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João Guimarães Rosa (MG, )

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Apresentação em tema: "João Guimarães Rosa (MG, )"— Transcrição da apresentação:

1 João Guimarães Rosa (MG, 1908 - 1967)
"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.  E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.  Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo  vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser  um crocodilo porque amo os grandes rios,  pois são profundos como a alma de um homem.  Na superfície são muito vivazes e claros,  mas nas profundezas são tranqüilos e escuros  como o sofrimento dos homens."

2 Principais características de sua obra
“O Sertão é o mundo” – Regionalismo Universal “Regionalismo” –nas paisagens, nos costumes, na caracterização das personagens. Universalismo – Na temática Sertanejo – homem universal Criação lingüística – neologismos Musicalidade Prosa poética

3 Obra Sagarana (1946) - Livro de estréia. Com o vaqueiro Mariano (1947)
Corpo de Baile (1956), novelas. Atualmente publicado em três partes:     - Manuelzão e Miguilim,      - No Urubuquaquá, no Pinhém e      - Noites do sertão.)   Grande Sertão: Veredas (1956), romance.   Primeiras estórias (1962), contos.   Tutaméia:Terceiras estórias (1967), contos.   Estas estórias (1969), contos. Obra póstuma.

4 Sagarana, 1946 João Guimarães Rosa

5 Estrutura de Sagarana Saga (grego: lenda) rana (tupi: à meneira de) – À maneira de lenda. Temática universal 9 contos – Acompanhados por epígrafes, que “prenunciam” o tema da narrativa. Representa a variedade oral da língua portuguesa; procura reproduzir a fala dos homens do sertão mineiro. A maior parte dos contos são histórias alegóricas, possuem um sentido moral. Tempo: precisos (Ex. A volta do marido pródigo) e imprecisos (era um burrinho – “era uma vez”); tempo psicológico (ex.: Conversa de Bois). Prosa poética Usa também o português arcaico: Ex: “mui” (muito).

6 Neologismos – criação de novas palavras.
*Formação por derivação: (acrescenta sufixos) – desenxergar; quiburreza, desinfeliz, desinquieto... * Derivação imprópria – “Coisando por tristes lembraças” (Conversa de bois); “A brisa arageava”; *Onomatopéia – chlap, chlap... *Composição – Tiãozinho: “bezerro-de-homem-que-caminha-sempre-na-frente-dos-bois” (Conversa de bois). *Aglutinação – passopreto (pássaro preto); membora (vou-me embora). Representa a cultura popular – ditados populares: “Sapo não pula por buniteza, mas porém por percisão”; “Para bezerro mal desmamado, calda de vaca é maminha”.

7 Sentenças de cunho filosófico (como se fossem verdades absolutas) – Ex
Sentenças de cunho filosófico (como se fossem verdades absolutas) – Ex. (A hora e vez de A. Matraga) – “para quem não sai em tempo de cima da linha, até apito de trem é mau agouro”.  Regionalismos: vitácula = venda pequena.

8 Os contos As histórias e desenrolar dos fatos prendem-se a um sentido ou moral, à maneira das fábulas. As epígrafes que encabeçam cada conto condensam sugestivamente a narrativa e são tomadas da tradição mineira, dos provérbios e cantigas do sertão. 1. Contos onde ocorre o crescimento dos personagens: O Burrinho Pedrês, Duelo, Corpo Fechado e A Hora e Vez de Augusto Matraga. 2. Contos onde ocorre a humanização dos animais: O Burrinho Pedrês e Conversa de Bois. 3. Contos de feitiçaria: São Marcos e Corpo Fechado. 4. Contos onde um instante parece valer por toda uma vida: O Burrinho Pedrês e A Hora e Vez de Augusto Matraga.

9 5. Contos onde os costumes dos “capiaus” servem de temática: A Volta do Marido Pródigo e Minha Gente. 6. Contos onde está presente a idéia de travessia: O Burrinho Pedrês, Duelo e A hora e vez de Augusto Matraga. 7. Contos onde a natureza parece algo vivo (panteísmo): Sarapalha e São Marcos.

