21. – Noções básicas sobre os sacramentos Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço «Os sacramentos do Novo testamento, instituídos.

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Transcrição da apresentação:

21. – Noções básicas sobre os sacramentos Encontros de Formação Cristã Paróquia de Santa Maria de Carreço «Os sacramentos do Novo testamento, instituídos pelo Senhor Jesus Cristo e confiados à Igreja, uma vez que são acções de Cristo e da Igreja, constituem sinais e meios com que se exprime e fortalece a fé, se presta culto a Deus e se opera a santificação dos homens…». (Código de Direito canónico, cânone 840)

21ª sessão – Noções básicas sobre os sacramentos Sumário: 1.Os sacramentos na História da Salvação 2. A realidade sacramental 3. Origem, número e definição dos sacramentos 4. Elementos dos sacramentos 5. Efeitos dos sacramentos 6. Classificação dos sacramentos 7. Normas actuais sobre os sacramentos 8. Os sacramentos na sociedade actual 9. Bibliografia recomendada (EFC 21)

1. Os sacramentos na História da Salvação

1 – Os sacramentos na História da Salvação 1 – Os sacramentos na História da Salvação Deus interveio na história criando o Homem, chamando-o à existência, sendo o Homem um microcosmos, um pequeno universo de síntese das maravilhas naturais, acrescidas dos dons extraordinários da inteligência, da consciência e da liberdade. O sobrenatural, o divino, segundo o projecto amoroso de Deus, faz parte do Homem, da sua grandeza e da sua história. I. O PROJECTO DE DEUS ACERCA DO HOMEM (Sal 8). II. O CONTRA-PROJECTO DO HOMEM (Gn 3, 1-24) Porém, o Homem, porém, quis fazer o seu próprio projecto, um projecto autónomo, separado de Deus, e caiu. Surgiu, assim, a desarmonia dentro de si, com os outros, com a natureza e com Deus, ficando ferido no natural e privado do sobrenatural.

1 – Os sacramentos na História da Salvação 1 – Os sacramentos na História da Salvação Deus, que ama o Homem infinitamente, mesmo na sua situação de pecador, decide intervir para o salvar, dando-lhe a possibilidade de se reencontrar, recriar, reconstruir ou redimir. Deus- Criador entra, assim, na história humana também como Deus- Redentor ou reconstrutor da dignidade humana. É o mistério ou obra da nossa redenção: III. FASES DO MISTÉRIO DA NOSSA REDENÇÃO (Act 13, 16-24; Ef 1, 3-15). a) obra preparada e prefigurada nas maravilhas que Deus realizou com o Povo da Antiga Aliança. b) realizada em Cristo e por Cristo, sobretudo através do Seu mistério pascal (morte e ressurreição). c) actualizada hoje na Igreja, sobretudo mediante a Palavra e os Sacramentos, no Espírito Santo.

1 – Os sacramentos na História da Salvação 1 – Os sacramentos na História da Salvação a) obra preparada e prefigurada nas maravilhas que Deus realizou com o Povo da Antiga Aliança. — Promessa do Messias, libertação e eleição de Israel, Aliança... (acontecimento).— os Judeus recordavam periodicamente esses factos e celebravam-nos festivamente (memória ou "anamnese"). — essas festas, ao mesmo tempo que lhes recordavam o passado e os uniam a Deus no presente, projectavam-nos para uma "Aliança melhor", da qual a primeira era início e sinal (promessa). b) realizada em Cristo e por Cristo, sobretudo através do Seu mistério pascal (morte e ressurreição). Cristo é a acção salvadora de Deus por excelência: «Ao enviar o Seu Filho numa natureza semelhante à que havia pecado, Deus condenou o pecado nessa natureza...» (Rom. 8, 1-11). Em Cristo surge a nova criação, a nova humanidade e uma nova geração: — Páscoa de Cristo: a grande libertação, o início do novo Povo de Deus, a «Nova e Eterna Aliança» (acontecimento). — Em Cristo e no Seu mistério pascal recapitulam-se todas as intervenções salvíficas de Deus (memória). — Sendo fim duma etapa, é também começo, penhor e garantia doutra: «Os novos céus e a nova terra», «as núpcias definitivas» com Deus na eternidade» (promessa).

1 – Os sacramentos na História da Salvação 1 – Os sacramentos na História da Salvação É através da Igreja que Cristo glorioso, desaparecido fisicamente da terra, continua sobretudo a Sua obra de salvação sob a acção do Espírito. Para isso temos na Igreja celebrações através das quais: — recordamos as maravilhas que Deus fez pela nossa salvação (memória-passado). — actualizamos, hoje, o que não sucedia nas celebrações judaicas, esses factos centrais da nossa fé (acontecimento-presente). — nos é dado o penhor da glória que há- de vir: «Já somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que havemos de ser» (I Jo. 3, 2) (promessa-futuro). c) actualizada hoje na Igreja, sobretudo mediante a Palavra e os Sacramentos, no Espírito Santo. São os Sacramentos. É, sobretudo, através deles que o mistério de Cristo se converte em presente salvífïco, os homens de cada geração se incorporam n'Ele e o Pai nos configura segundo a imagem de Seu Filho, pela acção do Espírito Santo. E por isso que a vida cristã é uma vida essencialmente sacramental.

