Não se vêm mais os pequenos camarões. Vendidos ao prato, eram mostrados às freguesas, porta a porta.
Dizia-se deles: Quem merca algo, que não digo! Então se baixava a canastra e se deixava a sogra na cabeça. Saltavam os mariolas e as mulheres riam, Pedindo sempre mais uns quantos, que tinham saltado do prato.
Se lavavam e cozinhavam. Tinham um gosto a petisco. Não enchia a barriga, mas a saudade do maior. Esse, só em dia de festa e mesa farta. O pobre se contentava com o gesto.
Vivi tempos de penúria, mas também de gratas recordações. O peixe e o marisco se vendiam frescos, à porta. Agora, se compram congelados, a um preço mediano.
Mas o pequeno camarão que saltava... Esse, só para os pescadores ou para a recordação De quem, como eu, viveu estes dias.
Poema de Do livro Lembranças do meu Passado Imagens: Internet Música: Altamiro Carrilho - Bem te vi Tristonho Formatação: Ângela Santos Todos os direitos reservados