O carteiro nosso de cada dia

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Transcrição da apresentação:

O carteiro nosso de cada dia By Verinh@

A manhã estava clara e, enquanto eu andava pelas ruas para entregar as correspondências, sentia o sol salpicando luz por entre as folhas das grandes árvores que sombreavam o asfalto limpo e calmo. Não havia praticamente ninguém andando na rua. Também, ainda era muito cedo. Ouvia-se, entretanto, o canto de sabiás e outros pássaros canoros que nesta época do ano manifestam através de seus maviosos trinados, o poder dos instintos naturais de reprodução, estimulando o acasalamento.

- Bom dia doutor... tenho um telegrama... pode assinar aqui? -Tudo bem... ah! meu Deus, meu pai. Quase nem precisava ter dito nada. Vi logo que alguma coisa de grave havia acontecido. Os olhos claros do doutor foram rapidamente se enchendo d’água e ficando avermelhados. O rosto dele foi ficando pálido e eu senti que ele poderia cair. Segurei-o pelo braço e disse a ele: -Vamos doutor, vamos sentar um pouco lá dentro.

Saí dali para continuar entregando as correspondências, aborrecido como se houvesse acontecido alguma coisa de ruim comigo. Era uma estranha sensação, como se o mundo houvesse mudado. A rua entretanto era a mesma, as árvores continuavam balançando suas brilhantes folhas ensolaradas, os pássaros continuavam cantando.

Eu é que estava meio diferente, parecendo que as lágrimas do doutor haviam entrado em minha alma, respingando fundo uma enorme tristeza. De repente “acordei” com o latido de uma cão de guarda preto, batendo numa grade e me fazendo retornar à trilha da rotina diária da minha vida de carteiro.

- Bom dia, como vai a senhora? Melhorou do reumatismo? - É... - Bem, hoje não tenho nada para a senhora. Sempre trago uma ou outra correspondência para ela e sempre ouço a mesma coisa: - Sabe Pedro (este é o meu nome), desde que meu filho se casou não tive mais descanso. Não durmo direito e quando consigo, sempre sonho que ele está alegre, voltando para morar comigo de novo.

Paro em frente a uma casinha pequena de madeira e lá está ela, a dona da casa, como sempre pendurando roupa no varal, e de lá me olhando só balança a cabeça. Eu então faço um sinal que não tem carta, e ela continua com os grampos de madeira entre os dentes e se esticando toda para alcançar o fio.

dos dentes, o tempo e a miséria já corroeram. Dá para notar que ela deve ter sido uma moça muito linda, pois quando fica na ponta dos pés vê-se as pernas bem torneadas com uma covinha atrás de cada joelho. Apesar de ser somente quarentona, seu rosto já está “coalhado” de rugas e por trás da boca, ainda carnuda, com traços de amargura dá para ver que a maior parte dos dentes, o tempo e a miséria já corroeram.

A essas alturas já passei pela maioria das casas do trajeto da minha área de trabalho. Entreguei muitas cartas, folhetos, cartões, impressos de bancos etc. Vi crianças ricas e coradas, brincando com carrinhos de controle remoto. Outras correndo atrás de lindos cães “poodle’s”, ou jogando basquete em pequenas cestinhas montadas em tablados com mini-canchas rodeadas de verdes e bem tratados gramados.

Parei muitas vezes no caminho, sentindo o cheiro de cloro de lindas piscinas cheias de crianças brincando na água e alguns adultos tranqüilamente sentados à sua borda tomando refresco. Há poucas quadras destas mansões, ainda no meu trajeto de trabalho, contemplo um bucólico quadro, o qual mostrando cenas de casas, que além de pequenas e velhas, não possuem nem caixa para correspondência, transmitem-nos uma imagem simples e triste.

Fico então pensando: por que será que há tanta diferença entre as pessoas? Uns tão pobres e outros tão ricos? Vejo isto todos dias e até agora ainda não me acostumei com crianças praticamente na miséria, de pés no chão, roupas sujas e furadas, mal cheirosas, brincando com carrinho de carretel ou esmolando nas ruas, ...

... enquanto outras, bem tratadas e alimentadas, com tênis Nike, roupinha de marinheiro, lábios corados e com cheiro de fortuna, brincam com os brinquedos mais modernos e perfeitos que a tecnologia moderna pode oferecer.

Antes de ir para minha casa, paro em uma derradeira esquina de meu trajeto e, já cansado, sento num banquinho de madeira no canto de uma pequena pracinha, dessas que têm alguns tubos e brinquedos para crianças. Logo em seguida, senta comigo uma pessoa que de início quase não chamou a minha atenção.

Entretanto, quando ela falou comigo, senti que estava junto de quem daria tudo para receber alguma coisa de alguém, mesmo que fosse uma simples correspondência. Era o retrato de uma pessoa muito sofrida. Pés rachados, mãos avermelhadas e um pouco inchadas. Olhos claros acinzentados profundamente tristes, que combinando com o grisalho dos cabelos dele, pareciam chamar a atenção para as rugas que o tempo imprimiu em seu velho e cansado rosto.

Abri então a minha mochila de trabalho e rebuscando, encontrei em um dos cantos um pequeno envelope colorido, meio rasgado. Estava vazio e não tinha nenhum endereço, parecendo entretanto ser a única de todas as minhas correspondências que estava com o endereço certo. Tirei da minha carteira uma nota de 5 reais, que é o que eu tinha no momento.

- Puxa seu carteiro, que notícia maravilhosa o senhor Coloquei no envelope e disse ao homem: ei amigo, veja a correspondência que chegou para o senhor. Ele arregalou os olhos, levantou a mão tremula, pegou o envelope e ao abri-lo, o seu rosto resplandeceu. Olhou-me com o olhar de alguém que encontrou o pai depois de longos anos de espera e com a voz embargada e rouca balbuciou: - Puxa seu carteiro, que notícia maravilhosa o senhor está me dando.

Texto: Sady Ricardo dos Santos Música: Nightingale - Ernesto Cortazar Formatação: Vera Lúcia de Siqueira verinhaescorpios@gmail.com