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CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2017

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Apresentação em tema: "CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2017"— Transcrição da apresentação:

1 CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2017
FRATERNIDADE: BIOMAS BRASILEIROS E DEFESA DA VIDA “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15) Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNBB 1 1

2 ORAÇÃO Deus, nosso Pai e Senhor, nós vos louvamos e bendizemos,
por vossa infinita bondade. Criastes o universo com sabedoria e o entregastes em nossas frágeis mãos para que dele cuidemos com carinho e amor 2

3 ORAÇÃO Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela Casa Comum.
Cresça, em nosso imenso Brasil, o desejo e o empenho de cuidar mais e mais da vida das pessoas, e da beleza e riqueza da criação, alimentando o sonho do novo céu e da nova terra que prometestes. Amém. 3

4 4

5 OBJETIVO GERAL Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho. 5

6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Aprofundar o conhecimento de cada bioma, de suas belezas, de seus significados e importância para a vida no planeta, particularmente para o povo brasileiro. 6

7 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
2) Conhecer melhor e nos comprometer com as populações originárias, reconhecer seus direitos, sua pertença ao povo brasileiro, respeitando sua história, suas culturas, seus territórios e seu modo específico de viver. 7

8 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3) Reforçar o compromisso com a biodiversidade, os solos, as águas, nossas paisagens e o clima variado e rico que abrange o chamado território brasileiro. 8

9 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
4) Compreender o impacto das grandes concentrações populacionais sobre o bioma em que se insere. 9

10 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
5) Manter a articulação com outras igrejas, organizações da sociedade civil, centros de pesquisa e todas as pessoas de boa vontade que querem a preservação das riquezas naturais e o bem-estar do povo brasileiro. 10

11 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
6) Comprometer as autoridades públicas para assumir a responsabilidade sobre o meio ambiente e a defesa desses povos. 11

12 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
7) Contribuir para a construção de um novo paradigma econômico ecológico que atenda às necessidades de todas as pessoas e famílias, respeitando a natureza. 12

13 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
8) Compreender o desafio da conversão ecológica a que nos chama o Papa Francisco na carta encíclica Laudato Si’ e sua relação com o espírito quaresmal. 13

14 INTRODUÇÃO 14

15 INTRODUÇÃO Pero Vaz de Caminha chegou à costa do território
Brasileiro e maravilhou-se com o que viu. Escreveu ao rei de Portugal: “Em tal maneira graciosa] que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!” Alguns anos mais tarde, começa a ocupação e exploração. Para realizar esse trabalho, começa a exploração e escravização Com o avançar da história, começa o avanço para o interior. Aventureiros, bandeirantes e outros conquistadores interiorizaram o Brasil. Percebeu-se a imensa variedade de formas de vida, florestas, animais e povos 15

16 INTRODUÇÃO Em tempos mais recentes são delimitados e descritos os chamados biomas brasileiros Bioma: um conjunto de vida constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria Hoje, seria interessante nos perguntar: O que restou? Precisamos nos perguntar qual destino estamos dando a tantas riquezas e qual Brasil queremos deixar para as gerações futuras? 16

17 INTRODUÇÃO Somos mais de 200 milhões de brasileiros, 80% em cidades
O impacto disso sobre o meio ambiente põe em risco as riquezas naturais O avanço das tecnologias distancia as pessoas dos problemas socioambientais. Pertencemos a uma mesma casa comum, dividindo esse planeta com sete bilhões de pessoas e bilhões e bilhões de seres vivos A tensão entre a economia e a ecologia é o maior desafio para a humanidade A proposta ecológica do Papa é integral, entrelaçando todas as dimensões do ser humano com a natureza 17

18 INTRODUÇÃO A Igreja tem sido uma voz profética e chamado a atenção para os desafios e problemas ecológicos, apontado suas causas e apontado caminhos para sua superação Muitas iniciativas a aproximaram do nosso povo para defender seus direitos e promover a convivência harmônica com o meio ambiente em todo o Brasil Vamos abordar cada um de nossos biomas À luz da fé, nos interrogaremos sobre o significado dos desafios levantados Abordaremos as principais iniciativas já existentes e apontaremos propostas em respeito à criação que Deus nos deu para “cultivá-la e guardá-la” 18

19 A Igreja no Brasil e o cuidado da casa comum
A Quaresma e a Campanha da Fraternidade A Quaresma nos encaminha para a Páscoa, motivados pela Palavra e unidos aos sentimentos de Cristo, cultivando a oração, o amor a Deus e a solidariedade fraterna O insistente apelo à penitência e conversão se apresenta na dinâmica de uma sóbria alegria, alimentada pela esperança Se a recordação do sofrimento de Jesus produz dor, a Ressurreição nos traz a certeza da vitória Tempo marcado pela escuta da Palavra, reconciliação com Deus e com os irmãos Tempo de oração, de jejum; de partilha de bens e de gestos solidários, de atenção misericordiosa com os pobres 19

20 A Igreja no Brasil e o cuidado da casa comum
A Quaresma e a Campanha da Fraternidade Na Quaresma a liturgia convidando-nos a à sobriedade e despojamento onde somos convidados a reencontrar o nosso verdadeiro rosto na oração e na caridade Procuremos estar em sintonia com o espírito da liturgia deste tempo Suas características são penitência, conversão e redescoberta da graça do Batismo, segundo as potencialidades e a vocação recebidas no Batismo A Quaresma, no Ano A, tem o tema sacramental e batismal, permitindo-nos compreender a realidade da nossa vida de fé: iniciação à vida cristã. 20

21 A Igreja no Brasil e o cuidado da casa comum
A Quaresma e a Campanha da Fraternidade A Quaresma surgiu como preparação dos catecúmenos para o os sacramentos da iniciação cristã O caminho de conversão apresentado aos catecúmenos é simbolizado por um tempo de reconciliação. A CF quer ajudar a construir uma cultura de fraternidade, apontando os princípios de justiça, denunciando ameaças e violações da dignidade e dos direitos, abrindo caminhos de solidariedade A vida fraterna é a síntese do Evangelho e testemunha a nossa dignidade de filhos e filhas de Deus A Quaresma é o período forte da CF, contribuindo para vivenciar a espiritualidade pascal capaz de gerar conversão pessoal, comunitária e social A CF 2017 em como lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15), e com o tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” 21

22 A Igreja no Brasil e o cuidado da casa comum
A Quaresma e a Campanha da Fraternidade A CF é iniciação à fé e à sua prática A conversão quaresmal é, voltar-se para Deus, para o próximo e para a vida da criação que nos cerca O enfoque próprio do ciclo do Ano A, ressalta que a conversão e a adesão à vida de fé em Jesus Cristo implicam uma nova postura diante da realidade em que se encontra a vida nos diversos biomas brasileiros Como é que alguém poderá celebrar a Páscoa alheio à vida da criação na qual está mergulhado e que o sustenta? A celebração dos sacramentos da Iniciação Cristã, deve ser vista como ponto de partida É momento de aprofundar as experiências sacramentais, no exercício da caridade e das práticas cristãs Nesta perspectiva, a CF auxilia os catecúmenos no processo de conversão e no testemunho de fé na relação com as pessoas e no cuidado da criação 22

23 A história dos temas coligados com a CF 2017
Desde 1979, a Igreja tem abordado temáticas socioambientais. A CF deste ano de 2017 está coligada com algumas campanhas: 1979 – Por um mundo mais humano – Preserve o que é de todos 1986 – Fraternidade e a terra – Terra de Deus, terra de irmãos 2004 – Fraternidade e a água – Água, fonte de vida 2007 – Fraternidade e Amazônia – Vida e missão neste chão 2011 – Fraternidade e a vida no planeta – A criação geme em dores de parto (Rm 8,22) 2016 – Casa Comum, nossa responsabilidade – Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca (Am 5,24) 23

24 A história dos temas coligados com a CF 2017
Com temática em relação à vida de nossos povos, tivemos algumas campanhas: 1988 – A Fraternidade e o negro – Ouvi o clamor deste povo 1995 – A Fraternidade e os excluídos – Eras tu, Senhor? 1999 – Fraternidade e os desempregados – Sem trabalho... Por quê? 2002 – Fraternidade e os povos indígenas – Por uma terra sem males 24

25 CAPÍTULO I VER 25

26 1. BIOMAS BRASILEIROS 26

27 27

28 1.1 BIOMA AMAZÔNIA A Amazônia é o maior bioma do Brasil. formada pelos estados da região Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins O bioma avança para os estados do Mato Grosso e Maranhão. Localização Por este motivo e para fins administrativos e de Planejamento econômico, a Lei n , de 1953, incorporou parte dos territórios do Maranhão e do Mato Grosso à Amazônia, criando assim o que se chamou de Amazônia Legal Com km2,representa 61% do território brasileiro A Panamazônia – Colômbia, Peru, da Venezuela, Equador, Bolívia, Suriname, Guiana Francesa, Guiana Inglesa e Brasil 28

29 1.1.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS - BIODIVERSIDADE
Na Amazônia encontramos mais de um terço das espécies que vivem sobre a Terra, campos naturais e vegetação de altitude Um território de milhões de km2, com espécies de árvores e 30 mil espécies de plantas. Mais de espécies animais foram contabilizadas, mas muitas ainda não foram catalogadas Com a mesma grandeza e diversidade, são também seus povos originários A bacia amazônica é a maior do mundo com cerca de 6 milhões de km2, tem afluentes. Lança ao mar 175 milhões de litros d’água por segundo, com uma quantidade imensa de material orgânico e sedimentos, gerando biodiversidade marinha e contribuindo para o equilíbrio da temperatura do planeta. Existe ainda o aquífero Alter do Chão A evapotranspiração da floresta produz o rio aéreo que leva água em forma de vapor pela região Centro-Oeste, Sul e Sudeste e Argentina 29

