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“A busca pela verdade na poesia”. Fernando Pessoa (1888-1935)

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Apresentação em tema: "“A busca pela verdade na poesia”. Fernando Pessoa (1888-1935)"— Transcrição da apresentação:

1 “A busca pela verdade na poesia”

2 Fernando Pessoa (1888-1935)

3 INICIAÇÃO Não dormes sob os ciprestes, Pois não há sono no mundo.................................................. O corpo é a sombra das vestes Que encobrem teu ser profundo. Vem a noite, que é a morte, E a sombra acabou sem ser. Vais na noite só recorte, Igual a ti sem querer. Mas na Estalagem do Assombro Tiram-te os Anjos a capa. Segues sem capa no ombro, Com o pouco que te tapa.

4 Então Arcanjos da Estrada Despem-te e deixam-te nu. Não tens vestes, não tens nada: Tens só teu corpo, que és tu. Por fim, na funda caverna, Os Deuses despem-te mais. Teu corpo cessa, alma externa, Mas vês que são teus iguais................................................. A sombra das tuas vestes Ficou entre nós na sorte. Não ´stás morte, entre ciprestes...................................................... Neófito, não há morte.

5 Poema do livro “O guardador de rebanhos” “Olá, guardador de rebanhos, Aí à beira da estrada, Que te diz o vento que passa? “Que é vento, e que passa, E que já passou antes, E que passará depois. E a ti o que te diz?” “Muita cousa mais do que isso. Fala-me de muitas outras cousas. De memória e de saudades E de cousas que nunca foram.” Nunca ouviste passar o vento. O vento só fala do vento. O que lhe ouviste foi mentira, E a mentira está ti.”

6 EROS E PSIQUE Conta a lenda que dormia Uma Princesa encantada A quem só despertaria Um Infante, que viria De além do muro da estrada. Ele tinha que, tentado, Vencer o mal e o bem, Antes que, já libertado, Deixasse o caminho errado Por o que à Princesa vem. A Princesa Adormecida, Se espera, dormindo espera. Sonha em morte a sua vida, E orna-lhe a fronte esquecida, Verde, uma grinalda de hera.

7 Longe o Infante, esforçado, Sem saber que intuito tem, Rompe o caminho fadado. Ele dela é ignorado. Ela para ele é ninguém. Mas cada um cumpre o Destino – Ela dormindo encantada, Ele buscando-a sem tino Pelo processo divino Que faz existir a estrada. E, se bem que seja obscuro Tudo pela estrada fora, E falso, ele vem seguro, E, vencendo estrada e muro, Chega onde em sono ela mora. E, inda tonto do que houvera, À cabeça, em maresia, Ergue a mão, e encontra hera, E vê que ele mesmo era A Princesa que dormia.

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12 Cecília Meireles (1901-1964)

13 "Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno”. Cecília Meireles

14 CECÍLIA MEIRELES Os teus ouvidos estão enganados. E os teus olhos. E as tuas mãos. E a tua boca anda mentindo Enganada pelos teus sentidos. Faze silêncio no teu corpo. E escuta-te. Há uma verdade silenciosa dentro de ti. A verdade sem palavras. Que procuras inutilmente, Há tanto tempo, Pelo teu corpo, que enlouqueceu.

15 CECÍLIA MEIRELES Esse teu corpo é um fardo. É uma grande montanha abafando-te. Não te deixando sentir o vento livre Do infinito. Quebra o teu corpo em cavernas Para dentro de ti rugir A força livre do ar. Destrói mais essa prisão de pedra. Faze-te recepo. Âmbito. Espaço. Amplia-te. Sê o grande sopro Que circula...

16 CECÍLIA MEIRELES Sê o que renuncia Altamente: Sem tristeza da tua renúncia! Sem orgulho da tua renúncia! Abre a tua alma nas tuas mãos E abre as tuas mãos sobre o infinito. E não deixes ficar de ti Nem esse último gesto!

17 Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: Sou poeta. Irmão das coisas fugidias Não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.

