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Pré-Modernismo
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Pré-Modernismo Período de abrangência: 1902 a 1922 (da publicação de Canaã, de Graça Aranha, e de Os sertões, de Euclides da Cunha, até a realização da Semana de Arte Moderna) Período eclético: mistura de várias tendências do século XIX e relativa antecipação de técnicas típicas do século XX. grupo passadista (parnasianos e simbolistas retardatários) grupo renovador (sob variadas linguagens, com predomínio da prosa neo-realista, um conjunto de escritores – sem um projeto comum – tenta olhar para o país de uma forma mais ou menos crítica.
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1. Euclides da Cunha – Os sertões
Relato sobre a guerra de Canudos travada entre sertanejos fanáticos e soldados do exército; A base fatual do relato são as reportagens que E.C. enviou para o jornal durante o confronto. A obra se divide – de acordo com as teses deterministas que a delimitam (Taine: meio, raça e momento) em A terra – O homem – A luta.
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As teses cientificistas de E. C
As teses cientificistas de E. C. estão mais presentes nas duas primeiras partes da obra. Em O homem, o sertanejo é apresentado, simultaneamente, como uma "sub-raça", "raça degenerescida" e como um "forte", um "titã de cobre". A luta – parte mais importante – é uma mescla de texto científico, resgate histórico, reportagem jornalística, narrativa romanesca, análise da guerra, denúncia da chacina dos sertanejos e uma profunda interpretação do Brasil. A percepção da guerra como tradução da existência de dois Brasis – um civilizado e moderno e outro arcaico e primitivo – dois Brasis sem unidade, sem um núcleo comum, constitui a grande colaboração de E. C. para a consciência dos brasileiros da época a respeito do seu próprio país. Não esqueça: A linguagem – extraordinariamente elaborada, ornamental, difícil, poética, barroca em suas antíteses, em suas metáforas e em seus paradoxos – é o que confere caráter literário ao texto.
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Os sertões "O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços do litoral. A sua aparência, entretanto, no primeiro lance de vista, revela o contrário(...). É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasimodo (...) é o homem permanentemente fatigado (...) Entretanto, toda essa aparência de cansaço ilude (...) No revés o homem transfigura-se . (...) e da figura vulgar do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias."
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2. Lima Barreto Relatos neo-realistas, de estilo simples, mais ou menos desleixados na linguagem. Valorização da vida suburbana e das camadas pobres do Rio de Janeiro Caricatura dirigida aos poderosos da época (políticos e letrados, em especial) Ironia corrosiva ao nacionalismo ufanista Denúncia dos preconceitos sociais e de cor (o autor era mulato)
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Lima Barreto - Triste fim de Policarpo Quaresma
Relato centrado em um burocrata visionário, dominado por formulações de nacionalismo ufanista e que, por isso, crê piamente na grandezas convencionais da nação. A narrativa é a da perda progressiva de seus ideais, perseguidos e destroçados pela realidade, como, por exemplo, a sua fracassada experiência agrícola e a sua consciência da brutalidade das elites, após o episódio da Revolta da Armada (1893). Por protestar contra a violência do próprio governo que ajudara a defender, Policarpo Quaresma será preso e fuzilado.
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Triste fim de Policarpo Quaresma
"Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se vêem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma -- usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani, como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
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O suplicante, deixando de parte os argumentos históricos que militam em favor de sua idéia, pede vênia para lembrar que a língua é a mais alta manifestação da inteligência de um povo, é a sua criação mais viva e original; e, portanto, a emancipação política do país requer como complemento e consequência a sua emancipação idiomática.
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Demais, Senhores Congressistas, o tupi-guarani, língua originalíssima, aglutinante, é verdade, mas a que o polissintetismo dá múltiplas feições de riqueza, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais, por ser criação de povos que aqui viveram e ainda vivem, portanto possuidores da organização fisiológica e psicológica para que tendemos, evitando-se dessa forma as estéreis controvérsias gramaticais, oriundas de uma difícil adaptação de uma língua de outra região à nossa organização cerebral e ao nosso aparelho vocal -- controvérsias que tanto empecem o progresso da nossa cultura literária, científica e filosófica. Seguro de que a sabedoria dos legisladores saberá encontrar meios para realizar semelhante medida e cônscio de que a Câmara e o Senado pesarão o seu alcance e utilidade P. e E. deferimento".
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3. Augusto dos Anjos - Eu Poesia com traços parnasianos, simbolistas e pré-modernistas. Os aspectos pré-modernistas estão presentes em alguns versos de extremo coloquialismo e na incorporação da temática da "sujeira da vida" e do grotesco, muito comuns na poesia moderna. Utilização freqüente de termos científicos da medicina e da biologia, de acordo com as tendências naturalistas/evolucionistas vindas do século XIX.
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AUGUSTO DOS ANJOS Apresenta uma obsessão pela morte, nas formas mais degradadas que ela pode apresentar: podridão da carne, cadáveres fétidos, corpos decompostos, vermes famintos e fedor de cemitérios. Dominada pelo pessimismo schopenhauriano niilismo, a poesia de Augusto dos Anjos questiona a falta de sentido da existência e verte um nojo amargo e desesperado pelo fim inglório a que a natureza nos condena. A angústia diante da morte transforma-se numa espécie de metafísica do horror: o homem não passa de matéria que acaba, que entra em putrefação e que depois desaparece.
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Psicologia de um Vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme - este operário das ruínas - Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra!
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Versos Íntimos Vês! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
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Budismo Moderno Tome, Dr., esta tesoura, e... corte Minha singularíssima pessoa. Que importa a mim que a bicharia roa Todo o meu coração, depois da morte?! Ah! Um urubu pousou na minha sorte! Também, das diatomáceas da lagoa A criptograma cápsula se esbroa Ao contato de bronca destra forte! Dissolva-se, portanto, minha vida Igualmente a uma célula caída Na aberração de um óvulo infecundo; Mas o agregado abstrato das saudades Fique batendo nas perpétuas grades Do último verso que eu fizer no mundo!
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Idealização da humanidade futura
Rugia nos meus centros cerebrais A multidão dos séculos futuros — Homens que a herança de ímpetos impuros Tornara etnicamente irracionais! — Não sei que livro, em letras garrafais, Meus olhos liam! No húmus dos monturos, Realizavam-se os partos mais obscuros, Dentre as genealogias animais! Como quem esmigalha protozoários Meti todos os dedos mercenários Na consciência daquela multidão... E, em vez de achar a luz que os Céus inflama, Somente achei moléculas de lama E a mosca alegre da putrefação!
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4. Monteiro Lobato Literatura geral (adulta): Urupês, Cidades mortas, Negrinha. contos com ênfase em soluções patéticas, macabras ou anedóticas estrutura do conto e de linguagem presa ao modelo realista tradicional registro da zona cafeicultura decadente do interior paulista (Cidades mortas) criação da figura do caboclo brasileiro (o caipira) – Jeca Tatu
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Literatura infanto-juvenil: O sítio do pica-pau amarelo.
mescla de fantasia, realidade e informação; presença de um cenário típico do interior brasileiro (o sítio)
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5. Graça Aranha Canaã: Romance de tese (ou de idéias ou ainda romance-ensaio), centrado no debate ideológico entre dois imigrantes alemães, Milkau e Lentz, recém chegados ao Espírito Santo. Há uma discussão sobre o futuro da sociedade brasileira, discussão esta centrada nas idéias de clima e de raça. A linguagem da obra tem certos acentos impressionistas. Simpatizou com o grupo Modernista de São Paulo e apadrinhou a Semana de Arte Moderna.
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