Carregar apresentação
A apresentação está carregando. Por favor, espere
PublicouIago Silveira Alterado mais de 10 anos atrás
1
O Instituto Rhodes-Livingstone ou a “escola de Manchester”
…….Entretanto, do outro lado do Oceano.... O Instituto Rhodes-Livingstone ou a “escola de Manchester” 1
2
“A escola de Manchester”
O Rhodes-Livingstone Institute 1938 (Institute for African Studies, N.U.Zambia após a independência, 1964) Controlado pelo governador e colónos brancos representantes de vários interesses Estudo dos fenómenos sociais e culturais na África Central Britânica, nos anos 30, com o intuito de fornecer informações úteis ao aparelho administrativo colonial - Pesquisas sobre a cintura do Cobre, Rodésia do Norte, actual Zâmbia, Zimbabué e Malawi (cidades como Ndola, Kitwe,Chingala, Luanshya e Mufulira) Processos de transformação social em virtude do comércio mundial do Cobre – a maior jazida de cobre do mundo – 1920s e a mineração do cobre em larga escala + urbanização industrial da região = “revolução industrial africana” 2
3
3
4
4
5
“A escola de Manchester”
O Rhodes-Livingstone Institute (cont.) 1º director – Godfrey Wilson – urbanismo e urbanização - Pesquisa (com Monica Wilson) em Broken Hill 1940s – 2ª guerra mundial – afastamento de Godfrey Wilson (demitiu-se) do RLI - objector de consciência – excessiva e ameaçadora proximidade das populações colonizadas Nomeação de Max Gluckman 5
6
“A escola de Manchester”
O Rhodes-Livingstone Institute (cont.) Max Gluckman: Antropólogo Sul Africano, treinado em Oxford, estrutural funcionalista, (aluno de Radcliffe- Brown) – a importância do equilibrio e a sua relação com o conflito – maior importância à história e reconhecia em Marx uma fonte de inspiração (a base material) Partilhava a visão de Godfrey sobre o lugar a sociedade centro africana no mundo – a sociedade colonial africana como um espaço social único de chefes, aldeões, administradores distritais e mineiros (suas condições de vida) Inspiração – Audrey Richards e Isaac Schapera 6
7
“A escola de Manchester”
O Rhodes-Livingstone Institute (cont.) Max Gluckman: “Seven Year Research Plan...” Plano de pesquisa: (a) estudar as principais transformações a ocorrer na região, (b) recolher material comparativo sobre organizações “indígenas” e “modernas”, e (c) principais problemas relativos à gestão do território Migrações laborais e industrialização Impactos das migrações no mundo rural Consequências da urbanização dos trabalhadores “Tribos” como centros mão de obra e efeitos nos costumes locais e divisão do trab. 7
8
“A escola de Manchester”
O Rhodes-Livingstone Institute (cont.) Max Gluckman: “Seven Year Research Plan...” Dividir a África Central em unidades de análise (áreas a estudar): (i) minas e cidades mineiras; (ii) áreas rurais remotas; (iii) áreas rurais adjacentes aos centros de mão-de- obra, com economias monetarizadas; (iv) áreas agrícolas europeias Pesquisar: (a) efeitos da mig. laboral e urbanização na organização familiar e de parentesco, na vida económica, nos valores políticos, nas crenças religiosas e mágicas, em cidades e aldeias; (b) os efeitos de monetarização da economia; (…); (f) formação de novos grupos e relações urbanas e rurais (minas, lojas e missões); (...); (h) europeus, indianos e outros grupos; (h) visão de conjunto do território 8
9
“A escola de Manchester”
Rhodes-Livingstone Institute (cont.) Max Gluckman: 1947 – regressa a Oxford e posteriormente Manchester – a permanente relação com o RLI Directores seguintes – Elizabeth Colson e J.Clyde Mitchell – bem como outros investigadores que realizaram pesquisas no RLI - ligação a Manchester e a Gluckman John Barnes, Ian Cunnison, Victor Turner, AL Epstein, Jaap Van Velsen e Bruce Kapferer – Mapeamento da vida na Africa Central + O seminário em Manchester e um conjunto coerente de métodos e de análises, unindo estudos rurais e estudos urbanos, com uma forte componente empírica – uma escola com várias linhas diferenciadas no seu interior A escola acabou por se diluir ficando apenas a rede que esteve na sua origem ligando a Universidade de Manchester e terrenos muito diversos 9
