Ariovaldo Andrade Jardim e não creio que eu esteja sendo pessimista. AGORA Ariovaldo Andrade Jardim Muito se fala da importância de viver no presente, de viver focado somente no hoje pois não há garantias do amanhã para ninguém ... e não creio que eu esteja sendo pessimista.

Até a Bíblia fala que basta a cada dia o seu jugo, mas eu tenho pensado que o mais correto é o "agora". Talvez, para quem já está de cabelos bem branquinhos e uma idade cronológica ligeiramente avançada, não seria sinal de pressa nem de ansiedade pensar no "agora" porque, cada dia que termina, foi feito de "agoras" que conseguimos transpor e isso merece comemoração e até uma prece de gratidão na hora de dormir.

Como a memória anda me traindo, dei para escrever bilhetinhos sobre como será o meu dia e, a cada pequenina tarefa executada, eu vou na listinha e risco com satisfação, como se aquilo fosse um grande feito. E ao riscar, eu já aproveito para ler a próxima tarefinha e procuro executá-la, senão me esqueço e me confundo no meu roteiro de senis "agoras".

Alguns dias têm bilhetinhos com tarefas amenas e até agradáveis. Outros, decididamente são monótonos e os "agoras" são uma sucessão de chatices... como aqueles em que os "agoras" são passados em estranhas máquinas que nos colocam num forno esquisito para ver como a gente anda por dentro. Ora... como esse "agora" me parece longo!

coisa que espero nunca ficar, se o bom Deus me der essa graça. De qualquer forma estou feliz que ainda posso listar as minhas tarefinhas e cumpri-las. Sinal de que eu ainda estou no comando da minha vida e não estou sob o comando de ninguém, coisa que espero nunca ficar, se o bom Deus me der essa graça. Mas se assim não for, que haja humildade da minha parte em aceitar a guiança e que haja bondade no coração de quem tiver que me guiar.

Esse é um tempo invariavelmente carregado de lembranças do passado, Esse é um tempo em que a única coisa que eu não preciso marcar na listinha é a hora de meditar, pois até mesmo no cumprimento das pequenas tarefas, percebo que estou meditando. Esse é um tempo invariavelmente carregado de lembranças do passado, de inevitáveis balanços e questionamentos do que julgamos ter feito certo ou errado.

Mas o que fazer se o discernimento mais depurado só chega na velhice? Quanto ao amanhã, sequer cogito. Basta-me o "agora" e olha que já é muito!

os quais, somados, compuseram os 77 anos de minha existência. Mas se houver amanhã, haverá uma nova listinha que pretendo cumprir à risca, ainda que meio devagar... e como sempre, ao me deitar, darei graças ao Senhor Deus por permitir-me tantos e tantos "agoras" os quais, somados, compuseram os 77 anos de minha existência. Descalvado - SP - 26.10.2011 ariovaldo.jardim@terra.com.br Música : Arthur Moreira Lima - Valsinha Formatação: maricarusocunha@ranos.com.br www.pranos.com.br