Luiz Grignion de Montfort projetava ir, em missão, para uma série de pregações, à Ilha de Yeu, situada a 17 km de La Rochelle. Era a época da Guerra de Sucessão Espanhola. Piratas ingleses sulcavam as águas do litoral, o que tornava a costa muito perigosa.
Por causa da insegurança que pairava na região, os companheiros do missionário imploraram-lhe que renunciasse à viagem. Porém, em vão! Ele não descansou enquanto não convenceu alguns corajosos "lobos do mar" a ficarem à sua disposição, eles e seu barco...
O bote ganhou os mares, sem incidentes. Porém, três horas após a partida, dois veleiros piratas surgiram no horizonte, precipitando-se sobre os missionários. A tripulação gritava, apavorada. Os marinheiros, desesperados, vociferavam: "Estamos perdidos!"
Os companheiros de Luiz Grignion desfaziam-se em lágrimas. O sacerdote, guardando o bom humor, pôs-se a entoar cânticos de louvor a Maria, logo estimulando os outros passageiros a imitá-lo. Esses, porém, permaneceram mudos como peixes do mar.
Já que vocês não querem cantar, rezem o terço comigo - disse-lhes Luiz Grignion de Montfort. Então, todos se puseram de joelhos e com voz de criança, chorando, recitaram as Ave-Marias que planavam por sobre as águas e adentravam o céu.
Terminado o terço, o missionário tomou a palavra: - Não tenham medo! Nossa Mãe, a Santíssima Virgem, atendeu as nossas preces. Estamos fora de perigo!
Fora de perigo? - brame a tripulação. O senhor não está vendo que nós já estamos na mira de suas armas? - Tenham confiança! - insiste Luiz Grignion de Montfort. No mesmo instante surgiu uma violenta rajada de vento.
Os veleiros inimigos deram meia-volta e, sacudidos como uma concha de noz, perdida nas águas, desapareceram no horizonte. A tripulação da chalupa é salva e aporta na ilha, cantando o "Magnificat". (Lc 1, 46-55)
Quando os pobres pescadores ficaram sabendo do milagre, se abriram inteiramente - olhos e ouvidos - para as pregações do missionário. Todos se confessaram, menos o governador. Eles se tornaram cristãos fervorosos e permaneceram fiéis à oração do terço.