Carregar apresentação
A apresentação está carregando. Por favor, espere
1
QUARTO DE DESPEJO APRESENTAÇÃO GERAL
2
CAROLINA MARIA DE JESUS
QUARTO DE DESPEJO CAROLINA MARIA DE JESUS
3
Título/ relato 1ª pessoa/favela/ linguagem lírica na prosa
As oito e meia eu já estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com o barro podre. Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludo, almofadas de sitim. E quando estou na favela a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar em um quarto de despejo. Título/ relato 1ª pessoa/favela/ linguagem lírica na prosa
4
QUARTO DE DESPEJO CAROLINA MARIA DE JESUS
PENSAR ALÉM DA GRAMÁTICA
5
TRECHO INICIAL MARCAS: 1
TRECHO INICIAL MARCAS: 1.ª PESSOA LINGUAGEM †LÍRICA †ORALIDADE † EXPRESSIVIDADE ALÉM DA GRAMATICALIDADE
6
CAROLINA MARIA DE JESUS SEMPRE SE IDENTIFICOU COMO ESCRITORA.
DIÁRIO AUDÁLIO DANTAS JORNALISTA E COMUNISTA CADERNOS: 20- CINCO ANOS DE 1955 A 1960 (1955, 1958,1959 e 1960) PUBLICAÇÃO 1960 ‘BEST-SELLER’- 100 MIL EXEMPLARES TRADUÇÃO EM 13 LÍNGUAS CAROLINA MARIA DE JESUS SEMPRE SE IDENTIFICOU COMO ESCRITORA.
7
INCOMODA A CRÍTICA ESSE LIVRO É LITERATURA? FRAGMENTOS
INADEQUAÇÕES GRAMATICAIS INCOMODA A CRÍTICA LITERATURA MODO DE LER E ESCREVER O MUNDO TRANSFORMÁ-LO EM OUTRA LINGUAGEM (TRECHO DE 15 DE JULHO DE 1955)
8
TRECHO DE 15 DE JULHO DE 1955 Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprara um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei remendei para ela calçar. Eu não tinha um tostão para comprar pão. Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. Resolvi não sair a noite para catar papel. Ablui as crianças, aleitei-me e ablui-me e aleitei-me. Esperei até as 11 horas, um certo alguém. Ele não veio. Tomei um melhoral e deitei-me novamente.
9
VISÃO POLÍTICA- DECEPÇÃO POPULAR
DOCUMENTO DO MUNDO LIGAÇÃO COM REAL AUTÊNTICO VISÃO POLÍTICA- DECEPÇÃO POPULAR VISÃO SOCIAL
10
20 de julho de 1955 Fui no rio lavar as roupas e encontrei D. Mariana. Uma mulher agradavel e decente. Tem 9 filhos e um lar modelo. Ela e o espôso tratam-se com iducação. Visam apenas viver em paz. E criar filhos. Ela tambem ia lavar roupas. Ela disse-me que o Binidito da D. Geralda todos os dias ia prêso. Que a Radio Patrulha cançou de vir buscá-lo. Arranjou serviço para êle na cadêia. Achei graça. Dei risada!... Estendi as roupas rapidamente e fui catar papel. Que suplicio catar papel atualmente! Tenho que levar a minha filha Vera Eunice. Ela está com dois anos, e não gosta de ficar em casa. Eu ponho o saco na cabeça e levo-a nos braços. Suporto o pêso do saco na cabeça e suporto o pêso da Vera Eunice nos braços. Tem hora que revolto-me. Depois domino-me. Ela não tem culpa de estar no mundo. Refleti: preciso ser tolerante com os meus filhos. Êles não tem ninguem no mundo a não ser eu. Como é pungente a condição de mulher sozinha sem um homem no lar. Aqui, todas impricam comigo. Dizem que falo muito bem. Que sei atrair os homens. (...) Quando fico nervosa não gosto de discutir. Prefiro escrever. Todos os dias eu escrevo. Sento no quintal e escrevo.
11
TRECHOS DO LIVRO “A pior coisa do mundo é a fome” – Pág “A cidade é um morcego que chupa agente” – Pág (Sobre gastos e custo de vida) “Se o custo de vida continuar subindo até vamos ter revolução” – Pag. 117 – (Talvez prevendo o então futuro de instabilidade política da nação) “Ontem comemos mal e hoje pior” – Pág (anotação do dia 03/09/1959) “O Brasil precisa ser governado por uma pessoa que já passou fome” – Pág. 26 (Queixando-se dos governantes do país).
