cinza... Caminho procurando o calor de uma fogueira, muito embora saiba que nada pode aquecer a minha alma. Caminho buscando um pouco de conforto... um pouco de ilusão. Alguém canta um velho samba:
“Nosso amor, que não esqueço, e que teve seu começo, numa festa de São João...” Sim ... querida. Morre hoje o nosso amor... Morre sem retrato e sem bilhete... porque nada mais nos resta senão a separação. Nada mais nos resta senão a tristeza infinita do adeus... Você decidiu partir... Outro céu, outra paisagem, e talvez outro amor, levaram você de mim...
E vi meu sonho, que tinha subido ao céu, como um balão colorido, tombar desfeito em cinzas.... Cinzas frias de um amor perdido... para sempre... meu amor.