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PublicouRachel Lagos Azenha Alterado mais de 7 anos atrás
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O SER DE DEUS E A TRINDADE Ozeas C. Moura, Th.D. UNASP - 2017
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OBJETIVOS Analisar a revelação bíblica quanto à Pessoa Triúna de Deus, no Antigo e Novo Testamentos; 2. Estudar a sistematização do conhecimento bíblico sobre a Trindade e como os diversos Concílios da Igreja se posicionaram sobre o assunto; 3. Perceber como a doutrina da Trindade é essencial para o monoteísmo bíblico; 4. Fomentar a pesquisa e o desenvolvimento do saber teológico com respeito à Pessoa de Deus. FONTE PRINCIPAL: CANALE, F. L. Tratado de Teologia. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2012, cap. 4 – Doutrina de Deus).
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INTRODUÇÃO 1. Qual é o assunto a ser tratado? É o estudo sobre a Pessoa de Deus como é revelada na Bíblia e na Revelação Geral. 2. Importância: - Conhecer quem é Deus é fundamental para a teologia cristã, pois determina como os teólogos entendem e formulam todo o corpus de crenças cristãs; - Saber quem é o Deus mostrado na Bíblia evita especulações humanas sobre Ele; - Entender que o conhecimento sobre Deus deve provir da própria Escritura Sagrada.
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I. FONTES DO CONHECIMENTO DE DEUS
1. A Bíblia – Revelação Especial - O que sabemos sobre Deus foi por Ele revelado nas Escrituras: Hb 1:1-3: Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras – aos pais (vozes, sonhos), pelos profetas (vozes, sonhos, visões) e pelo Filho (cuja vida, obra e ensinamentos são relatados nas Escrituras, cf. Rm 16:26. As Escrituras relatam também o que Deus disse aos pais e profetas). - Só é possível alcançar verdadeiro conhecimento de Deus a partir da revelação bíblica.
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2. A Natureza – Revelação Geral
- A criação, mesmo depois da entrada do pecado no mundo, constitui-se em uma ferramenta de Deus pela qual Ele se revela aos seres humanos (Sl 19:1-6; 8:1; Rm 1:19-21, 23, 25; Jo 1:9). - A Revelação Geral se constitui nas boas-novas pelas quais Deus consegue alcançar os que não têm acesso às Escrituras. - Se todos os seres humanos têm acesso à Revelação Geral, por que, então, pregar-lhes o Evangelho? - A seguir, 10 razões para se pregar o Evangelho:
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1. Cristo ordenou. “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19). Uma vez que Ele mandou, deve haver razões para isso. Do contrário, não teria mandado. 2. Contribui para nossa própria salvação. “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2:12) é o conselho do apóstolo Paulo. Ao pregar para os outros sobre a vida eterna, nós mesmos não desejaremos ficar fora dela. 3. O Evangelho apresenta um correto conceito sobre Deus, que é, primeiramente, amor. “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1Jo 3:4). O conceito de um Deus que ama suas criaturas a ponto de morrer por elas não está presente nas religiões pagãs. Mesmo entre os cristãos, muitos veem Deus como um ser duro, um juiz severo, pronto a punir pelo menor erro cometido. 4. Com a pregação do Evangelho começa a restauração da imagem de Deus em quem o aceita: “Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5:8). “E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas...” (Cl 1:21). Pela aceitação do Evangelho a imagem de Deus já começa a ser restaurada no ser humano e há uma grande melhora na qualidade de vida de quem o aceita: canibais se tornam seres ternos e amáveis; pessoas sujas, doentes e quase sem nenhuma higiene se tornam limpas e saudáveis; o medo dos deuses e dos espíritos dá lugar à adoração a Deus pelo amor, etc. 5. A pregação do Evangelho prepara o mundo para o fim: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (Mt 28:14). Obviamente, que Deus não ficará nosso refém quanto a vir só quando pregarmos o Evangelho. Se não o fizermos, Ele empregará outros meios e outras pessoas. O fato é que a pregação do Evangelho prepara as pessoas para os eventos finais da história deste mundo.
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6. A pregação do Evangelho é a regra mediante a qual as pessoas conhecem o plano da salvação e podem ser salvas: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:19, 20). Um indígena ou pagão que morre sem conhecer o Evangelho será salvo ou se perderá de acordo com a luz que teve quanto ao certo e errado (Rm 2:14, 15), mas essa é a exceção ao plano normal de Deus quanto à salvação. A exceção só confirma a regra. 7. Ajuda-nos a ser altruístas e a cumprir o mandamento “Amarás o teu próximo, como a ti mesmo” (Mc 12:31). O que desejo para mim (salvação, vida eterna, uma pátria celestial, reencontro com os entes queridos mortos, etc.) devo desejar também para meu semelhante. 8. Faz-nos empáticos e parecidos com Deus, o qual “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2:4). Ao pregar, engajo-me na mesma obra salvífica de Deus. Que privilégio o dos pregadores do Evangelho! 9. Pela pregação do Evangelho o reino de Cristo invade o reino de Satanás, limitando, e mesmo quebrando, o poder desse inimigo sobre os pecadores. “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1:13). 10. A palavra de um pecador convertido tem maior credibilidade para outro pecador do que as palavras de um anjo de Deus, pois anjos não conhecem, por experiência, as lutas, tentações e limitações de um ser humano. São os seres humanos que devem ser “embaixadores de Deus”: “De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2Co 5:20), e “carta de Cristo”: “Estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações” (2Co 3:3). O papel de “embaixador” e “carta” é dado aos seres humanos, e não a anjos, que nunca pecaram.
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II. A REALIDADE DE DEUS A existência de Deus - A Bíblia não tenta provar a existência de Deus, nem fornece provas racionais sobre o assunto. Ela parte do pressuposto de que Deus existe. - E como se percebe a existência de Deus? Essa percepção se dá pela atuação do Espírito Santo em nossa mente. O divino Espírito se vale da Escritura (Revelação Especial), da Natureza (Revelação Geral) e da atuação divina na história humana (cada um de nós já sentiu, em algum momento, a atuação do sobrenatural). - Assim, a convicção da existência de Deus não é produzida por argumentos racionais, mas por um
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relacionamento pessoal com Ele (cf. Mt 16:15-17).
- Em vez de se tentar provar a existência de Deus, deve-se experienciá-lo. 2. Deus como mistério Ao abordarmos o assunto da pessoa de Deus, deve-se reconhecer que estamos pisando em “terra santa”, e devemos reconhecer os limites dos processos cognitivos humanos, pois Deus é “insondável” (Sl 145:3). - Mistério, no sentido bíblico, é algo que só pode ser compreendido mediante revelação. Mas, em se tratando da pessoa de Deus, Ele não pode ser completamente compreendido, mesmo se autorrevelando. Nossa mente finita (e pecaminosa)
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não consegue abarcar toda a realidade divina (Ef 3:19).