10
“A escola de Manchester”
Colaboracionistas ou reformistas? A sua posição na sociedade colonial Os “africanos” como eminentemente rurais e que regressariam às “origens” e como tal desnecessária criação de infra-estrutruras para a migração interna – segmentos da sociedade colonial vs Os “africanos” como pertencentes à sociedade urbana como os Europeus – RLI – independência dos investigadores Críticas dos sectores anti-coloniais (Magubane) por reproduzirem algumas das categorias coloniais – tribalismo, estilos de vida europeus – e como tal ao serviço do aparelho colonial 10
11
“A escola de Manchester”
Principais temas: (i) processos de industrialização (cintura industrial e exploração do cobre); (ii) etnicidades / processos de (des)tribalização e (re)tribalização; (iii) migrações laborais; (iv) sociedades rurais, o capitalismo e a monetarização das economias (reserva de trabalho); (v) poder e autoridade no contexto colonial; (vi) política local; 11
12
“A escola de Manchester”
Principais contributos teórico-metodológicos (cont.): (i) O continuum entre (des)tribalização e (des)urbanização (ii) A dimensão situacional do tribalismo (etnicidade) (iii) Parâmetros contextuais (iv) Tipos de relações sociais em meio urbano (v) Análise situacional ou extended case method 12
13
“A escola de Manchester”
Principais contributos teórico-metodológicos: (i) O continuum entre (des)tribalização e (des)urbanização Migração para as cidades = destribalização e atenuação dos “costumes tradicionais” (administradores coloniais e outros académicos) Mas as pessoas não são uma ou outra coisa! Elas podem ser ambas “an african townsman is a townsman, an african miner is a miner” - o migrante destribaliza- se quando assume uma posição na estrutura social urbana e retribaliza-se (desurbaniza-se) quando (re)entra na sociedade rural com os seus papéis sociais Na cidade – sistema industrial dominante = comunidades de interesse e prestígio Na aldeia – o tribalismo é o sistema político vigente 13
14
“A escola de Manchester”
Principais contributos teórico-metodológicos (cont.): (i) O continuum entre (des)tribalização e (des)urbanização (cont.) Assumpção - Dois sistemas de relações sociais e valores: (i) produção industrial moderna; (ii) produção tradicional de subsistência – escolha consoante o contexto Esfera dual – a complementaridade cidade e campo – cidade virada para o exterior, para a economia mundial, e o campo como área de permanentes ligações para os trabalhadores – são um continuum, são um “habitat único” 14
15
“A escola de Manchester”
Principais contributos teórico-metodológicos (cont.): (ii) A dimensão situacional do tribalismo (etnicidade) Ideia reforçada pelos argumentos situacionais de Mitchell e Epstein ao mostrarem como o tribalismo (assumido como evidente, não questionado) é usado em momentos diferentes mesmo na cidade (menor preocupação com a dimensão processual – de passagem de uma ordem a outra) – o tribalismo não é organização política mas sim formas de categorizar e classificar as pessoas - The Kalela Dance e Politics in an Urban African Community – Philip Mayer (aula 18) ....e em diferentes relações sociais – domésticas, parentesco, actividades recriativas, recrutamento de trabalhadores, sindicatos ou no controlo de nichos de mercado - Abner Cohen (aula 15) 15
16
“A escola de Manchester”
16
17
“A escola de Manchester”
Principais contributos teórico-metodológicos (cont.): (iii) Parâmetros contextuais (preocupação com a macro-estrutura) Comportamento dos sujeitos por relação a um conjunto de factores assumidos como naturais e que serviam de matriz interpretativa das realidades sociais (1) densidade – contactos entre “urbanitas” (2) mobilidade – intra-urbana / rural-urbana / instabilidade nas relações sociais (3) heterogeneidade étnica (4) desproporção demográfica – idade e sexo e as consequências para a vida na cidade (5) diferenciação económica – ocupações, niveis de vida e estratificação social (6) limitações politico-administrativas – restrições aos movimentos e actividades da população urbana 17