2. A realidade sacramental

2.1 - Ritos, símbolos e sinais Ritos, símbolos e sinais I. Um RITO é uma operação social, programada, repetitiva e simbólica que - por meios que põem em acção o domínio do supra-racional e do sensível - visa estabelecer uma comunicação com o oculto. O homem é um animal ritualizante: a)Utiliza ritos; b)Esses ritos estão em desgaste permanente e em renovação constante. c)A Igreja cristianiza os ritos: os sacramentos são um rito ou ritual que utilizam linguagem simbólica. Por exemplo, o jovem que anda de mota numa roda só, serve-se de um rito por ele inventado, pois o ritual é fonte de liberdade.

2.1 – Ritos, símbolos e sinais 2.1 – Ritos, símbolos e sinais II. Quais as características do RITO? - É uma operação: é qualquer coisa que se faz, é um agir, uma actividade (não é algo estático). - Social: o rito não deve ser algo isolado, pois é algo que não se pode fazer só, sendo uma prática social; leva a celebrações litúrgicas (por ex., a Missa), a para-litúrgicas (por exemplo, o Terço), aos sacramentais (por exemplo, a bênção de uma casa). - Programada: as suas formas são-nos prescritas tácita ou explicitamente; sabe-se à partida quais os passos a dar. - Repetitiva: repete-se regularmente, pois a pessoa quando vai participar sabe o que vai fazer; o rito só existe quando é repetido, se quisermos conseguir o seu efeito.

2.1 – Ritos, símbolos e sinais 2.1 – Ritos, símbolos e sinais II. Quais as características do RITO (cont.)? - Simbólica: não é necessário em si, mas tem uma finalidade que os ultrapassa; por exemplo, as bodas de ouro não se celebram só por celebrar, pois há qualquer coisa que marca. - Supra-racional: ultrapassa a razão; por exemplo, o Mistério da Santíssima Trindade (não é irracional...); exemplo, a informática pode ser fácil ou difícil: basta que a pessoa em causa a compreenda ou não; no entanto, não é verdade que se não a compreendo, não exista. O rito não deve ser demasiado explicado, pois o ser totalmente compreendido não ajuda na participação das coisas; por exemplo, o passar do Latim para as línguas nacionais fez perder a ideia de Mistério.

2.1 – Ritos, símbolos e sinais 2.1 – Ritos, símbolos e sinais II. Quais as características do RITO (cont.)? - Comunicação com o oculto (o misterioso, o sagrado): a Religião é o conjunto de ritos que as pessoas utilizam; a Fé pode também ter ritos, mas é uma resposta a alguém que se revela, que pede resposta; a Religião cristã é uma religião que vem de cima e exige de nós, não sendo manipulável por nós; o próprio Deus “atrapalha” o Povo, com Suas exigências radicais; a Revelação de Deus em si ultrapassa o raciocínio humano. O Rito faz parte do mistério do ser humano; o rito é sempre uma transição que serve de caminho ao homem para passar de um estado a outro.

2.1 – Ritos, símbolos e sinais 2.1 – Ritos, símbolos e sinais III. Os SINAIS. O homem tem necessidade de sinais. Há três tipos de sinais: 1º - Naturais: exemplo: o fumo é sinal de fogo. 2º - Convencionais: por exemplo, sinais de trânsito; fumo na eleição do Papa – pode não ter a ver com a realidade, mas foi definido a priori, como tendo aquele significado. 3º - Simbólicos: é aquele que indica algo para além dela; por exemplo, o incenso: significa o povo reunido agradável a Deus, o incenso é perfumado, purificado, sobe ao alto....

2.1 – Ritos, símbolos e sinais 2.1 – Ritos, símbolos e sinais IV. Os SÍMBOLOS. Os rituais utilizam símbolos. O símbolo é uma espécie de corporização de tudo o que é do domínio do espírito. O Símbolo é como o material, pois deve ser fisicamente sensível duma realidade imaterial que o homem só pode apreender com as partes que o unem; no contexto com o divino os símbolos chamam a atenção para uma outra realidade que nos toca. Por exemplo, por que é que as pessoas devem ser enterradas? Porque o homem é parte do pó, transformando-se o corpo por meio do Corpo de Cristo...