- Devemos cuidar para não ultrapassar o limite do que foi revelado (Dt 29:29). Do contrário, cai-se em especulações e heresias.
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III. ATRIBUTOS DIVINOS 1. Eternidade - A Bíblia é clara em afirmar que Deus é eterno (Sl 90:2; Rm 16:26). Essa característica tem que ver com Deus em relação ao tempo. - Eternidade para a filosofia grega é ausência total de tempo. Nesse sentido, Deus seria atemporal. Isto é, alheio ao tempo e desvinculado dele. Essa ideia acabou por influenciar o pensamento de muitos cristãos sobre Deus (Teologia Clássica). - O registro bíblico, porém, mostra que Deus não está alienado do tempo (Gl 4:4). Deus vivencia o tempo, interage no tempo com os seres humanos, mas sem ideia de finitude, pois Ele transcende o tempo.
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2. Imutabilidade - A Bíblia é clara em afirmar que Deus é imutável (Ml 3:6; Tg 1:17). Deus é imutável em Seus atributos, caráter e essência (Sl 102:26, 27; Hb 13:8). Mas a imutabilidade divina não deve ser confundida com impassibilidade. Ele tem emoções (Êx 34:14; Nm 11:33; Dt 4:24), e até se arrepende (Gn 6:6; Êx 32:14 - naḥam = sentir pena, tristeza e pesar). Deus reage quando o ser humano age. E pode mudar Sua decisão, como foi no caso dos ninivitas (Jn 3:4 e 10). A mudança de ideia por parte de Deus é Sua adaptação à mudança de ideia e propósito do ser humano. - A Encarnação provou que Deus é capaz de se relacionar com o ser humano e viver dentro dos
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dos limites do tempo criado e vivenciar acontecimentos históricos.
3. Amor e ira - Deus é um ser relacional, cuja essência é o amor (1Jo 4:8). - A ira pode ser demonstrada por Ele, por causa de Sua justiça e reação contra o pecado (Nm 12:9). - Sem ser contraditório, Deus pode demonstrar, ao mesmo tempo, Seu amor e Sua ira (Êx 34:6, 7).
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3.1. O amor de Deus - Deus não é um ser impassível (como dito pela Teologia Clássica). Sendo que Sua essência é o amor (1Jo 4:8), Ele é um ser que Se relaciona com Suas criaturas (não se pode pensar em amor que não se relaciona). O amor é uma realidade relacional. - O amor é a base da criação. Para expressar Seu amor, Deus criou inumeráveis seres (“No princípio, criou Deus...”, cf. Gn 1;1; “Façamos o homem...”, cf. 1:26). - O amor é a base da redenção. Isso foi demonstrado, de maneira espetacular, no processo da Encarnação, quando Deus implementou Seu plano de salvação (Jo 3:16). Deus, na pessoa do Filho, “se fez carne e
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habitou entre nós” (Jo 1:14).
- A encarnação e a cruz mostram que o amor divino é um ato de abnegação (desapego do interesse próprio) em favor dos seres humanos (Fp 2:4-8; Ef 3:19).
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3.2. A ira de Deus - A Bíblia é clara em afirmar que Deus se ira (Dt 9:7, 19, 20-22). - Mas, o que lhe provoca a ira? É o pecado persistente, que leva o pecador a rejeitar sistematicamente Sua amorosa oferta de salvação (Jo 3:36). - Sendo justo, Deus reage ao pecado (Os 12:14). - A ira divina pode ser evitada através de arrependimento (1Rs 8:46-51), confissão (Dn 9:16-19), restituição (Nm 5:7) e intercessão (Êx 32:9-14). - Ao longo da história, a ira de Deus se manifestou de forma ocasional e parcialmente (Lm 2:1-3), mas no fim da história ela se manifestará de maneira plena e
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e total (Ml 4:1). Mas mesmo essa demonstração final de Sua ira se torna um ato de amor (visto que o pecador não se sentiria feliz no Céu. Na verdade, o Céu seria o inferno para quem não se preparou para viver na companhia de Deus e dos santos, nem gostaria de estar em um lugar de pureza e santidade).
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4. Transcendência - Transcendência é ser independente de tudo, ultrapassar a tudo. Deus é transcendente no sentido de ser independente do Universo e de todas as coisas criadas. Deus e o Universo são distintos (Gn 1:1). Ele é o “Alto, sublime e Santo” (Is 57:15).
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5. Imanência - Imanência é proximidade, é identificação. - Mesmo sendo independente do Universo e das coisas criadas, Deus se relaciona com suas criaturas. Ele habita “com o contrito e abatido de espírito (Is 57:15). - A Encarnação foi o ato por excelência de demonstração da imanência de Deus. Ele, na pessoa do Filho “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14). Ele tornou-se “Emanuel” – Deus conosco (Mt 1:23).
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IV. ATIVIDADES DIVINAS 1. Presciência: Ele sabe, por antecipação, de tudo (Sl 139:16). Deus não realiza o futuro; apenas o prevê. 2. Onisciência: Ele conhece tudo (Sl 139:1-6). Deus abrange tudo em Seu conhecimento. 3. Onipotência: Ele pode tudo (Sl 91:1; Gn 18:14). O que Deus não pode é fazer algo contrário a Seu divino caráter, como mentir, por exemplo (Tt 1:2). 4. Onipresença: Ele pode estar em todo lugar de Seu vasto Universo (Jr 23:23, 24; Sl 139:7-12). O Deus bíblico é capaz de relacionar-se com o espaço de uma forma que é impossível para os seres humanos limitados. Sua presença é real e simultânea em todos os lugares do Universo.
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5. Providência: (do Latim, providere = prover, fazer provisão): Ação pela qual Deus governa o mundo e o Universo (Rm 8:28). Nesse sentido, providência é sinônimo de governo divino. A providência abrange uma multiplicidade de ações divinas, todas relacionadas com o desenvolvimento da história humana e universal. Deus fez provisão (agiu): 1. No contexto da origem e existência do pecado. Ele guerreou contra Satanás e seus anjos e os expulsou do Céu (Ap 12:7-9). 2. No contexto da provisão do plano da salvação, para resolver o problema do pecado. Plano este idealizado “antes da fundação do mundo” (1Pe 1:18-20).
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3. No contexto da implementação do plano da salvação, mediante a encarnação de Cristo (Gn 3:15; Jo 3:16, 17; Gl 4:4, 5). 4. No contexto dos eventos históricos (Dn 2:21). Ele não decreta os eventos da história, mas os dirige para a realização de seus planos. Mas não se deve inferir que tudo o que acontece seja da vontade de Deus. O fato é que Ele executa Seus planos a partir das limitações e complexidade da história humana.