18
“A escola de Manchester”
Principais contributos teórico-metodológicos (cont.): (v) Tipos de relações sociais em meio urbano (a) relações estruturais – relações estáveis e expectativas face aos papeis – relações laborais (b) relações pessoais – relações íntimas próximas – cliques de amigos e lazer (c) relações categoriais – relações superficiais sem uma definição clara em relação ao que esperar – categorizações étnicas Tipos A e C – impessoalidade da cidade (Wirth) Intersecção entre as várias relações sociais e a qualidade das mesmas – o que as diferencia é a quantidade de informação pessoal partilhada e o controlo normativo Futura base da análise de redes sociais 18
19
“A escola de Manchester”
Principais contributos teórico-metodológicos (cont.): (v) Tipos de relações sociais em meio urbano (cont.) 19
20
“A escola de Manchester”
Principais contributos teórico-metodológicos (cont.): (iv) Análise situacional ou extended case method O uso de casos como ilustrações e demonstrações empíricas dos argumentos dos autores – o caso como mecanismo didáctico para iluminar a ordem social Passo seguinte: Extended case method – vários episódios de um mesmo evento, construídos como uma narrativa, decompostos por relação às relações sociais existentes, i.e., chegar ao geral através do particular e não usar o particular para ilustrar argumentos de natureza geral – (1938) Analysis of a Social Situation in Modern Zululand ou (1956) The Kalela Dance 20
21
“A escola de Manchester”
Principais figuras: Godfrey Wilson Max Gluckman John Clyde Mitchell A L Epstein Victor Turner Bruce Kapferer Abner Cohen 21
22
“A escola de Manchester”
Duas obras (mais de 12 monografias entre 1950 e 1960): Godfrey Wilson, 1938, An Essay on the Economics of Detribalization in Northern Rhodesia AL Epstein, 1958, Politics in an Urban African Community 22
23
“A escola de Manchester”
Principais obras: Godfrey Wilson, 1938, An Essay on the Economics of Detribalization in Northern Rhodesia (o outro lado dos Mbemba – Audrey Richards Land, Labour, and Diet in Northern Rhodesia) Parte I: mudanças a ocorrer na África Central e a sua integração na “comunidade mundial” Parte II: a vida em Broken Hill As minas e os caminhos-de-ferro + relações profissionais e relações pessoais + vida na cidade marcada por discriminação e trabalhos temporários + a busca de um estatuto de “civilizado” aos olhos da sociedade colonial através do consumo 23
24
“A escola de Manchester”
AL Epstein, 1958, Politics in an Urban African Community Luanshya – cidade mineira Indirect rule urbano - sistema de anciãos tribais, eleitos, representando os vários grupos em presença / intermediários entre trabalhadores e a companhia mineira + resolução de conflitos e acolhimento de recém- chegados 1935 – greves na região e expansão para Luanshya – os anciãos num papel intercalar e ineficaz para travar a contestação Emergência de novos actores de intermediação “Boss boy committees” e “urban advisory councils”+ posterior sindicalização dos trabalhadores africanos (para além das suas pertenças tribais e organização em classe) Conclusões: (I) sindicatos transcendem o tribalismo – a irrelevância das divisões tribais na relação com a administração da cidade – o papel de uma intelligentsia africana; (ii) diferenças tribais situacionais – desaparecem em contextos de reivindicação face à administração mas emergem nas eleições para os sindicatos; 24
25
“A escola de Manchester”
Impacto nos anos seguintes e contemporaneidade: Abner Cohen – Custom and politics in Urban Africa Phillip Mayer – Townsmen or Tribesmen Ralph Grillo - Railwaymen John and Jean Comaroff Richard Werbner – Um dos últimos que conviveu com Gluckman Pnina Werbner – migrantes paquistaneses em Manchester – The Migration Process: capital, gifts and offerings among Pakistanis in Manchester 25
Apresentações semelhantes
© 2025 SlidePlayer.com.br Inc.
All rights reserved.