Quando morrer...

Quando a hora chegar estarei preparado? Creio que ninguém está preparado para a morte. Para o desconhecido poucas pessoas estão prontas.

Hoje estou um pouco mais preparado do que outrora, Um pouquinho mais pronto emocional e espiritualmente, com a vida de certa forma bem encaminhada, sem muitas pendências ou problemas a serem resolvidos.

Como será na hora da partida? Vou prestar contas com a minha consciência condicionada? Vou ver o vídeo tape da minha vida? Vou me apegar à vida? Vou ver a luz iluminando o meu caminho?

Como ficarei quando a morte chegar? Ficarei com medo, aflito ou angustiado? Aceitarei sem relutância? Suplicarei por Deus?

Aparentemente não tenho medo enquanto a morte não bate a minha porta. Mas eu sei que a qualquer instante poderá chegar o momento da partida, partida inevitável que ninguém pode impedir.

Quando morrer, sem choros. Toda a separação ou perdas são dolorosas, mas se for para chorar derramem lágrimas de alegria, pois irei novamente conviver com pessoas tão boas como vocês. Vou me juntar aos meus pais, familiares e amigos que já partiram. Se quiserem, podem acender velas para iluminar o meu caminho. Se desejarem, aceitarei flores, mas não àqueles coroas para funerais, mas flores belas para momentos festivos.

Gostaria que aceitassem e compreendessem que não há motivos para tristezas. A separação é temporária, os nossos laços de amor e amizade permanecem, continuaremos sempre conectados. Tenho a certeza de que algum dia voltaremos a nos rever, em algum lugar aonde a dualidade não mais existe.

Quando morrer não quero ser enterrado. Quero ser totalmente cremado. As cinzas espalhadas aos quatro ventos, Para elas se reincorporarem celeremente de onde surgiram. O pó voltando a ser pó.

Espero que a minha alma volte de onde um dia partiu. Desejo que a gota volte a se transformar no oceano. Não gostaria de ficar acorrentado para sempre ao “samsara”, Eternamente sujeitos aos ciclos dos renascimentos.

Não quero voltar a renascer, uma vida basta para viver as venturas e as desventuras desta vida. Mas isso não significa que a vida não vale a pena ser revivida. Vale a pane viver, vale muitíssimo, apesar de haver momentos que parecem demonstrar o contrário.

Eu sei que partirei sem nada, nada levarei deste mundo. Deste mundo maravilhoso, misterioso e enigmático, Mas dramático, egocêntrico e violento que está transformando este magnifico planeta azul em um deserto. Creio que só levarei o que trouxe. Levarei a consciência e o amor.

Não preciso renascer para voltar a procurar. Vagando sem rumo e direção, sem saber o que se procura.

Descobri a deficiência agora eu sei. A vida é uma eterna procura que começa e termina com o amor. Procuro encontrar a mim mesmo, o meu amor próprio.

“O amar começa simplesmente amando a si mesmo”. Quem ama a si mesmo será capaz de amar realmente as pessoas, amar os animais, a natureza, amar todas as coisas. E “quem não amaria uma pessoa que ama a si mesmo?”

Vida e morte não são coisas separadas. Elas estão entrelaçadas. À partir do momento do nosso nascimento começamos a morrer. A vida e a morte estão sempre presentes, todo o tempo células do nosso corpo morrem e outras nascem, é a continua renovação da vida.

Falar da morte não é negativismo. Lembrar dela sempre faz bem à vida. Ela ajuda a nos deixar mais conscientes, mais despertos. Não permitindo de ser iludido todo o tempo pelos pensamentos que esperam o futuro chegar para realmente começar a viver.

Orquestra de Frank Pourcel Moon River LhT