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DRAMATURGIA.

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1 DRAMATURGIA

2 Uma área de 1.65 milhão de metros quadrados, que corresponde a cerca de 153 mil campos de futebol como o Mineirão, e capaz de produzir o equivalente a mais de 1200 longas- metragens. Números que dimensionam a Central Globo de Produção, localizada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Essa é a estrutura necessária para a produção do gênero televisivo que melhor define o entretenimento audiovisual no Brasil: a telenovela.

3 Nenhum outro produto da televisão brasileira apresenta essas dimensões
Nenhum outro produto da televisão brasileira apresenta essas dimensões. A telenovela é capaz de interferir sobre comportamentos, valores, hábitos e até mesmo a linguagem do telespectador. É produto de exportação que já levou a nossa cultura a mais de 80 países. E mesmo com 41 anos de história, a telenovela se renova e continua em horário nobre.

4 Um dos construtores dessa história é Gilberto Braga
Um dos construtores dessa história é Gilberto Braga. Em 1973, ele estreou com o caso especial “Praias Desertas”, mas foi mesmo em 75, com as adaptações dos clássicos de Machado de Assis e de José de Alencar, “Helena” e “Senhora”, respectivamente, que esse autor ganhou credibilidade dentro da TV Globo. Depois disso, sucessos como as novelas “Escrava Isaura”, “Dancin’ Days”, “Vale Tudo” e as misséries “Anos Dourados” e “Anos Rebeldes” garantiram o nome desse autor entre os de Janete Clair, Ivani Ribeiro e Dias Gomes.

5 Recontar a história da telenovela brasileira através dos personagens e enredos de Gilberto Braga é um passeio pela diversidade conquistada nessas quatro décadas de teledramaturgia. Os vilões e os moçinhos já não são mais os mesmos, as tramas modificaram suas estruturas, os personagens se aproximaram da realidade e a telenovela, ao contrário do que possa pensar aquele que analisa unicamente os índices da audiência, solidificou-se tanto na grade de programação quanto no coração do brasileiros.

6 Os primeiros capítulos dessa história
A telenovela brasileira encontra no folhetim do século XIX, na soap-opera norte-americana e, por fim, nas radionovelas latinas os seus “antecedentes”. Entretanto, segundo Ismael Fernandes (1994: p.20), ela consegue expressar-se por si só e tem sua própria história.

7 O folhetim francês, por exemplo, não encontrou em nosso país uma massa populacional alfabetizada que pudesse caracteriza-lo como popular, como acontecia na França. Ao contrário, o Brasil ainda era escravocrata, o que determinava uma maioria de miseráveis que não caracterizavam um público leitor de jornais. Porém, segundo Renata Pallottini (1998: p.36-7), a telenovela herda do romance-folhetim uma de suas principais características: a redundância. No século XIX, ela foi usada na recapitulação da história para os leitores esquecidos ou de primeira viagem e, atualmente, a redundância é uma arma na disputa pela atenção do espectador de telenovela

8 As soap-operas, definidas por Roberta Manuela Barros de Andrade (2003: p.110) como “narrativas de ficção compostas por segmentos não lineares, isto é, sem uma história principal que funcione como condutora da trama”, surgem nos Estados Unidos durante um período de recessão econômica. O objetivo era conquistar o público feminino e, através dele, ampliar as vendas de produtos de higiene pessoal e do lar.

9 O gênero, que atingia a 90% dos lares norte-americanos, chega a Cuba em 1935 e se difunde através de um sistema radiofônico consolidado. As soap-operas, vindas principalmente de Miami, servem de base para as radionovelas cubanas. Entretanto, vale lembrar, que o gênero é adaptado à cultura latina, recebendo aspectos mais melodramáticos, como nos diz Renato Ortiz:

10 a tradição cubana se enraíza numa outra cultura, o que a leva a privilegiar o lado trágico, melodramático da vida. Os títulos de várias dessas séries revelam, por um lado, a sua preocupação com o universo feminino, por outro esta necessidade que alguns definiram como “fazer chorar”: Divorciadas, Mujeres que trabaran, Yo no quiero ser mala, El dolor de ser madre. (1989: p.24)

11 Só então, depois dessa longa viagem, é que o produto radionovela entra no Brasil no ano de Embora consideremos a radionovela como o principal eixo para a formação da nossa teledramaturgia, devemos compreender que houve mudanças significativas para adaptar o gênero tal como ele chegou das rádios cubanas à realidade brasileira.