2.2 – Sacramentos ou o invisível desvelado e tornado presente através de sinais 2.2 – Sacramentos ou o invisível desvelado e tornado presente através de sinais Em resumo, a palavra «sacramento» significa literalmente «sinal sagrado». Sinal é uma realidade que, além daquilo que é da sua realidade aparente, tem também capacidade para significar outra realidade mais profunda. Sinais podem ser gestos, palavras, coisas, celebrações, pessoas... com capacidade de significarem outra realidade. Por isso, os sacramentos costumam definir-se como "realidades sensíveis que contêm uma realidade invisível manifestada através de sinais", ou como "sinais visíveis que nos põem em comunhão com uma realidade invisível". "Sagrado" fala-nos de religioso, de sobrenatural, de Deus. "Sagrados" são, portanto, aqueles sinais que, de algum modo, nos manifestam e tornam presente o divino. É precisamente por isso que os sacramentos costumam também definir-se como "sinais sagrados que realizam aquilo que significam".

2.3 – Necessidade antropológica dos sacramentos 2.3 – Necessidade antropológica dos sacramentos Se mesmo para compreender muitas das realidades humanas, bem reais e das mais profundas, necessitamos de sinais que nos ajudem a manifestá-las e a percebê-las, quanto mais para compreender as realidades sobrenaturais que, apesar de reais, são mais invisíveis? E por isso que Deus Se serve de sinais: os sacramentos não são, portanto, necessidade de Deus, mas do homem. Os sacramentos são, por isso, um dos grandes sinais do amor de Deus para connosco. Já no Antigo Testamento Deus Se tornava presente e, de alguma forma, visível, através dos mais variados sinais: a natureza (SI. 9, 1-5), a sarça ardente (Êx. 3, 1-6), a nuvem (Êx. 34, 5), o fogo que devora as vítimas (l Rs. 18, 20-40), as tábuas da Lei (Êx. 24, 12), a Arca da Aliança (Êx. 25, 10-16; 37, 1-9), as festas da Páscoa (Êx. 12, 21-27)...

2.4 – Cristo, o «Proto-sacramento» ou o «sacramento fontal» 2.4 – Cristo, o «Proto-sacramento» ou o «sacramento fontal» Cristo é o único sacramento de Deus, aquele que O revela totalmente e O torna plenamente presente: «Quem Me vê, vê o Pai» (Jo. 14, 9). Em Cristo, Deus «faz-Se carne», na nossa história concreta, de tal modo que pode ser visto e tocado. Cristo é também revelação e sacramento do homem: em Cristo, o homem pode reconhecer-se a si próprio na sua imagem mais perfeita. Por tudo isso, Cristo é o sacramento fontal, original no qual todos os outros recebem o seu sentido.

2.5 – A Igreja, sacramento principal de Cristo 2.5 – A Igreja, sacramento principal de Cristo Cristo ressuscitado prolonga-Se historicamente na Igreja. Ela é mistério: o essencial não se vê, é sacramento de Cristo. A realidade sacramental da Igreja passa por toda a sua vida: legislação, palavra, relações-mundo, comportamento dos membros… Tudo deve ser vivido de maneira que torne visível a presença salvadora de Cristo. Esta sacramentalidade é mais fundamental (sobretudo para os de fora) do que a sacramentalidade dos "sete" sacramentos (sobretudo para os de dentro). Os sete sacramentos são momentos privilegiados da sacramentalidade da Igreja; mas não são os únicos: Cristo fez da Sua Igreja sacramento e é através de toda a sua vida que Ele quer tornar-Se presente na história.

2.6 – O cristão, sacramento de Cristo e da Igreja 2.6 – O cristão, sacramento de Cristo e da Igreja O cristão é o sacramento permanente de Cristo e da Igreja, porque deve manifestá-los, ser deles sinal clarividente e torná-los presentes no mundo. Os "sete sacramentos não são actos ou acções passageiras e limitadas a um momento: fazem, daqueles que os recebem, "sacramentos" ou sinais das realidades que cada um celebra. É toda a vida do cristão, que é ou deve ser sacramental, sempre presença, instrumento, visualização e sinal de Cristo e da Sua Igreja.

2.7 – Os sete sacramentos ou os momentos privilegiados da sacramentalidade de Cristo, da Igreja e do cristão 2.7 – Os sete sacramentos ou os momentos privilegiados da sacramentalidade de Cristo, da Igreja e do cristão Cristo é o primeiro e fundamental sacramento de Deus; a Igreja, o principal sacramento de Cristo; e o cristão deve ser o sacramento permanente de Cristo e da Igreja. Os sete sacramentos são os pontos mais decisivos da concretização da sacramentalidade de Cristo e da Igreja na vida dos homens, sob a acção do Espírito; momentos em que estes consciencializam, fortalecem e animam, duma forma mais intensa, a sua própria condição de sacramentos permanentes de Cristo e da Igreja, e também momentos essenciais da auto-realização da mesma Igreja. Tocam elementos essenciais da vida: incorporação na comunidade eclesial, constituição da família, luta contra o pecado, etc.

