Crisanto Rudzö Tzemerey’wá, (Xavante)

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Transcrição da apresentação:

Crisanto Rudzö Tzemerey’wá, (Xavante) Acordo e planejamento do uso de recursos naturais do povo Xavante, Mato Grosso, Brasil Crisanto Rudzö Tzemerey’wá, (Xavante)

O Povo Xavante Nós Xavante, nos autodenominamos A’uwe uptabi (Povo Autentico) Estamos localizados no Vale do Araguaia, leste do Estado de Mato Grosso, Centro Oeste do Brasil Atualmente somos cerca de (12) doze mil pessoas, distribuídos em (09) nove terras indígenas Xavante, todas demarcadas e homologadas Ambientes ecológicos predominantes: cerrado e mata de transição

Uso dos recursos naturais Nos tempos imemoriais do povo Xavante, já existiam acordos e planejamento de uso dos recursos naturais (animais e plantas). Apresentaremos o processo interno e tradicional Xavante de planejamento, destacando a definição de regras da caçada por queimada, com base na nossa região Xavante da TI Parabuburi (Couto Magalhães). Este tipo de caçada era mais praticado antigamente do que hoje.

Planejamento Reuniões no centro da aldeia com outras aldeias, conduzidas pelos anciões, sendo consultados os melhores caçadores que sabem onde estão se concentrado os animais Definição da área a ser explorada de forma a atender a melhor distribuição de caça entre comunidades, aldeias e famílias participantes da caçada: todos vão receber uma parte. Definição da área que deve ser mantida intacta para a próxima atividade de caça e quais áreas para outros períodos Escolha de período e local da caçada

A caçada Na aldeia, as mulheres se preparam para assar o produto da caçada Os homens, geralmente adultos, realizam diretamente a caçada. Diferentes faixas etárias são envolvidas em função da distância da caçada da aldeia

Manejo do fogo Existe uma equipe responsável pela queimada, outra por seu controle, geralmente os mais jovens, evitando alastramento do fogo para outras áreas, como roças, a sede da aldeia, etc. O alastramento de fogo para outra área que não aquela planejada é considerado um fato grave, porque muda o planejamento das caçadas futuras, além de poder atingir roças, etc. Caso aconteça: o povo se reúne de novo para mudar os acordos e o planejamento, assim evitando atrito entre comunidades e aldeias Xavante

Mudanças Antigamente se utilizava arco e flecha, borduna e takapes; hoje se utilizam a espingarda e o facão Hoje os limites das áreas demarcadas restringem a atividade, que não pode se estender às fazendas vizinhas, a não ser que isso seja negociado com os fazendeiros.

A presença de limites e fazendas no entorno das Tis também muda a distribuição, a abundância e os ciclos da fauna na TI. É mais difícil “planejar aleatoriamente”, segundo os ciclos da natureza, como os Xavantes faziam antigamente (manejo tradicional indígena) Hoje somos levados a aprender a “planejar racionalmente”, do jeito do branco (manejo racional)

Conclusão “Waradzu tete re romhuri dzara ro uptsãtsãna, te romna tsapridzara. Wanori hã wate re romhuri dzara tsiwaru, ropoto nhidzutsi na” (Pronhopa Örebewe / Xavante) “O branco trabalha de forma planejada e artificializa. Nós trabalhamos de forma aleatória, imitando a natureza”