10 Contos

11 Burrinho Pedrês “E, ao meu macho rosado, Carregado de algodão,
Preguntei: p’ra donde ia? P’ra rodar no mutirão” (Velha cantiga, solene, da roça.)

12 Burrinho Pedrês Personagens:
Sete-de-Ouros - animal miúdo e resignado, idoso. Outros nomes que tivera ao longo de anos e amos: Brinquinho, Rolete, Chico-Chato e Capricho. Major Saulo - corpulento, quase obeso, olhos verdes. Só com o olhar mandava um boi bravo se ir de castigo. Estava sempre rindo: riso grosso, quando irado; riso fino, quando alegre; riso mudo, de normal. Não sabia ler nem escrever, mas cada ano ia ganhando mais dinheiro, comprando mais gado e terras. João Manico - vaqueiro pequeno que montou o burrinho Sete-de-Ouros na ida. Na volta, trocou de montaria. Na hora de entrar na água, refugou, alegando resfriado, e escapou da morte. Francolim - espécie de secretário do Major Saulo, encarregado de pôr ordem nos vaqueiros. Obedece cegamente às ordens do Major. Foi salvo, na noite da enchente, pelo burrinho Sete-de-Ouros.

13 Raymundão - vaqueiro de confiança do Major Saulo
Raymundão - vaqueiro de confiança do Major Saulo. Enquanto tocam a boiada, vai contando a história do zebu Calundu. Zé Grande - vai à frente da boiada, tocando o berrante. Silvino - vaqueiro; perdeu a namorada para Badu e planejava matar o rival na volta, depois de deixarem a boiada no arraial. Badu – vaqueiro novo na fazenda. Fica com a namorada de Silvino. É salvo pelo Burrinho.

14 Introdução: “Era um burrinho pedrês
Introdução: “Era um burrinho pedrês...” - renasce o “narrador anônimo” dos contos de fada (“Era uma vez”), que indetermina o tempo/ a data do evento. Neste conto, assim como em Conversa de Bois, os animais se transformam em heróis, questionando o saber dos homens com o seu suposto não saber. O cenário é a Fazenda da Tampa, do Major Saulo, no interior de Minas Gerais. O nome do burrinho, Sete-de-Ouros, é recoberto pela magia de um número místico (sete) - indicador de superação dos obstáculos - e pela força simbólica do ouro. A travessia, a superação de obstáculos por ocultos caminhos é uma imagem freqüente em Guimarães Rosa, como também a presença de forças mágicas da natureza, atuando sobre o mundo e mostrando as possibilidades dos fracos se tornarem fortes, de se saber uma vida no resumo exemplar de apenas um dia.

15 Neste conto, o burrinho representa a sabedoria proveniente do amadurecimento, da experiência.
A lição que o burrinho nos passa é que não devemos lutar contra a correnteza, “dar murro em ponta de faca”. Devemos aguardar o momento certo, aproveitar as oportunidades que nos são dadas, no momento em que são dadas.

16 A volta do marido pródigo
“Negra danada, siô, é Maria: Ela dá no coice, ela dá na guia, Lavando roupa na ventania. Negro danado, siô, é Heitô: De calça branca, de paletó, Foi no inferno, mas não entrou!” (Cantiga de batuque, a grande velocidade) *Uma das epígrafes.

17 A volta do marido pródigo
Personagens Lalino Salãthiel - todos o chamam de Laio. É um sujeito simpático, espertalhão e falante (ao contrário de Fabiano – Vidas Secas) e criativo, avesso ao trabalho, sabe como poucos contar uma estória. Nos lembra o malandro Leonardo (Memórias de um sargento de milícias). Segundo os críticos, Lalino representa o povo brasileiro (tipo) e o trabalhador braçal (trabalha na abertura de umas estrada). Maria Rita - esposa de Lalino. Marra - encarregado dos serviços; depois que a obra acabou, mudou-se do arraial.