CONVENIÊNCIA Vida natural Vida sobrenatural Indivíduo nascimentoBaptismo crescimento Confirmação alimentaçãoEucaristia curaPenitência convalescença Unção dos Doentes Sociedade governoOrdem estabilidadeMatrimónio 2.7 – Os sete sacramentos ou os momentos privilegiados da sacramentalidade de Cristo, da Igreja e do cristão 2.7 – Os sete sacramentos ou os momentos privilegiados da sacramentalidade de Cristo, da Igreja e do cristão

3. Origem, número e definição dos sacramentos

3.1 – Origem e instituição dos sacramentos 3.1 – Origem e instituição dos sacramentos A Sagrada Escritura fala-nos da intervenção directa de Jesus na instituição de alguns sacramentos, sem descer a pormenores. O que consta claramente na Sagrada Escritura é que Jesus fundou a Sua Igreja, fazendo-a Sacramento do Seu Reino; e a Igreja necessita, tanto para a sua auto- realização como para o desempenho da sua missão, de gestos e sinais sacramentais. Os Sacramentos procedem de Cristo, porque de Cristo procede a Igreja. «Digamos, mais exactamente, que todos os sacramentos “remontam a Cristo”», (REY-MERMET, Th. - O Sacramento de Reconciliação, Editorial Perpétuo Socorro, 1975). Cristo determinou o sinal, a palavra, a matéria para cada sacramento? Há que ter em conta: Não há uma instituição dos sacramentos por Cristo, em sentido histórico-jurídico, como se Cristo tivesse determinado o sinal, a palavra, o ministro... dos sacramentos. Não há “declaração solene” de instituição dos sacramentos. A instituição deve ser entendida em sentido histórico-salvífico, isto é, compreendendo os sacramentos como prolongamento dos gestos salvadores de Deus na História. Os Sacramentos Obras da Trindade: somos convidados a compreender e tomar parte de cada sacramento como obra de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

3.2 – O termo «sacramento» 3.2 – O termo «sacramento» I. O termo «sacramento» vem da cultura latina e foi assumido pelas comunidades cristãs do norte da África durante o século III. EM latim, esta palavra tem um duplo significado: Juramento militar: deriva do latim «sacramentum», que era o termo técnico que exprimia o juramento de bandeira dos soldados romanos. Depósito por ocasião de um processo: designou também a quantia de dinheiro que se deixava em lugar sagrado antes de começar um processo civil e que, caso se perdesse, ficava nesse lugar para ser empregada.

3.2 – O termo «sacramento» 3.2 – O termo «sacramento» II. O termo sacramento forma-se da raiz “SACR” e do sufixo “MENTUM”. a.SACR - (sacrum, sacrare, consecrare) - indica sempre uma relação com o "divino". A cultura latina destaca o aspecto público e jurídico do religioso. b. MENTUM - indica o meio ou o instrumento mediante o qual se realiza a relação. Daí que, sacramento significa o meio através do qual uma pessoa ou uma coisa se torna sagrada.

3.3 – Uso cristão de «sacramentum» 3.3 – Uso cristão de «sacramentum» I. O primeiro uso cristão da palavra sacramento encontra-se documentado nas versões latino- africanas da Bíblia por volta do II e III séculos. Nesta época Sacramentum traduzia o termo grego "Mysterion" (mistério). II. Mysterion na cultura grega. Mysterion na língua grega (do verbo "myein") significa: "cerrar os lábios", "fechar a boca", “manter segredo". III. Mysterion no Antigo Testamento. O termo entra no mundo bíblico através da tradução dos LXX. Dois são os textos fundamentais nos quais encontra-se a palavra Mysterion com o significado religioso da cultura hebraica:

3.3 – Uso cristão de «sacramentum» 3.3 – Uso cristão de «sacramentum» Sabedoria 2,22 (não conhecem os segredos de Deus) e 6,22 (não esconderei os mistérios da sabedoria). «Ignoram os desígnios secretos de Deus, não esperam a recompensa da piedade e não acreditam no prémio reservado às almas simples». «Eu vou anunciar-vos o que é a sabedoria e qual a sua origem, sem vos esconder os seus segredos. Desde a sua origem mais remota a investigarei e porei a claro o seu conhecimento, sem me afastar da verdade».

3.3 – Uso cristão de «sacramentum» 3.3 – Uso cristão de «sacramentum» - Daniel 2,18 (disse para pedirem ao Senhor a graça de desvendarem os segredos);. 19 (então o mistério foi revelado a Daniel). 27 (os adivinhos não são capazes de desvendar os segredos). 28 (mas há no céu um Deus que revela os segredos). 29 (Aquele que revela os segredos lhe contou). 47 (O vosso Deus revela os mistérios, pois só tu foste capaz de desvendar esse segredo). O termo mysterion refere-se ao desígnio histórico- salvífico-escatológico de Deus, conhecido só pelos justos e por aqueles a quem Deus se manifestar.

