Essa é a Mel. Faz sete anos que eu a ganhei. Mestiço de Labrador, doce, companheira. Onde quer que eu fosse, lá estava ela ao meu lado.

Ela já estava com cinco anos quando veio o Hasan, um filhote abandonado pelas ruas e que ela recebeu como se fosse seu, com todo amor e carinho.

Ah Mel! Cheia de pose e de dengo. A rainha do pedaço.

Cinco meses depois, Hasan se casaria com a Mel e desse enlace matrimonial...

Nasceram dez filhotes. Infelizmente, quatro faleceram, restando seis vivos.

Dos quais, fiquei com dois. A Pretinha e a Nina.

Por ironia do destino, apareceu um tumor na pata esquerda dela. O mesmo foi retirado mas voltou de forma violenta.

Ela teve sua pata amputada. Para surpresa de todos inclusive da veterinária, ao chegar em casa, corria e brincava como se nada acontecera...

Ela teve sua pata amputada. Para surpresa de todos inclusive da veterinária, ao chegar em casa, corria e brincava como se nada acontecera.

Porém, agora foi detectada filaria e ela começa a se entregar.

Já não come e há quatro dias que ela se deitou na sala e não levanta mais, não faz xixi nem cocô.

Também não me deixa levantá-la pois deve sentir dor além da falta de ar.

Com falta de ar e cansaço extremo pela doença, apenas fica me procurando com seu olhar, fica me fitando o tempo todo.

Ontem a veterinária veio e me desiludiu. - Vamos fazer uma eutanásia. - Mas de jeito nenhum doutora.

A veterinária foi embora e eu me sentei ao lado dela. Fiz um carinho e ela deitou sua cabeça no meu colo. Ficamos assim por meia hora.

Coloquei uma vasilha com carne moída e ela nem biliscou. Então eu fui deitar.

São 03:00 horas da manhã e eu ouço latidos. - Meu Deus! Será a Mel???

Desci as escadas e a encontrei sentada, língua para fora, como que sorrindo para mim. Sonolento perguntei:

O que você quer Mel??? Esta com fome??? E ela balançava o rabo para mim com ar de felicidade.

Reparei que ela não tocara na carne moída, mas mesmo assim coloquei mais um pouco para ela.

Dei um beijo na sua testa e fui deitar.

04:00 horas da manhã e acordo ouvindo três latidos.

Pensei: “Amanhã eu vou pegar a mel, levar para a loja e ficar o dia todo ao lado dela pra ver se ela se anima.”

Hoje ao acordar, ela se havia ido. Ela latiu para me ver pela ultima vez, mas minha vã ignorância não me permitiu captar seu pedido: “Fica aqui comigo!”

Ainda tenho muito que aprender com eles. Vai com Deus minha princesa.

Um dia nos encontraremos nos verdes campos deste vasto universo para voltarmos a brincar e correr.

Pois sei que por toda a minha vida, jamais te esquecerei. Gomes