O Fantasma do Amor gluckall.blogspot.com Rolagem automática ____________________________________perfume de coração
Tudo acabou, nos separamos.
É como se tivéssemos abandonado uma casa que inventamos em nosso imaginário.
A força do amor construiu dentro de nós um lugar de sonhos cheio de quartos, salões, cozinhas, corredores, salas e jardins.
Cada canto é antigo conhecido de cada parceiro, pois foi construído tijolo a tijolo por mãos de dedicação.
Também existem sótãos, porões e masmorras.
Um lugar que apenas os dois conhecem o endereço.
A cada descoberta, um objeto novo A cada descoberta, um objeto novo. Após os momentos vividos, uma decoração feita a quatro mãos.
Um castelo de sonhos povoado por alegrias e angústias, esperas e receios, chegadas e partidas.
Quando partimos, deixamos para trás essa morada do espírito e essa casa fica abandonada.
Porém, não deixa de existir em nós.
Notamos que mais que paredes abstratas, nossa antes morada, criou uma energia própria
e percebemos que demolir essa construção não é tão fácil quanto pode parecer.
É como se o fantasma do outro estivesse por toda parte.
Ora, sorrindo zombeteiro sobre a cama; ora, no topo da escada.
Por vezes vestido para a festa, às vezes nu, andando feliz pelos jardins
Chorando na mesa da cozinha com a cabeça entre as mãos e as lágrimas do desfeito ou levitando no meio da sala
Ruídos, músicas, imagens, lembranças do inexplicável, risadas e choros em nossa mente mal-assombrada
Um amor que partiu, mas deixou em nós seu fantasma arrastando correntes pela casa,
agora abandonada, coberta pelas teias do não reencontro
Quadros de desengano pendurados em paredes envelhecidas e o nosso esforço para demolir essa construção que não cede
Habitação e habitante trocam de papel e nossa casa assombrada nos persegue, a todo instante. A todo lugar
Ouvir incessantemente a voz de quem se foi, falando e falando o tempo todo
Jurando amor, dizendo adeus, cobrando ausências, lamentando perdas
Gritos de não me deixe partir
Imagens do nosso amor em outros braços e novas promessas a quem sequer merece essas coisas insanas, apunhalam sem dó
Certeza de que tudo dito a outro alguém são mentiras da revanche, das vinganças planejadas que jamais serão cumpridas
Ouvimos os gemidos de quem nos amou, ainda mais altos do que um dia foram conosco, no prazer de outro corpo. É o nosso pior fantasma
O ser que um dia amamos dirá, certamente, não ter imaginado esse mundo de sensações com tanta intensidade junto ao novo amor.
Ouviria de mim, um só murmúrio: - Sei que não mentes, pois sei também que agora, no auge dos teus orgasmos...
– nunca o teu pensamento e a tua alma estiveram tão cravados em mim...
gluck.all@hotmail.com visite o blog Perfume de Coração Texto e formatação: Paulo Moreira Música: Radiohead – Fake Plastic Trees Imagens: - Internet Por favor, não altere ou modifique os créditos