30 1.1.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS - BIODIVERSIDADE
A Amazônia é importante para o ciclo do carbono que começa pela absorção do gás carbônico do ar pela fotossíntese Depois, os animais herbívoros liberam novamente no ar o carbono que tinha sido absorvido pelas plantas Outras parcelas do carbono são utilizadas na decomposição dos seres quando morrem As queimadas e a utilização de combustíveis fósseis também liberam novamente o gás carbônico contribuindo para o aquecimento global A região é a maior reserva de madeira tropical do mundo Seus recursos naturais (borracha, castanha, peixe e minérios) são uma abundante fonte de riqueza natural A região abriga ainda grande riqueza cultural, incluindo o conhecimento tradicional sobre os usos e a forma de explorar esses recursos naturais 30

31 1.1.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS - BIODIVERSIDADE
O bioma também contribui para a biomedicina Essa grandeza não esconde a fragilidade do ecossistema e os baixos índices socioeconômicos da região, de baixa densidade demográfica e crescente urbanização O uso dos recursos florestais é estratégico para o desenvolvimento da região Houve uma redução no desmatamento da Amazônia, contudo, ela já acumula km2 de desmatamento, ameaçando desintegrar a floresta e causar a maior tragédia ambiental do mundo e para o ciclo de carbono do planeta As políticas Governamentais tendem a anular as iniciativas em prol de sua preservação Na Amazônia Legal, vivem aproximadamente 24 milhões de pessoas Cerca de 80% no meio urbano, com todos os seus problemas consequentes do êxodo rural 31

32 1.1.3. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
O desenvolvimento da Amazônia é um exemplo mais que claro de como ele se deu a reprodução do sistema O presidente Médici afirmou que a Transamazônica era para levar homens sem-terra para uma terra sem homens As populações locais são consideradas um entrave e passam a sofrer pressão para abrir caminho para o desenvolvimento e o progresso que chegam para tirar a Amazônia do atraso Os conflitos pelo território estão marcando toda a região amazônica 32

33 1.1.3. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
Os povos tradicionais querem ter seus territórios reconhecidos e legalizados. São históricas as lutas de indígenas, ribeirinhos, negros, seringueiros e castanheiros, colonos e posseiros, populações sem- terra lutam por seus direitos à vida e à terra Os conflitos e a violência contra os trabalhadores (as) do campo se concentram de forma expressiva na Amazônia, para onde avança o capital Em muitos latifúndios amazônicos se constatou trabalho escravo Algumas aglomerações urbanas são nações indígenas inteiras vivendo nas periferias das grandes cidades, espaço de insalubridade e pobreza, do tráfico de pessoas e de drogas, de exploração sexual, inclusive de menores 33

34 1.1.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA AMAZÔNIA
A Amazônia é cobiçada por corporações do mundo inteiro, cada uma em seu respectivo ramo. Madeireiras aprovaram propostas de Manejo Florestal junto órgãos oficiais para retirar árvores nobres da floresta, de áreas de reserva, terras indígenas e parques nacionais O manejo florestal sofreu denúncias de trabalho escravo Projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) são acusados de provocar perda de controle de territórios tradicionais, impactos na segurança alimentar, êxodo rural, medo, insegurança, empobrecimento, provocando divisões e conflitos nas comunidades 34

35 1.1.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA AMAZÔNIA
A expropriação de grandes áreas de terra continua causa o desmatamento, que visa o avanço da fronteira agrícola A dificuldade de regeneração das pastagens empurra a pecuária para novas frentes de desmatamento e as áreas por ela degradadas passam a ser ocupadas pela soja, arroz e milho As terras de pior qualidade são ocupadas pelo plantio de pinus, teca e os eucaliptos Este processo já causou o desaparecimento de centenas de igarapés e mananciais, sem contar o adoecimento de populações inteiras, devido ao uso abusivo de agrotóxicos A mineração é responsável por boa parte dos danos ambientais e sociais nas comunidades, inclusive com o desmatamento, para alimentar a indústria siderúrgica. 35

36 1.1.5. CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
O problema da Amazônia é o modelo de desenvolvimento que ignora a vocação da floresta, seu papel no clima, no ciclo do carbono, a fragilidade de seus solos, a contribuição para os demais biomas brasileiros, sobretudo no ciclo das águas A disputa pelas riquezas faz com que a legislação flutue conforme os interesses das corporações econômicas A concentração urbana indica que a vida na floresta é inviabilizada para as populações originárias e tradicionais Porém, é graças a essas populações que ainda temos grande parte da floresta em pé A Amazônia contribui para o equilíbrio do planeta Ela fornece umidade, produtos tropicais, oxigenação etc. O atual modelo econômico quer reduzir esse bioma às mesmas características dos outros e reduzi-lo ao produtivo 36

37 1.1.6. CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A Igreja na Amazônia tem características próprias, enraizadas na sabedoria tradicional e na piedade popular, marcada pelo testemunho de mártires que derramaram seu sangue em nome da dimensão sociotransformadora da fé Mesmo antes da criação da Amazônia Legal (1953), a Igreja se reunia para posicionar-se diante dos problemas sofridos pelos povos desta região e enfrentar os desafios que se anunciavam pelas intervenções políticas e econômicas Em 1972 foi criado o CIMI para ser a presença da Igreja entre os povos indígenas Em 1975, foi criada a CPT. Mais recentemente, foi fundada a Rede Eclesial Panamazônica (REPAM) para estreitar os laços de colaboração e alcançar uma visão comum do trabalho missionário e evangelizador 37

38 1.2. BIOMA CAATINGA Localização
A Caatinga encontra-se envolvida pelo clima semiárido, entre a estreita faixa da Mata Atlântica e o Cerrado O semiárido abrange uma área de ,4 km2 O semiárido abrange predominantemente territórios de 8 estados do Nordeste, mais o Norte de Minas Gerais, circunscrevendo municípios, onde vivem cerca de 27 milhões de pessoas Estas pessoas representam 46% da população do Nordeste e 13,5% da população brasileira. Por sua vez, a Caatinga cobre mais de 90% desse território, com uma extensão de km2 É importante observar que o semiárido, clima deste bioma, é relativamente mais amplo que a própria Caatinga 38

39 1.2.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS - BIODIVERSIDADE
Caatinga é uma palavra originária do tupi-guarani, que significa mata branca. É o único bioma exclusivamente brasileiro Tem o clima semiárido mais chuvoso do planeta Na seca, a Caatinga hiberna, poupa água e energia, para voltar à vida plena durante as primeiras chuvas A ressurreição anual da Caatinga é um dos espetáculos mais belos oferecidos pelos biomas brasileiros Muitas plantas, como o umbuzeiro, guardam água em suas raízes As árvores secas e retorcidas e os cactos de folhas fibrosas são sinais de vida, que soube se adaptar ao clima semiárido Sua fauna abriga 178 espécies de mamíferos, 591 tipos de aves, 177 tipos de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 classes de peixes, e 221 espécies de abelhas 39

40 1.2.3. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
Este bioma plasmou a formação e a vida social do povo , com maior influência indígena e branca Inicialmente, possuíam uma vida pastoril, marcado pela criação do boi de serviço e produção do couro Depois, este povo sedimentou-se através do cultivo do algodão arbóreo (mocó), de interesse internacional, e, facilmente adaptado ao bioma Por fim, veio o extrativismo da carnaúba, a produção de cera e os artefatos de palha Hoje, a “convivência com o semiárido” facilitou essa permanência Comunidades tradicionais lutam pela demarcação de seus territórios, o reconhecimento de seus direitos e a plena cidadania 40% da população está no meio rural, sendo a região mais ruralizada do Brasil. As cidades crescem e sofrem com saneamento, violência e outros males 40

41 1.2.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA CAATINGA
A Caatinga é o bioma marcado pela desinformação, estigmas e preconceito Criou-se a ideia do espaço empobrecido, com a vegetação morta, vacas mortas, e fundos de lagoas esturricados A isso foram associadas as tragédias dos tempos de estiagens prolongadas Clima seco e sol abundante são percebidos como potenciais para a geração de energia solar e o cultivo de frutas específicas A Caatinga favorece a apicultura e é alimento para animais A chuva, oscila entre 300 e 800 mm/ano, fazem com que 750 bilhões de m3 de água caiam nesse território todo ano Como a capacidade de armazenamento de água é de 36 bilhões de m3, há uma perda de mais de 700 bilhões de m3 ao ano 41

42 1.2.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA CAATINGA
70% do seu subsolo é de rochas cristalinas, com poucas nascentes, rios perenes e aquíferos 99% dos rios correm apenas em época de chuva Muitos julgam serem os rios secos um problema de falta de chuva A Caatinga tem sido agredida pelo desmatamento Isso alterou 80% da cobertura original, que tem menos de 1% de sua área protegida, em 36 unidades de conservação O desmatamento gera a desertificação, que se agrava e a pela falta de compreensão do bioma e pela economia Ultimamente, implantou-se agricultura irrigada, que demanda cerca de 70% da água doce consumida Com isto, estabeleceu-se assim um conflito pela água, não só para o consumo humano, mas também entre os usos econômicos para a irrigação e a geração de energia elétrica, no caso do São Francisco 42

43 1.2.5. CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
A partir da década de 90 do século passado, a sociedade acompanhou mudanças no semiárido, a partir do potencial desse clima e da riqueza da Caatinga Surgiram políticas de “convivência com o semiárido” que consiste em perceber os potenciais da região e desenvolver um modo de vida adaptado a ele, como captação da água de chuva, manejo da Caatinga, agroecologia, economia e educação contextualizada, defesa dos territórios das comunidades, reforma agrária, valorização da cultura e dos saberes locais, aproveitamento da energia solar descentralizada, dos ventos e outros potenciais da região A falta de água atingiu outras regiões, obrigando muitos a vivenciarem os desafios enfrentados no semiárido 43