18 Ramiro - espanhol que ficou com Ritinha, a mulher de Lalino.
Waldemar - Chefe da Companhia. Major Anacleto - chefe político do distrito, homem de princípios austeros, intolerante e difícil de se deixar engambelar. Tio Laudônio - irmão do Major Anacleto. Era conselheiro deste. Estêvão - capanga respeitado do Major Anacleto. Benigno - inimigo político do Major Anacleto.

19 Enredo Lalino sonha com a “exuberância” do Rio de Janeiro; “Vende” sua esposa, Maria Rita, ao espanhol Ramiro. Com o dinheiro, vai para o RJ. (Demonstra a degradação do homem – tanto do rico quanto do pobre). Volta para sua terra quando seu dinheiro acaba. É mal recebido pela população, que o enxerga com “maus olhos” após Lalino ter “vendido” sua própria esposa. Começa a trabalhar para o Major Anacleto, que era candidato à prefeitura do município. Esperto, Lalino vai tramar contra os adversários políticos do Major, ajudando este a ganhar a simpatia do povo e a candidatura desejada. Para agradecer, o Major Anacleto compra o rancho onde Ramiro e Maria Rita moravam, promovendo a volta de Lalino e sua “esposa”.

20 Lalino não volta apenas para o arraial, volta para a sua esposa e para sua antiga vida; sai do mundo de ilusões (RJ) e volta para o mundo real (arraial). Volta sem arrependimentos e mudanças. Lalino possui duas funções na narrativa: cuidar de seus interesses próprios e cuidar dos interesses do Major.

21 Sarapalha “Canta, canta, canarinho, ai, ai, ai...
Não cantes fora de hora, ai, ai, ai... A barra do dia aí vem, ai, ai, ai... Coitado de quem namora!...” (O trecho mais alegre, da cantiga mais alegre, de um capiau beira rio.)

22 Sarapalha Personagens Primo Argemiro –Como Primo Ribeiro, vai sobrevivendo à malária. Os dois moram isolados, numa região em que a febre já expulsou toda a gente. Era apaixonado por Luísa. Está contaminado pela malária. No início da doença, foi abandonado pela esposa, Luísa; ela fugiu com outro homem, um boiadeiro. Primo Ribeiro Está contaminado pela malária. No início da doença, foi abandonado pela esposa, Luísa; ela fugiu com outro homem, um boiadeiro. Luísa - Mulher de Ribeiro. Morena, olhos pretos, cabelos pretos... muito bonita. Fugiu com um boiadeiro. Ceição – Senhora negra que vive na casa de Argemiro. Jiló - Cachorro.

23 Narrador: 3ª pessoa; onisciente – Não participa da história.
Cenário: Fazenda (em ruínas) de Primo Argemiro (“é ali, na beira do Pará”). A fazenda está localizada em uma região que fora devastada pela malária. Temas: Amor, solidão e traição.

24 Sarapalha Os dois primos estão com febre, uma vez que estão contaminados pela malária. Conversando, lamentam a doença. Primo Ribeiro reconstrói sua história à Primo Argemiro, relembrando com tristeza a fuga de sua esposa, Luísa, com um boiadeiro. O nome de Luísa não é pronunciado pelos primos. Há dois momentos na história: o Passado – ligado a impotência (de não ter conseguido deter Luísa) e à saudade da esposa. Presente – doença (malária). Primo Argemiro confessa à Primo Ribeiro que amava sua esposa, Luísa, mas que nunca desrespeitou o primo.

25 Esta revelação não era necessária, trouxe apenas dor
Esta revelação não era necessária, trouxe apenas dor. “Cantou fora de hora” (epígrafe). Argemiro é expulso por Ribeiro, e não tem para onde ir. Senta-se em um monte de folhas secas e começa a tremer; a natureza e a linguagem o acompanham, todos tremem. O conto demonstra o sofrimento causado pela necessidade de respeitar as leis.

