VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS

VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS
Cada uma das vitaminas lipossolúveis, A, D, E e K, tem um papel fisiológico separado e distinto. Na maior parte, são absorvidos com outros lipídios, e uma absorção eficiente requer a presença de bile e suco pancreático. São transportadas para o fígado como uma parte de lipoproteína e são estocadas em vários tecidos corpóreos. Normalmente são excretadas na urina.

1 Vitamina A 1.1 Introdução Foi a 1ª vitamina a ser identificada. Também é conhecida como retinol. Esta vitamina só se apresenta em alimentos de origem animal, nos alimentos de origem vegetal são encontradas as pró-vitaminas A ou carotenóides, cujo principal exemplo é o β-caroteno.

1.2 Carotenóides São pigmentos naturais muito difundidos na natureza, conferindo cores que vão do amarelo ao vermelho. No Brasil, a hipovitaminose A é considerada uma das principais deficiências na área de saúde pública. Os carotenóides de origem vegetal tem sido considerados a principal fonte de vitamina A na alimentação humana. Um estudo realizado em 1983,

estimou que os carotenos provenientes de vegetais contribuíam com cerca de 68% da vitamina A da dieta a nível mundial, e 82% nos países subdesenvolvidos. Isto ocorre porque os alimentos de origem animal com vitamina A pré-formada são de alto custo, ao contrário dos alimentos de origem vegetal que são de baixo custo.

1.2.1 Classificação Quimicamente os carotenóides são divididos em 2 grupos: hidrocarbonetos (α, β, γ-carotenos) e derivados oxigenados (xantofilas e oxicarotenóides). 1.2.2 Fontes Salmão, lagosta, camarão, gema de ovo, beterraba, mandioquinha, folhas verdes, frutas variadas, abóbora, azeite dendê...

1.2.3 Funções dos carotenóides A função mais conhecida é sua capacidade de ser convertida em retinol, motivo pelo qual são conhecidos como pró-vitamínicos A. Portanto, exerce as funções da vitamina A. Possui ainda, função antioxidante e proteção contra o câncer. Alguns estudos experimentais apontam o β-caroteno como protetor de diferentes neoplasias como câncer de pulmão e de estômago.

1.3 Funções da vitamina A Visão: protege o organismo da cegueira noturna (visão reduzida à noite ou sob luz escassa) e melhora a visão. b) Crescimento: a vitamina A é essencial para o desenvolvimento normal do feto e de crianças pequenas. c) Diferenciação tissular: responsável pela diferenciação de células epiteliais. Os tecidos mais sensíveis a deficiência

são: traquéia, pele, glândula salivar, córnea e testículos. d) Manutenção e desenvolvimento dos tecidos epiteliais: pele e mucosas. e) Sistema imunológico: reforça o sistema imunológico. f) Exerce efeito sobre o crescimento normal das estruturas ósseas e dos dentes durante o desenvolvimento. h) Antioxidante: fixa-se a radicais livres

que teriam efeito nocivo causando problemas como catarata, tumores, doenças de pele, entre outras. 1.4 Principais fontes de vitamina A Óleo de fígado de bacalhau, fígado de frango, fígado de boi, manteiga, margarina, atum, creme de leite, ovo de galinha, azeite de oliva, leite humano, leite de vaca...

1.5 Deficiências É a principal causa de cegueira em crianças, devido a problemas oculares como a xeroftalmia que é a secura nos olhos causada pela deficiência na produção de lágrimas.

Outro estágio mais grave é o aparecimento das manchas de Bitot, que são manchas superficiais de cor cinza ou esbranquiçada na superfície da córnea. O estágio mais avançado é a xerose (ressecamento anormal) da superfície da córnea ou da conjuntiva e a ulceração da córnea.

Manchas de Bitot Xerose da conjuntiva Xerose/úlcera da córnea Úlcera de córnea

Os sintomas da deficiência da vitamina A podem ser observados no quadro abaixo: Sinais moderados Sinais graves Perda de apetite Cegueira noturna Retardo no crescimento Xeroftalmia Alterações nervosas Malformação fetal Alterações na pele Cegueira Aumento de infecções Morte

1.6 Excesso O excesso de ingestão de vitamina A pode provocar sintomas tóxicos como cefaléia, vertigens, náuseas e vômitos. Já os carotenóides, não são tóxicos. Indivíduos que ingerem muita quantidade de carotenóide, podem desenvolver uma hipercarotenose, que é caracterizada por uma coloração amarela da pele e uma alta concentração de carotenóides no plasma.

2 Vitamina D (Calciferol) 2.1 Introdução Conhecida como vitamina da luz solar, é um hormônio produzido pelo corpo pela ação fotolítica da luz ultravioleta na pele. É formada por um grupo de compostos, cujos principais são ergocalciferol (vitamina D2) e o colecalciferol (vitamina D3).

2.2 Funções Nos ossos, a principal função da vitamina D ativa é aumentar a mobilização de estoques de cálcio, quando a ingestão desse mineral é inadequada, atuando na manutenção dos níveis normais de cálcio no sangue e na reabsorção óssea. Além disso, tem papel metabólico essencial na manutenção da homeostase* do cálcio e fósforo.