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V. UNICIDADE DE DEUS - Segundo a Bíblia, Deus é único no sentido de ser singular, sem igual, não existindo outro Deus (verdadeiro) além dele (Dt 4:39). Essa unicidade, no entanto, não conflita com a pluralidade de pessoas divinas (Gn 1:1, 2, 26, 19:24; Êx 23:20, 21; Jz 13), todas co-iguais e co-eternas. O assunto da pluralidade divina (Trindade) ficará mais claro no NT, a partir da Encarnação de Cristo (Lc 1:31-35). 1. Evidência do AT: - Dt 6:4: Deus é único [ᵓeḥad] – único (não em pessoa), mas no sentido de singular.
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- Dt 4:39: Só Senhor é Deus; nenhum outro há.
- 2Sm 7:22: Não há outro Deus além dele (cf. 1Cr 17:20). - Is 43:10: Yahweh fala dele mesmo: “Antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá”. Essas declarações nada falam, porém, sobre a natureza interna (se a divindade é uma ou mais pessoas, o papel de cada um etc.) do único Deus absoluto.
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2. Evidência do NT: - Jesus citou Dt 6:4 (em Mc 12:29) em apoio à ideia da unicidade de Deus. - Paulo afirmou categoricamente a unicidade de Deus: “Ora, o mediador [Moisés] não é de um [não defende o interesse de uma parte], mas Deus é um” (Gl 3:20). - Tiago também afirma que Deus é um (Tg 2:19). Como se vê, a ideia veterotestamentária da unicidade de Deus permanece inalterada no NT.
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VI. A Divindade no AT: 1. O plural de plenitude (ações divinas no plural, embrião da pluralidade de pessoas) e a Divindade: - Gn 1:26: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. - Gn 3:22: “Eis que o homem se tornou como um de nós…”. - Gn 11:7: “Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem”. - Is 6:8: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Assim, as ações de Deus no plural permitem perceber uma pluralidade de pessoas. O conceito de Divindade única envolve pluralidadade e complexidade.
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2. O Anjo de Yahweh (Mal’ak Yahweh):
- A expressão “anjo de Yahweh” (mensageiro de Yahweh) pode ser aplicada a um anjo, criatura de Deus (2Sm24:16; 1Rs 19:7). - Às vezes, essa expressão é aplicada a alguém equiparado a Yahweh: Jz 2:1-5(// Êx 6:6; 13:3; Dt 5:15); Gn 16:7-14; 22:9-18; Êx 3:2-15; Jz 6:11-24; Zc 3:1-5). Essa equiparação do Anjo de Yahweh com Yahweh, embora não comprove a pluralidade da essência de Deus, prepara, mesmo que indiretamente, o terreno necessário para se discenir a revelação dual de Yahweh.
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A revelação dual de Yahweh (“o eterno”):
- Em Gn 16, o Anjo de Yahweh é considerado por Hagar, idêntico a Yahweh (v. 13). Mas o mesmo Anjo de Yahweh se refere a Yahweh na 3a pessoa (v. 11). Isso sugere uma diferença possível entre o Anjo de Yahweh e o próprio Yahweh. Em Êxodo 23:20, 21 Yahweh promete enviar um Anjo diante do povo de Israel, o qual tem o poder de perdoar pecados (prerrogativa exclusiva de Deus, cf. Mc 2:7) e nele está o próprio nome de Yahweh. Esse texto de Êxodo 23:20 e 21 permite-nos perceber que Yahweh fala de outro ser, no qual também estaria o nome de Yahweh. - Essa revelação dual de Yahweh também aparece em
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Gn 19:24 e Zc 3:1, 2. Essa revelação dual de Yahweh, mais o título ’Elohim (plural de ’Eloah) indicam, mesmo de maneira incipiente, tanto a unicidade de Deus quanto a pluralidade de pessoas na Divindade. Contudo, a natureza trinitária de Deus só aparecerá de maneira específica no NT (com a Encarnação do Filho, cf. Lc 1:31-35).
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VII. A DIVINDADE NO NT - O NT se apropria e expande as ideias da Unicidade e Pluralidade de pessoas divinas mencionadas no AT. O resultado é a revelação de Deus como Trindade. - A revelação concreta da pessoa eterna de Deus Filho em Jesus Cristo abriu a porta para uma revelação mais específica de ou “Outro”divino. - A revelação específica e o envio da eterna pessoa de Deus Espírito Santo foi necessária para explicar a continuidade histórica da imanência histórica e pessoal de Deus.
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A) Deus, o Pai 1. A paternidade de Deus A Ideia de Deus como pai já aparecia no AT (Dt 32:6; Sl 103:13; Pv 3:12; Is 63:16; 64:8; Jr 3:4; Os 11:1). No entanto, deve-se reconhecer que, no AT, o vocábulo “pai” não é utilizado para indicar uma pessoa da Trindade divina. Tal emprego distintivo é típico da revelação do NT em Cristo: 2. Deus, o Pai, é o Deus de Jesus Cristo: - Ao orar, Jesus se dirigia a Deus como “Meu Pai” (Mt 26:39, 42; Lc 10:22) ou simplesmente “Pai” (Mc 14:36; Lc 10:21; Jo 11:41). - Paulo se referiu a Deus como “Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (Cl 1:3; Ef 1:17).
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- Jesus, o Deus encarnado, usou a palavra “Pai” ao se dirigir a Deus
- Jesus, o Deus encarnado, usou a palavra “Pai” ao se dirigir a Deus. Nesse sentido, a imagem pai-filho revela aspectos pessoais e relacionais da pluralidade divina do Deus único. 3. O envio do Filho - Jesus ensinou que o Pai o enviara ao mundo (Jo 5:36, 37; 6:47), para cumprir uma missão específica no tempo e no espaço: salvar o mundo (1Jo 4:14). - Jesus descreveu-se a Si mesmo como tendo “descido do céu (Jo 6:38). Isso mostra que Deus entra no nosso tempo, em nossa história e Se relaciona conosco (Imanência divina).
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4. A delegação ao Filho e Sua submissão ao Pai
- Deus, o Pai, tudo confiou ao Filho (Jo 3:35), até mesmo o julgamento (Jo 5:22). - Deus, o Filho, por Sua vez Se submete (voluntariamente) a Deus, o Pai, e aprende (experiencia) a obediência (Hb 5:8). - A subordinação (voluntária) de Cristo ao Pai perdurará por toda a eternidade (1Co 15:24-28). -A subordinação de Cristo ao Pai não indica que o Filho é inferior ao Pai. Indica a cooperação que existe entre os membros da Trindade na implementação do plano da redenção. (Lembre-se de que o Espírito Santo também Se submete ao Pai e ao Filho e aceita ser enviado, cf. Jo 14:26).
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5. A participação de Deus, o Pai, na obra da salvação
- Mesmo tendo dado ao Filho toda a autoridade para realizar a redenção, o NT ensina com clareza o envolvimento direto e pessoal de Deus, o Pai, na obra da salvação (Jo 3:16; 1Jo 3:1; 2Co 5:19, 20). 5. Fórmulas Binitarianas (1Co 8:6; 2Co 1:2; Rm 1:7; Ef 5:20: Deus, Pai e o Senhor Jesus Cristo): - A encarnação de Deus em Jesus de Nazaré esclareceu dramaticamente os vislumbres do AT a respeito da natureza plural de um Deus único e eterno. A encarnação mostrou não só a realidade de que Jesus de Nazaré era Deus habitando entre nós, mas também a pluralidade do Deus único e eterno: a realidade de duas pessoas divinas, o Pai e o Filho.