26 “E grita a piranha cor de palha, irritadíssima:
-Tenho dentes de navalha, e Com um pulo de ida-e-volta Resolvo a questão!... - Exagero... – diz a arraia – Eu durmo na areia De ferrão a prumo, E sempre há um descuidoso Que vem se espetar. - Pois, amigas, - murmura o gimnoto, mole, carregando a bateria – nem quero pensar no assunto: Se eu soltar três pensamentos elétricos, bate-poço, poço em volta, até vocês duas boiarão mortas.” (Conversa a dois metros de profundidade)

27 Duelo Personagens: Turíbio Todo - Seleiro de profissão. Papudo, vagabundo, vingativo e mau. Dona Silivana - Esposa de Turíbio Todo; tinha grandes olhos bonitos, de cabra tonta. Cassiano Gomes - Ex-militar, fama de exímio atirador, andava sempre com um rifle ao alcance da mão. Solteiro, tinha um caso Dona Silivana, esposa de Turíbio Todo. Timpim Vinte-e-Um - Caipira pequenino, morador do povoado Mosquito. Cassiano, antes de morrer, deu-lhe auxílio financeiro, o que salvou seu filho. Vinte-e-Um mata Turíbio Todo, cumprindo a vingança de Cassiano Gomes.

28 Duelo Epígrafe: Duelo verbal entre os animais.
Turíbio Todo descobre que sua esposa o trai com Cassiano Gomes. Não age na hora. Passa a arquitetar uma vingança. Atira no irmão de Cassiano, por engano. Cassiano irá perseguir Turíbio Todo para vingar a morte de seu irmão. Desta forma, Turíbio passa da posição de “perseguidor” para “perseguido”. O embate entre Turíbio Todo e Cassiano Gomes não ocorre. Cassiano fingi não querer se vingar para que Turíbio Todo aparecesse, uma vez que este havia fugido. Cassiano vai para SP atrás de Turíbio, porém, adoece. Conhece um homem chamado Timpim Vinte-e-um, e confessa a ele seu desejo de vingança. Cassiano ajuda Timpim financeiramente, o que salva o filho deste.

29 Cassiano morre como um “homem bom”
Cassiano morre como um “homem bom”. A esposa de Turíbio o avisa e este volta ao arraial. No caminho de volta, Turíbio encontra Timpim Vinte-e-um e este o mata, vingando então, Cassiano Gomes. Lição: não há como fugir do destino.

30 “Tira a barca da barreira,
Deixa Maria passar: Maria é feiticeira, Ela passa sem molhar.” (Cantiga de treinar papagaios.)

31 Minha Gente Santana (inspetor escolar e jogador de xadrez) – tem o “dom” de fala bem. (Lembra: José Dias [D. Casmurro], Seu Tomás da Bolandeira [Vidas Secas] ). O que vai acontecer no conto é como se fosse um jogo, onde a grande estrategista é Maria Irma, prima e ex-namorada do Narrador. Narrador-personagem – Não é nomeado no conto, sabemos apenas que ele é um doutor, que sai da cidade e vai para o Campo (assim como Jacinto, em As Cidades e as Serras). É apaixonado por Maria Irma. Ramiro – Noivo de Armanda. O narrador supõe que Ramiro gosta de Maria Irma, e não de Armanda.

32 Maria Irma - é totalmente idealizada pelo narrador
Maria Irma - é totalmente idealizada pelo narrador. É apaixonada por Ramiro, namorado de Armanda. Aproxima Armanda do Narrador, que se apaixonam e se casam. Desta forma, Maria Irma casa-se com Ramiro, ganhando o “jogo”. Retrata a vida no campo. Possui algumas características de contos de fada: o final feliz é uma dessas características. Obs: Repare, também nas siglas C3BR (cavalo três bispos de rei), P4D (peão quatro de dama), (P)4BD (peão quatro bispo de dama) e P3CD (peão três cavalos da dama). Elas designam, de modo cifrado, os movimentos das peças ou sua posição no tabuleiro de xadrez.