44 1.2.5. CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
Foi criada a rede de Articulação no Semiárido (ASA), com mais de três mil organizações e projetos como Um Milhão de Cisternas que beneficia milhões de famílias Na seca de 2012 a 2015, não se repetiu a tragédia social e humanitária Também se expandiu uma rede de infraestrutura como energia elétrica, adutoras, telefonia, internet, transporte, melhoria nas habitações, o que trouxe vida mais digna Falta uma política estrutural que viabilize a geração de riqueza por uma forma sustentável Surgiram fatores de vulnerabilidade social A insegurança no campo tem incentivado a migração para áreas urbanas Existem dois os modelos a partir dos quais se pensa o desenvolvimento integral da região: o combate à seca e a convivência com o semiárido 44

45 1.2.6. CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
Por muito tempo, a vida de fé da gente da Caatinga foi marcada pela educação cristã. Essa religiosidade influenciou a cultura nordestina, como as festas de São João, reisados, rodas de São Gonçalo e tantas outras expressões Há uma maior identificação com o período da Quaresma e da Semana Santa, onde o povo vê nos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, uma oportunidade de iluminar o seu próprio sofrimento cotidiano O Padre Ibiapina foi quem mais contribuiu com o bioma Caatinga e a resolução dos problemas do povo Foi ele quem inaugurou no século XIX a captação da água de chuva nas cisternas das Casas de Caridade, a construção de açudes, igrejas, cemitérios e tantas outras obras nas comunidades sertanejas, com a colaboração do próprio povo local 45

46 1.2.6. CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
Seguiram homens como Padre Cícero e seus discípulos, que acolheram o povo liberto da escravidão e remanescentes indígenas Esses sacerdotes e suas comunidades hoje são valorizadas e respeitadas Os mandamentos ecológicos de Padre Cícero são referência para sertanejos Padre Ibiapina e Padre Cícero são considerados como precursores da “convivência com o semiárido” A Igreja no Nordeste assumiu a convivência com o semiárido contribui para a implantação desse novo paradigma A vida de fé das comunidades é marcada pela piedade popular, que se caracteriza pela devoção e pelas romarias, o que se revela no expressivo número de santuários Não podemos deixar de citar que, experiências da ação evangelizadora, como a Campanha da Fraternidade e CEBs, surgiram na região Nordeste 46

47 1.3. BIOMA CERRADO Localização
O Cerrado é uma vegetação típica de locais com estações climáticas bem definidas (uma época bem chuvosa e outra seca), ele compõe as regiões com solo de composição arenosa, sendo considerado o bioma brasileiro mais antigo Sua vegetação é encontrada principalmente na região Centro-Oeste e também no oeste de Minas Gerais e no sul do Maranhão e do Piauí O Cerrado t possui muitas áreas de interfaces, áreas de transição e de contato (ecótonos), com abrangência para 315 milhões de hectares, o equivalente a 37% do território brasileiro, onde vivem 37 milhões de pessoas (83,7% na zona urbana e 16,79% na zona rural) em municípios 47

48 1.3.2. CARACTERÍSTICAS DO CERRADO
O bioma mais antigo, foi considerado inadequado para a agricultura, permanecendo como área aberta para o gado Por ter 70% de sua biomassa dentro da terra, é considerado “uma floresta de cabeça para baixo”. Se devastado, não é possível revitalização As árvores com galhos tortuosos e de pequeno porte são as principais características do Cerrado; as suas raízes são profundas; suas cascas são duras e grossas; as folhas são cobertas de pelos; presença de gramíneas e ciperáceas no estrado das árvores O solo do cerrado é de cor avermelhada, em função da grande presença de óxido ferroso Outra característica é apresentar pH baixo 48

49 1.3.3. CERRADO – “CAIXA D’ÁGUA DO BRASIL”
O Cerrado cumpre um papel fundamental no ciclo das águas brasileiras, pois acumula as águas das chuvas em seu subsolo poroso, principalmente as vindas dos “rios aéreos” amazônicos, formando grandes aquíferos que abastecem inúmeras bacias brasileiras Amazônia e Cerrado formam uma complementação perfeita para a produção e distribuição da água para o Brasil e parte da América do Sul Este bioma contribui para as águas das principais bacias hidrográficas brasileiras As Chapadas são “áreas de recarga” de importantes aquíferos, tais como o Urucuia, o Bambuí e o Guarani 49

50 BIODIVERSIDADE O Cerrado é a área de savana mais rica do mundo devido a sua grande biodiversidade O conjunto de todos os seres vivos dessa região, representa 5% da fauna mundial Este bioma possui também uma grande diversidade de tipos de vegetais, formando 14 paisagens com características próprias que se apresentam em formação de florestas, savanas (arbustivo- arbórea e herbácea) ou campestres A alta diversidade de ambientes se reflete em uma elevada riqueza de espécies vegetais (23.000) e animais ( ), sendo que destas são de insetos Apesar da elevada biodiversidade e de sua importância ecológica, das 427 espécies listadas em risco de extinção, 132 estão no Cerrado 50

51 1.3.5. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
Os povos do cerrado são sua principal e maior riqueza, e a eles se deve a preservação do que ainda resta de área não destruída Eles estão no Cerrado há anos Precisamos compreender sua lógica de convivência, aprendizado e adaptação com a natureza Nessa realidade verificam-se processos sustentáveis de viver com o suficiente sem agredir ou destruir o bioma Os indígenas, primeiros habitantes do Cerrado, remontam a antigas tradições. A população indígena chega a Os camponeses são conhecedores e guardiões do patrimônio ecológico e cultural deste bioma Estas comunidades possuem seus direitos garantidos pela Legislação Federal e Internacional 51

52 1.3.5. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
Outro grupo importante no Cerrado é o dos agricultores familiares que formam um número considerável de famílias que vivem e convivem com o Cerrado, e também possuem os seus direitos garantidos por leis Temos também no Cerrado grupos de assentados, acampados e extrativistas, que lutam pela desapropriação de áreas para fins de Reforma Agrária e pela criação de Unidades de Conservação de Uso Sustentável (UCUS) 52

53 1.3.6. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO CERRADO
Todas estas populações contribuem com outras populações que vivem nas grandes concentrações urbanas e que dependem das águas do Cerrado, cuja preservação está ligada à preservação do seu solo, sua fauna e sua flora Sem o Cerrado o destino dos rios que dele depende tem seu futuro ameaçado. Um bioma tão antigo mostra-se frágil em sua capacidade de resistência e regeneração A mão humana pode extinguir rapidamente um dos biomas mais antigos da face da Terra 53

54 1.3.7. REALIDADE POLÍTICA E OS DESAFIOS DO CERRADO
Muitas áreas de Cerrado têm sido palco de disputas entre o agronegócio e os povos originários e comunidades tradicionais De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, tais áreas estão sendo ocupadas e exploradas pelo agronegócio Com o pretexto da defesa da Amazônia, avança sobre o Cerrado a ocupação em vista da exploração econômica Diante da crise da água, fala-se na transposição das águas do Tocantins para o São Francisco, com a finalidade de irrigar o chamado MATOPIBA Este modelo deixa territórios desertificados. O Decreto n constitui o território “MATOBIPA” que compreende partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia 54

55 1.3.7. REALIDADE POLÍTICA E OS DESAFIOS DO CERRADO
Os critérios utilizados para a criação do “MATOPIBA”, foram dois: as áreas do Cerrado existente e os dados socioeconômico destas regiões, e seu principal objetivo era a ampliação da classe média rural O que acontece é a exploração dos solos e das águas do Cerrado para o agronegócio Para muitos especialistas, a situação do Cerrado parece não ter mais retorno e os rios dele dependentes caminham para o fim Aos que ali vivem, resta a esperança de buscar saídas que mudem tal desfecho O Brasil e os demais países da América Latina necessitam deste “serviço ambiental” do Cerrado para receber, armazenar e redistribuir as águas Um exemplo claro das consequências é a perda de umidade relativa do ar na região Centro-Oeste 55

56 1.3.8. CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A Igreja, como a CRB e a CPT e algumas dioceses tem transformado realidades. Destacam-se: 1) Grupo Cerrado – Busca a consciência crítica e uma espiritualidade Ecológica visando despertar a preservação ambiental, atua em favor da aprovação da PEC 115/150, que inclui o Cerrado e a Caatinga como Patrimônios Nacionais, integrado com a Rede Grita Cerrado do Estado de Goiás e Fórum Goiano em Defesa do Cerrado 2) Encontro “O grito do Cerrado: sabores, saberes e fazeres dos povos” – da cidade de Goiás, que visa a valorização dos povos, informação sobre alimentação e sustentabilidade, conscientização para a proteção do Cerrado, difundir as Farmácias Populares de Plantas Medicinais 56

57 1.3.8. CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
3) Encontro: “Tenda dos Povos do Cerrado” Fortalecer e dar visibilidade as experiências dos povos e comunidades do Cerrado, como representantes da sociobiodiversidade, conhecedores do patrimônio ecológico e cultural; Promover o intercâmbio entre as comunidades, criando espaços de debate, formação e práticas em defesa do bioma Cerrado; Conscientizar a sociedade sobre a importância do Cerrado, unindo campo e cidade na Campanha em Defesa do Cerrado, o berço das águas do Brasil. 57