12 Em julho de 1963, a telenovela brasileira apresenta seu primeiro produto diário através da TV Excelsior. No elenco de “ Ocupado” estavam Glória Menezes, Tarcísio Meira e Lolita Rodrigues. Mas somente com “O Direito de Nascer”, exibida em 1964, pela TV Tupi, o gênero ganha popularidade e passa a ser definitivamente diário. Segundo Ismael Fernandes (1994: p.65), “a segunda metade dos anos 60 assistiu ao maior torvelinho de emoções que a nossa estória pode contar. Tupi, Excelsior, Record e Globo entraram no páreo para valer. Uma explosão de teledramaturgia tomou conta do país”.

13 Em comum as produções do princípio da década de 60 tinham a ausência de racionalização da produção, que pudesse relacionar os custos e a duração da novela, além de temas melodramáticos que, de certa forma, seguiam a tendência vinda das rádios latino-americanas.

14 A telenovela brasileira, mesmo dominando a programação, não se libertou das origens radiofônicas e do estilo herdado dos mexicanos e argentinos. A linguagem refletia exatamente o universo folhetinesco, em que o drama e as inverossimilhanças conduziam os conflitos dos personagens. É o momento máximo das soap –operas (expressão inglesa de duplo sentido: óperas de sabão e óperas de má qualidade), com as telenovelas vendendo, através do patrocinador, uma infinidade de produtos ligados à higiene pessoal e do lar. (FERNANDES, I: 1994: p.66)

15 Entretanto, a telenovela brasileira, ainda nos anos 60, encontra seu próprio caminho e se distancia dos temas folhetinescos que fugiam a realidade de seu público, trazendo para a televisão ficções com a cara, o sotaque e os cenários do Brasil. Vários autores colaboraram para trazer o cotidiano do telespectador para dentro das novelas, dentre eles vale citar Ivani Ribeiro, Lauro César Muniz, Marcos Rey e Geraldo Vietri

16 Cabe ressaltar que não houve um rompimento com o texto melodramático e, sim, um processo de atualização da estrutura bipolar e simples que o caracteriza em sua essência. Isto aconteceu porque a estrutura do melodrama permite este tipo de modernização. Segundo Ivete Huppes (2000: p.28), “se o esquema básico é limitado, o mesmo não acontece com a organização da intriga. Nesse nível praticamente não há fronteira para inventividade dos autores”.

17 Se as décadas de 60 e 70 foram marcadas pelo aumento do número de aparelhos de tevê _ crescimento de 333% na compra de televisores_ e pela concentração dos investimentos publicitários nesse veículo, os anos de 70 e 80 serão lembrados como o momento de industrialização da telenovela. Regularidade e pontualidade dos horários, duração uniforme dos capítulos e telenovelas com número contado de dias para acabar.

18 Esses princípios passam a distinguir as produções da TV Tupi e da TV Globo. Enquanto a Tupi demorava a se adequar ao novo modo de produzir telenovela, a Globo era exemplar. No fim da disputa, a organização da última fez a diferença. Já no SBT, que também enxergou na telenovela um grande filão, a aposta eram os dramalhões mexicanos, porém, como nos lembra Renato Ortiz (1989: p.107) “esta estratégia de atuar na faixa de um público mais ‘popularesco’ mostra-se inadequada diante da modernização por que passou a telenovela brasileira.”

19 A teledramaturgia brasileira trilhou seus passos se distanciando do folhetim do qual se originou e se aproximando cada vez mais da forma de entretenimento de massa que hoje é, um produto preocupado com pesquisas e com audiência

20 Década de 70: consolidação do horário das seis
Em 1975, como tentativa de criar um novo horário para as telenovelas da emissora, a Rede Globo colocou no ar, às 18h15, a adaptação do livro “Helena”, de Machado de Assis. A trama que conta a história de amor de Helena e Estácio, passada durante o Segundo Reinado, seria a primeira a experimentar um horário que, inicialmente, estaria destinado apenas aos clássicos da literatura brasileira.

21 O desafio coube ao jovem crítico de teatro e cinema, e inexperiente em produções para televisão, Gilberto Braga. Antes disso, ele apenas havia colaborado com Lauro César Muniz na novela “Corrida do Ouro”, mas, nessa primeira tentativa, não havia sido bem-sucedido.

22 Gilberto Braga acatou a missão e levou para a tevê uma produção impecável, que incluía pesquisas para a criação de cenários e figurinos do século XIX, além de um primor na gravação das cenas externas. O talento da produção e a trama bem contada de Machado conseguiram consolidar em definitivo o horário “das seis”.