13
AUDÁLIO VAI AO CANINDÉ JORNALISTA DA FOLHA
INTENÇÃO RETRATAR COMO VIVEM AQUELAS PESSOAS DESCOBRE OS CADERNOS DE CAROLINA RETRATO MAIS FIEL DO QUE ELE CONSEGUIRIA FAZER RESPONSÁVEL POR EDITAR CAROLINA ENVIA PARA A REVISTA SELEÇÕES (EUA)- FORAM RECUSADOS
14
FAVELA PAULISTA QUE COMEÇAVA A INCOMODAR A ‘CIDADE’ DE SÃO
PAULO CANINDÉ FAVELA DE CANINDÉ NÃO EXISTE MAIS. LOCAL EM QUE HOJE FICA A MARGINAL TIETÊ. RETRATO DOS MUITO POBRES NA DÉCADA DE CINQUENTA DO SÉCULO XX NA CIDADE DE SÃO PAULO. AUDÁLIO É ENVIADO PARA MOSTRAR COMO VIVEM OS FAVELADOS. ENCONTRA ADULTOS JOVENS IMPEDINDO AS CRIANÇAS DE BRINCAREM EM UM PARQUINHO. UMA MULHER MIRRADA AMEAÇA COLOCAR O NOME DESSAS PESSOAS EM UM LIVRO – DENÚNCIA.
15
EDITORAÇÃO OPÇÃO POR MANTER A GRAFIA ORIGINAL
CORREÇÃO SOMENTE EM PALAVRAS CUJA GRAFIA TORNARIA DIFÍCIL A ASSOCIAÇÃO COM A ORTOGRAFIA CORRENTE. RETIRADA DE TRECHOS REPETITIVOS (DESCRIÇÃO DE DIAS DE FOME, POR EXEMPLO)
16
MARCAS DE GRAFIA FALTA DE CONCORDÂNCIA;
EM MONISSÍLABAS, COSTUMA HAVER DITONGAÇÃO: PÔS = PUIS TRÊS = TRÊIS X=CH SS= Ç C=Ç TROCA DE L POR R IMPRICAR
17
DIÁRIO ÍNTIMO?→ ISSO É QUESTIONÁVEL SEMPRE INTENTOU PUBLICÁ-LO. AUTÊNTICO? →FORTE LIGAÇÃO COM O REAL, COM O VIVIDO, COM O VISTO E OUVIDO, TAMBÉM COM O LIDO.
18
AUTÊNTICO PESSOAS FATOS COM REGISTRO DE VALORES DATAS MARCA DATA E HORA
19
DIÁRIO REFLEXÕES PESSOAIS COMO SE VÊ COMO VÊ O MUNDO
20
SOBREVIVÊNCIA COMIDA FOME MULHER DESGOSTO DENÚNCIA
21
PREOCUPAÇÃO COM A POLÍCIA
POBRE MULHER FAVELADA DISABORES VITIMA DE INVEJA SONHO DE ESCREVER PREOCUPAÇÃO COM A POLÍCIA
22
NÃO LAMENTA SER SOLTEIRA
NÃO LAMENTA SER NEGRA NÃO LAMENTA SER MÃE NÃO LAMENTA SER SOLTEIRA
23
CAROLINA MARIA DE JESUS RETRATA-SE COMO CATADORA DE LIXO MÃE DE TRÊS FILHOS MULHER LIVRE FORTE FAVELADA NOVA VOZ- EM OPOSIÇÃO A VOZ MASCULINA/ BRANCA E DE CLASSE ABASTADA(MAIORIA DOS ESCRITORES)
24
MULHER X MULHER MÃE DE TRÊS FILHOS DE PAIS DISTINTOS.
NÃO QUERIA UM HOMEM PARA SUSTENTÁ-LA. ELA TEM UM RÁDIO. SEUS FILHOS SÃO SADIOS. HOMENS AGRIDEM, BEBEM, ESCRAVIZAM. OUTRAS MULHERES AGRIDEM OS SEUS FILHOS ALVEJAM-NOS COM EXCREMENTO. NÃO A TOLERAM, POIS ELA NÃO ACEITA A POBREZA CALADA. CREEM QUE ELA SE ACHE MELHOR.
