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PublicouIsaque Caetano Dias Alterado mais de 8 anos atrás
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Quantas vezes passei por locais maravilhosos e não me dei conta de suas existências... Quantas vezes disse: Bom Dia! E não olhei os olhos a quem cumprimentava...
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Quantas vezes as oportunidades bateram à minha porta e eu deixei de aproveita-las, de lhes dar o devido valor, por estar preocupado com um amanhã material,que poderia ou não se concretizar, esquecendo do agora, do olhar em volta, do sentir o cheiro das coisas...
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Do ter prazer em olhar o brilho da lua refletindo o sol... Da alegria do sorriso de uma criança - honesto, simples e verdadeiro -ao ganhar uma pequena lembrança ou um doce ou uma palavra de amor e de carinho...
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Dei-me conta do que estou perdendo por me preocupar tanto... Do querer viver hoje um amanhã que não me pertence... Dei-me conta de que preciso olhar e ver... "Ver Vendo"...
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De tanto ver, a gente banaliza o olhar... Vê não-vendo... Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver...
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Parece fácil, mas não é... O que nos cerca, o que nos é familiar,já não desperta curiosidade... O campo visual da nossa rotina é como um vazio... Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta... Se alguém lhe perguntar o que você vê no seu caminho, você não sabe...
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De tanto ver, você não vê... Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio de seu escritório... Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro... Dava-lhe um bom dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência...
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Um dia, o porteiro cometeu a descortesia de falecer. Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia... Em 32 anos, nunca o viu...
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Para ser notado, o porteiro teve que morrer... Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser que também ninguém desse por sua ausência... O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem...
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Mas há sempre o que ver.... Gente, coisas, bichos... E vemos? Não, não vemos...
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Uma criança vê o que um adulto não vê... Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê...
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Há pai que nunca viu o próprio filho... Marido que nunca viu a própria mulher (e desconhece os seus segredos e desejos), isso existe às pampas...
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Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos... É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença...
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Texto de Otto Lara Resende Musica: Winter Light- Luiza Formatado por Raquel Aguilar cra_tuca@yahoo.com.br Repassem sem tirar os créditos. Respeitem o meu trabalho, não modifiquem os slides.
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