58 1.4. BIOMA MATA ATLÂNTICA Localização
Compreendia uma área de km2 estando no RS, SC, PR, SP, GO, MS, RJ, MG, ES, BA, AL, SE, PB, PE, RN, CE e PI Hoje só resta 12,5% É uma das áreas mais ricas e ameaçadas do planeta É Reserva da Biosfera (Unesco) e Patrimônio Nacional Desde o descobrimento que ela vem sendo destruída As plantações foram responsáveis pela destruição da vegetação nativa e a preservação de espécies é prejudicada pela poluição A exploração predatória devastou a Floresta das Araucárias A Mata Atlântica abriga a maioria das nossas capitais litorâneas e regiões metropolitanas, exigindo atenção para políticas públicas 58

59 1.4.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS - BIODIVERSIDADE
A Mata Atlântica ainda guarda riquezas naturais: tem poder de regeneração. Vivem nela mais de 20 mil espécies de plantas, 270 mamíferos 992 aves, 197 répteis, 372 anfíbios, 350 peixes Estão ali sete bacias hidrográficas que regulam o fluxo de mananciais hídricos, controlam o clima, são fonte de alimentos, plantas medicinais, lazer, ecoturismo A devastação passa pelos ciclos do pau-brasil, cana-de-açúcar, café, ouro, fumo, agricultura, agropecuária, madeira, etc. Industrialização e expansão urbana desordenada trazem poluição, compactação e impermeabilização do solo Os manguezais são importantes para a manutenção da vida marinha, berçários naturais para muitas espécies São Áreas de Preservação Permanente A conscientização sobre seu uso deve ser assumida como conversão pessoal e social 59

60 1.4.3. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
Muitas etnias que sofreram com a colonização. Além das doenças, foram feitos soldados e escravos. Muitas foram extintas e outras lutam pelos seus territórios e direitos Existem populações praieiras, quilombolas, remanescentes indígenas, os “caiçaras”, e a concentração urbana Espécies dependem dos manguezais para sua reprodução física e cultural. O manguezal faz parte dos seus territórios pesqueiros, com todos os seus significados As empresas ligadas ao setor de produção de papel e celulose investem na monocultura do eucalipto, que transformam as paisagens em “deserto verde”. Também estão presentes as mineradoras e as hidrelétricas Uma grande parcela do que resta de Mata Atlântica está na mão de proprietários particulares 60

61 1.4.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA
O Brasil já tem mais de Reservas Particulares do Patrimônio Natural e mais de 760 delas estão na Mata Atlântica. Das 633 espécies de animais ameaçadas de extinção, 383 ocorrem na Mata Atlântica Junto com a concentração populacional vieram problemas: desmoronamentos, falta de saneamento básico, ocupação de áreas de risco, de mananciais, encostas de morros, compactação de solos, mudou o clima e a qualidade do ar pelos gases das indústrias e dos veículos O saneamento básico não chegou a todos e é deficiente São as consequências de um modelo de desenvolvimento que para gerar riqueza tem que concentrar pessoas e destruir o ambiente no qual se insere 61

62 1.4.5. CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
O bioma está ameaçado pelos grandes empreendimentos que geram impactos ambientais e sociais Em 2012 foi aprovado o novo Código Florestal, que fragilizou ainda mais áreas como os mangues Parte do esgoto e resíduos é despejada nos rios, no mar e nos mangues, causando poluição que desiquilibra o ecossistema A falta de comprometimento político em relação ao uso e ao cuidado com a água afeta o Brasil e da região Sudeste Na Mata Atlântica estão localizadas as bacias hidrográficas do São Francisco, Paraíba do Sul, Doce, Tietê, Ribeira de Iguape e Paraná que abastecem mais de 110 milhões de brasileiros em 3,4 mil municípios Mas temos diversas iniciativas que trabalham para restaurar e recuperar as áreas degradadas 62

63 1.4.6. CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
Inúmeras cidades da Mata Atlântica carregam a marca da Igreja como Salvador, Olinda, Rio de Janeiro, Mariana, etc. Jesuítas, franciscanos, beneditinas, carmelitas, etc. viveram uma relação intensa com indígenas, negros e brancos. É grande sua contribuição na defesa da vida dos povos originários e na defesa deste bioma Lembremos das pastorais sociais defendendo a vida ameaçada pelo modelo econômico em desenvolvimento Os frutos destas conquistas são os alimentos que chegam nas nossas mesas brasileiras, resultados do trabalho dos pequenos produtores, camponeses e comunidades ribeirinhas que se mantêm vivas com a agricultura familiar, a Igreja muito contribuiu e contribui para isso 63

64 1.5. BIOMA PANTANAL Localização
O Pantanal é uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, embora seja o de menor extensão no Brasil. Sua área aproximada é km2 e ocupa 1,76% do território brasileiro Situado dentro da Bacia do Alto Paraguai, é considerado como Reserva Biosfera e patrimônio Natural Mundial pela UNESCO 70% dessa planície fica no território brasileiro (MT e MS), 20% na Bolívia e 10% no Paraguai Os rios que abastecem o Pantanal são provenientes de regiões bem altas e, por isso, as águas acumulam-se facilmente, transformando o Pantanal em uma grande planície de inundação, principalmente no período chuvoso 64

65 1.5.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS - BIODIVERSIDADE
O Pantanal mantém boa parte da sua cobertura vegetal nativa, com espécies que em outros biomas, estão em extinção São 3,5 mil espécies de plantas, 124 de mamíferos, 463 de aves e 325 de peixes A cada ano, grandes regiões do Pantanal mudam de hábitats aquáticos para terrestres e vice-versa As cheias ocupam 80% do Pantanal. Durante a estiagem, grande parte seca Ele depende da manutenção do ciclo hidrológico, que é regido pelas chuvas na Bacia do Alto Paraguai Nesta região, encontra-se espécies vegetais da Amazônia, do Cerrado, e do Chaco Boliviano Nas planícies domina uma vegetação de gramíneas Nas regiões intermediárias, desenvolvem-se pequenos arbustos e vegetação rasteira Já nas regiões mais altas, árvores de grande porte 65

66 1.5.3. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
Os colonizadores encontraram o Pantanal ocupado por importantes povos indígenas de várias etnias Por volta do século XIX, colonizadores europeus e desbravadores da região Sudeste chegaram à região de Cuiabá iniciando um processo de ocupação A miscigenação provocada por este processo resultou numa cultura com características das etnias indígenas, populações ribeirinhas e originárias de outros estados, da Bolívia e do Paraguai, com elementos culturais do bandeirante português, do sertanista paulista e dos índios, de quem recebeu habilidades e o conhecimento da natureza 66

67 1.5.3. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
A população no Pantanal é de aproximadamente pessoas As dez principais cidades possuem populações que variam de habitantes O território dos Kadiweu/Ejiwageji é uma área demarcada de 550 mil hectares e é área de resistência por causa do assédio dos fazendeiros que tentam se apossar destas terras, incluindo propostas de arrendamento Outro grupo em permanente luta são os Terenas. Já dos indígenas Guató (Índios Canoeiros do Pantanal), restam poucas famílias A luta dos povos indígenas é porque estes territórios são espaços ancestrais Preservar estes espaços é preservar a identidade, a memória, a cultura e a fé destes povos Também há as comunidades tradicionais e ribeirinhas que resistem dentro do Pantanal 67

68 1.5.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO PANTANAL
O Pantanal funciona como corredor biogeográfico que promove a dispersão da fauna e flora Durante a cheia, rios e lagos ficam interligados ou desaparecem no mar de águas, permitindo o deslocamento de espécies Na seca, formam-se lagoas e corixos que retém peixes e plantas aquáticas Esses corpos d’água vão secando, atraindo aves e animais em busca de alimentos Pecuária não sustentável, monocultura e contaminação com insumos agrícolas são pontos de alerta Com um rebanho estimado em 16 milhões de cabeças, a pecuária estabelece o padrão de ocupação do espaço geográfico e determina a cultura pantaneira, e causa muitos impactos ambientais como desmatamento, queimadas e assoreamento de rios 68

69 1.5.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO PANTANAL
A expansão da agropecuária e a exploração de diamantes e de ouro são responsáveis por profundas transformações regionais. Além da destruição de hábitats, aceleraram a erosão Diversas ações do poder público mostram uma política de pesca prejudicial às populações da região A expansão da produção de álcool e biocombustíveis aumenta a preocupação sobre seus impactos no Pantanal, pois provoca o aumento de agrotóxicos e rejeitos, além da sedimentação provocada pela erosão O peixe é o bem natural que mais gera renda no Pantanal Essa condição pode mudar devido ao desmatamento. A pesca esportiva se tornou o principal atrativo do turismo regional, e, apesar da sua importância, gera problemas ambientais e sociais Entre os sociais está a prostituição 69

70 1.5.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO PANTANAL
Também foi desenvolvido o turismo ecológico e rural, que contribuíram para a melhoria da infraestrutura e para o aperfeiçoamento dos serviços Mas ele não tem sido considerado em todo o seu potencial porque permanece o discurso industrialista para algumas regiões Mineração e siderurgia, são atividades em plena expansão, impulsionadas pelo crescimento da economia e a demanda mundial Impactos negativos da mineração já foram evidenciados em Corumbá A maior preocupação dos ambientalistas é com a produção siderúrgica e sua dependência do carvão vegetal, fator que já tem levado a uma retirada de vegetação de maneira acelerada O tráfico, a caça e a venda de peles, couro ou artefatos provenientes de animais silvestres são práticas que, embora ilegais, ainda ocorrem 70