33 São Marcos “Eu vi um homem lá na grimpa [do coqueiro, ai-ai,
Não era homem, era um coco bem [maduro, oi, oi. Não era coco, era creca de um [macaco, ai, ai, Não era a creca, era o macaco [inteiro, oi-oi.” (Cantiga de espantar males)

34 São Marcos Conto místico. Título: reza brava de São Marcos.
Epígrafe: confusão de imagens Narrador: José (Izé), médico. Não acredita em feitiçaria, embora seja supersticioso. - Zomba do feiticeiro João Mangolô (de forma racista e preconceituosa*), o que faz com que este se vingue (e traga um aprendizado ao José). Cenário: Calango Frito. * O preconceito racial também aparece em A hora e vez de Augusto Matraga.

35 É aconselhado a não provocar o feiticeiro, porém ele não obedece.
Mangolô, para se vingar de José, faz um “vudu’ deste com uma venda nos olhos, para que ele não mais enxergasse. Cego, José se desespera, e caba proferindo a reza de São Marcos. José é então “guiado” pelas sensações e, ouvindo grunhido de porcos, ele percebe que está na casa do feiticeiro. – O desespero nos faz tomar atitudes até então negadas por nós mesmos. Izé tenta estrangular Mangolô, e então volta a enxergar. Vê nas mãos do feiticeiro um vudu. Mangolô diz que era brincadeira, que fez aquilo para ele ele não precisasse mais ver “negro feio”. José dá dinheiro para Mangolô e diz que não quer ter mais briga com ele.

36 Corpo fechado A barata diz que tem Sete saias de filó...
É mentira da barata: Ela tem é uma só.” (Cantiga de roda)

37 Corpo fechado Cenário: Laginha, vilarejo do interior.
Narrador: médico; convidado para ser padrinho do casamento de Manuel Fulô. Manuel Fulô – não gostava de trabalho; adora contar histórias; gosta de mulheres e cachaça. Tem uma mula, Beija-Fulô, que adora. Seu sonho de consumo é uma sela mexicana. Manuel Fulô mata Targino com uma faquinha/canivete. Antonico: Possui uma cela mexicana e deseja adquirir a mula Beija-Fulô. É feiticeiro. Vai “fechar o corpo” de Manuel Fulô em troca de sua mula. Targino – O último do valentões da cidade. Quer passar a primeira noite com a noiva de Manuel Fulô. Trata da violência; da feitiçaria.

38 Conversa de Bois “ – Lá vai! Lá vai! Lá vai! ...
- Queremos ver... Queremos ver... - Lá vai o boi Cala-a-Boca Fazendo a terra tremer!... (Coro do boi-bumbá.)

39 Conversa de Bois Narrado em 3ª pessoa.
O narrador nos conta uma história que Manuel Timborna lhe contou. Este, por sua vez, soube da história através de Irara Risoleta (cachorro do mato), testemunha do fato. Personagens: Tiãozinho: Guia dos bois. Vive triste. Por doença e morte de seu pai, Tiãozinho ficara totalmente dependente de Agenor Soronho, que sustenta a família do menino, interessado em se tornar amante da viúva, com quem mantivera já misteriosas relações, durante a doença do seu pai. Bois: Buscapé e Namorado, Capitão e Brabagato, Dançador e Brilhante, Realejo e Canindé. Estão puxando o carro de Agenor. Em cima do carro há uma carregamento de rapadura e um defunto, pai de Tiãozinho. Possuem comportamentos humanos (antropomorfização).

40 Agenor Soronho: Carreiro
Agenor Soronho: Carreiro. Sustenta a família de Tiãozinho, pois era amante da viúva. Maltrata o menino e os bois. Os bois compreendem (lêem) os pensamentos/sentimentos de Tiãozinho. Os bois seguem conversando e reclamam das duras jornadas de trabalho. Invejam os bois que apenas pastam e não têm consciência de que são bois. Ressaltam os aspectos negativos dos homens. Tiãozinho sonha em “acertar” as contas com Agenor, quando ele se tornar adulto. Os bois resolvem executar Agenor, solidários ao menino. São, portanto, “justiceiros”. Exterminam a maldade de Agenor e parte do sofrimento da criança.