25
ORGULHO SER NEGRA SUA PELE CABELO
26
CAROLINA MARIA DE JESUS
FAVELA “O BOM VIRA MAU” CAROLINA MARIA DE JESUS
27
Olhar de dentro Narradora e autora se confundem.
28
PADRÃO DE NARRAÇÃO: DATA; COMENTÁRIO SOBRE O CLIMA; HORÁRIO EM QUE ACORDOU; COMENTÁRIO SOBRE OS ACONTECIMENTOS DA FAVELA (REPUGNÂNCIA COM AS BRIGAS ENTRE FAVELADOS.)
29
FAVELA HOSTIL MISÉRIA GERAL PRIVACIDADE → NÃO EXISTE
→ VIDA DO OUTRO É TEMA DE TODOS VIOLÊNCIA COTIDIANA SENTE MEDO PELOS FILHOS
30
Sinônimos para favela na obra
‘Palco da miséria’; Cortiço; Úlcera; Gabinete do diabo; Sucursal do inferno; Chiqueiro de São Paulo; e Barraco.
31
SOBRIVIVÊNCIA OBJETIVO SOBREVIVER COMIDA → FOME ◊ AMARELA
DEGOSTOS : SER → MULHER → FAVELADA → POBRE → COLETIVO: ∞OLHAR DO OUTRO → PENSA EM SUICÍDIO VÊ-SE COMO ESCRITORA DENÚNCIA: MISÉRIA ESCONDIDA DA CIDADE
32
INTERVENÇÃO EXTERNA OLHAR DE MASSA DESÂNIMO POLÍTICOS NOMES PÚBLICOS
COLOCAÇÃO DO QUE OUVE PROMESSAS INTERVENÇÃO EXTERNA IGREJA AJUDA OLHAR SOLIDÁRIO VICENTINOS AUTORIDADE = MEDO POLÍCIA NOTIFICAÇÃO ENCONTRAR O FILHO NO JUIZADO
33
Escrever é dar voz ao vivido.
CONSCIÊNCIA SOCIAL Escrever é dar voz ao vivido.
34
EXPERIÊNCIA DE CIDADÃO
LITERATURA POTENTE EXPERIÊNCIA DE CIDADÃO
35
Saída da favela O diário virou livro. Carolina ganhou certa notoriedade do público, saiu da favela e chegou à conclusão que, fora dela, os instintos humanos não são muito diferentes.
36
Audálio pergunta: “Mas foi bom mudar de vida, escapar da miséria e conhecer um mundo diferente daquele da favela?” “Decepção. Pensei que houvesse idealismo, menos inveja. Mas aqui há não só muita ambição, mas também, o desejo de vencer a qualquer preço. Mesmo que os meios empregados sejam podres. Quando matei um porco, lá na favela do Canindé, alguns vizinhos exigiram um pedaço da carne. Rondavam meu barraco feito bicho que fareja presa. Lá na favela era o porco, aqui é o dinheiro. No fundo é a mesma coisa. Lembrei de meu provérbio: “Não há coisa pior na vida do que a própria vida”.
37
Metáfora oito vezes apresentada no texto.
Quarto de despejo Metáfora oito vezes apresentada no texto. O ‘QUARTO DE DESPEJO’ é uma peça, um quartinho onde se coloca aquilo que está incomodando em outra dependência. Aquilo que está a um passo de ser jogado fora vai antes para o quarto de despejo. A FAVELA É O QUARTO DE DESPEJO DO ESPAÇO URBANIZADO.
38
QUARTO DE DESPEJO Autor: CAROLINA MARIA DE JESUS
Escola Literária: Literatura Contemporânea Ano de Publicação: 1960 Gênero: Diário Memórias Divisão da Obra: Relato de quatro anos(1955/ 1958/1959 e 1960), mas o tempo integral da narrativa é de cinco anos (1955 a 1960) Ambiente: São Paulo- Favela do Canindé Temas: Amor, morte miséria, fome questões raciais e de gênero, literatura preconceito, drogas, violência, violação de direitos humanos e prostituição.
