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PROFESSORA LÚCIA BRASIL
A PRODUÇÃO DE TEXTOS DEFEITOS PROFESSORA LÚCIA BRASIL
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Defeitos Ao escrever, deve-se evitar o que possa prejudicar a compreensão do texto. Os defeitos mais comuns que aparecem nas redações são: ambigUüidade, cacofonia, eco, obscuridade, pleonasmo e prolixidade.
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Ambiguidade Ambiguidade (ou anfibologia) significa "duplicidade de sentido". Uma frase com duplo sentido é imprecisa, o que atenta contra a clareza, uma vez que pode levar o leitor a atribuir-lhe um sentido diferente daquele que o autor procurou lhe dar. Ocorre geralmente por má pontuação ou mau emprego de palavras ou expressões. Alguns exemplos de frases ambíguas: João ficou com Mariana em sua casa. Alice saiu com sua irmã.
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Nesses exemplos, a ambiguidade decorre do fato de o possessivo sua poder estar se referindo a mais de um elemento. Portanto, deve-se tomar muito cuidado no emprego desse pronome possessivo. A ambigüidade pode ser evitada com a substituição por dele(s) ou dela(s). Observe alguns outros exemplos: Matou o tigre o caçador. Pela quebra da ordem direta da oração, não se sabe qual é o sujeito e qual é o objeto. Quem matou quem? O tigre matou o caçador ou o caçador matou o tigre?
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Visitamos o teatro do vilarejo, que foi fundado no século XVIII.
Nessa construção, temos dois antecedentes que podem ser retomados pelo pronome relativo que. O que foi fundado no século XVIII: o teatro ou o vilarejo? Nem sempre, porém, a ambiguidade é um defeito. A linguagem literária, sobretudo a da poesia, explora muito a ambiguidade como recurso expressivo. Textos humorísticos ou irônicos se valem também da ambiguidade para alcançar o humor. Portanto, só se deve considerar a ambiguidade um defeito quando ela atenta contra a clareza.
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Cacofonia Cacofonia (ou cacófato) consiste num som desagradável obtido pela união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de uma outra. Você notou a boca dela? Receberam cinco reais por cada peça. Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis.
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Eco O eco consiste na utilização de palavras terminadas pelo mesmo som. A decisão da eleição não causou comoção na população. O aluno repetente mente alegremente.
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Obscuridade Obscuridade significa "falta de clareza". Vários motivos podem determinar a obscuridade de um texto: períodos excessivamente longos; linguagem rebuscada; má pontuação; ausência de coesão; falta de coerência etc.
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Pleonasmo Pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um conceito. Nas frases: Eles convivem juntos há mais de dez anos. A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria. Ele teve uma hemorragia de sangue. Temos pleonasmo, uma vez que no verbo conviver já está contido o conceito de juntos (conviver é viver com outrem); portanto, a palavra juntos é redundante, nada acrescentando ao enunciado. Da mesma forma, brisa matinal só pode ocorrer de manhã; hemorragia, em linguagem denotativa, só pode ser de sangue.
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Assim como a ambiguidade, nem sempre o pleonasmo constituirá um defeito de redação. A linguagem literária e, atualmente, a linguagem publicitária utilizam-se do pleonasmo com fins estilísticos, procurando conferir originalidade às mensagens. Nesse caso, o pleonasmo não deve ser considerado um defeito, mas uma qualidade, como nos exemplos seguintes: "E rir meu riso e derramar meu pranto..." (Vinícius de Moraes) "A mim, ensinou-me tudo." (Fernando Pessoa)
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Prolixidade Ser prolixo é utilizar mais palavras do que o necessário para exprimir uma ideia. É alongar-se, é não ir direto ao assunto, é "encher linguiça". Prolixidade é o antônimo de concisão. Um texto prolixo é, em consequência, um texto enfadonho. Sempre que uma pessoa prolonga em demasia o discurso, os ouvintes tendem a não prestar mais atenção ao que ela está dizendo.
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O uso de expressões que só servem para prolongar o discurso, como "por outro lado", "na minha modesta opinião", "eu acho que", tendem a não acrescentar nada à mensagem, tornando o texto prolixo. Além dos defeitos apontados, devem-se evitar também evitar frases feitas e chavões, como "inflação galopante", "vitória esmagadora", "caixinha de surpresas", "caloroso abraço", "silêncio sepulcral", "nos píncaros da glória" etc., pois empobrecem muito o texto.
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Um exemplo: Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e elegantemente tem-me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e contínua do escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por muito tempo.
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