A urdidura da teia J.J.Poeta

A aranha tece sua Teia. Pacienciosamente. É um trabalho de mestre  A aranha tece sua Teia. Pacienciosamente. É um trabalho de mestre. Igualmente é uma obra de arte. Obra-Prima. A Vida – da mesma forma - tece a Teia da Existência. Da mesma forma, um magistral trabalho. Paciencioso e demorado. Obra-Prima de inestimável valor. Uma Teia singular. E o homem deve aprender com cada fio, cada reta, cada encruzilhada. O homem: o aprendiz. A Teia: a Grande-Mestra ao longo da Jornada...  

O Destino - por seu turno - diuturnamente também tece a Teia dos Acontecimentos ou dos Fatos da Vida. O Destino é o Grão-Mestre enigmático e sereno que nos impele para o vasto campo do Aprendizado. Nos convida a participar - quando é possível reformular algum ponto da Caminhada. Nos impõe enfrentar obstáculos colossais quando tal se faz necessário, para nosso próprio crescimento. Assim, traz numa mão a aveludada e fragrante Flor-do-Sorriso quando podemos desviar certos percalços. Quando tal não é possível, porém, sua outra mão nos oferece a Espada-de-Honra com a qual devemos esgrimir contra os Moinhos-de-Vento-da-Existência. Tudo está interligado. E essa verdade aprendi em Épocas mui remotas. Tão distantes quanto é antiga minha Alma! E a aprendi com o ensinamento da Mestra-Aranha quando tecia o bordado emaranhado e único de sua Teia...

Já ultrapassei meio século na minha atual Caminhada. Tanto tempo Já ultrapassei meio século na minha atual Caminhada. Tanto tempo! Ao mesmo tempo, um tempo ínfimo e fugaz... Aprendi tantas coisas sobre o homem, a Vida, as mazelas da Existência... Paradoxalmente, sinto que ainda é tão pouco ao olhar o Céu, à noite, e contemplar a imensidão feita de Liberdade e Infinito. Mando um beijo para a Lua. Flerto com as Estrelas (e sei que uma delas é a minha...). Acaricio as Nuvens - que desenham místicas figuras. E viajo na colorida maciez das Galáxias - que me transportam para Mundos de Paz e Encantamento... Então, EU SOU! EU SOU aquele Lobo Solitário que anda à cata de sua mata mágica. EU SOU aquele Cigano Andarilho sempre em busca de novos e desafiadores caminhos. EU SOU aquele Medieval Cavaleiro que ainda cavalga pelos vales verdes da Esperança. EU SOU o Passado, o Presente e o Futuro. Porque ELE É - em mim! Eis que - nessa Caminhada-em-Beleza - EU SOU NELE

Nesses momentos únicos, em que olho para o Passado e identifico antigas roupagens, humilde, mas, realisticamente, observo o homem e sua tortuosa Caminhada sobre o Planeta. Vejo-lhe o porte que deveria ser sempre altivo - mas que é arrogante. Indago-lhe o coração que deveria ser fraterno, amoroso, mas que é morada de ódio. Sondo-lhe a Alma que deveria ser alva e compassiva - mas que é trevosa e empedernida. Perscruto-lhe o Espírito que deveria ser luminoso e sábio - mas que é baço e egoístico.

Todavia, continuo, neste momento de (re)encontro comigo mesmo Todavia, continuo, neste momento de (re)encontro comigo mesmo. E isto é tão gostoso! Por quê? Porque também aprendi - ao longo de tantas Jornadas! - que, antes de reencontrar com o outro - que é espetacular! - temos que nos reencontrar conosco mesmos. Basta lembrar esta Lição do Mestre: ”Ama ao outro como a ti mesmo.” Quer dizer: antes, devemos aprender a Lição do Amor com o Auto-Amor - cada um amando-se a si mesmo. Assimilada a Lição, amamos ao outro. E então saberemos se efetivamente amamos ou... fingimos

Ao fechar este texto - tecido, amorosamente, com fios de seda do coração - confundo minh’Alma à Alma carinhosa da Mãe-Natureza, abraço alegre e agradecidamente meus irmãos-animais e rendo um culto de louvor ao Sol! Agradeço à Águia que me dá indescritíveis Lições de Liberdade ao Espírito - e peço-lhe que seus olhos sejam os meus olhos sobre a Teia Singular de minha Vida. Agradeço ao Lobo que me ornamenta em Beleza o Coração por entre matas e túneis - e peço-lhe que seu uivar seja o uivar do meu peito sobre a Teia Velada do meu Destino. Agradeço à Coruja que me orienta a Alma nas noites brumosas de Solidão, emprestando-me circunspecta Sabedoria - e peço-lhe que seu chirriar seja o chirriar da minha Intuição sobre a Teia Enigmática da minha Caminhada.

Agradeço ao Urso que me renova as Forças e me ensina a meditar quando o Sol se põe no Ocidente – e peço-lhe que seu poder me faça forte ante as armadilhas da Teia Misteriosa de meu Aprendizado! Agradeço aos Elementais da Natureza que, diariamente, me dão novas e Sábias Lições sobre a Criação – e lhes peço que me sorriam sempre e sempre sejam meus Encantados Amigos. Agradeço aos Anjos que me perfumam o Espírito e me adoçam o Coração – e peço-lhes que suas Asas sejam o Vôo de meu Eu, planando sobre a Teia de meus Etéreos Sonhos!

Agradeço ao Pai – Grande-Mistério - Fonte geradora de todos nós e de todos os mundos, que nos fez à Sua Imagem e Semelhança - para Sua Alegria, Seu Poder e Sua Eterna Glória - e nada Lhe peço - eis que Ele, diuturnamente, me nutre as necessidades, me alivia o Fardo, me ilumina a Teia e as Dores me consola! AMÉM! Porto Alegre/Outono/2000. jjotapoeta@yahoo.com.br – jjotapoesia@gmail.com http://transmutacoes.zip.net - www.cappaz.com.br

CRÉDITOS A urdidura da teia J.J.Poeta PPS by Lu@zul

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