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Ensino de Literatura Brasileira

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Apresentação em tema: "Ensino de Literatura Brasileira"— Transcrição da apresentação:

1 Ensino de Literatura Brasileira
12. Literatura, história e intertextualidade: “O navio negreiro”, de Castro Alves

2 O NAVIO NEGREIRO (Os escravos)
Castro Alves ( ) 1ª parte 11 estrofes – 4 versos decassílabos = 44 versos – esquema rímico: abcb

3 O NAVIO NEGREIRO Castro Alves 2ª parte 04 estrofes – 10 versos redondilhos maiores = 40 versos – esquema rímico: ababccdeed

4 O NAVIO NEGREIRO Castro Alves 3ª parte 01 estrofe – 06 versos alexandrinos = 06 versos – esquema rímico: aabccb

5 O NAVIO NEGREIRO Castro Alves 4ª parte 06 estrofes – 06 versos decassílabos (1,2,4,5) e hexassílabos (3,6) = 36 versos – esquema rímico: aabccb

6 O NAVIO NEGREIRO Castro Alves 5ª parte 09 estrofes – 10 versos redondilhos maiores = 90 versos – esquema rímico: ababccdeed

7 O NAVIO NEGREIRO Castro Alves 6ª parte 03 estrofes – 8 versos decassílabos (oitava camoniana) = 24 versos – esquema rímico: abababcc TOTAL DE VERSOS: 240

8 O NAVIO NEGREIRO Tragédia no mar 'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas, Castro Alves Veleiro brigue corre à flor dos mares, Como roçam na vaga as andorinhas... S.Paulo, 18 de abril de 1868 Donde vem?... onde vai?... Das naus errantes I Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? Neste saara os corcéis o pó levantam, 'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço Galopam, voam, mas não deixam traço. Brinca o luar — doirada borboleta – E as vagas após ele correm... cansam Bem feliz quem ali pode nest'hora Como turba de infantes inquieta. Sentir deste painel a majestade!... Embaixo — o mar... em cima — o firmamento... 'Stamos em pleno mar... Do firmamento E no mar e no céu — a imensidade! Os astros saltam como espumas de ouro... O mar em troca acende as ardentias, Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! — Constelações do líquido tesouro... Que música suave ao longe soa! Meu Deus! Como é sublime um canto ardente 'Stamos em pleno mar... Dois infinitos Pelas vagas sem fim boiando à toa! Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes... ardentias: brilhos, fosforescências Qual dos dois é o céu? Qual o oceano?... brigue: navio de dois mastros

9 Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos! Crianças que a procela acalentara No berço destes pélagos profundos! Esperai! esperai! deixai que eu beba Esta selvagem, livre poesia... Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, E o vento que nas cordas assobia... Por que foges assim, barco ligeiro? Por que foges do pávido poeta? Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira Que semelha no mar — doudo cometa! Albatroz! Albatroz! águia do oceano, Tu, que dormes das nuvens entre as gazas, Sacode as penas, Leviatã do espaço! Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas... procela: tempestade no mar, borrasca, temporal Leviatã: monstro marinho mencionado na Bíblia

10 CÉU MAR I X I constelações espumas

11 II O Inglês — marinheiro frio, Que ao nascer no mar se achou Que importa do nauta o berço, (Porque a Inglaterra é um navio, Donde é filho, qual seu lar?... Que Deus na Mancha ancorou), Ama a cadência do verso Rijo entoa pátrias glórias, Que lhe ensina o velho mar! Lembrando orgulhoso histórias Cantai! que a noite é divina! De Nelson e de Aboukir. Resvala o brigue à bolina O Francês — predestinado — Como um golfinho veloz. Canta os louros do passado Presa ao mastro da mezena E os loureiros do porvir... Saudosa bandeira acena Às vagas que deixa após. Os marinheiros Helenos, Que a vaga jônia criou, Do Espanhol as cantilenas Belos piratas morenos Requebradas de langor, Do mar que Ulisses cortou, Lembram as moças morenas, Homens que Fídias talhara, As andaluzas em flor! Vão cantando em noite clara Da Itália o filho indolente Versos que Homero gemeu... Canta Veneza dormente ... Nautas de todas as plagas! — Terra de amor e traição – Vós sabeis achar nas vagas Ou do golfo no regaço As melodias do céu... Relembra os versos do Tasso, Junto às lavas do Vulcão! à bolina: navegação com o vento de viés mastro da mezena: mastro da parte de trás de um navio

12 III Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! Desce mais, inda mais... não pode o olhar humano Como o teu mergulhar no brigue voador. Mas que vejo eu ali... que quadro d'amarguras! Que canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... Que cena infame e vil!... Meu Deus! meu Deus! Que horror!