71 1.5.5. CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
Os Programas do Regime Militar drenaram áreas alagadas, para facilitar o cultivo de monoculturas A falta políticas integradas resultam em ações isoladas e com pouca repercussão em sua totalidade Além disso, as principais demandas sociais são postas em segundo plano São poucos os esforços para a construção de sinergias entre iniciativas, o que dificulta a implementação de estratégias sustentáveis para a melhoria da qualidade de vida Os problemas exigem medidas articuladas e eficazes, tais como: o alinhamento da atuação das diferentes esferas do poder público; revisão da legislação vigente referente às áreas de proteção; integração nas políticas de conservação e uso dos recursos naturais; maior esforço para avaliar o licenciamento e a fiscalização de novos empreendimentos 71

72 1.5.6. CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A presença da Igreja permanece viva no Pantanal, suas dioceses, com as Pastorais Sociais: CIMI, Cáritas, Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Comunidades Eclesiais de Base, o Laicato A Igreja muito se preocupa com a vida no Pantanal e se mantém firme na defesa da vida dos povos originários e das comunidades tradicionais Para a Igreja, o bioma representa também um lugar onde o ser humano faz uma profunda experiência de Deus, da natureza e do outro Para o Papa Francisco, São Francisco de Assis é o padroeiro de todos que estudam, trabalham e defendem a ecologia O Papa Francisco nos convida a nos convertermos à ecologia integral, baseando-se na Doutrina Social da Igreja 72

73 1.6. BIOMA PAMPA Os Campos do Sul do Brasil são denominados “pampa”, termo indígena para “região plana” A sua característica principal é a sua vegetação, formada basicamente por gramíneas e espécies vegetais de pequeno porte, com dois tipos bem definidos: Campos limpos: Ocorrem quando a vegetação não apresenta arbustos, ganhando uma paisagem homogênea Campos sujos: Ocorrem quando há uma maior presença desses arbustos, que se “misturam” à paisagem O bioma Pampa exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade, caracterizada pelo predomínio dos campos nativos, mas há também a presença de matas ciliares, de encosta, de pau-ferro, arbustos, butiazais, banhados, afloramentos rochosos etc. 73

74 LOCALIZAÇÃO O bioma Pampa, com km2, ocupa 2,07 % do território nacional, no RS, ocupando 63% do seu território, embora se estenda à Argentina e ao Uruguai Por se tratar de uma região plana coberta por vegetação rasteira, o bioma Pampa favoreceu o desenvolvimento da pecuária. 2,6 milhões de brasileiros habitam esse bioma 74

75 1.6.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS - BIODIVERSIDADE
O Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, que não está completamente descrita pela ciência Estimativas indicam em torno de 3000 espécies de plantas, com mais de 450 espécies de gramíneas. Também se destacam as espécies de compostas e de leguminosas (150 espécies) Podem ser encontradas muitas espécies de cactáceas A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos terrestres O Pampa abriga um ecossistema muito rico, com muitas espécies endêmicas e algumas ameaçadas de extinção Trata-se de um patrimônio de importância nacional e global 75

76 1.6.2. CARACTERÍSTICAS NATURAIS - BIODIVERSIDADE
Uma das características marcantes neste cenário é o vento Fator vital na configuração da paisagem, o vento minuano, moldou a paisagem como também e o temperamento da população É no bioma Pampa que se localiza grande parte do Aquífero Guarani Duas bacias hidrográficas se destacam: a Bacia Costeira Sul e Bacia do Rio da Prata A expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma rápida degradação e descaracterização das paisagens do bioma Em 2002 restavam 41,32% e em 2008 apenas 36,03% da vegetação nativa do Pampa 76

77 1.6.3. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
Os povos Tupi-Guarani habitavam o Rio Grande do Sul, localizando-se as etnias Tapes, Carijós, Arachanes e Guaianás no norte e nordeste e os Guenoas, Minuanos e Charruas a oeste e ao sul. Os primeiros europeus a ocupar a região foram os jesuítas espanhóis vindos do Paraguai trazendo indígenas e gado bovino, que era criado solto No século XVIII, os negros escravos chegam participando das lavouras de trigo, nas charqueadas e nas estâncias de criação, assim como a ocupação da região da campanha pelos portugueses devido ao tratado de Madrid A pecuária era um fator que determinava a posse da terra, ou seja, quanto mais cabeças de gado, mais terras poderiam ser ocupadas, garantindo a posse do território 77

78 1.6.3. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
No século XIX iniciou-se o cercamento dos campos que aumenta o poder dos estancieiros. A estância passa à fazenda capitalista, mudando a cultura do gaúcho de vida errante Este grupo social pode ser representado pela noção de pequeno pecuarista familiar, descendente de etnias indígenas, de europeus e de povos africanos Os historiadores identificam dois tipos de gaúcho: O gaúcho estancieiro, proprietário da terra, centralizava o poder e é o mais importante O gaúcho peão era cliente do gaúcho estancieiro, com laços de proteção do peão, companheirismo e amizade Na relação mútua, estancieiro precisava do peão para a execução da lida com o gado e o peão tinha a garantia de alimentação, habitação e remuneração além de segurança 78

79 1.6.3. OS POVOS ORIGINÁRIOS E A CULTURA - SOCIODIVERSIDADE
A mulher era responsável pelas lidas domésticas, alimentação, cuidados com os filhos As mulheres dos peões trabalhavam em suas casas, na casa dos patrões e na agricultura para autoconsumo Muitas mulheres rurais são responsáveis e mantenedoras da economia doméstica O Pampa é o palco principal da cultura gaúcha. A ovinocultura é a mais forte tradição da região, mas sua principal atividade continua sendo a criação de gado bovino Chimarrão, churrasco e música de fronteira são riquezas que permanecem e a atravessa fronteiras, abrangendo também Uruguai e Argentina 79

80 1.6.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO PAMPA
O Parque do Espinilho no município de Barra do Quarai compõe a beleza do Pampa Outro destaque são os banhados que, ao contrário do aspecto seco espinilho, são presenças comuns na paisagem pampeana A grande maioria dos banhados foi drenada para uso agrícola, através do Programa Pró-Várzea do governo federal na década de 1970 Os poucos banhados que restam foram protegidos para viabilizar a caça, prática está legalizada no Rio Grande do Sul Presente em todo o Pampa, encontram-se os cerros e as serras, como se surgisse do nada, são pequenos e baixos morros que aparecem em área totalmente plana 80

81 1.6.4. A BELEZA, AS FRAGILIDADES E OS DESAFIOS DO PAMPA
Entre os desafios e as fragilidades do bioma Pampa estão as iniciativas governamentais, como os grandes plantios de pinus e eucaliptos que além de alterar os recursos hídricos e a cultura, interferem no regime dos ventos e de evaporação A formação de bancos de areias em solos já arenosos e não consolidados acarreta a baixa presença ou a extinção da vegetação está presente em vários municípios do sudoeste gaúcho. Aí ocorre a desertificação Outras preocupações são a ampliação da área de soja, trigo e arroz e a cultura da mamona para a elaboração de biocombustível Há ainda a mineração e queima de carvão mineral, gerando acidificação da água; alteração da paisagem; deslocamento de populações assentadas; doenças pulmonares; chuva ácida e emissão de gases efeito estufa 81

82 1.6.5. CONTEXTUALIZAÇÃO POLÍTICA
É no Pampa que existe a grande maioria dos latifúndios do Rio Grande do Sul Estes latifúndios, grande parte improdutivos ou abaixo do índice de produtividade estabelecido pelo INCRA , vem sendo tomados por monoculturas de eucalipto, acácia e pinus Este Deserto Verde, extremamente nocivo ao meio ambiente, prejudica a fauna e a flora originais do Pampa O impacto social negativo é a inviabilização da agricultura familiar camponesa devido aos impactos ambientais Apesar de ser região latifundiária, há muitas famílias de pequenos agricultores, indígenas, quilombolas e nos últimos anos a luta pela terra ganhou força através do MST com a conquista e implementação de vários assentamentos 82

83 1.6.6. CONTRIBUIÇÃO ECLESIAL
A Igreja está presente na região desde a primeira evangelização, mas com características próprias, como as Missões dos Sete Povos A mentalidade de conquistar territórios e catequisar os indígenas influenciou as missões. Porém os jesuítas contribuíram na defesa dos indígenas Em 1750, o Tratado de Madri determinou que fossem para o lado espanhol e teve início da dizimação do povo guarani Hoje, seja pela presença das Pastorais Sociais, Semanas Sociais, CFs e CEBs, se valoriza a agricultura familiar, as comunidades tradicionais e os remanescentes indígenas As Pastorais Sociais estão próximas de movimentos como MST, Movimento dos Atingidos por Barragens e o Movimento dos Pequenos Agricultores 83

84 TRABALHO EM GRUPOS 84

85 1 – Qual a importância do conhecimento dos biomas do Brasil?
TRABALHO EM GRUPOS 1 – Qual a importância do conhecimento dos biomas do Brasil? 2 – Quais as informações que julgamos mais importantes sobre o nosso próprio bioma? 3 – O que podemos acrescentar ao texto base sobre o nosso próprio bioma? 85

86 CAPÍTULO II JULGAR 86

87 1. NA SAGRADA ESCRITURA A Sagrada Escritura não se preocupa diretamente com os biomas Contudo, oferece elementos que iluminam a temática a partir do projeto de Deus nela apresentado Tal projeto inicia-se pela criação e organização do mundo, conhece uma ruptura por causa do pecado e seu verdadeiro significado é revelado em Cristo Jesus A reflexão que segue está dividida nesses três momentos buscando apresentar que o mundo e as criaturas fazem parte desse projeto de Deus 87

