O Cristo de Verdade
I Quando entro nas catedrais Onde espero encontrar paz, Vejo um Cristo pendurado Numa cruz feita de ouro Que pereniza um desdouro De um erro que está gravado.
II Mas eu busco um de verdade, Não que me inspire piedade Traído e preso ao madeiro. Quero um Cristo que oriente, E que minha alma apascente Ao servir-me de luzeiro.
III O Cristo que eu necessito É um ser calmo e bonito, Não conheceu o fracasso. Por isso em minha missão Eu uso a sua lição Para guiar os meus passos.
IV O Filho do Carpinteiro, Vendido no mundo inteiro Por religiosos venais, Serve hoje de criado E nos templos é usado, Em sórdidos comerciais;
V Quero o Cristo caminhando, Pelas ruas ensinando, E não um morto pregado, Abandonado e sozinho, Com uma coroa de espinhos E o peito dilacerado.
VI Não quero o Cristo suarento, Exibindo sofrimento Imóvel, quase sem luz. Quero vê-lo entusiasmado, Tendo o rosto iluminado, Como o menino Jesus.
VII Eu busco o Cristo da paz, E não o que ali jaz, Jogado como indigente. Quero-o de sandália e manto Andando e enxugando o pranto Daquele que está doente.
VIII Meu Cristo é o Cristo Divino, Que altera o nosso destino E faz dos homens, irmãos. Este é o meu Cristo Jesus, Que me orienta e conduz Nas lutas da evolução. Octávio Caúmo Serrano