UMA LÍNGUA, MUITOS TEXTOS: VARIEDADES LINGUÍSTICAS

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Transcrição da apresentação:

UMA LÍNGUA, MUITOS TEXTOS: VARIEDADES LINGUÍSTICAS

5. ESTUDAR LÍNGUA PORTUGUESA PARA QUÊ? Estudar língua portuguesa é importante para nos tornarmos aptos a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desse estudo, amplia-se o exercício de nossa sociabilidade e, conseqüentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida.

Utilização da língua. Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo, assim, a fala. Maneira individual de utilização da língua, que não obedece a padrões rígidos; é mais natural e apresenta variações.

Em um único sistema linguístico, podemos encontrar variações no modo como ele é utilizado pelos falantes. É isso que caracteriza as variações linguísticas, a diversidade no uso da língua.

O uso da língua é uma das formas de expressão que as pessoas utilizam para estabelecer a comunicação com o outro: informar, entreter, convencer, divulgar, descrever, etc. O conhecimento acerca das variedades linguísticas sociais, regionais, históricas, de registro, em outras, torna-se necessário para que a língua seja usada nas mais diversas situações comunicativas, com eficiência.

Isso significa que a variação linguística é fruto da riqueza da língua e da multiplicidade de uso e situações comunicativas construídas pelos falantes, distanciando, assim, da noção de preconceito relacionada a determinadas variantes. VARIAÇÃO, RIQUEZA!

FATORES QUE PODEM CAUSAR VARIAÇÃO NO USO DA LÍNGUA Faixa etária; Região geográfica; Gênero; Situação socioeconômica; Grau de escolarização; Mercado de trabalho; Rede social; Estilo; Tempo.

Vamos ler e analisar alguns textos:

Cheguei na bêra do porto onde as onda se espaia as garça dá meia volta TEXTO 1: Cuitelinho Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó Cheguei na bêra do porto onde as onda se espaia as garça dá meia volta e senta na bêra da praia e o cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia, ai, ai.   Ai quando eu vim de minha terra despedi da parentaia eu entrei no Mato Grosso dei em terras paraguaia lá tinha revolução enfrentei fortes bataia, ai, ai. A tua saudade corta como aço de navaia o coração fica aflito bate uma, a outra faia e os óio se enche d'água que até a vista se atrapaia, ai, ai. Temos aqui um bom exemplo de variação linguística que pode ser relacionada ao nível socioeconômico e ao grau de escolarização do falante. Observe os grifos feitos no texto.

TEXTO 2: Temos aqui um bom exemplo de variação linguística regional, com foco no modo como o mineiro fala.

Expressões relativas ao norte brasileiro:

TEXTO 3: Beija Eu “Molha eu, seca eu, deixa que eu seja o céu Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Arto Lindsay “Molha eu, seca eu, deixa que eu seja o céu e receba o que seja seu. Anoiteça e amanheça eu. Beija eu, Beija eu, beija eu, me beija.” Temos aqui um bom exemplo de variação linguística relacionada a um estilo, à intenção comunicativa. Na letra dessa música, há a inversão no uso do pronome “eu”. Observe os grifos feitos no texto.

Observe os grifos feitos no texto. Aqui, temos claramente a variação linguística etária, ou seja, relacionada à faixa de idade do falante. Pelas pistas linguísticas, podemos perceber que se trata de uma declaração de um adolescente. Observe os grifos feitos no texto. Cara, tipo assim, ser a festinha rolá vai ser um lance muito irado! http://forum.jogos.uol.com.br/. Acesso: 19/09/10

A gíria é uma das variedades que uma língua pode apresentar.   A gíria é uma das variedades que uma língua pode apresentar. Quase sempre é criada por um grupo social, como o dos fãs de rap, de funk, de heavy metal, o dos surfistas, dos skatistas, dos grafiteiros, etc. Existe também a nova linguagem virtual o famoso internetês. Exemplos:

Exemplos de algumas gírias do funk: Abalar: Causar boa impressão. Alemão: Pessoa de caráter duvidoso. Falso, duvidoso, velhaco. Bucha: Pessoa inconveniente, importuna, safado. Cap (quép): Boné Sangue Bom: Pessoa de qualidade, boa índole.Zoar: Agitar, fazer agito. Bonde: Fileira. Grupo de amigos da mesma comunidade. Caozeiro: Quem mente demais. Chapa Quente: Lugar que o clima é agitado. Morô?: Entendeu? Pancadão: Batida grave do miami bass. Passar o rodo: Atacar. Rolé: Passear, Andar sem compromisso. Style: Estar muito bem arrumado. Tchutchuca: Garota bonita. Tigrão: Homem de aparência grotesca que consegue namorar mulheres bonitas. Uva: Bom. O baile tá uma uva: O baile tá bom. X9: Informante.