*Homeostase (homeo = igual; stasis = ficar parado) é uma condição que faz permanecer dentro de certos limites fisiológicos, ou seja, atua no controle do transporte e absorção desses minerais. 2.3 Fontes Encontrada naturalmente, na forma D3, em produtos animais, principalmente em peixes gordurosos (arenque, salmão,

sardinha e bacalhau), gema de ovo, fígado, leite e produtos lácteos. Nos vegetais, está presente na forma de vitamina D2, sendo encontrada principalmente em cogumelos comestíveis. 2.4 Deficiências Se manifesta como raquitismo em crianças e como osteomalácia em adultos.

2.4.1 Raquitismo Doença que envolve a mineralização prejudicada dos ossos em crescimento. É caracterizado por anormalidades estruturais dos ossos que sustentam o peso.

2.4.2 Osteomalácia Ocorre em adultos com ossos formados. A doença envolve redução generalizada na densidade óssea. Os pacientes sentem fraqueza muscular e sensibilidade óssea e possuem maior risco de fratura, em particular do punho e pelve.

2.5 Excesso Pode produzir intoxicação caracterizada por níveis de cálcio (hipercalcemia) e fósforo (hiperfosfatemia) séricos elevados e, a calcificação de tecidos moles incluindo rins, pulmões, coração e até membrana timpânica do ouvido. Os sintomas mais comuns são: dores de cabeça, fraqueza, náusea, vômito...

3 Vitamina E (Tocoferol) 3.1 Introdução Descoberta em 1922 como um fator lipossolúvel inicialmente denominado “fator X anti-esterilidade” que era essencial para gravidez normal em ratas. Em 1925 passou a ser chamada de vitamina E, por sua descoberta ser subsequente à descoberta das vitaminas A, B, C e D.

3.2 Absorção A absorção dos tocoferóis é insuficiente. Somente cerca de 20 a 40% do tocoferol ingerido são absorvidos. A eficiência na absorção é aumentada pelo concomitante consumo de gordura na dieta. A absorção máxima ocorre no intestino delgado e depende das funções biliar e pancreática adequadas (emulsificação e solubilização).

3.3 Transporte A partir de sua absorção, a vitamina E é incorporada aos quilomicrons (lipoproteína de grandes dimensões) e secretada na corrente linfática. Estes são então captados pelo fígado, onde serão incorporadas à VLDL e a HDL.

3.4 Funções A vitamina E é reconhecida como o principal antioxidante dos tecidos. Os ácidos graxos poli-insaturados são os principais constituintes das membranas celulares. Eles são particularmente susceptíveis à oxidação por radicais livres (moléculas liberadas pelo metabolismo do corpo que podem causar doenças degenerativas de envelhecimento e morte celular). Este processo oxidativo pode

causar danos à estrutura da membrana. A vitamina E bloqueia o processo de oxidação lipídica , preservando a membrana celular. Diversos estudos demonstram os efeitos nocivos dos radicais livres, frequentemente associados aos desenvolvimento de doenças degenerativas como câncer, doença de Alzheimer, artrite, catarata, entre outras.

3.5 Fontes A vitamina E é sintetizada apenas por plantas , sendo os óleos vegetais as principais fontes desta vitamina. 3.6 Deficiências Em geral, atingem os sistemas neuromuscular, vascular e reprodutor.

3.7 Excesso A vitamina E é uma das vitaminas menos tóxicas. O ser humano é capaz de tolerar quantidades de até 100 vezes a demanda nutricional. Acima disso, pode dificultar a utilização das outras vitaminas lipossolúveis.

4 Vitamina K 4.1 Introdução Sua descoberta foi casual, devido a ocorrência de hemorragias e lenta coagulação em pintinhos, em O nome vitamina K se deve a palavra “koagulation”. 4.2 Biodisponibilidade A vitamina K requer bile e suco

pancreático para sua absorção, portanto é solubilizada no duodeno e absorvida no intestino delgado, que envia para o fígado através do sistema linfático, associada aos quilomicrons.

4.3 Funções A vitamina K atua como uma coenzima durante a síntese de várias proteínas envolvidas na coagulação sanguínea e no metabolismo ósseo. 4.4 Fontes Está amplamente distribuída em alimentos de origem animal e vegetal. Altas concentrações de vitamina K são encontradas em vegetais verdes (como

brócolis, espinafre, repolho...). Raízes, bulbos, cereais e frutas são fontes pobres desta vitamina. São encontradas, também, em produtos de origem animal como carnes, peixes e produtos lácteos. Alguns óleos vegetais, incluindo a canola, soja e oliva, são ricos nesta vitamina. 4.5 Deficiências A deficiência de vitamina K é comum em

crianças recém-nascidas, devido a transmissão insuficiente desta vitamina pela placenta. A ampla variedade em alimentos ricos em vitamina K contribui para manutenção dos níveis normais nos adultos. A deficiência em recém-nascidos pode causar sua morte. O fígado é imaturo para síntese vitamínica e o intestino imaturo para absorção. Devido a esses fatores, ocorre constantemente o

desenvolvimento de doenças hemorrágicas dos recém-nascidos. Assim, a administração da vitamina K intravenosa em crianças recém-nascidas tem sido recomendada. 4.6 Excesso Nenhum efeito tem sido atribuído a longos períodos de ingestão de altas doses de vitamina K em humanos e animais.

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