13 IV Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, Era um sonho dantesco... O tombadilho E chora e dança ali! Que das luzernas avermelha o brilho, Um de raiva delira, outro enlouquece, Em sangue a se banhar. Outro, que de martírios embrutece, Tinir de ferros... estalar de açoite... Cantando, geme e ri! Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... No entanto o capitão manda a manobra, E após, fitando o céu que se desdobra, Negras mulheres, suspendendo às tetas Tão puro sobre o mar, Magras crianças, cujas bocas pretas Diz do fumo entre os densos nevoeiros: Rega o sangue das mães: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Outras, moças... mas nuas, espantadas, Fazei-os mais dançar!..." No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . E ri-se a orquestra irônica, estridente... Faz doudas espirais... E da ronda fantástica a serpente Qual num sonho dantesco as sombras voam!... Faz doudas espirais ... Gritos, ais, maldições, preces ressoam! Se o velho arqueja... se no chão resvala, E ri-se Satanás!... Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais... tombadilho: superestrutura erguida na popa luzernas: aberturas no teto, claraboias

14 “No poema de Castro Alves, o orador popular, o agitador de praça pública estão sempre em evidência, e, desde as primeiras estrofes, pressentimos o seu gesto arrebatado, a sua voz de comício.” (Augusto Meyer, “Os três navios negreiros”, Remate de Males, v.4, 1984, p.36)

15 V São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Senhor Deus dos desgraçados! Onde voa em campo aberto Dizei-me vós, Senhor Deus! A tribo dos homens nus... Se é loucura... se é verdade São os guerreiros ousados, Tanto horror perante os céus... Que com os tigres mosqueados Ó mar, por que não apagas Combatem na solidão... Co'a esponja de tuas vagas Homens simples, fortes, bravos. De teu manto este borrão?... Hoje míseros escravos, Astros! noite! tempestades! Sem ar, sem luz, sem razão... Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! São mulheres desgraçadas, Como Agar o foi também. Quem são estes desgraçados Que sedentas, alquebradas, Que não encontram em vós, De longe... bem longe vêm... Mais que o rir calmo da turba Trazendo com tíbios passos, Que excita a fúria do algoz? Filhos e algemas nos braços, Quem são?... Se a estrela se cala, N'alma — lágrimas e fel. Se a vaga à pressa resvala Como Agar sofrendo tanto, Como um cúmplice fugaz, Que nem o leite do pranto Perante a noite confusa... Têm que dar para Ismael. Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... Agar: serva egípcia de Sara, mulher de Abraão, e mãe de Ismael

16 Lá nas areias infindas, Ontem a Serra Leoa, Das palmeiras no país, A guerra, a caça ao leão, Nasceram – crianças lindas, O sono dormido à toa Viveram – moças gentis... Sob as tendas d'amplidão! Passa um dia a caravana, Hoje... o porão negro, fundo, Quando a virgem na cabana Infecto, apertado, imundo, Cisma da noite nos véus ... Tendo a peste por jaguar... ... Adeus, ó choça do monte, E o sono sempre cortado ... Adeus, palmeiras da fonte!... Pelo arranco de um finado, ... Adeus! amores... adeus!... E o baque de um corpo ao mar... Depois, o areal extenso... Ontem plena liberdade, Depois, o oceano de pó. A vontade por poder... Depois no horizonte imenso Hoje... cúm'lo de maldade, Desertos... desertos só... Nem são livres p'ra... morrer... E a fome, o cansaço, a sede... Prende-os a mesma corrente Ai! quanto infeliz que cede, — Férrea, lúgubre serpente — E cai p'ra não mais s'erguer!... Nas roscas da escravidão. Vaga um lugar na cadeia, E assim roubados à morte, Mas o chacal sobre a areia Dança a lúgubre coorte Acha um corpo que roer. Ao som do açoite... Irrisão!...

17 Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus, Se eu deliro... ou se é verdade Tanto horror perante os céus?!... Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão? Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! ...

18 VI E existe um povo que a bandeira empresta Fatalidade atroz que a mente esmaga! P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... Extingue nesta hora o brigue imundo E deixa-a transformar-se nessa festa O trilho que Colombo abriu nas vagas, Em manto impuro de bacante fria!... Como um íris no pélago profundo! Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, ... Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga Que impudente na gávea tripudia? Levantai-vos, heróis do Novo Mundo... Silêncio!... Musa! chora, chora tanto Andrada! arranca este pendão dos ares! Que o pavilhão se lave no teu pranto... Colombo! fecha a porta dos teus mares! Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra tripudia: dança, salta, exulta E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança, Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!...

19 Em “O navio negreiro”, “a poesia oratória alcança uma grandeza sem desfalecimento, uma beleza presente em cada verso, cada palavra, deixando, depois de lido, uma ressonância que sulca o espírito, Como um íris no pélago profundo!” (Antonio Candido, Formação da literatura brasileira, v.2, p.277)


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