88 2. HARMONIA ORIGINAL: O MUNDO CRIADO
O mundo foi criado por Deus, é obra desejada por Ele, por amor. A criação é apresentada em dois relatos O primeiro apresenta a criação realizada em sete dias (Gn 1,1- 2,4a). Cada dia tem em seu programa um elemento necessário para a continuidade da obra no outro dia. Assim é apresentada a criação e a inter-relação de seus elementos na sequência luz-- luzeiro, firmamento-pássaros/peixes, solo firme-animais terrestres O segundo relato da criação (Gn 2,4b-25) mostra a mesma coisa. Não existia arbusto, pois não havia chuva e quem cultivasse o solo e Deus providencia a chuva e forma o homem. Nenhum ser existe isoladamente, uns dependem dos outros e o ser humano deve ser o guarda desta obra criada 88

89 2. HARMONIA ORIGINAL: O MUNDO CRIADO
Nessa harmonia, as criaturas são muito boas (Gn 1,31), a criação está repleta de maravilhas que ultrapassam o conhecimento (Jó 42,3). A existência de cada ser é um louvor a Deus: “Bendizei ao Senhor, todas as obras do Senhor; aclamai e superexaltai-o para sempre” (Dn 3,57) A criação é uma obra-prima de Deus (Salmo 8). A liturgia judaica mostra isso ao o céu e a terra como um pergaminho com uma mensagem de Deus para o homem (Sl 19/18,2-5) Todos os movimentos na criação são entendidos como desejados por Deus que “cobre o céu de nuvens, prepara a chuva para a terra, faz brotar sobre os montes a erva e plantas úteis ao homem; (...) faz cair a neve como lã, espalha a geada como cinza. (...) envia uma ordem e se derretem, sopra o vento e correm as águas” (Sl 147/146,8-18) 89

90 2. HARMONIA ORIGINAL: O MUNDO CRIADO
O homem, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,27), tem um papel mais importante que aos outros seres (Gn 1,28) Deus confia a ele a guarda da criação. Por isso, Deus planta um jardim e coloca o homem ali para cultivar e guardar (Gn 2,5.15) Forma a mulher da costela do homem, conferindo a ela a mesma dignidade e a mesma missão (Gn 2,18) Assim, o homem possui três tipos de relação: com Deus, com a obra criada e com seu próximo O jardim não é apenas o local do qual retira o seu alimento, mas é o ambiente do encontro com Deus e da vivência da fraternidade (Gn 1,29- 31) Ele deve ser cultivado com o mesmo amor com que foi criado, para frutificar O jardim bem cuidado seria o indicativo que as três relações estão bem cultivadas 90

91 2. HARMONIA ORIGINAL: O MUNDO CRIADO
A acusação que a ordem de Deus “enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28) significa exploração selvagem da natureza não é legítima A Laudato Si’ explica que cultivar quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, guardar significa proteger, cuidar, preservar, velar O relato da criação indica limites: não é lícito comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, indicando com isso que o homem não pode dispor da terra a seu bel-prazer (Gn 2,17). O Deuteronômio 10,14 diz que ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, e o que canta o salmista “do Senhor é a terra” (Sl 24/23,1) O próprio Senhor afirma “a terra é minha, e vós sois estrangeiros e meus agregados” (Lv 25,23). A criação pertence a Deus O homem recebeu a vocação de cuidar e guardar com atenção os seres que dela fazem parte 91

92 3. A ALIANÇA ROMPIDA E O PECADO
O Gênesis relata o pecado do homem Ao desobedecer a Deus (Gn 3,6), o homem provoca uma ruptura nas relações A relação com Deus é ferida. O casal tem medo de Deus e se esconde (Gn 2,10). A humanidade quer “ser como Deus” (Gn 3,5). Babel nos mostra: “Vamos construir para nós uma cidade e uma torre que chegue até o céu. Assim nós faremos um nome” (Gn 11,4) As relações interpessoais também são afetadas. Rompe-se a harmonia do casal: se transforma em cumplicidade no pecado (Gn 3,6) e fuga da responsabilidade (Gn 3,12-13). A tensão leva à violência como o assassinato de Abel (Gn 4,8) e a injustiça se espalha sobre a terra (Gn 4,23) A perda da linguagem do amor é a causa do desentendimento e das rupturas com o próximo e com a criação 92

93 3. A ALIANÇA ROMPIDA E O PECADO
A ruptura acontece com o mundo criado. Muitos textos mostram atitudes que ferem a obra criada: Sodoma e Gomorra (Gn 19), pragas do Egito (Ex 8-11), Nínive (Jn 1,2), Jerusalém sofre pelo pecado de Davi (2Sm 24) etc. Aterra se torna hostil ao homem (Gn 3,19) Os profetas confrontam o pecado com o plano de Deus e falam do arrependimento (Am 5,4; Os 14; Jr 3,12; Is 55,7; 57,15; Ez 18,23). As relações podem ser restauradas por Deus, que vai intervir na desarmonia do coração humano (Ez 37) Inicia-se o anúncio do tempo messiânico, no qual a conversão e a esperança podem renascer. Isaías anuncia que harmonia da criação será reestabelecida. O homem recuperará sua relação com Deus: (Is 54,13) A relação entre os homens será restaurada (Is 2,4; Is 60,18-19) e a relação com o mundo criado será pacificada (Is 11,6-8) 93

94 4. TEMPOS MESSIÂNICOS: RESTAURAÇÃO DE TUDO EM CRISTO
Deus enviou seu Filho para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos (Gl 4,4-5) Estas palavras indicam a graça realizada em Cristo. Nele se concretizam a Lei e os profetas e inaugura-se o tempo messiânico A encarnação nos revela que Deus deseja salvar o mundo (Jo 3,17). Tudo é dele, por ele e para ele (Rm 11,36) Em Cristo é restabelecida e elevada à plenitude a relação entre o homem e Deus. A ação de Deus é primeira e decisiva “tudo vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo” (2Cor 5,18) Ele sempre amou a humanidade (Rm 5,10) e morreu para salvá-la (2Cor 5,8). Jesus chama Deus de Pai (Jo 11,41b; 17,1b) e nos ensina a fazer o mesmo (Mt 6,9-13; Jo 20,17) 94

95 4. TEMPOS MESSIÂNICOS: RESTAURAÇÃO DE TUDO EM CRISTO
Nas parábolas, Jesus faz perceber que a criação contém em si explicações do agir de Deus (Mc 4,3-9) e do Reino Jesus utiliza de elementos da criação em sua catequese: a fonte de água viva ( Jo 4,10-14), a chuva que cai sobre justos e injustos (Mt 5,45), a vinha e seus ramos (Jo 15), a fé com a semente e o coração do homem com o terreno onde a semente é lançada (Mc 4,1-20), os lírios do campo (Mt 6,28-29) Somente buscando o Reino de Deus o homem pode libertar-se do desejo de possuir (Mt 6,33-34) Jesus mesmo está acima das contradições existentes na criação. Sua soberania o torna capaz de pacificar os ventos e o mar (Mc 4,39), de caminhar sobre o mar (Mt 14,25; Jo 6,19), de trazer a vida aquele que já morreu (Jo 11,1- 45). Ele aperfeiçoa a criação fazendo nova todas as coisas (Ap 21,5) 95

96 4. TEMPOS MESSIÂNICOS: RESTAURAÇÃO DE TUDO EM CRISTO
A criação precisa ser renovada e nela a humanidade redimida habitará (Mt 5,5). Ela será libertada da escravidão da corrupção, em vista da liberdade que é a glória dos filhos de Deus (Rm 8,21) A criação libertada é apresentada em Ap através da imagem da Jerusalém celeste O Apocalipse apresenta os sofrimentos e contradições dentro da obra criada. São apresentados rios poluídos (Ap 8,8; 16,4), árvores queimadas (Ap 8,7) pessoas que morrem (Ap 8,11), terremotos (Ap 16,18), doenças (Ap 9,4-5), a falta de paz para que os seres humanos se matem (Ap 6,4), morte pela espada, fome e peste (Ap 6,7). Tudo mostra o caos na criação Mostra a intervenção divina que põe fim a este sofrimento e surge um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1) na qual a meta da história foi alcançada, foram feitas novas todas as coisas, a criação está renovada 96

97 4. TEMPOS MESSIÂNICOS: RESTAURAÇÃO DE TUDO EM CRISTO
A criação é o ambiente onde o homem realiza sua vocação. Por sofrer as consequências do pecado, ela também conhecerá uma renovação Da revelação emerge o desejo de Deus pela preservação e cuidado com a obra criada Para isso, colocou o homem no jardim com a vocação de cultivar e guardar a criação Quando o homem realiza esta vocação, contempla a grandeza de Deus em sua criação e ouve a sinfonia silenciosa de louvor nela contida Quando ele se esquece de Deus, desintegra-se a relação com seu próximo A criação passa a ser objeto de exploração e domínio. Deus ensina ao homem que todas as criaturas estão relacionadas entre si e que a criação o precede em existência e lhe foi confiada para cuidar e guardar. A fé exige o zelo e o respeito pela obra criada 97

98 5. LAUDATO SI’: PONTO CULMINANTE DE UM CAMINHO
Entre os temas do ensino social da Igreja a ecologia é uma presença consolidada O magistério têm contribuído para o aprofundamento e para a divulgação dos desafios e a busca coletiva de soluções. Ponto culminante é a encíclica Laudato Si’. O papa Francisco afirmou que guardar a criação inteira é um serviço que é chamado a cumprir. A reflexão seguinte quer contribuir para conhecer o caminho de aprofundamento da consciência eclesial sobre a ecologia O desafio da convivência com os biomas se ilumina de modo particular com a reflexão a respeito da interligação de todas as criaturas 98