23 Naquele momento, a TV Globo já se preocupava com a qualidade da programação seguindo uma orientação estatal. A emissora, segundo Renato Ortiz (1989: p.84), queria valorizar a cultura brasileira e a identidade nacional, por isso, a escolha pelos clássicos da nossa literatura para o novo horário de telenovelas.

24 Ainda em 1975, depois do sucesso de “Helena”, Gilberto Braga é convidado a adaptar outro livro. Dessa vez, “Senhora”, de José de Alencar. Entretanto, foi mesmo com a adaptação do romance homônimo de Bernardo Guimarães, “Escrava Isaura”, que o autor despontou dentro da TV Globo.

25 A história da escrava branca, interpretada por Lucélia Santos, que luta por sua liberdade chegou a mais de 80 países e é, até hoje, a telenovela mais exportada do Brasil. Luis Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação revelou que, mesmo 29 anos depois, grupos de chineses procuram a TV Globo para conhecer o local onde foi gravada a novela.

26 No final de 1985, a novela havia sido vendida a 27 países
No final de 1985, a novela havia sido vendida a 27 países. A atriz Lucélia Santos visitou todos eles e recebeu vários prêmios, como o Latino de Ouro, concedido pela Emissora Caracas de Rádio e Televisão, na Venezuela. Em 1989, Escrava Isaura foi exibida em 15 capítulos na União Soviética, onde obteve alto índice de audiência. A novela tornou-se uma verdadeira febre na televisão chinesa. Em 2002, já fora vendida para cerca de 80 países. No rastro do sucesso, foram vendidos 500 mil exemplares da tradução do livro de Bernardo Guimarães para o chinês. (DICIONÁRIO da TV Globo, 2003: p.72)

27 Em 1976, a pedido de Janete Clair, Gilberto Braga passa a conduzir a novela “Bravo!”, para que a autora pudesse se dedicar a novela “Pecado Capital”. Esta seria outra oportunidade para Gilberto, entretanto, mais uma vez não significava que o autor estaria a frente do enredo e da criação dos personagens.

28 Em 1977, Gilberto adapta novamente para o horário das seis da tarde
Em 1977, Gilberto adapta novamente para o horário das seis da tarde. Só que agora não se tratava de um livro e, sim, de uma peça de teatro. “Dona Xepa”, escrita por Pedro Bloch, ganha os públicos carioca e paulista, entrando no ranking das telenovelas de maior audiência.

29 Embora o sucesso de suas adaptações tenha sido fundamental para a consolidação do horário das seis, assim como também para manter os interesses da emissora, somente com “Dancin’ Days”, exibida nos fins da década de 70, Gilberto Braga pode mostrar a que veio.

30 As duas mulheres de Gilberto Braga
Lisandro Nogueira (2002), em seu livro “O autor na tv”, aponta dois eixos temáticos na obra de Gilberto Braga. O primeiro seria uma discussão dos valores da classe média e das elites urbanas_ apontando seus preconceitos, seu desprezo pela cultura do povo, sua tendência a valorizar o “primeiro mundo”. O segundo eixo se refere a força dramatúrgica de suas personagens, estando essas sempre afinadas com a nova mulher urbana, carregadas de força, decisão e independência.

31 “As mulheres de Gilberto Braga” não se contentam com papel tradicional das heroínas melodramáticas _ que seria de defesa, nunca de ataque_, elas partem para conquistar seus espaços nos campos profissional e afetivo, gritam, brigam e até “caem no tapa”, se for necessário. Nada de formatações maniqueístas que garantam personagens boas ou más, a junção dessas características é o que fez delas mulheres reais.

32 Em 1979, em sua primeira novela para o horário das oito horas, da TV Globo, Gilberto retratou a posição confusa da mulher em uma época na qual ocorriam mudanças importantes no papel feminino dentro da família e dentro do mercado de trabalho. A sociedade encontrava-se aguçada pelas discussões feministas e coube a “Dancin’Days” acender essa polêmica.

33 Júlia Matos, vivida por Sônia Braga, era uma ex-presidiária que lutava para recuperar seu lugar na sociedade. Acusada de atropelar e matar um guarda-noturno, Júlia fora condenada a 22 anos de prisão. Depois de cumprir metade da pena, consegue liberdade condicional e tenta reconstruir sua vida ao lado da filha, Marisa (Glória Pires), e do homem que ama, o diplomata Cacá (Antônio Fagundes).

34 Longe da protagonista tradicional do romance-folhetim, Júlia não está livre de errar, pelo contrário, ela matou uma pessoa. Entretanto, a passividade e a espera pela justiça não marcaram sua trajetória. Ela lutou contra o estigma de ex-presidiária, pelo amor da filha, que a princípio lhe era hostil, e também enfrentou dificuldades para conquistar o seu grande amor.