TEXTO 5: Trecho de uma carta de amor do poeta Olavo Bilac, dirigida a uma senhora: “Excelentíssima Senhora. Creio que esta carta não poderá absolutamente surpreendê-la. Deve ser esperada, porque V. Excia. compreendeu com certeza que, depois de tanta súplica desprezada sem piedade, eu não podia continuar a sofrer o seu desprezo. Dizem que V. Excia. me ama. Dizem, porque da boca de V. Excia. nunca me foi dado ouvir essa declaração. Como, porém, se compreende que, amando-me V. Excia. nunca tivesse para mim a menor palavra afetuosa, o mais insignificante carinho, o mais simples olhar comovido? Inúmeras vezes lhe pedi humildemente uma palavra de consolo. Nunca a obtive, porque V. Excia. ou ficava calada ou me respondia com uma ironia cruel. Não posso compreendê-la: perdi toda a esperança de ser amado. Separemo-nos. [...]” Este texto, de Olavo Bilac, faz referência há um português formal, referente a uma época passada, a um outro contexto sócio-histórico, variação histórica. Veja que a “namorada” é tratada por “Excelentíssima senhora”. Observe os grifos feitos no texto.

Antigamente “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."                                                                 Carlos Drummond de Andrade Em comparação à modernidade, percebemos um vocabulário antiquado.

adequar a forma e o vocabulário em cada situação. Variação situacional  É a capacidade que tem um mesmo indivíduo de empregar as diferentes formas da língua em situações comunicativas diversas, adequar a forma e o vocabulário em cada situação. No trabalho, na escola, com os amigos, com a família, em solenidades, no mundo virtual, etc.

TEXTO 6: “A Amazônia é considerada a maior floresta tropical do mundo. Ela tem um imenso e diversificado estoque de biodiversidades, com variadas espécies de vegetais e animais e uma reserva gigantesca de minérios, além de suportar 15% de água doce não congelada do planeta e 80% do recurso disponível em território brasileiro. Por isso, é considerada como umas das armas contra o aquecimento global, embora não seja a única. No entanto, o desmatamento de milhões de quilômetros quadrados de floresta pode desregular o regime de chuvas e acentuar o aquecimento global, por causa dos gases emitidos pelas queimadas.”  Philip Fearnside é pesquisador titular do Departamento de Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Falou à Revista Veja, em 2008 (adaptado) http://veja.abril.com.br/. Acesso: 19/09/10. Temos aqui um bom exemplo do português contemporâneo formal escrito. O texto tem boas escolhas lexicais, não tem problemas de concordância e etc. Está de acordo com o que se prevê para o português culto padrão.

Considerações importantes: Todas as variações estão presentes tanto na língua falada quanto na língua escrita. Podemos, inclusive, encontrar (e usar) as variações linguísticas em diferentes contextos de produção escrita. Existe uma variedade de língua padrão, que é a variedade linguística de maior prestígio social. Aprendemos a valorizar a variedade padrão porque socialmente ela representa o poder econômico e simbólico dos grupos sociais que a elegeram como padrão.  É importante compreender as variações linguísticas para melhor usar a língua em diferentes situações. Utilizar a língua como meio de expressão, informação e comunicação requer, também, o domínio dos diferentes contextos de aplicação da língua. O idioma pode ser um instrumento de dominação e descriminação social. Devemos, por isso, respeitar as linguagens utilizadas pelos diferentes grupos sociais. 

Você conseguiu compreender esses textos? Certamente, sim! Todos esses textos estão escritos em bom português do Brasil e por isso nós os compreendemos perfeitamente. As diferenças no uso do português se justificam pelo perfil do falante, pelo contexto, pelo intenção comunicativa.