99 6. BEATO PAULO VI: A TOMADA DE CONSCIÊNCIA DO DESAFIO ECOLÓGICO
Paulo VI, na Octogesima Adveniens, iniciou a reflexão sobre a ecologia, indicando sua relação com o modelo de desenvolvimento: o homem toma consciência de que, pela exploração inconsiderada da natureza, começa a correr o risco de destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação Não só o ambiente material se torna uma ameaça, poluições e lixo, novas doenças, poder destruidor absoluto; é mesmo o quadro que o homem não consegue dominar, criando assim um ambiente global, que poderá se tornar insuportável a ele O cristão deve voltar-se para estas perspectivas novas, para assumir a responsabilidade, juntamente com os outros homens, por um destino, na realidade, já comum 99

100 7. SÃO JOÃO PAULO II: ECOLOGIA E ÉTICA
João Paulo II: “é preciso levar em conta a natureza de cada ser e as ligações mútuas entre todos, em um sistema ordenado, que é justamente o cosmos” Mostrou a limitação imposta por Deus com a proibição de comer o fruto da árvore e que estamos submetidos a leis biológicas e morais O gradual esgotamento da camada do ozônio e o efeito estufa já atingiram dimensões críticas, por causa da ação humana, trazendo mudanças meteorológicas e atmosféricas, cujos efeitos nefastos. Enquanto em alguns casos o dano já é talvez irreversível, outros pode ser atenuado É um dever, assumir as próprias responsabilidades. Afirmava o direito a um ambiente seguro como direito do homem Os Estados devem ser solidários, entre si, na promoção de um ambiente natural e social pacífico e saudável 100

101 7. SÃO JOÃO PAULO II: ECOLOGIA E ÉTICA
Na Centesimus Annus, considera que o homem consome de maneira excessiva e desordenada os recursos naturais Ele substitui-se a Deus e acaba por provocar a revolta da natureza, mais tiranizada do que governada por ele A questão ecológica é ligada ao ambiente humano mais abrangente para salvaguardar as condições morais de uma autêntica ecologia humana A preservação dos hábitats deve aliar-se ao respeito pela estrutura natural e moral do homem. Devemos demolir as estruturas contrárias à humanidade do ambiente e substituí-las com formas de convivência mais autênticas A crise ambiental é fundamentalmente moral A relação entre homem e criação deve ser cultivada com amor e sabedoria 101

102 8. BENTO XVI: A ECOLOGIA HUMANA
Bento XVI é considerado o primeiro papa verde. Mostrou a relação entre ecologia da natureza, humana e social Na Caritas in Veritate, mostra a questão ambiental relacionada com o ecológico, o jurídico, o econômico, o político e o cultural Recorda a urgência de uma solidariedade que leve a uma redistribuição mundial dos recursos energéticos, de modo que os próprios países desprovidos possam ter acesso a eles A Igreja tem uma responsabilidade pela criação e deve faze-la valer Deve defender a terra, a água e o ar como dons da criação que são para todos. Deve proteger o homem contra a destruição de si mesmo Devemos mudar o modelo de desenvolvimento para uma responsabilidade em relação à criação, pelas emergências ambientais e pelo escândalo da fome e da miséria 102

103 9. FRANCISCO: UMA ECOLOGIA INTEGRAL
O Papa Francisco fala que Ecologia humana e ecologia ambiental caminham juntas Uma das palavra-chave é “harmonia” Interroga-se sobre qual impacto do progresso econômico, novas tecnologias e sistema financeiro sobre os seres humanos e sobre o ambiente Evangelii Gaudium: Nós, os seres humanos, guardiões das outras criaturas Pela nossa realidade corpórea, Deus uniu-nos tão estreitamente ao mundo. Não deixemos que, à nossa passagem, fiquem sinais de destruição e de morte que afetem a nossa vida e a das gerações futuras O sistema tende a englobar tudo para aumentar os benefícios e qualquer realidade frágil, fica indefesa em relação aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta 103

104 9. FRANCISCO: UMA ECOLOGIA INTEGRAL
O tempo está acabando. Só podemos encontrar soluções globais se agirmos juntos e de comum acordo. Existe um claro, definitivo e improrrogável imperativo ético de agir Francisco incluiu o tema na DSI ao produzir a Laudato Si’, onde enfrenta o desafio ecológico de modo amplo. Ele reconhece o ponto de vista científico sobre as mudanças climáticas, Seu objetivo é convidar todos os de boa vontade a considerar bem as suas responsabilidades para com as gerações futuras e agir de modo consequente Trata-se de assegurar que todos tenham água limpa, ar puro, garantir que possam ter vida digna, ter acesso aos bens do desenvolvimento integral, boas condições de saúde e possam continuar se relacionando com a criação, da qual são parte 104

105 9. FRANCISCO: UMA ECOLOGIA INTEGRAL
A CF 2017 permite contextualizar a Laudato Si’ e assumir suas propostas em cada comunidade relacionando a questão global com os desafios locais Dois elementos são destacados pelo Papa Francisco: As criaturas, refletem, cada qual a seu modo, uma centelha da sabedoria e da bondade infinitas de Deus A interdependência das criaturas é querida por Deus 105

106 9. FRANCISCO: UMA ECOLOGIA INTEGRAL
Um eixo fundamenta é a relação entre os pobres e a fragilidade do planeta, tudo está estreitamente interligado no mundo, a crítica do novo paradigma e das formas de poder que derivam da tecnologia, o convite a procurar outras maneiras de entender economia e progresso, o valor de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e honestos, a responsabilidade da política, a cultura do descarte e a proposta de um novo estilo de vida Ressalta a necessidade da participação e o envolvimento de todos. As questões sejam discutidas também em seu impacto local 106

107 TRABALHO EM GRUPOS 107

108 TRABALHO EM GRUPOS Diante da proposta de Jesus e da doutrina da Igreja, vamos responder: 1 – Quais os principais problemas do nosso bioma que julgamos mais importantes no VER? 2 – Quais os valores principais que as Sagradas Escrituras e o Magistério da Igreja trouxeram como contribuição para analisarmos os nossos problemas? 3 – A partir das perguntas anteriores, qual deve ser a nossa preocupação maior na realização da CF 2017? 108

109 CAPÍTULO III AGIR 109

110 1. O AGIR NA CF 2017 O agir está em sintonia com DSI, principalmente com a LS e com a CFE 2016, que mostram a necessidade da conversão pessoal e social em relação à Casa Comum Para a CF 2017, cuidar dos biomas é compromisso com o Criador que espera nossa conversão para cuidar de sua criação e atende à proposta do Papa Francisco de defesa da vida na ecologia integral A LS, assim como a Palavra Sagrada propõem a defesa da vida, e a CF propõe o cuidado para com os biomas para prevalecer a vida no Brasil e no mundo A CFE 2016 nos alerta sobre a necessidade do esgotamento sanitário e sobre as consequências da sua ausência A CF 2017 está em sintonia com a celebração dos trezentos anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida 110

111 As ações de caráter geral, e também específico para cada bioma, são:
1. O AGIR NA CF 2017 As ações de caráter geral, e também específico para cada bioma, são: Retomar as propostas da CFE 2016, no do cuidado com a Casa Comum, com enfoque no saneamento básico Despertar para a beleza dos biomas e a necessidade do cuidado Aprimorar o monitoramento por satélite para desenvolver políticas de combate ao desmatamento e ações predatórias Exigir do executivo a consolidação do plano municipal de saneamento básico Defender o desmatamento zero e a recomposição florestal Fortalecer as redes, articulações para suscitar uma nova consciência e novas práticas na defesa dos ambientes essenciais à vida Motivar igrejas, religiões, pessoas de boa vontade, a manterem a união em defesa dos biomas Aprofundar o conhecimento sobre o tema da CF 111

112 1. O AGIR NA CF 2017 Celebrar as vitórias acontecidas
Potencializar toda dimensão ecológica que já existe na piedade popular Fortalecer a ecologia integral, que precisa se estender para o comunitário, o regional, o nacional e a cidadania global, como nos pede o Papa Francisco na LS Combater a corrupção exigindo transparência nos processos licitatórios em relação às enchentes e secas Defender as temáticas das questões ecológicas na educação Incentivar a criação de Projeto de Lei que proíba o uso de agrotóxicos Promover rodas de conversa sobre os malefícios que as queimadas e a poluição urbana provocam Valorizar e incentivar a participação dos leigos e leigas nos conselhos paritários 112

113 2. O AGIR NO BIOMA AMAZÔNIA
A Amazônia é vista como terra para ser desbravada, explorada, ser colonizada. O processo de ocupação amazônica começou em 1540 com grupos de missionários em paridade com os colonizadores A partir de 1851, a ocupação da Amazônia torna-se alarmante e completamente desorganizado, com milhões de trabalhadores na extração da borracha Com o fim do ciclo da borracha, surgem gigantescas áreas urbanas por toda área amazônica. A partir de 1960, buscando incorporar a região no capitalismo brasileiro, torna-se inevitável a preocupação com profundas mudanças na conservação da região 113

114 2. O AGIR NO BIOMA AMAZÔNIA
60% da população amazônica reside em áreas urbanas com IDH degradante. Daí a necessidade de políticas públicas que assegurem o desenvolvimento sem prejudicar o humano e a natureza. Par isso, apresentamos as seguintes propostas: Compartilhar saberes e estratégias de sobrevivência e convivência com o meio ambiente oriundas dos povos originários e comunidades tradicionais Valorizar e promover a cultura do bem-viver Reforçar as articulações e resistências apoiando os povos tradicionais nas mobilizações e nas lutas por direitos e regularização de seus territórios 114