35 Júlia mergulha num universo que exige coragem e ousadia
... Júlia mergulha num universo que exige coragem e ousadia. Um mundo diverso do folhetim tradicional, pois nos encontramos agora na presença de uma mulher “moderna”, que se adequa aos valores morais profissionais de seu tempo. Neste sentido podemos afirmar que nos encontramos na presença de um “folhetim modernizado”. (ORTIZ, R. 1989: p.106)

36 E o que podemos dizer de Raquel Accioli, vivida em 1989, por Regina Duarte, na novela “Vale Tudo”? Ela foi enganada por sua única filha, Maria de Fátima (Glória Pires), e, ao invés de se debruçar em lágrimas pelos próximos cento e cinqüenta capítulos, parte para a desconhecida capital do Rio de Janeiro e passa a vender sanduíches na praia. Mas não é só isso, Raquel prospera honestamente _sem aceitar 800 mil dólares que encontra perdidos_ e cria sua própria rede de restaurantes, a Paladar.

37 “Vale Tudo”, novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères marcou a teledramaturgia brasileira. A vilania antológica de Maria de Fátima, o assassinato de Odete Roitman e, por que não, a força de Raquel Accioli entraram na memória coletiva do Brasil assim como fez Júlia Matos de “Dancin’ Days”.

38 “Vale Tudo”, novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères marcou a teledramaturgia brasileira. A vilania antológica de Maria de Fátima, o assassinato de Odete Roitman e, por que não, a força de Raquel Accioli entraram na memória coletiva do Brasil assim como fez Júlia Matos de “Dancin’ Days”.

39 A importância dessas personagens para a história da telenovela brasileira fica mais evidente quando analisamos o quanto seus modos de vestir, dançar, pensar ou agir influenciaram o cotidiano da imensa audiência que acompanhava as tramas. Quem não usou a meia colorida de lurex de Júlia Matos com certeza não era vivo quando “Dancin’Days” foi exibida. As meias, que se tornaram verdadeira febre, ganharam as páginas da revista norte-americana Newsweek em novembro de E quem diria que o nome da rede de restaurantes de Raquel Accioli faria tanto sucesso em terras cubanas que designaria, por decreto da legislação local, os pequenos restaurantes da ilha de Fidel.

40 O desafio do grande autor: modernizar o gênero
Segundo a autora Roberta Manuela Barros de Andrade, em seu artigo “Telenovelas: narrativas imaginárias do Brasil”, “nossa telenovela é um produto cada vez mais distante do modelo tradicional de telenovela do qual se originou” (2002: p.109). Isso, com certeza, só aconteceu porque alguns autores não se limitaram a reproduzir temáticas e modelos que conseguiram sucesso no passado. Eles ousaram, trouxeram elementos novos para a estrutura da trama e proporam discussões pautadas nas feridas do povo brasileiro.

41 Experiências recentes de denúncias, de discussões de ordem política, de aprofundamento de conflitos, de personagens influenciados pelas condições econômicas, de merchandising social _ como têm tentado fazer Lauro César Muniz, Sílvio de Abreu, Gilberto Braga, Benedito Rui Barbosa e até Glória Perez _ parecem caminhar, muito lentamente, mas sem parar, no sentido de fugir à simples criação de histórias atraentes, complexas e de apelo. (PALLOTTINI, R. 1998: p.71)

42 No processo de atualização, o autor deu continuidade à trajetória consolidada do vínculo entre ficção e vida cotidiana (realidade), cerne do gênero melodramático. Mas a tradição vestiu roupa nova.(...) A atualização conduzida por Gilberto Braga mostra a necessidade e a dinâmica de sobrevivência da telenovela. Se é egoísta por apenas usufruir das rupturas feitas pela vanguarda (o feminismo nasce e se fortalecer na riqueza das mudanças dos anos 60), a nova forma da telenovela lhe permite dialogar com um grande público e passar informações de interesse. Informações_ a anticoncepção e os cuidados com o corpo, para fruir-se melhor a sexualidade_ difíceis de serem disseminadas em massa se dependessem apenas de pequenos grupos.(NOGUEIRA, L. 2002: p.125-6)

43 Dessa forma, Gilberto Braga entra na lista dos autores que procuram, através de suas tramas, trazer para a tela da Rede Globo questionamentos já existentes ou discussões que podem mexer com o povo brasileiro. E se, como dizemos anteriormente, as personagens femininas e as críticas a elite urbana brasileira são os dois eixos temáticos desse autor, seria justamente a forma como essas abordagens são feitas o que o diferencia dos demais.