39
PERSONAGENS: PRINCIPAIS:
CAROLINA MARIA DE JESUS: Narradora e protagonista da história. Carolina é mineira e vai tentar a vida em São Paulo, onde vai morar na Favela do Canindé. É uma mulher negra, pobre, desempregada, que tem amor pela leitura e pela escrita. Tem três filhos de pais distintos e trabalha como catadora para sustentá-los. JOÃO JOSÉ: Filho mais velho de Carolina, nasceu em 1948, tinha sete anos no início da narrativa. JOSÉ CARLOS: Filho do meio, nasceu em 1949, tinha seis anos no início da narrativa. VERA EUNICE: Filha mais nova, nasceu em 1953, tinha dois anos no início da narrativa. Desde cedo manifestava aversão à favela e gostava do luxo.
40
PERSONAGENS: SECUNDÁRIOS:
Vários moradores da favela e seus arredores, Senhor Manoel e Raimundo pretendentes de Carolina.
41
Excertos interessantes:
19 de Julho… Suporto as contingências da vida resoluta. Eu não consegui armazenar para viver, resolvi armazenar paciência. (…) Vou escrever um livro referente a favela. Hei de citar tudo que aqui se passa. 20 de Julho… Eu não estou descontente com a profissão que exerço. Já habituei-me andar suja. Já faz oito anos que cato papel. O desgosto que tenho é residir em favela. (…) Preciso ser tolerante com os meus filhos. Eles não tem ninguém no mundo a não ser eu. Como é pungente a condição de mulher sozinha sem um homem no lar.
42
SÍNTESE DA OBRA Quarto de despejo (1960) consiste de um compilado de diários editados por Audálio Dantas, escritos por Carolina Maria de Jesus de maneira intermitente ao longo de cinco anos (entre ). Carolina criou sozinha três filhos: João José, José Carlos e Vera Eunice na favela do Canindé trabalhando como catadora de papel, e vendendo materiais recicláveis, apesar de ter estudado apenas dois anos, ela prezava muito pela educação dos filhos e os fazia ir à escola mesmo com medo da violência da favela.
43
SÍNTESE DA OBRA Nunca foi casada por escolha, ela retrata dois envolvimentos amorosos (Manoel e Raimundo), não fica com nenhum pois afirmava que conseguia sustentar os filhos sem precisar de homem nenhum. Outro traço sempre presente nos diários é a fome, Carolina muitas vezes sente-se doente e fraca devido à pobre alimentação, ou às vezes nenhuma; fome que deixa o mundo triste e amarelo, segundo a escritora. O leitor se sente tocado ao ver a angústia de Carolina por não conseguir juntar dinheiro o suficiente para comprar comida para alimentar os filhos, e emociona-se igualmente ao ler sobre a felicidade estampada no rosto das crianças quando a mãe conseguia comprar arroz, feijão e carne.
44
SÍNTESE DA OBRA Em momentos de maior dificuldade, quando não havia dinheiro algum, a família comia restos encontrados no lixão. Além de seus próprios sofrimentos, Carolina escreve sobre a realidade na favela, ela toca em assuntos presente no seu cotidiano, como a violência doméstica, muitas vezes causada pelo alcoolismo, e brigas entre vizinhos. A escritora, como sempre foi contra todo tipo de violência sempre chamando a polícia era chamada pelos vizinhos de intrometida.
45
SÍNTESE DA OBRA Carolina Maria de Jesus, preocupava-se com a situação político- social do país, falando em nome de todos os marginalizados do país, seus diários são a melhor descrição de realidade das favelas brasileiras da época (ou até mesmo das atuais). Após a publicação de Quarto de despejo (1960), que foi traduzido para 13 línguas, Carolina mudou-se para uma casa no subúrbio, e se por um lado Carolina conquistou o apreço dos leitores com sua escrita ora coloquial, ora rebuscada, conquistou também o desprezo de seus vizinhos do Canindé por escrever “coisas ruins” sobre eles.
46
CAROLINA MARIA DE JESUS
† Sacramento - Minas Gerais, em, no dia 14 de março de 1914 † São Paulo, em 13 de fevereiro de 1977
Apresentações semelhantes
© 2025 SlidePlayer.com.br Inc.
All rights reserved.