3.3 – Uso cristão de «sacramentum» 3.3 – Uso cristão de «sacramentum» IV. MYSTERION NO NOVO TESTAMENTO. Encontramos o termo «mysterion» citado 27 vezes no Novo Testamento: 3 vezes nos sinópticos: Mc 4, 11; Mt 13, 11; Lc 8, 10. Mc 4, 11: «Respondeu: «A vós é dado conhecer o mistério do Reino de Deus; mas, aos que estão de fora, tudo se lhes propõe em parábolas» Mt 13, 11: «Respondendo, disse-lhes: «A vós é dado conhecer os mistérios do Reino do Céu, mas a eles não lhes é dado». Lc 8, 10: «Disse-lhes: «A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus; mas aos outros fala-se-lhes em parábolas, a fim de que, vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam.»

3.3 – Uso cristão de «sacramentum» 3.3 – Uso cristão de «sacramentum» 20 vezes em São Paulo. São Paulo usa a palavra mysterion para indicar: "O desígnio divino oculto em Deus desde todos os séculos" (Ef 3,9; Cl 1,26); Mistério, agora revelado em "Jesus Cristo" (Cl 1,27; cf 2Tm 1,9-10; Tt 2,11). Para as Cartas de Efésios e de Colossenses significa: “o mistério de Deus, revelado em Jesus Cristo. 4 vezes no Apocalipse. (1,20; 10,7; 17,5.7). V. MYSTERION PARA SACRAMENTUM. O termo latino sacramentum assimila o sentido bíblico de Mysterion. Sacramentum passou a significar: «O projecto escondido e salvífico de Deus que se comunica e se manifesta às pessoas, aos povos, especialmente por meio de Cristo e pela acção da Igreja».

3.4 – Os sacramentos ao longo da história 3.4 – Os sacramentos ao longo da história VI. A definição e o número de sacramentos variou ao longo da história: Santo Ambrósio: baptismo, lava-pés. Durante muitos séculos, a palavra sacramento, usada como sinónimo de símbolo do sagrado, aplicava-se a centenas de sacramentos. S. Agostinho: os sacramentos são sinais de Deus. Eles designam uma realidade divina presente na realidade humana. É o conceito estrito do sacramento: «sinal sagrado ou palavra visível duma realidade invisível». No visível do sinal há uma semelhança com o invisível significado. Para ele é quase tudo: credo, Pai Nosso, Eucaristia… Chega a enumerar 304 sacramentos! SANTO AGOSTINHO –

3.4 – Os sacramentos ao longo da história 3.4 – Os sacramentos ao longo da história Pedro Damião (+ 1072): Unção dos Reis, canonicato, dedicação das igrejas, funerais, hábito monástico... Hugo de S. Vítor (+1141): “Sinal sensível duma coisa santa, mas nem todo o sinal sensível duma coisa santa é sacramento”; Abelardo ( ): “sinal visível da graça invisível”; majora = úteis para a salvação: Baptismo, Eucaristia, Ordem e Penitência; minora = aumentar a devoção (sacramentais ou devocionais): água benta, cinzas... A partir do séc. XII, começam a sobressair sete gestos primordiais da Igreja, que são os sete sacramentos actuais. HUGO DE S. VITOR – Summa Sententiarum (Anónimo: séc. XIII): o sinal sensível deve ser EFICAZ = 6 Sacramentos (menos o matrimónio).

3.4 – Os sacramentos ao longo da história 3.4 – Os sacramentos ao longo da história CONCÍLIO DE TRENTO – Após o Concílio Vaticano II, o emprego da palavra «sacramento» recebeu um sentido amplo. CONCÍLIO VATICANO II – Pedro Lombardo (Sentenças – 1150): o sinal deve ser causa da graça que significa = 7; SINAL, INSTITUIÇÃO; EFICÁCIA. IV Concílio de Latrão (1225), Sínodo de Lyon (1274): nomeia os 7 sacramentos. Concílio de Florença : em 1439, encontram-se definidas as fórmulas do Baptismo, praticamente. Concílio de Trento (1547): 7ª Sessão: definiu-se que «os sacramentos da Nova Lei são sete, nem mais nem menos».

3.5 – Porquê sete e só sete? 3.5 – Porquê sete e só sete? Se na Igreja tudo é sacramental, porque é que há então «sete» sacramentos e só sete? Nos primeiros séculos, o conceito de sacramento era muito amplo, na Idade Média, face às heresias, houve necessidade de clarificar o conceito de sacramento, colocando-se o acento na eficácia sacramental, isto é, naqueles em que estava garantida a graça salvadora de Cristo. O número de sete exprime a totalidade, universalidade, plenitude… Já se falava nos 7 dons dos Espírito Santo, nas 7 virtudes, etc. Esta doutrina generaliza-se e começa e impor-se. Trento determina os 7 sacramentos: mais do que um número aritmético é um número simbólico; tratou-se de clarificar o que era ou não sacramento e evitar que tudo fosse sacramento. Eventualmente, a Graça de Deus pode chegar por outras formas, mas a Igreja garante que chega pelos sete sacramentos.