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21 Carlos Drumond de Andrade

22 ALÉM DA TERRA, ALÉM DO CÉU Além da Terra, além do Céu, no trampolim do sem-fim das estrelas, no rastro dos astros, na magnólia das nebulosas. Além, muito além do sistema solar, até onde alcançam o pensamento e o coração, vamos! vamos conjugar o verbo fundamental essencial, o verbo transcendente, acima das gramáticas e do medo e da moeda e da política, o verbo sempreamar, o verbo pluriamar, razão de ser e de viver.

23 EU QUISERA VER O MUNDO Eu quisera ver o mundo Como o vê Sérgio Bernardo: Ver, no mundo, os muitos signos Que vigiam sob as coisas. Sentir, sob a forma, as formas, Os segredos da matéria, Mais a textura dos sonhos De que se forma o real.

24 Ver a vida em plenitude E em seu mistério mais alto; Decifrar a linha, a sombra, A mensagem não ouvida. Mas que palpita na Terra. Eu quisera ter os olhos Que assim penetram o arcano E o tornam ( poder da imagem) Um conhecimento humano.

25 Jalaluddin-Rumi

26 Escuta a flauta de bambu, como se queixa, Lamentando o seu testerro: “Desde que me separaram de minha raiz, Minhas notas queixosas arrancam lágrimas de homens e mulheres. Meu peito se rompe, lutando para liberar meus suspiros, E expressar os acessos de saudade de meu lugar. Aquele que mora longe de sua casa Está sempre ansiando pelo dia em que há de voltar. Ouve-se meu lamento por toda a tente, Em harmonia com os que se alegram e os que choram. Cada um interpreta minhas notas de acordo com seus sentimentos, Mas ninguém penetra os segredos de meu coração. Meus segredos não destoam de minhas notas queixosas, E no entanto não se manifestam ao olho e ao ouvido sensual. Nenhum vê esconde o corpo da alma, nem a alma do corpo, E no entanto homem algum jamais viu uma alma.”

27 O lamento da alma é fogo, e não puro ar. Que aquele que carece desse fogo seja tido como morto! É o fogo do amor que inspira a flauta, É o amor que fermenta o vinho. A flauta é confidente dos amantes infelizes: Sim, sua melodia desnuda meus segredos mais íntimos. Quem viu veneno e antídoto como a flauta? Quem viu consolador gentil como a flauta? A flauta conta a história do caminho, manchado de sangue, do amor, Ninguém sabe desses sentimentos senão aquele que está louco, Como um ouvido que se inclina aos sussurros da língua. De pena, meus dias são trabalho e dor, Meus dias passam de mãos dadas com a angústia. E no entanto, se meus dias se esvaem assim, não importa, Faz tua vontade, ó Puro Incomparável! Mas que não é peixe logo se cansa da água; E àqueles a quem falta o pão de cada dia, o dia parece muto longo; Assim o “Verde” não compreende o estado do “Maduro” Portanto cabe a mim abreviar meu discurso.

28 ENCONTRO DE ALMAS Vem. Conversemos através da alma. Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos. Sem exibir os dentes, Sorri comigo, como um botão de rosa. Entendamo-nos pelos pensamentos, Sem língua, sem lábios. Sem abrir a boca, Contemo-nos todos os segredos do mundo, Como faria o intelecto divino. Fujamos dos incrédulos Que só são capazes de entender Se escutam palavras e vêem rostos.

29 Ninguém fala para si mesmo em voz alta. Já que todos somos um, Falemos desse outro modo. Como podes dizer à tua mão: “toca”, Se todas as mãos são uma? Vem, conversemos assim. Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma. Fechemos pois a boca e conversemos através da alma. Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. Vem, se te interessas, posso mostrar-te.

30 A VIAGEM DO SONHO Com a oração da noite, Quando o sol declina e se esconde, Fecha-se a vida dos sentidos E abre-se o caminho ao não-visto. O anjo do sono conduz então os espíritos Como o pastor o seu rebanho. Para além do espaço, em pradarias transcendentes, Que cidades, que jardins ele nos mostra! Quando o sono nos rouba a imagem do mundo. O espírito contempla mil formas e maravilhas. É como se habitasse desde sempre essas paragens, Já não recorda a vida na terra, Nem sente cansaço ou tristeza. O coração liberta-se por inteiro Do peso do mundo, de toda opressão, E já nem percebe os cuidados que lhe são dedicados.


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