44 Em 1991, na telenovela “O Dono do Mundo”, o personagem Beija-Flor, vivido por Ângelo Antônio, era um exemplo tão constante de honestidade que suas ações inspiraram uma campanha sobre ética na Associação Brasileira de Marketing. E, atualmente, o ator Marcelo Faria, que interpreta o bombeiro Vladimir em “Celebridade”, foi condecorado pelo Corpo de Bombeiros por conta do comportamento exemplar de seu personagem. Esses são apenas dois exemplos de como a construção de um personagem e, por conseguinte, a simpatia e autenticidade dessa construção, podem influenciar a audiência.

45 ... a telenovela, assim como o folhetim do século passado, também pode ser, e em alguns casos é, uma forma de alterar a sociedade para algumas questões. Um exemplo é o caso de cenas em que personagens simpáticos ao público ressaltam a importância do uso da camisinha, da doação de sangue ou de órgãos.” (CARDINALE, M. 1996: p.95)

46 Em “Dancin’Days”, as questões femininas da mulher do final da década de 70 eram a pauta. Em 1980, na novela “Água Viva”, o topless e as violentas reações da sociedade contra ele, entraram em cena. Discussões sobre ética e honestidade, além do alcoolismo e, pela primeira vez na televisão brasileira, o homossexualismo feminino, apareceram como protagonistas em “Vale Tudo”. E a novela “O Dono do Mundo” perguntava ao público: a elite brasileira se preocupa com os pobres? A negativa dessa interrogação balançou o país.

47 A denúncia do racismo, a corrupção do povo e, de forma inédita, uma favela como cenário entraram no horário nobre com a novela “Pátria Minha”. Gilberto Braga discute a luta sem limites pela fama e pelo dinheiro em “Celebridade”. E, por fim, vale citar, os retratos políticos da sociedade brasileira nas minisséries “Anos Dourados” e “Anos Rebeldes”.

48 Segundo Lisandro Nogueira,
nota-se que Gilberto Braga dribla algumas limitações estabelecidas pela indústria, exercendo e atuando como autor-produtor, em comum acordo com a emissora. Ele escreve as telenovelas juntamente com os colaboradores afinados com suas idéias, escala o diretor com o qual quer trabalhar, objetivando uma sintonia na produção, escolhe o elenco e participa da escolha da trilha sonora com direito a veto. O poder acumulado por Gilberto Braga como autor-produtor nasceu num momento de valorização das telenovelas, que atualizaram o gênero e sintonizaram sua base melodramática com uma crônica urbana reveladora de novos comportamentos. (2002: p.139)

49 Não devemos olvidar que esse processo de atualização do gênero, ou mesmo a construção de personagens ou tramas que entrem para a memória coletiva do país, não são exclusividades desse autor. Entretanto, não devemos abrandar a importância de Gilberto Braga para a construção da telenovela que temos hoje, sendo esta um dos produtos que mais representa a nossa cultura aqui dentro e no exterior.

50 Referências Bibliográficas
ANDRADE, Roberta Manuela Barros de. Telenovelas: narrativas imaginárias do Brasil. Revista Comunicação & Política. Cebela, v.x, n.3, p , sem.dez BERNARDO, André. Galã incendiário. Tribuna de Minas, Juiz de Fora, 1 fev. 2004, Tevê, p.8. CARDINALE, Maria Luiza. Comunicação: trama de desejos e espelhos. Os metalúrgicos, a telenovela e a comunicação do sindicato. Canoas: Ed. ULBRA, 1996. DICIONÁRIO da TV Globo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. FERNANDES, Ismael. Memória da telenovela brasileira. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

51 FERNANDES, Ismael. Memória da telenovela brasileira. 3. ed
FERNANDES, Ismael. Memória da telenovela brasileira. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. FIUZA, Marcelo. Hollywood brasileira. O Tempo, Belo Horizonte, 12 nov. 2003, Magazine, p.1;3. HUPPES, Ivete. Melodrama: o gênero e sua pertinência. São Paulo: Ateliê Editorial, 2000. NOGUEIRA, Lisandro. O autor na televisão. Goiânia: Ed. Da UFG; São Paulo: Edusp, 2002. ORTIZ, Renato, BORELLI, Sílvia Helena S., RAMOS, José Mário O. Telenovela: história e produção. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989. PALLOTTINI, Renata. Dramaturgia de televisão. São Paulo: Moderna, 1998.

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