São sete: Baptismo Eucaristia Confirmação Reconciliação,Confissão ou Penitência Matrimónio Unção dos doentes Ordem 3.6 – Os sete sacramentos 3.6 – Os sete sacramentos

3.7 – Definições de «sacramento» 3.7 – Definições de «sacramento» 1ª- «SINAIS EFICAZES DA GRAÇA, INSTITUÍDOS POR CRISTO E CONFIADOS À IGREJA, PELOS QUAIS NOS É DISPENSADA A VIDA DIVINA» (CIC 1131). “sinal sensível instituído por Cristo que comunica a Graça que santifica”. É uma definição parcial, que não atende à sua relação com os gestos salvadores de Deus na História dos Homens. O eixo desta definição está no “sinal sensível”. 2ª- «ACÇÕES DE CRISTO GLORIFICADO (RESSUSCITADO E VIVO NA IGREJA) NAS QUAIS DEUS VEM AO ENCONTRO DO HOMEM». Hoje acentua-se o «Encontro» entre o Deus pessoal e o Homem. São gestos em que Deus se encontra com o Homem, gestos mediados por sinais e iluminados pela Palavra e testemunho de Cristo. Esta definição explica-se a partir de quatro chaves: a História da salvação (diálogo interpessoal entre o Homem e Deus), Cristo, (presencializam os acontecimentos salvíficos que Cristo realizou), a Igreja (primeiro sacramento que torna possível o dom de Cristo glorificado) e o Homem (toda a vida do cristão é chamada a ser vida de comunhão com Deus em Cristo e na Igreja). «Sacramentos são assim os encontros mais fortes de Cristo com os seus discípulos: marcam para cada um as etapas principais duma história pessoal», (EPISCOPADO FRANCÊS – O Mistério da Fé. Resumo da Fé da Igreja, A.O., Braga, 1979).

3.7 – Definições de «sacramento» 3.7 – Definições de «sacramento» 3ª - São acções de Cristo — na e pela Igreja —, acções que, através de sinais, — significam e actualizam para nós, e cada um à sua maneira, o mistério da salvação — e, sendo realizadas devidamente, — nos comunicam o que significam — nos comprometem permanentemente com a realidade significada — e nos encaminham para «os novos céus e a nova terra». O termo SACRAMENTO reúne em si duas realidades: "aquilo que não conhecemos"(o plano, a vontade de Deus) e sua "manifestação” (a comunicação de Deus por meio dos sinais e símbolos do mundo humano). Cada sacramento é um sinal comemorativo ou memória das intervenções de Deus através da história da nossa salvação, sobretudo da Sua grande intervenção: Cristo. Cada sacramento é, além disso, acontecimento presente, porque actualização para nós, hoje e aqui, desse mistério de salvação. Finalmente, cada sacramento é promessa, isto é, anúncio, penhor e garantia daquilo que há-de vir e de que o sacramento é já começo. Os sacramentos pertencem só ao intervalo que vai da primeira à segunda vinda de Cristo: na eternidade não haverá sacramentos, porque veremos a Deus face a face, sem necessidade de sinais e intermediários.

Os Sacramentos são: Sinais sensíveis que conferem a graça que significam. Ritos, cerimónias sagradas (que incluem palavra e acção), instituídos por Jesus Cristo. Recebidos com boas disposições, dão vida sobrenatural à alma, dão- nos a graça santificante ou aumentam a mesma, quando estamos em graça. Fundamentalmente acções de Cristo. 3.7 – Definições de «sacramento» 3.7 – Definições de «sacramento»

3.8 – Uma nota: sacramentos é diferente de sacramentais 3.8 – Uma nota: sacramentos é diferente de sacramentais CIC «A Santa Mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem espiritual. Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da vida». CIC «Os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos; mas, pela oração da Igreja, preparam para receber a graça e dispõem para cooperar com ela…». Entre os sacramentais, as bênçãos ocupam um lugar importante (de pessoas, da mesa, de objectos, de lugares). Por exemplo, o rito da profissão religiosa, as bênçãos para certos ministérios da Igreja (leitores, acólitos, etc), a bênção dos paramentos sagrados, os exorcismos, etc.