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- Essas fórmulas binitarianas (“Deus Pai e o Senhor Jesus Cristo”) apontam:
para a Encarnação (Deus Pai envia o Filho); (2) para a unidade de ação (ambos estão envolvidos no plano da salvação); (3) para os diferentes papéis salvíficos (Deus Pai envia e o Filho é enviado).
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B) Deus, o Filho Temos poucas alusões no AT a uma pessoa divina chamada “Filho”: - Pv 30:4: “…qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?” - Dn 7:13: “...e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias”. - Sl 2:7, 11, 12 – o que é dito por Yahweh ao rei (o Ungido de Deus, talvez Davi) é citado no NT como se aplicando também a Cristo (cf. At 13:33; Hb 1:5; 5:5). Assim, Davi acaba sendo um tipo de Cristo. - Dn 3:25: “O aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses” [aram. ’Elahim = deus, deuses].
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Passagem controvertida
Passagem controvertida. O aramaico ’Elahim, pode ser traduzido tanto no singular “deus”, quanto no plural “deuses”. A LXX traduz a expressão aramaica lebar ’elahim como ὁμοίωμα άγγέλου θεοû: “semelhante a um anjo de Deus”. 1. Divindade do Filho - Diversos textos do NT se referem a Cristo como Deus: Jo 1:1, 18; 20:28; Hb 1:8, 9; 1Jo 5:20; Tt 2:13; 2Pe 1:1 (note o kai epexegético nas duas últimas citações). - A preexistência de Cristo é claramente declarada no NT: Jo 1:1, 2; 8:58; 17:5; Cl 1:17. - O NT atribui a Cristo características divinas: eternidade (Hb 1: 8, 10-12), vida não derivada (Jo 1:4;
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14:6), poder criador (Jo 1:3; Hb 1:2, 10; Cl 1:16).
- Hb 1:3 fala de Cristo como sendo a expressão exata do ser de Deus. - Paulo descreve Cristo como tendo a “forma de Deus” [μορφῇ θεοû] (Fp 2:6). - A expressão “Eu Sou” (heb. ’ehyeh, cf. Êx 3:14: ’ehyeh ’āšer ’ehyeh; gr. ἐγὼ εἰμί) foi usada por Cristo para chamar a atenção para a Sua divindade (Jo 8:58). - O NT confirma a divindade de Cristo comparando-o ao Yahweh do AT: Is 45:23//Fp 2:10; Sl 102:25-27//Hb 1:10-12; Sl 45:6, 7//Hb 1:8, 9. - Em Cristo, “habita, corporalmente, toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9).
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2. Filialidade Os prólogos do Evangelho de João e da Epístola aos Hebreus mostram que Jesus de Nazaré como a encarnação de Deus. Ambos revelam uma dualidade divina, ou seja, que a divindade inclui pelo menos duas pessoas divinas: o Pai e o Filho: - Jo 1:1-3: mostra duas pessoas divinas: Deus (Pai) e o Verbo (o Filho), mediante o qual todas as coisas foram criadas. (Note também duas pessoas divinas em Jo 1:18). - Hb 1:1-3: Também mostra duas pessoas divinas: Deus Pai (v.1) e Deus Filho (v.2). O verso 3 mostra duas pessoas divinas: a Majestade (o Pai) e Aquele que é a “expressão exata” do ser de Deus (o Filho).
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- Outros textos onde “Filho de Deus”se refere à pessoa divina encarnada como Jesus de Nazaré: Mt 14:33; Mc 3:11; Lc 4:41; 1Co 1:9; Hb 4:14. 3. “Gerado” pelo Pai - A partir do contexto humano, Ário afirmava que Jesus fora gerado pelo Pai. Assim, o Filho não era eterno, pois tivera um começo. Contudo, esse entendimento sobre o Filho não tem base bíblica (como visto nos textos já estudados sobre a divindade dele). - Em se tratando de Cristo, a analogia humana não serve para explicar como é que o Filho foi “gerado”. - Vejamos os versos sobre a “geração”do Filho pelo Pai:
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Os textos que falam da “geração” do Filho devem ser analisados a partir do Salmo 2:6, 7, onde, no dia da entronização, Yahweh “gerava” alguém para a função de rei. Vê-se claramente que não se trata de geração no sentido de ter feito o rei nascer no dia de sua entronização. Isso seria absurdo. O rei era “gerado” para sua função de liderar o povo de Deus. - Hb 1:5, 6: Contexto da Encarnação = Jesus foi “gerado” no sentido de que Se encarnou = para a função de mediador entre Deus e os homens. - At 13:33: Contexto da Ressurreição = a ressurreição confirmou que Jesus é realmente Deus (“Dou minha vida para a reassumir”, cf. Jo 10:17).
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- Hb 5:5, 6: Contexto da glorificação = ao ascender ao céu, após Sua ressurreição, Jesus foi “gerado” para ser nosso sacerdote e sumo sacerdote . E o que dizer sobre os textos que declaram que Jesus é: - “Primogênito” (Cl 1:15; Rm 8:29; Hb 1:6; Ap 1:5)? “Primogênito” é tradução de πρωτότοκος , que pode significar (1) o “primeiro a nascer” (cf. Lc 2:7) ou (2) “o mais preeminente”, “o mais importante” (cf. Êx 4:22; Sl 89:27, na LXX). É com esse sentido que Jesus é chamado de “primogênito”. - “Unigênito”(Jo 1:14, 18; 3:16, 18; 1Jo 4:9). “Unigênito” é tradução de μονογενής, que significa “único de sua espécie”. Jesus, como Deus-homem,
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é “único”: Em todo o Universo não há ninguém igual a Ele (plenamente Deus e plenamente homem).
4. A natureza da subordinação do Filho - Diversos textos mostram a subordinação do Filho ao Pai: Jo 5:19; 8:28; 10:18; 12:49. Em João 14:28, Jesus disse: “O Pai é maior do que eu” (maior = μείζων – maior em quantidade, cf. Mc 12:31 # de κρείττων – maior em qualidade, cf. Hb 7:22). - Mas essa subordinação não deve ser entendida em sentido ontológico (a natureza do ser). A subordinação de Deus Filho a Deus Pai se dá na esfera da execução do plano da salvação. Trata-se de subordinação funcional e totalmente voluntária (Fp 2:6-8).
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- A subordinação funcional e voluntária do Filho continuará por toda a eternidade (1Co 15:24, 28).
