Poesias Miguel Rodrigues

Meu horizonte se desfaz Toda vez que você se vai O sol parece que jaz No alto da montanha que me distrai Do voar enigmático das gaivotas Que parecem desenhar seu nome no céu Mas meus olhos já estão enxergando por detrás do véu Da verdade que o destino me escondeu – sei que tu não mais voltas. Não há estrelas nesse céu noturno Mas há lágrimas no coração soturno E durante o dia o sol não brilha tanto Quanto brilhava quando você ainda por aqui estava Não faz sentido fazer frio – meu coração perto de ti esquentava Mais que fogueira acesa, era como um encanto A sua presença que foi deveras fugaz Foi quase um sonho ter você, sonho que quero ir atrás. A cada passo que dou na minha busca por ti O meu horizonte vai se refazendo diante de mim Horizonte com gaivotas e um arrebol que nunca vi Não hei de me cansar mesmo não sabendo o fim Dessa jornada que pode durar toda a minha vida Ou se o destino quiser posso encontra-la na próxima lua cheia Faço minha parte e não darei essa causa por perdida Até rever seus olhos que brilham mais que uma constelação que por ti receia. Receia perder seu brilho para um par de olhos castanhos Como os teus que são encantadores – uma vivacidade que não tem tamanho. Meu Horizonte MR 12/05/06

Suas lágrimas Entristecem o dia O sol se deixa encobrir Pela névoa da angústia E a lua se mingua Deixando em trevas a rua. Suas Lágrimas Entristecem o Dia MR 03/09/06 O choro entoa o ritmo Do canto dos pássaros também tristes Sentes em seu íntimo Uma dor que nunca antes sentiste.

Bem te vi E tão logo eu te quis Bem assim Tão perto de mim Bem que pedi Um sorriso pra afastar As nuvens de um céu infeliz. Bem te vi E tão logo percebi Que o meu destino Era ficar junto a ti Vem pra mim Que eu te mostro o lugar Que pela primeira vez eu te vi Bem aqui De repente eu ouvi O assoviar constante De um bem-te-vi Foi então que te quis Pra sempre perto de mim. Bem te vi MR 10/08/06

Não conte pras estrelas O que aconteceu entre a gente É capaz que elas chorem E desapareçam pra sempre. As estrelas não iriam gostar De saber o que aconteceu Elas que sempre nos acompanham Iluminando o caminho que a gente já percorreu. Não conte pras estrelas E nem mesmo pra lua Fica só entre nós esse segredo. Mas num sussurro disse-me que contou pras borboletas. Agora entendi porque a noite está sem brilho. Não Conte Pras Estrelas MR 26/06/06

Voe! Voe mais alto que seus sonhos E quando estiver bem alto Olhe para baixo e veja a insignificante vida Que levava enquanto era apenas mais um ser vivente. Passamos parte da vida acreditando nos outros E outra parte vendo eles vencerem, Enquanto nós éramos apenas espectadores Porém há de chegar a nossa vez de ser o centro das atenções. Também vencemos – também damos sentido a nossa existência. Por isso voe! Ainda que isso ecoe Como imaginação ou sonho, Não se desanime E continue voando E acreditando Que não será tolhido Ou ainda censurado Pelos seus atos e pensamentos, Não reprima os sentimentos Ou ainda se sente como mais um que respira O mesmo ar que todos – viva e suspira Por novos ares que estão ao seu alcance, Mas que não te darão uma segunda chance Para voltar atrás e ainda que isso doe Sempre voe! Vôo de Libertação MR 07/10/05 Não nos deixais levar por aparências Por bocas que não param de se vangloriar, Deixem essas atitudes para os fracos Somos superiores à isso! Enquanto voamos para as estrelas Eles são subjugados e jogados Pela sociedade em que acreditavam.

O vento que leva essas folhas Também leva meus anseios E são tantos os meus receios E eu tenho que fazer a minha escolha Para que o vento possa levar E assim fazer valer Os meus sonhos. O vento me leva levemente pelo ar Eu tento e quero tanto me libertar Invento uma maneira de contigo sempre ficar E assim minha vida possa caminhar Por caminhos feitos de esperança E no embalo desse ritmo que não me cansa Eu vou levando a vida que nem criança. E o vento agora é vendaval Vai levando meu desejo que está se tornando cada vez mais real Só peço que não leve seu rosto dos meus pensamentos Mas pode levar a tristeza que tenho de não te ter nesse momento. Vento MR 05/07/06

Quero o sol para mim E espero que a lua Não venha cobrar de mim A luz que lhe tirei – deixei-a nua. Afinal a lua sem luz É como uma mulher sem vestido E assim ficando - ela me seduz Ao devolver à lua seu vestido. Quero a lua para mim E espero que o sol Não venha queixar-se para mim Que está sentindo-se só. Afinal o sol sem a lua É como um homem sem uma mulher Ele demonstra seu amor e sua Mulher corresponde como ele quer. União MR 14/12/05

No lábaro estrelado Um lema secular No rosto decepcionado Uma lágrima para inundar Um país inteiro Uma lágrima para lavar A sujeira que se formou. No mesmo rosto decepcionado Um quê de frustração Mas que não perderá a esperança De ver o seu país em ordem E sempre em progresso. Desordem e Regresso MR 22/11/05