4. Elementos dos sacramentos

4. – Elementos do sacramento 4. – Elementos do sacramento Os sacramentos têm quatro elementos: Matéria ou coisa sensível: são os elementos essenciais que se utilizam: água, óleo, etc. Forma ou palavras que o ministro utiliza com a intenção de fazer o que a Igreja faz: administrar o sacramento de acordo com a vontade de Cristo. Ministro ou pessoa que o executa. Cristo é sempre o ministro principal; a pessoa que o executa é o secundário. Podem ser ordinários ou extraordinários. Só pode ser ministro o homem devidamente ordenado, ou o legitimamente eleito com esta finalidade pela legítima autoridade. A atenção e intenção influem na validade ou licitude de administração do sacramento. Sujeito ou pessoa que o recebe.

4. – Elementos do sacramento 4. – Elementos do sacramento Sacramento válido é aquele que, na sua confecção ou na sua recepção, se produziu verdadeiramente; ou seja, houve sacramento. Sacramento lícito é aquele Sacramento válido que, além disso, foi confeccionado ou recebido com todas as condições próprias dele e, portanto, produz todos os seus efeitos. Exemplos de invalidade e ilicitude: Não haveria sacramento (inválido): o sacerdote que, na Consagração, usasse em vez de vinho, outra bebida qualquer; Um médico que baptizasse uma criança, sem estar em perigo de morte, seria um sacramento ilícito; as crianças receberiam validamente o baptismo, mas de modo ilícito. Aquele que se vai confessar, simulando a confissão dos pecados, sem intenção de ser perdoado, receberia invalidamente um sacramento (não o receberia)… Para receber os sacramentos de forma válida e lícita, é necessário ser-se baptizado (excepto para receber o baptismo) e na graça de Deus (execpto para a Reconciliação).

OBRIGAÇÃO DE NEGAR OS SACRAMENTOS I. A. Nunca é lícito administrar um sacramento a um sujeito incapaz de o receber. B. Não é lícito administrar um sacramento a um sujeito indigno, a não ser que haja uma causa gravíssima. (indigno: excomungado, herege, pecador público, sem estar em estado de graça para um sacramento de vivos, etc.) II. Duas regras: 1. Negar ao pecador público do qual não conste o arrependimento, e ao pecador oculto que os peça privadamente; 2. Não se devem negar os sacramentos ao pecador oculto que os peça publicamente. Se se duvida da capacidade do sujeito: forma condicionada. 4. – Elementos do sacramento 4. – Elementos do sacramento

5. Efeitos dos sacramentos

5. – Efeitos do sacramentos 5. – Efeitos do sacramentos 1127 CIC 1127: “conferem a graça que significam. São ‘eficazes’ porque neles actua o próprio Cristo”. Comunicam a graça ex opere operato (a graça sacramental não depende da pessoa do ministro, mas de Cristo, que actua por meio dele). Por outro lado, a expressão «ex opere operantis», indica que o proveito espiritual, depende de quem o recebe. Efeitos principais: Graça santificante; Graça sacramental; Carácter em alguns. Outros efeitos: expressar e fortalecer a fé; prestar culto a Deus; realizar a santificação dos homens; - criar e manifestar a comunhão eclesiástica. A comunicação da graça não está submetida aos Sacramentos, mas estes, instituídos pelo próprio Deus, são meios excelentes na comunicação da graça.

5. – Efeitos do sacramentos 5. – Efeitos do sacramentos A GRAÇA SANTIFICANTE: é aquele dom sobrenatural que nos faz participar da vida divina, e que fica inerente à alma, à maneira de qualidade permanente. Apaga no homem o pecado e comunica-lhe a vida nova, tornando-o partícipe da natureza divina. (Cf. 1Pd 1,4). A GRAÇA SACRAMENTAL proporciona ao cristão, nas diversas situações da sua vida espiritual e em tempo oportuno, as graças necessárias ao cumprimento de seus deveres. Por exemplo: os pais em virtude do Sacramento do Matrimónio, terão a graça para aceitar e educar cristãmente os filhos. CARÁCTER é aquela marca espiritual indelével impressa na alma pelo Baptismo, a Confirmação e a Ordem, logo não podem ser recebidos mais de uma vez. Designa-se de «selo divino» ou «selo do Espírito Santo» (Cf. 2Cor 1,21ss; Ef 1,13; 1,30). Esta marca permanece na alma do cristão, mesmo quando este cai em pecado grave e perde a graça santificante.

5. – Efeitos do sacramentos 5. – Efeitos do sacramentos A REVIVESCÊNCIA. 1.Não produzem a graça se existir um obstáculo (falta das disposições necessárias: fé, estado de graça para os de vivos). 2. Podem reviver os que só se podem receber uma só vez ou muito poucas vezes. Não revivem a Eucaristia nem a Reconciliação. 3. Os que revivem fazem-no no momento em que se dá aquela boa disposição que teria sido necessária quando se recebeu mal o sacramento.