Em resumo: a subordinação de Cristo ao Pai não se dá no âmbito ontológico (quanto à natureza divina), mas no âmbito do plano da salvação. Não denota inferioridade do Filho e sim Sua escolha em Se subordinar ao Pai – como deveria ser a subordinação da esposa ao esposo (Ef 5:22) e do esposo à esposa (Ef 5:21; 1Co 11:11).
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C) Deus, o Espírito Santo
- Entender a pessoa de Deus, o Espírito Santo é importante para se entender natureza trinitária do Deus bíblico, além de evitar o politeísmo (um Deus Todo-poderoso e outro menor, criado, e apenas Poderoso). - Embora Deus, o Espírito já apareça em Gn 1:2; 6:3, o conceito explícito de que a pluralidade divina abrange não somente as pessoas do Pai e do Filho, mas também uma terceira pessoa, o Espírito Santo, origina-se em Jesus Cristo, com Sua encarnação (Lc 1:31-35), batismo (Mc 1:9-11) e ressurreição (cf. Jo 10:17, 18; At 5:30; 1Pe 3:18), além de Sua promessa do envio do Espírito Santo, como divino Parákletos
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(Jo 14:16). - No AT, o Espírito Santo é geralmente chamado de “Espírito de Deus” (Gn 1:2), “Espírito do Senhor” (2Sm 23:2), “Meu Espírito” (Gn 6:3), “Seu Espírito Santo” (Is 63:10, 11) – com algum tipo de pronome possessivo em relação a Deus. - No NT, porém, vemos o Espírito Santo ser citado sem pronomes possessivos, como pessoa distinta de Deus Pai e de Deus Filho: Lc 1:35; 4:1; Jo 3:5; 14:26; At 2:4. - Mesmo sendo judeus e monoteístas, os apóstolos, e também Paulo, afirmaram a pessoalidade e divindade do Espírito Santo: - Ele é Santo (Mt 1:20), mentir ao Espírito Santo é
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mentir a Deus (At 5:3, 4), Ele é onisciente (1Co 2:10, 11), onipotente (Lc 1:35) e eterno (Hb 9:14).
- Ele fala (At 28:25), ensina e faz lembrar (Jo 14:26), guia (Jo 16:13), escolhe pessoas (At 13:2), concede dons (1Co 12:7-11), e pode ser entristecido (Ef 4:30). - Ele é equiparado a Yahweh, da mesma forma que Cristo: At 28:25-27//Is 6:8-10; Hb 3:7-11//Sl 95:7-11. Parece não haver nenhuma dúvida para os escritores do NT de que o Espírito Santo é Deus.
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Padrões trinitarianos no NT
- A revelação específica do Espírito Santo no NT como pessoa divina, distinta do Pai e do Filho, amplia a concepção bíblica da pluralidade do Deus único. Há na Divindade cristã única três pessoas divinas diferentes. Essa concepção é expressa por meio de fórmulas trinitárias, tais como as encontradas em 1Pe 1:2; 2Co 13:14; Mt 28:19 (“nome”, no singular, denota a inconfundível unicidade do Ser Divino).
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Em resumo: Embora o NT não dê ampla atenção à doutrina da Trindade, mesmo assim existem esmagadoras evidências de que a natureza trinitária do Deus cristão único é um ensino legitimamente bíblico.
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A TRINDADE: RESUMO HISTÓRICO
Os fundamentos intelectuais da doutrina cristã de Deus procedem da filosofia grega, notadamente dos sistemas platônico, aristotélico, junto com algumas influências estoicas. A) Período Patrístico Justino, Mártir (c. 100-c. 165) - Adotou a concepção platônico-aristotélica de um Deus eterno, imutável, impassível e incorpóreo (Primeira Apologia, 13,61; Segunda Apologia 6). - Como Deus Pai não pode atuar na história, Ele precisa de um mediador. - O Logos preexistiu em Deus como Sua razão e está contido em Sua essência (Diálogo com Trifo 128, 129).
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Por geração-emanação, o Logos nasceu da vontade do Pai, tornando-se pessoa pouco antes da criação (Diálogo com Trifo 61, 62). - O Logos, e não o Pai, encarnou-se em Jesus Cristo (Primeira Apologia 5; Segunda Apologia 10). Em Justino, prepara-se o terreno para a doutrina da Trindade imanente, junto com certo subordinacionismo claramente implícito da doutrina do Logos. 2. Irineu (c.115-c.202) - Enfocou a doutrina de Deus mais da perspectiva de Suas obras do que de Sua natureza. - Para Irineu, Deus é o criador do mundo ex nihilo (Contra as Heresias 2.1.1; ).
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- Embora embasada nas Escrituras, vê-se alguns traços de neoplatonismo nas ideias teológicas de Irineu. - A concepção de Trindade adotada por Irineu era econômica (função de cada pessoa da Trindade). 3. Orígenes (c. 185-c. 254) - Ideias neoplatônicas influenciaram a concepção de Orígenes sobre a natureza divina. Para ele, Deus é uma realidade una, simples, intemporal, ilimitada, imutável, impassível, invisível, intelectual e pessoal (De Principiis 1.1.6; 1.2.4,6; 1.3.4). - Para Orígenes, somente o Pai é a causa simples e não originada de tudo. - Orígenes inventou a ideia de “geração eterna”,
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segundo a qual o Filho é eternamente gerado pelo Pai (De Pincipiis 1.2.4,6).
- O Espírito Santo, embora participante da Trindade, pertence a uma posição ontológica inferior a do Filho. - O Pai, como fonte de tudo, ocupa posição mais elevada que o Filho. - Um duplo e claro subordinacionismo acha-se implícito na interpretação de Orígenes da Trindade imanente.
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4. Heresias Trinitarianas
4.1. Monarquianismo dinâmico: - Iniciou-se com Teodoto (c.190), sendo desenvolvido mais tecnicamente por Paulo de Samósata (segunda metade do III séc.). - Essa doutrina se baseava no adocianismo, heresia cristológica segundo a qual Cristo foi um mero homem, sobre o qual desceu o Espírito Santo, que o ungiu com poderes divinos por ocasião do Seu batismo, tornando-se o Filho adotivo de Deus a partir de então. - Ensina essa doutrina que não existe na natureza do Deus eterno pluralidade de pessoas. O termo “dinâmico” significa que o Deus uno está ligado ao
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homem Jesus Cristo mediante poder espiritual impessoal.
4.2. Monarquianismo modalista - Floresceu no fim do II séc., por Noeto de Esmirna (c. 200 d. C.). - Como o monarquianismo dinâmico, o monarquianismo modalista também postulava a existência de um só Deus: o Pai. - Pai e Filho não seriam duas pessoas divinas diferentes, mas nomes de um mesmo Deus envolvido em diferentes atividades em épocas diferentes. O Espírito seria outra palavra para designar o Pai. - O monarquianismo modalista rejeita a ideia da Trindade, tanto em nível imanente quanto
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econômico. 4.3. Modalismo sabeliano - O modalismo sabeliano (originado com Sabélio, c. 215) imagina Deus como uma mônada (Substância mais fundamental, indivisível, que forma todas as coisas). - Ensina três sucessivas operações históricas de Deus, a saber, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. - Reconhece a Trindade de pessoas apenas como diferentes formas de manifestação divina, e não como algo intrínseco à natureza de Deus. - Como se vê, o sabelianismo é uma versão muito parecida com o modalismo de Noeto.
