2ª FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO (1930 – 1945)

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Transcrição da apresentação:

2ª FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO (1930 – 1945)

CONTEXTO HISTÓRICO Crise de 1929: Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque Crise cafeeira Ascensão do Nazifascismo Combate ao Socialismo Revolução de 1930: que levou Getúlio Vargas ao governo Provisório Em 1937, inicia-se a Ditadura militar no Brasil Segunda Guerra mundial (1939-1945) Bomba Atômica é lançada em Hiroshima e Nagazaki

CARACTERÍSTICAS: Na Poesia: Amadurecimento e ruptura com a fase polêmica de suas primeiras manifestações. Mistura do verso livre com formas tradicionais de compor poemas. Mistura da temática cotidiana com temática histórico-social. Houve o aprimoramento da linguagem poética modernista já estruturada Temática da inquietação filosófica e religiosa

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 1ª fase (gauche) – pessimismo, o isolamento, o individualismo e a reflexão existencial. 2ª fase (social) - é marcada pela vontade do poeta de participar e tentar transformar o mundo. 3ª fase (filosófica e nominal) Poesia Filosófica: textos que refletem sobre vários temas de preocupação universal como a vida e a morte. Poesia Nominal: repletas de neologismos e aliterações. A fase final (o tempo das memórias) - as obras são cheias de recordações do poeta. Os temas infância e família são retomados e aprofundados além dos temas universais já discutidos anteriormente.

No meio do caminho (Alguma poesia) No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minha retina tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra. Os ombros suportam o mundo (Sentimento do mundo) Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem a porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És toda a certeza, já não sabe sofrer. E nada esperas de teus amigos.

Amar (Claro enigma) Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar Amar (Claro enigma) Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? Sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar trás a praia o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o cru, um vaso sem flor, Antologia (Boitempo I) Guardo na boca os sabores  da gabiroba e do jambo,  cor e fragrância do mato,  colhidos no pé. Distintos.  Araticum, araçá,  ananás, bacupari,  jatobá... todos reunidos  congresso verde no mato,  e cada qual separado,  cada fruta, cada gosto  no sentimento composto  das frutas todas do mato  que levo na minha boca  tal qual me levasse o mato.

VINÍCIUS DE MORAES Preocupação religiosa, angústia e a vontade de superar as dores deste mundo. Temas simples da vida, explora com sensualidade o amor e a mulher, faz uso de verso livre e a comunicação é mais direta. Uma poesia engajada, preocupada com os problemas enfrentados pela população. O terceiro Vinícius é o compositor, letrista e cantor.

PURIFICAÇÃO [...] A ti, Senhor, gritei que estava puro  E na natureza ouvi a tua voz.  Pássaros cantaram no céu  Eu olhei para o céu e cantei e cantei.  Senti a alegria da vida  Que vivia nas flores pequenas  Senti a beleza da vida  Que morava na luz e morava no céu  E cantei e cantei.  A minha voz subiu até ti, Senhor  E tu me deste a paz.  Eu te peço, Senhor  Guarda meu coração no teu coração  Que ele é puro e simples.  Guarda a minha alma na tua alma  Que ela é bela, Senhor.  Guarda o meu espírito no teu espírito  Porque ele é a minha luz  E porque só a ti ele exalta e ama. SONETO DE DEVOÇÃO Essa mulher que se arremessa, fria E lúbrica aos meus braços, e nos seios Me arrebata e me beija e balbucia Versos, votos de amor e nomes feios. Essa mulher, flor de melancolia Que se ri dos meus pálidos receios A única entre todas a quem dei Os carinhos que nunca a outra daria. Essa mulher que a cada amor proclama A miséria e a grandeza de quem ama E guarda a marca dos meus dentes nela. Essa mulher é um mundo! — uma cadela Talvez... — mas na moldura de uma cama Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