Baptismo Cristo dá-nos a vida nova de filhos de Deus na Igreja. Confirmação O Espírito Santo fortalece-nos para que sejamos testemunhas de Cristo. Eucaristia Participamos do Sacrifício de Cristo e comungamos o Seu Corpo e Sangue. Reconciliação Cristo perdoa-nos os pecados e reconcilia-nos com Deus e com a Igreja. Unção dos Doentes Cristo fortalece o Cristão perante a doença, a velhice ou a morte. Ordem Cristo consagra sacerdotes para servir o seu povo. Matrimónio Cristo santifica a união do homem e da mulher. 5 – Efeitos dos sacramentos 5 – Efeitos dos sacramentos

6. Classificação dos sacramentos

Os Sacramentos podem classificar-se em três grupos: 1º - Sacramentos da iniciação cristã 2º - Sacramentos de cura 3º - Sacramentos ao serviço da comunidade ReconciliaçãoUnção dos Doentes OrdemMatrimónio BaptismoConfirmaçãoEucaristia 6 – Classificação dos sacramentos 6 – Classificação dos sacramentos

7. Normas actuais sobre os sacramentos

7. – Normas actuais sobre os sacramentos 7. – Normas actuais sobre os sacramentos O Código de Direito canónico, promulgado por João Paulo II, em 1983, dedica nove cânones aos sacramentos em geral. Eis alguns deles: Can Os sacramentos do Novo Testamento, instituídos por Cristo Senhor e confiados à Igreja, enquanto são acções de Cristo e da Igreja, são sinais e meios com que se exprime e fortalece a fé, se rende culto a Deus e contribuem, portanto, em grande medida para criar, corroborar e manifestar a comunhão eclesiástica; por esta razão, tanto os sagrados ministros como os outros fiéis devem celebrá-los com grandíssima veneração e com a devida diligência. Can Visto que os sacramentos são os mesmos para toda a Igreja e pertencem ao depósito divino, compete exclusivamente à autoridade suprema da Igreja aprovar ou definir o que se requer para a sua validade, e a ela própria ou a outra autoridade competente, de acordo com o cân. 838, §§ 3 e 4, compete estabelecer o que se refere à sua celebração, administração e recepção lícita, assim como também ao ritual que deve observar-se na sua celebração. Can § 1. Quem não tiver recebido o baptismo, não pode ser admitido validamente aos outros sacramentos. § 2. Os sacramentos do Baptismo, da Confirmação e a Santíssima Eucaristia estão tão intimamente unidos entre si, que são necessários todos para a plena iniciação cristã.

7. – Normas actuais sobre os sacramentos 7. – Normas actuais sobre os sacramentos Can § 1. Os ministros sagrados não podem negar os sacramentos a quem os pedir oportunamente, estejam devidamente dispostos e não lhes seja proibido pelo direito recebê-los. § 2. Os pastores de almas e outros fiéis, cada um segundo a sua função eclesial, têm obrigação de procurar que quem pede os sacramentos se prepare para os receber com a devida evangelização e formação catequética, atendendo as normas dadas pela autoridade eclesiástica competente. Can § 1. Os sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Ordem imprimem carácter e, portanto, não se podem repetir. § 2. Se, depois de ter realizado uma investigação diligente, subsiste dúvida prudente se os sacramentos tratados no § 1 foram ou não realmente recebidos, sejam administrados sob condição. Can § 1. Na celebração dos sacramentos, devem seguir-se fielmente os livros litúrgicos aprovados pela autoridade competente; por conseguinte, ninguém acrescente, suprima ou mude nada por iniciativa própria. § 2. O ministro deve celebrar os sacramentos segundo o seu próprio rito.

8. Os sacramentos na sociedade actual

8. – Os sacramentos na sociedade actual 8. – Os sacramentos na sociedade actual Acontece muitas vezes aqueles que não têm fé, pedirem à Igreja os sacramentos e aqueles que a têm não os pedirem, por não perceberem o seu sentido! O não-crente pode ver nos sacramentos um folclore religioso burguês, ritos mágicos ou ritos religiosos alienantes… Na sociedade actual, existem vários escolhos e problemas, relativamente à vivência dos sacramentos: Em países onde o cristianismo sociológico é maioria, os sacramentos correm o risco de converter-se em obrigações externas impostas pela tradição, do que formas de expressão de fé… Entre os crentes praticantes, há dois extremos: o «sacramentalismo», em que o que interessa é a recepção dos sacramentos («supermercado de sacramentos»), sem correspondência na vida e numa perspectiva individualista, sem compromisso na comunidade: «o que interessa é a salvação de cada um!». No outro extremo, os que dizem que os sacramentos não são necessários, basta a fé. Afastar o automatismo e qualquer «magia» atribuída à própria celebração, que relega o próprio Cristo. Mais do que administrar sacramentos, deve falar-se em celebrar em comunidade, em viver os sacramentos!

9. Bibliografia recomendada (E.F.C. 21)