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4.4. Arianismo - Originou-se com Ário (c ), presbítero cristão de Alexandria. - O arianismo rejeitou a ideia de geração eterna do Filho, ensinada por Orígenes. Ário estava convencido que a essência divina não é comunicável por emanação ou geração. - Para Ário, Deus precisava de um mediador capaz de executar Seus propósios no espaço e no tempo. - Assim, Ário substituiu a ideia de Orígenes de uma geração eterna pela ideia de criação a partir do nada, uma criação descrita como “anterior” e “exterior” ao tempo, embora “tenha havido um tempo em que Ele [o Filho] não era”.
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- O Filho seria, portanto, a criatura mais exaltada, sem paralelo com o restante da criação, sendo Ele mesmo o criador do mundo. - O Espírito Santo é criado pelo Filho e a Ele subordinado. - Como se vê, o arianismo constitui a mais grave distorção do conceito trinitariano de Deus, levando o monarquianismo e o subordinacionismo a sua expressão mais extrema.
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5. O Concílio de Niceia (325) - Nesse concílio o arianismo foi terminantemente condenado. O concílio confirmou a divindade de Cristo. Proclamou oficialmente a doutrina da eterna geração do Filho “nascido do Pai e consubstancial ao Pai”. Ratificou, por fim, o Espírito Santo, com a expressão: “E [cremos] no Espírito Santo”. - Em 381, o Concílio reunido em Constantinopla promulgou o Credo Niceno-Constantinopolitano, que amplia a declaração de Niceia, afirmando explicitamente a divindade do Espírito Santo.
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6. Agostinho ( ) - Nas obras de Agostinho, a síntese patrística do neoplatonismo e das Escrituras alcançam sua formulação mais articulada e influente. - Para ele, Deus é intemporal, simples, imutável, autossuficiente, impassível, onisciente e onipotente (cf. suas obras Confissões, Da Santa Trindade, A Cidade de Deus). - Agostinho parte da concepção da unicidade de Deus, e daí avança para a Sua triplicidade. - Ele coloca Deus Pai como o nascedouro da Trindade. - Aceitava a ideia de geração eterna do Filho. - Ao dizer que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, Agostinho defendia a ideia de que o Espírito
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Santo é fruto do amor mútuo entre Pai e Filho, o elo consubstancial que os une.
7. O Credo Atanasiano (c ) - É considerado a expressão definitiva da crença católica na Trindade. - Redigido por autor desconhecido, esse credo revela a influência da teologia agostiniana sobre a Trindade. - Ele anuncia explicitamente a pluralidade e a unicidade de Deus: “O Pai é Deus, o Filho é Deus, (e) o Espírito Santo é Deus; e apesar disso não há três deuses, mas há um só Deus”. - Infelizmente, conserva uma forma sutil de monarquianismo e subordinacionismo ontológico, recorrendo as ideias de geração e processão.
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- Para o credo atanasiano, o Pai não é gerado; mas o Filho é gerado do Pai, e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. - A unicidade da Trindade é explicitada com base em sua substância ou natureza divina: “A natureza divina do Pai e do Filho e do Espírito Santo é uma”. É
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B. Período Medieval - Tomás de Aquino ( ), o representante mais destacado da teologia escolástica, desenvolveu sua teologia sobre o alicerce filosófico aristotélico. - Ele descreve Deus como um Ser eterno, uno, simples, imutável, perfeito e bom (cf. Suma Teológica). - Afirmou que o amor que emana tanto do Pai quanto do Filho precipitou uma erupção dentro deles, a saber, o Espírito Santo, que se torna tão real quanto Eles. Mas essa abordagem filosófica sobre Deus não emana da Escritura e é incapaz de apresentar a coerência interna da concepção bíblica de Deus. É
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C. A Reforma - O interesse teológico dos reformadores protestantes centralizou-se em questões soteriológicas e eclesiológicas. Isso explica porque a Doutrina de Deus não passou por uma revisão. - As teologias luterana e calvinista empregaram em alto grau informações e linguagens bíblicas, dando assim a impressão de estarem-se fundamentadas unicamente na Bíblia. Há, contudo, nos escritos desses reformadores influências neoplatônicas, agostinianas e ockamistas (William de Ockham – c , filósofo, teólogo e polemista inglês). É
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- O Deus oculto seria o Deus em Sua essência, além da revelação.
1. Martinho Lutero - A teologia de Deus elaborada por Lutero se baseia na revelação divina em Jesus Cristo. - O reformador alemão estabelece a distinção entre o Deus revelado e o Deus oculto. - O Deus revelado seria a revelação de Deus em Jesus Cristo, mediante o qual Deus se revela como realmente é: um Deus de amor e justificação. - O Deus oculto seria o Deus em Sua essência, além da revelação. - Quanto a Trindade, Lutero ratifica o dogma tradicional. Mas a doutrina luterana de Deus é insuficiente para abranger com fidelidade todas as informações bíblicas sobre Deus. É
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- Calvino seguiu a tradição de Agostinho.
2. João Calvino - Calvino seguiu a tradição de Agostinho. - Para ele, Deus é intemporal, simples, impassível, imutável e autoexistente (cf. Institutas). - Calvino reafirma a posição agostiniana clássica sobre a Trindade (a geração eterna do Filho, e o Espírito Santo procedendo do Pai e do Filho, fruto do amor de ambos). - Com base na intemporalidade e imutabilidade divinas, Calvino equipara presciência com predestinação. A doutrina calvinista de Deus também é insificiente para incluir e incorporar com fidelidade todas as informações bíblicas sobre a Divindade. É
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3. Anabatismo - O anabatismo se desenvolveu no séc. 16, como um movimento de orientação pietista, prática e bíblica. - Com poucas exceções, os anabatistas aceitavam o trinitarianismo niceno. - Eles reafirmaram o ensino tradicional sobre a Trindade, mas com os necessários esclarecimentos que as questões práticas exigiam. - Referem-se de maneira ocasional às pessoas da Trindade, como “três seres reais e divinos”, que são unos em divindade, vontade, poder e obras. - Por causa de seus interesses práticos, eles propenderam mais para a obra da economia do que para a natureza da Trindade imanente. É
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4. Jacó Armínio ( ). - Formulou sua abordagem teológica segundo as ideias aristotélicas e tomistas. Esse teólogo holandês concordava fortemente com a visão tradicional de um Deus eterno, simples, impassível e imutável. - Ele não se sentia confortável com a ideia da predestinação calvinista. Armínio entendia que a salvação é o resultado do decreto absoluto de Deus “no qual decretou recebam o favor divino aqueles que se arrependem e creem”. - A teologia arminiana atua dentro de uma matriz mais filosófica do que bíblica. É
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1. Friedrich Schleiermacher (1768-1834)
D) Período Moderno Novas tendências filosóficas tornaram-se cada vez mais críticas da tradição platônico-aristotélica – base da concepção clássica de Deus e da teologia. 1. Friedrich Schleiermacher ( ) - É considerado o pai da teologia liberal porque idealizou uma nova base sobre a qual a teologia cristã deveria construir suas doutrinas. Eis algumas de suas ideias: - A teologia não deve se fundamentar na revelação cognitiva, na razão ou na ética, mas na experiência religiosa interior, identificada como o senso da absoluta dependência de Deus. É
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- Deus é intemporal, imutável e simples, não há lugar para distinções dentro dele.
