Já passaram muitos anos mas continuo a lembrar-me daquele dia como se tivesse sido ontem…

Naquela tarde do dia 1 de Fevereiro de 1908 havia muita gente de olhos postos no rio Tejo à espera de ver chegar o rei D. Carlos, a rainha D. Amélia e o seu filho mais velho.

Depois do desembarque, dos cumprimentos oficiais e honras militares, a família real subiu para a carruagem e dirigiu-se para o palácio. Lembro-me de ouvir dois senhores a comentar: É pouco prudente da parte do rei fazer esta viagem numa carruagem aberta. A população não está contente, os ânimos estão exaltados…

De repente, ouviram-se tiros… Instalou-se a confusão, a carruagem parou. A multidão gritava e corria em todas as direcções. O meu pai puxou-me para um lugar seguro, cobriu-me com o sobretudo e só consegui ouvir: Que desgraça! Que tragédia! Mataram o rei!!! O príncipe está morto!

A notícia correu o país e a Europa. A partir deste dia, muitas coisas mudaram em Portugal. A monarquia estava em crise…

D. Manuel II, filho mais novo de D. Carlos, torna-se rei de Portugal. Mas o país estava em crise, a população andava assustada e o rei não conseguia tomar decisões. Sentia-se pressionado…

Os monárquicos e os republicanos viviam de costas voltadas… O meu pai explicou-me que … … os monárquicos apoiavam o rei e a monarquia… …e os republicanos queriam um novo regime. Apontavam a implantação da República como solução para todos os males de Portugal.

E, dois anos mais tarde, no dia 4 de Outubro, o meu pai trouxe a notícia: Ontem à noite os republicanos ocuparam algumas unidades do exército e da marinha. Começaram os combates entre monárquicos e republicanos… Ouvem-se os bombardeamentos nas ruas de Lisboa!!!

Fiquei muito curioso, queria ver o que estava a acontecer. No dia 5, pela manhã, espreitei à janela e vi tudo…

O povo aderiu à revolução e ajudou a vencer a fraca oposição das forças fiéis à monarquia.

Os republicanos subiram à varanda da Câmara Municipal de Lisboa e proclamaram a REPÚBLICA

Se me perguntarem o que mudou em Portugal a partir desse dia, digo-vos que quase tudo.

A bandeira Verde Símbolo da esperança Vermelho Símbolo da conquista, do sangue e da vitória Esfera armilar Símbolo dos descobrimentos portugueses Escudo com as cinco quinas Homenagem à bravura dos portugueses Faixa com os sete castelos Representa a independência nacional

O Hino “A Portuguesa” Heróis do mar, nobre povo, Nação valente, imortal, Levantai hoje de novo O esplendor de Portugal! Entre as brumas da memória, Ó Pátria sente-se a voz Dos teus egrégios avós, Que há-de guiar-te à vitória! Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar, Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar! Música: Alfredo Keil Texto: Henrique Lopes de Mendonça.

Actual Presidente da República

Hoje já posso sonhar … em continuar a estudar e tornar-me engenheiro para construir pontes e escolas. Antes da República, o meu destino seria ser moço de recados numa drogaria do meu bairro pois a continuação dos estudos estava reservada aos filhos das famílias mais ricas. Agora tudo será diferente…

Esta apresentação foi adaptada e elaborada a partir das obras: Título: O dia em que mataram o rei Autor: José Jorge Letria Ilustrador: Afonso Cruz Título: O Fim da Monarquia – 5 de Outubro de 1910 Autor: Paula Cardoso Almeida Ilustrador: Carla Nazareth

Trabalho realizado pelos professores bibliotecários Luís Contente /Carla Valente EBI SANTA MARIA -BEJA