PELA LUZ DOS OLHOS TEUS ROSA DE HIROSHIMA Quando a luz dos olhos meus E a luz dos olhos teus Resolvem se encontrar Ai, que bom que isso é, meu Deus Que frio que me dá O encontro desse olhar Mas se a luz dos olhos teus Resiste aos olhos meus Só pra me provocar Meu amor, juro por Deus Me sinto incendiar Meu amor, juro por Deus Que a luz dos olhos meus Já não pode esperar Quero a luz dos olhos meus Na luz dos olhos teus Sem mais larirurá Pela luz dos olhos teus Eu acho, meu amor E só se pode achar Que a luz dos olhos meus Precisa se casar ROSA DE HIROSHIMA Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas, oh, não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A antirosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa, sem nada

CECÍLIA MEIRELES Seus versos são delicados, intimistas, subjetivos. Linguagem elevada, sempre carregada de musicalidade. Também a exemplo dos simbolistas, as palavras mais sugerem do que descrevem. Impressões sensoriais em seus poemas: imagens visuais e auditivas. Tematiza a passagem do tempo a transitoriedade da vida, a fugacidade dos objetos. CECÍLIA MEIRELES

Romanceiro da Inconfidência [...]  Atrás de portas fechadas,  à luz de velas acesas,  uns sugerem, uns recusam,  uns ouvem, uns aconselham.  Se a derrama for lançada,  há levante, com certeza.  Corre-se por essas ruas?  Corta-se alguma cabeça?  Do cimo de alguma escada,  profere-se alguma arenga?  Que bandeira se desdobra?  Com que figura ou legenda?  Coisas da Maçonaria,  do Paganismo ou da Igreja?  A Santíssima Trindade?  Um gênio a quebrar algemas?  Atrás de portas fechadas,  à luz de velas acesas,  entre sigilo e espionagem,  acontece a Inconfidência.  [...] Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada.

MURILO MENDES Imensa liberdade criadora e lírica, arrisca-se até no surrealismo. Começou pelo humor da poesia modernista: o poema-piada. Passou pelo catolicismo, revelando uma dimensão transcendente. Manteve a plasticidade imagética. Atingiu uma objetividade que beira os fatos históricos, pois fez revisitações poéticas da História do Brasil.

CANÇÃO DO EXÍLIO Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações. A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia.  Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade!  SALMO N.3 Eu te proclamo grande, admirável, Não porque fizeste o sol para presidir o dia E as estrelas para presidirem a noite; Não porque fizeste a terra e tudo que se contém nela, Frutos do campo, flores, cinemas e locomotivas; Não porque fizeste o mar e tudo o que se contém nele, Seus animais, suas plantas, seus submarinos, suas sereias: Eu te proclamo grande e admirável eternamente Porque te fazes minúsculo na eucaristia, Tanto assim que qualquer um, mesmo frágil, te contém. (MENDES, 1994, p.251-252).

JORGE DE LIMA  A primeira fase– estabelece a partir de rígidos princípios parnasianos. A segunda é a fase nordestina por se vincular ao universo regional alagoano. Região do nordeste refletida na paisagem e na figura das personagens. E a terceira é a fase religiosa, já que o autor impregna seus poemas de conteúdos místicos e metafísicos. Vertente social com a temática do nordestino e do negro, poemas afro-brasileiros em que o poeta celebra a cultura negra, seus ritmos, sua religiosidade, seus costumes e até mesmo sua história.

Essa Negra Fulô   Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô. Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô! Essa negra Fulô Essa negrinha Fulô! ficou logo pra mucama pra vigiar a Sinhá, pra engomar pro Sinhô! [...] Ode da Comunhão dos Santos  In principio erat Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum. Eu vejo a tua Igreja desde o princípio, Deus Altíssimo. Amo como cristão e como poeta possuir esta idade remota, e ter presenciado os dias em que Tu pairavas sobre o limo verde das águas ainda mornas pelo fogo dos céus. A minha memória sobrenatural de poeta e de cristão se recorda do grandes dias do princípio, quando eu existia apenas no Teu Verbo que já derramava sobre as águas primevas, a voz imortal que pronunciaste pela boca dos Teus patriarcas, pela boca de Teus profetas, pela voz do Teu Filho Unigênito. Depois, a Tua voz se calou para renascer na minha boca e nos grandes silêncios de Tua solidão que é mais sonora que as trombetas da terra. [...] (LIMA, 1997, p.407-408).