- A doutrina da Trindade é rejeitada e vista como linguagem de segunda ordem, incapaz de expressar a natureza intrínseca de Deus. - A doutrina da Trindade é vista como inconcebível e contraditória com a simplicidade divina; é um instrumento teórico produzido pela imaginação especulativa da filosofia. É
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2. Karl Barth ( ) - Para esse teólogo suíço, Deus é uma essência única, simples e intemporal. - Barth consegue crer num Deus trinitário. As três pessoas divinas são modos de existência da essência única de Deus. - A fim de evitar o triteísmo, Barth diz que não se deve pensar em independência entre as pessoas divinas. É
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- Sua teologia tem bases platônicas.
3. Alfred Whitehead ( ) - Sua teologia tem bases platônicas. - Esse teólogo britânico chega à conclusão de que a natureza de Deus é bipolar: 1. O polo primordial na natureza de Deus é intemporal, ilimitado e completo; 2. Já o polo consequente da natureza de Deus é temporal, limitado e incompleto. Essas ideias de Whitehead se assemelham mais a especulações filosóficas do que à revelação bíblica sobre a pessoa de Deus. É
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4. Wolfhart Pannenberger (n. 1928)
- Pannenberger é o principal teólogo neoclássico que escreve no fim do séc. 20. - Para ele, Deus é infinito, intemporal, onipotente e onipresente. - As três pessoas divinas são descritas como três formas ou modos da existência de Deus. - O conhecimento das três pessoas da deidade – seus nomes e distinções – deriva-se do testemunho bíblico que se ocupa da Trindade econômica. É
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E. Os Adventistas do Sétimo Dia e a Trindade
- Os adventistas do Sétimo Dia limitaram-se a fazer declarações dogmáticas e teológicas, mantendo-se afastados do desenvolvimento sistemático da doutrina de Deus e da Trindade. - Desconfiados e críticos das posturas teológicas tradicionais, os adventistas tomaram a decisão de estabelecer doutrinas somente com base nas Escrituras. É
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Subordinacionismo e os pioneiros
Já em 1854, J. M. Stephenson, escrevendo sobre a expiação, argumentava claramente a favor do subordinacionismo, segundo o qual Cristo teria sido temporalmente gerado pelo Pai, isto é, procriado pelo Pai (Stephenson 126). Pelo fato de ter sido gerado, Cristo era divino, mas não eterno (ibid., 128). Stephenson aceitava uma cristologia semiariana (cf. “Christology” in SDA Encyclopedia 10: ). Outros pioneiros que endossaram pontos de vista semelhantes foram Tiago White ( ), José Bates ( ), Uriah Smith ( ), J. H. Waggoner ( ), E. J. Waggoner ( ) e W. W. Prescott ( ). É
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- A Conexão Cristã discordava da doutrina da Trindade
- A Conexão Cristã discordava da doutrina da Trindade. E não causa admiração que dois de nossos mais destacados pioneiros fossem inicialmente antitrinitarianos, como Tiago White e José Bates. Em 1827, José Bates escreveu: “Com respeito à Trindade, concluí que me era impossível crer que o Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, era também o Deus Todo-Poderoso, o Pai, um e o mesmo ser” (Whidden, W., Moon J., Reeve, J. W. A Trindade. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2003, p No todo ou em parte, o material que se segue sobre a Trindade foi extraído e adaptado desse livro, especialmente do capítulo 13, p ). É
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1. Predomínio antitrinitariano (1846-1888)
No meio adventista, a doutrina da Divindade pode ser dividida em cinco períodos: 1. Predomínio antitrinitariano ( ) - Nesse período inicial, a maioria dos adventistas rejeitou o conceito da Trindade, pelo menos como eles o entendiam. Todos os principais escritores eram antitrinitarianos, embora alguns membros sustentassem pontos de vista trinitarianos, como Ambrose C. Spicer, pai de William Ambrose Spicer, presidente da Associação Geral. Ambrose C. Spicer havia sido ministro batista do sétimo dia antes de se converter ao adventismo em 1847. É
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Os antitrinitarianos mantinham a ideia de que Jesus não era preexistente como Deus, o Pai, e que o Espírito Santo era uma expressão do poder ou da presença divina. Seis razões eram apresentadas por eles para justificar essa postura antitrinitariana: a) Não viam evidência bíblica para três pessoas em uma Divindade (apesar de muitos textos neotestamentários sobre o assunto, como Mt 28:19; 2Co 13:13; Jo 14:16, 17; etc.). É
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b) Não podiam aceitar a concepção (errônea) de que a Trindade torna o Pai e o Filho idênticos, ou seja, a mesma pessoa, conforme a declaração de José Bates sobre a Trindade mencionada antes. O testemunho bíblico é que os membros da Divindade são um em essência, mas distintos como pessoa (cf. Jo 14:16, 17). Confundir os membros da Divindade é cair no modalismo (uma pessoa divina, mas três modos de se apresentar), antiga heresia ligada a Sabélio, um dos seus proponentes do terceiro século. É
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c) Devido à concepção errônea de que ser trinitariano é aceitar três deuses. O Pr. Loughborough escreveu em 1861: “Se Pai, Filho e Espírito Santo são cada um Deus, seriam três deuses”. Corretamente, esse nosso pioneiro rejeitou o Triteísmo. O ensino bíblico é que há um Deus (cf. 1Co 8:4), mas três pessoas divinas (1Pe 1:2): o Pai é divino (Fp 4:20), o Filho é divino (Jo 1:1; 20:28; 2Pe 1:1; ) e o Espírito Santo é divino (At 5:3, 4). É
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d) Pela crença de que a doutrina da Trindade diminui o valor da expiação. Entendiam que se Jesus fosse Deus pleno Ele não poderia morrer na cruz. E se apenas sua humanidade morreu, então Seu sacrifício foi apenas humano e inadequado para a redenção. Em 1897, Ellen White respondeu a essa objeção, explicando que, ao morrer na cruz, “a divindade não morreu; a humanidade morreu” (Manuscrito 131, 1897). E no ano seguinte: “A humanidade morreu; a divindade não morreu” (Youth’s Instructor, 4 de agosto de 1898). As palavras do próprio Cristo, registradas em João 10:17, 18 deixam claro que Sua divindade não morreu, mas ressuscitou Sua humanidade. Ou seja, Cristo Se autorressuscitou. É
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e) Pela crença de que, uma vez que a Bíblia chama Jesus de “Filho de Deus”, então Ele deve ter tido um começo, um princípio (citavam Apocalipse 3:14 em apoio a essa ideia). Urias Smith estava entre os que pensavam assim. Mas quando a Bíblia diz que Jesus é o Filho de Deus é no sentido de Ele ter vindo do Pai e Se encarnado (cf. Lc 1:31-35) e não “filho” no sentido de que o Pai é eterno e o Filho teve um princípio, como princípio têm os filhos de qualquer ser humano. É
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f) Pelo fato de que várias expressões bíblicas aplicadas ao Espírito Santo parecem não ser apropriadas a uma pessoa, tais como “ser derramado no coração” (Rm 5:5), e ser “derramado sobre toda carne” (Jl 2:28; Is 44:3) (Uriah Smith, Review and Herald, 23 de março de 1897). Mas o mesmo linguajar metafórico é empregado para o Messias, em Isaías 53:12: “... derramou a sua alma na morte”, e “... derramei-me como água” (Sl 22:14), e nem por isso as pessoas chegam à conclusão de que o Messias não seja uma pessoa. É
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2. Início da insatisfação com o antitrinitarianismo (1888-1898).