41 A hora e vez de Augusto Matraga
“Sapo não pula por buniteza, Mas porém por percisão.” (Provérbio capiau.) Uma das epígrafes.

42 A hora e vez de Augusto Matraga
Observe a importância do número três durante toda a narrativa: a personagem principal tem três nomes - Augusto Matraga, Augusto Esteves e Nhô Augusto - ; os lugares em que transcorrem as fases de sua vida também são três - Murici, onde vive inicialmente; o Tombador, onde faz penitência; o Rala-Coco, lugarejo próximo a Murici, onde encontra sua hora e vez. Além disso, ele também vive em trios: inicialmente, na praça, ele está com duas prostitutas; em casa, ele vive com a mulher e a filha; depois de ter sido surrado e marcado a ferro, vive com um casal de pretos; e, no final, aparece um último trio: ele, Joãozinho Bem-Bem e o velho a quem protege. Protagonista: Augusto Esteves; Matraga; Nhô Augusto.

43 Augusto Matraga: é o maior valentão do lugar, briga com todo mundo e maltrata por pura perversidade. Debochado, tira as mulheres e namoradas dos outros. Não se preocupa com sua mulher, Dona Dionóra, nem com sua filha, Mimita, nem com sua fazenda, que começa a se arruinar. O “castigo” - Sua mulher, Dionóra, foge com Ovídio Moura levando a filha. Seus capangas, mal pagos, põem-se a serviço do seu pior inimigo, o Major Consilva. Nhô Augusto resolve ir atrás dos capangas, antes de matar Dionóra e Ovídio, porém, no caminho é atacado, numa tocaia, por seus inimigos (capangas), que o espancam e o marcam com ferro de gado em brasa. Quase inconsciente, no momento em que vai ser assassinado, reúne as últimas forças e se atira em um barranco. Tomam-no por morto. É, então, encontrado por um casal de negros velhos: a mãe Quitéria e o pai Serapião que o tratam de Nhô Augusto. Este sara, mas fica com seqüelas deformantes.

44 Após se recuperar, no povoado do Tombador, sob os cuidados do casal, pede a visita de um padre, que diz que todos têm sua hora e sua vez, e que ele teria a sua. Matraga regenera-se e, esperando obter o céu, leva uma vida de trabalho duro, penitência e reza. Arrependido de suas maldades, ajuda a todos, e reza com devoção: quer ir para o céu, "nem que seja a porrete", e sonha com um "Deus valentão” – Reflexo de sua personalidade violenta. Passados seis anos, tem notícias de sua ex-família através de Tião da Thereza: a esposa, Dona Dionóra, vive feliz com seu inimigo, e vai casar-se com ele. Mimita, sua filha, foi enganada por um caixeiro viajante e tornou-se prostituta. Matraga sente saudades, sofre, mas se resigna. Certo dia, aparece o Joãozinho Bem-Bem (onomatopéia[tiro de arma de fogo] // bem [x mal]), jagunço de larga fama, acompanhado de seus capangas.

45 Matraga hospeda-os com grande dedicação e admira as armas e o bando de Joãozinho Bem-Bem. Mesmo seduzido pela proposta feita pelo chefe, se recusa a acompanhar o bando, e não aceita qualquer ajuda dos jagunços, pois acredita que chagará sua hora e vez. Totalmente recuperado, Matraga despede-se dos velhinhos e parte, sem destino, num jumento. Chega ao Arraial ao Rala-Coco, onde reencontra Joãozinho Bem-Bem e seu bando, prestes a executar uma cruel vingança contra a família de um assassino que fugira. Augusto Matraga desperta para a sua hora e vez: intervém em nome da justiça, opõe-se ao chefe do bando, liqüida diversos capangas, tomado de verdadeiro furor. Bate-se em duelo singular com Joãozinho Bem-Bem. Ambos morrem - Joãozinho primeiro. Nessa hora, Augusto Matraga é identificado por seu antigos conhecidos. Joãozinho Bem-Bem – Dá a possibilidade de Matraga encontrar sua hora e vez. Matraga é aclamado como Santo pela população.


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