115 2. O AGIR NO BIOMA AMAZÔNIA
Fortalecer as iniciativas como cooperativas, baseadas no agroextrativismo Defender as águas da Bacia Amazônica articulando organismos, entidades, igrejas, comunidades Defender as riquezas e os saberes dos povos amazônicos Fortalecer a Rede Panamazônica (REPAM) Fortalecer as políticas públicas por saneamento básico e transporte público de qualidade. Valorizar as artes, músicas e outras expressões da cultura amazônica Atuar na defesa de políticas públicas socioambientais 115

116 3. O AGIR NO BIOMA CAATINGA
Padre Cícero deixou onze preceitos ecológicos: Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau Não toque fogo no roçado nem na Caatinga Não cace mais e deixe os bichos viverem Não crie o boi nem o bode soltos; faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer Não plante em serra acima, nem faça roçado em ladeira Faça cisterna no oitão da casa para guardar água da chuva Represe os riachos de cem em cem metros Plante cada dia até que o sertão todo seja uma mata só. Aprenda a tirar proveito das plantas da Caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema Se obedecer a estes preceitos, a seca vai se acabando Se não obedecer, o sertão todo vai virar um deserto 116

117 3. O AGIR NO BIOMA CAATINGA
Segue outras ações : Retomar as discussões sobre o esgotamento sanitário e o Plano Municipal de Saneamento Básico Reforçar os projetos da Articulação no Semiárido Brasileiro Reformular e ampliar a rede de captação de água de chuva Conhecer e fortalecer a malha de adutoras para abastecimento rural e urbano, priorizando efetivamente o abastecimento humano e a dessedentação dos animais Desenvolver a captação da energia solar descentralizada, como fonte de renda para as famílias Incentivar a energia eólica Reforçar a luta pela demarcação dos territórios indígenas, quilombolas e das comunidades tradicionais e reforçar a luta pela reforma agrária “Educação contextualizada” nas escolas públicas 117

118 3. O AGIR NO BIOMA CAATINGA
Reforçar o desenvolvimento da agroecologia adaptada ao semiárido Denunciar o uso inadequado de agrotóxicos Reforçar a proposta do desmatamento zero na Caatinga Reforçar as iniciativas do “recaatingamento”, perenização inteligente de rios e riachos para armazenar água Fortalecer e ampliar a defesa da revitalização do rio São Francisco Reforçar a criatividade dos povos originários e as iniciativas oficiais que visam a expansão de uma infraestrutura que beneficie o povo e evite a depredação do semiárido Buscar parceria com o MP a fim de fiscalizar a implantação, a ação e os impactos ambientais das mineradoras 118

119 4. O AGIR NO BIOMA CERRADO Sua vegetação, aves e mamíferos precisam ser protegidos, pois estão ameaçadas pela caça e pelo comércio ilegal. Sem os povos originários, as comunidades tradicionais e os camponeses constituem sua principal a criação corre perigo, por isso a Igreja exige ações e cuidado para preservar a vida no Cerrado: Promover o intercâmbio entre as comunidades locais Incentivar projetos de preservação, recuperação e valorização das frutas, ervas medicinais Fortalecer a agricultura camponesa familiar Desenvolver ações de recuperação de nascentes de rios e reconstituição das matas ciliares Trabalhar pelo reconhecimento do Cerrado como Patrimônio Nacional 119

120 4. O AGIR NO BIOMA CERRADO Fortalecer a luta em defesa dos territórios tradicionais e da reforma agrária Exigir controle rígido sobre o licenciamento de novos projetos de irrigação Promover debates e seminários sobre o Projeto de Desenvolvimento do MATOPIBA Exigir que povos e comunidades tradicionais sejam consultados sobre empreendimentos que afetem seus meios de vida Envolver a população urbana no debate sobre o Cerrado Reforçar a campanha “Cerrado berço das águas: sem Cerrado, sem água, sem vida” 120

121 5. O AGIR NO BIOMA MATA ATLÂNTICA
Em meio ao grito agonizante da Mata Atlântica, homens e mulheres gritam pela vida, pela luz e pela ecologia integral, como tem sido o grito do Papa Francisco Mais de 15 mil espécies de plantas e 2 mil espécies de animais foram dizimadas do bioma Mata Atlântica, e 600 espécies de animais estão ameaçados de extinção Neste momento, Deus está perguntando sobre o que estamos fazendo com as terras verdes e amarelas, por isso, vamos nesta Quaresma nos preparar para dar uma resposta alegre ao Criador 121

122 5. O AGIR NO BIOMA MATA ATLÂNTICA
Contemplando as maravilhas criadas e as maravilhas de Deus em sua vida, vejam o que queremos e faremos: Exigir do poder público a recuperação das áreas degradadas Defender a demarcação dos territórios indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais Exigir que as políticas de saneamento básico sejam implantadas em toda área urbanizada e rural Apoio à lei de iniciativa popular do Movimento dos Pescadores pela demarcação dos territórios pesqueiros Fomentar e/ou apoiar ações relacionadas a despoluição e revitalização das bacias hidrográficas e baías Apoiar as ações em defesa do bioma frente ao avanço das mineradoras 122

123 5. O AGIR NO BIOMA MATA ATLÂNTICA
Cuidar das nascentes e dos rios Participar e acompanhar a efetivação do plano diretor em relação ao saneamento básico dos municípios Denunciar os projetos econômicos imobiliários em Áreas de Preservação Permanente Apoiar a produção agroecológica camponesa com base na agricultura familiar Incentivar o consumo de produtos agroecológicos e sustentáveis provenientes da Economia Solidária 123

124 6. O AGIR NO BIOMA PANTANAL
Precisamos preservar a vida e a cultura dos povos tradicionais do Pantanal e inibir os projetos econômicos predatórios Seguem algumas pistas e ações para nossa conversão: Incentivar políticas públicas de preservação ambiental Dar visibilidade as populações pantaneiras Colaborar com a defesa das comunidades tradicionais e ribeirinhas Apoiar os povos indígenas para garantir suas terras ancestrais Promover campanhas de conscientização quanto ao descarte adequado dos resíduos sólidos e esgotos sanitários Promover a integração entre indígenas e populações tradicionais na luta pelas causas comuns Assegurar a presença efetiva e efetiva da Igreja 124

125 7. O AGIR NO BIOMA PAMPA É notório que o bioma Pampa está sendo ameaçado e tem seus ecossistemas modificados. Por esta razão, sugerimos as seguintes ações: Promover o direito à vida e a cultura dos seus povos tradicionais Conscientizar sobre a necessidade de defender o bioma Propor novos métodos de produção das áreas ocupadas pelo agronegócio Motivar a recuperação das fontes de água potável, rios, lagoas e banhados, através de políticas de despoluição, replantio das matas ciliares e redefinição de seu uso Exigir políticas públicas para o controle da exploração e comercialização da água, com incentivo ao controle social 125

126 CONCLUSÃO GERAL 126

127 CONCLUSÃO GERAL As indicações do agir não são de caráter geral. Algumas delas chegam a aspectos bem particulares É importante que cada comunidade, a partir do bioma em que vive e em relação com os povos originários desse bioma, faça o discernimento de quais ações são possíveis, e entre elas quais são as mais importantes e de impacto mais positivo e duradouro A mensagem do Papa Francisco proferida no dia 1º de setembro de 2016 (Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação) é uma grande luz para as comunidades fazerem seu discernimento 127

128 CONCLUSÃO GERAL O Santo Padre nos convida a renovar o diálogo sobre os sofrimentos que afligem os pobres e a devastação do meio ambiente, com cada pessoa que no planeta habita Ele afirma que Deus deu-nos de presente um exuberante jardim, mas estamos a transformá-lo em uma poluída vastidão de ruínas, desertos e lixo Ele nos alerta para não nos rendermos ou ficarmos indiferentes perante a perda da biodiversidade e a destruição dos ecossistemas, muitas vezes provocadas pelos nossos comportamentos irresponsáveis e egoístas 128

129 CONCLUSÃO GERAL Para o Papa Francisco, é por nossa causa que milhares de espécies já não darão glória a Deus com a sua existência, nem poderão comunicar- nos a sua própria mensagem e nós, segundo ele, não temos esse direito Por mais que não queiramos, é devido à atividade humana que o planeta continua a aquecer, segundo os registros, o ano de seria o mais quente, entretanto, há estudos já apontando que o ano de 2016 será mais quente do que o anterior 129

130 CONCLUSÃO GERAL Os resultados desse aquecimento são visíveis com a provocação de secura, inundações, incêndios e acontecimentos meteorológicos extremos cada vez mais graves As mudanças climáticas contribuem também para a dolorosa crise dos migrantes forçados Os pobres do mundo, embora sejam os menos responsáveis pelas mudanças climáticas, são os mais vulneráveis e já sofrem os seus efeitos 130

131 CONCLUSÃO GERAL Ao salientar a importância da ecologia integral, ele afirma que os seres humanos estão profundamente ligados entre si e à criação na sua totalidade Portanto, quando maltratamos a natureza, maltratamos também nós seres humanos Ao mesmo tempo, cada criatura tem o seu próprio valor intrínseco que deve ser respeitado Para que possamos garantir uma resposta adequada e célere, ele nos convoca a escutar, tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres. 131

132 DIA NACIONAL DA COLETA DA SOLIDARIEDADE
O Gesto Concreto da CF 2017 DIA NACIONAL DA COLETA DA SOLIDARIEDADE Domingo de Ramos 09 de ABRIL de 2017 132

133 TRABALHO EM GRUPOS 133

134 TRABALHO EM GRUPOS No julgar, levantamos qual deve ser nossa preocupação maior na realização da CF A partir disso e do Agir proposto pelo texto base, vamos responder: 1 – Qual deve ser o nosso objetivo para a realização da CF 2017? 2 – Que ações devemos desenvolver para atingir este objetivo? 134

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