- A exaltação da pessoa de Cristo como nossa justiça, na sessão de 1888 da Associação Geral, lançou as bases para uma melhor compreensão de Sua natureza. E. J. Waggoner falou da “necessidade de apresentar a correta posição de Cristo em igualdade com o Pai, de modo que seu poder redentor possa ser melhor apreciado” (A Trindade, 221). Em 1890, Waggoner argumentou que Cristo não fora criado, e que Ele possuía vida em Si mesmo, imortalidade inerente a Si mesmo. Insistiu na divina unidade do Pai e do Filho. Afirmou ainda que Cristo é, por natureza, da mesma substância de Deus, que Ele é É
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adequadamente chamado Jeová – o que existe por Si mesmo (ver Hb 1:10-12// Sl 102:12, 25-27), que é igual a Deus (Fp 2:6), e tem todos os atributosde Deus (Ibid.). Mesmo não sendo ainda plenamente trinitariano, Waggoner compreendeu claramente a plena divindade de Cristo. - Em 1892, a Pacific Press publicou um folheto intitulado “The Bible Doctrine of the Trinity”, mostrando que a doutrina da Trindade não ensina que há três deuses, mas que há um Deus, subsistindo e agindo em três pessoas. Urias Smith acabou por repudiar sua antiga crença na criação do Filho, mas prosseguiu afirmando que unicamente o Pai era sem princípio. O Verbo não teria sido criado, mas trazido à É
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3. Mudança de paradigma (1898-1915)
existência pelo Pai, num ponto remoto da eternidade, por um meio que mentes finitas não podem compreender. 3. Mudança de paradigma ( ) - Esse período testemunha uma reversão quase completa do pensamento adventista sobre a Trindade. Quase, porque antigos e respeitados líderes ainda mantinham seus antigos pontos de vista. Entretanto, a publicação do livro O Desejado de Todas as Nações, de Ellen White, se tornou o divisor de águas quanto ao assunto da Trindade. Nesse livro, a Sra. White discordou fortemente da ideia de que Cristo tivera um começo: “Desde os dias da eternidade o Senhor Jesus Cristo era um com o Pai” É
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(p. 19). Comentando a ressurreição de Lázaro, ela disse que em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada” (p. 530). Ao comentar sobre a ressurreição de Cristo ela afirmou que “o Salvador saiu do sepulcro pela vida que havia em Si mesmo” (p. 785). Essas declarações de Ellen White foram um choque para a liderança teológica da igreja. Alguns até chegaram a duvidar se ela realmente as havia escrito. - Nesse mesmo livro havia declarações explícitas quanto à divindade do Espírito Santo: “... o pecado somente poderia ser resistido e vencido através da poderosa agência da terceira pessoa da Divindade, que viria não com energia modificada, mas na É
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plenitude do divino poder” (p. 671).
-Um pouco antes e durante a crise de Kellogg, ( ), Ellen White falou das “três pessoas vivas pertencentes à trindade celeste”, e dos “três grandes poderes – o Pai, o Filho e o Espírito Santo” (1905), “os eternos dignitários celestes – Deus, Cristo e o Espírito Santo” (1901), que “o Espírito Santo, [...] é tanto uma pessoa como o próprio Deus” (1899), que o Espírito “tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus” (1906), que Ele é a “terceira pessoa da Trindade” (1897), que “cumpre-nos cooperar com os três poderes mais altos no céu – o Pai, o Filho e o Espírito Santo” (1905) (Evangelismo, É
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p ). Em 1913, escrevendo na Review and Herald um resumo das crenças adventistas, F. M. Wilcox disse: “Os adventistas do sétimo dia creem: 1. Na divina Trindade. Essa Trindade consiste do eterno Pai, [...] do Senhor Jesus Cristo, [...] [e] do Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade.” É
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4. Declínio do antitrinitarianismo (1915-1946)
Apesar das claras afirmações de Ellen White sobre a Trindade, o debate sobre o assunto continuou nesse período. Em 1930, foi publicada uma declaração de crença dos adventistas, a qual constava de 22 crenças. A segunda falava de “Divindade ou Trindade”, e a terceira afirmava que “Jesus Cristo é verdadeiramente Deus, ecoando o Credo de Niceia. Na assembleia da Associação Geral de 1946 essa declaração de crenças obteve aceitação geral e tonou-se oficial. Isso marcou o endosso oficial da igreja adventista para o trinitarianismo. É
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5. Predomínio do Trinitarianismo (de 1946 até o presente)
“Da década de 1950 até a publicação de Movement of Destiny, em 1971, LeRoy E. Froom foi o mais conhecido campeão do trinitarianismo entre os adventistas do sétimo dia. Seu livro A Vinda do Consolador, lançado em inglês originalmente em 1928, era sem precedentes entre os adventistas (exceto algumas poucas passagens de Ellen White) em sua exposição sistemática da personalidade do Espírito Santo e da natureza trinitariana da Divindade” (Ibid., p ). Froom participou da obra Questions on Doctrine (1957). Nele, Froom é claro ao falar da “Trindade celestial” (p. 36, 37, 645 e 646). É
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O ano de 1980 marca o clímax dessa fase de desenvolvimento doutrinário, incluindo o assunto da Trindade. Na assembleia da Associação Geral, ocorrida nesse ano, em Dallas, foi votada a declaração das crenças adventistas. “As novas 27 doutrinas fundamentais afirmavam a doutrina da Trindade de modo mais conciso, mas em termos muito parecidos com a declaração de 1931, votada oficialmente em 1946” (ibid., 228). É
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