Livro-Reportagem.

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Leia o texto abaixo e responda as questões que seguem.
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Avanço Automático Toninho Vendramini Formatações.
Transcrição da apresentação:

Livro-Reportagem

Internacionais: Reed, Jhon. Os Dez Dias que abalaram o mundo. São Paulo: Global, 1982. A história da Revolução Russa de 1917 contada por um correspondente internacional que a acompanhou de perto e até simpatizou com ela. É apontado como precursor do jornalismo literário. Bernstein, Carl e Woodward, Bob. Todos os homens do presidente e Os últimos dias. Rio de Janeiro. Livraria Francisco Alves, 1978. As duas obras se complementam. São, ao mesmo tempo, uma grande reportagem e seu making of. Os autores foram responsáveis pela cobertura do Washington Post que resultou na renúncia do presidente Richard Nixon em 1974. Interessantes porque revelam os métodos empregados na apuração. Alguns deles risíveis, como as conversas ao vivo.

em que a fonte dizia não poder declarar nada e os jornalistas pediam apenas que o informante acenasse se eles estavam no caminho certo ou não. O próprio livro mostra os equívocos proporcionados por esses métodos pouco ortodoxos. Capote, Truman. A sangue frio. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. Relato da chacina de uma família de quatro pessoas no interior do Kansas (EUA), e o processo de prisão, julgamento, condenação e execução por enforcamento dos assassinos. Apesar da polêmica em torno do texto romanceado e de eventuais incorreções, é uma brilhante lição de como contar uma história com riqueza de detalhes e técnica apurada de recursos literários. Hersey, Jhon. Hiroxhima. São Paulo. Companhia das Letras, 2002. Aula de jornalismo do começo ao fim: apuração, texto, edição.

Nacionais: Cunha, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Ateliê, 2003. É um clássico. Reportagens publicadas no jornal O Estado de São Paulo. Vale pelo relato detalhado, em uma época em que o termo apuração rigorosa não constava no vocabulário da maior parte da imprensa brasileira. Emprega a linguagem empolada do início do século passado, mas tem importância histórica por representar o primeiro livro-reportagem nacional. Arruda, Roldão. Dias de Ira. São Paulo: Globo, 2001. Relato denso, com ares de filme policial, sobre o assassinato em série de homossexuais na cidade de São Paulo, em 1986.

Barcellos, Caco. Rota 66. São Paulo: Globo, 1992 Barcellos, Caco. Rota 66. São Paulo: Globo, 1992. O retrato cru, mas muito bem apresentado, da truculenta polícia paulista dos anos 1970 e 1980, com enfoque especial sobre um grupo de policiais que atuava no grupo de elite Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a temida Rota. O material, bem apurado, contou com as reportagens de outros dois jornalistas, mais um trabalho de levantamento e organização de dados feito por colaboradores do autor. Reportagem exemplar. Castro, Ruy. Estrela solitária. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. Biografia caprichada de um dos maiores jogadores de futebol do país, Mané Garrincha. O autor reconstitui a vida do personagem, sua infância, seus problemas com o álcool, estripulias dentro e fora de campo e até uma generosa parcela de sua intensa vida amorosa.

Gaspari, Elio. A ditadura derrotada, A ditadura encurralada, A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. Pela profundidade que o autor retrata o regime militar no Brasil e pela importância do assunto, são livros que todos, especialmente jornalistas, devem ler. Considerado o trabalho de maior fôlego de reportagem no Brasil. Historiografia. Morais, Fernando. Chatô, o rei do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. Biografia de um dos maiores imperadores da mídia no Brasil, Assis Chateaubriand. Revela com profundidade a personalidade de um personagem inigualável no meio empresarial brasileiro, goste-se ou não dele.

Ribeiro, Alex. Caso da escola Base. Os abusos da imprensa Ribeiro, Alex. Caso da escola Base. Os abusos da imprensa. São Paulo: Ática, 2003. Esse livro poderia ser chamado de a “metarreportagem”. O autor reporta o que deu errado na cobertura do mais rumoroso erro da imprensa brasileira. Revela detalhes dos equívocos de apuração e de julgamento por parte dos veículos. Indispensável para quem quer refletir sobre os critérios de avaliação de notícias e métodos de checagem de informações. Tavolaro, Douglas. A casa do delírio. São Paulo: Senac, 2001. Concebido como trabalho de conclusão do curso de jornalismo, o jovem autor traça um perfil inquietante do maior manicômio judiciário do país, o de Franco da Rocha, em São Paulo.

O cronista e o travesseiro Conceição Freitas, jornal Correio Braziliense Se a literatura fosse uma cama, a crônica seria o travesseiro. Não tem a imponência nem a robustez da literatura, não suporta todas as dores do humano, mas na sua reduzida extensão territorial nos retira do embate diário do viver, convida o sono a se aproximar, abre as portas do sonho, afasta-nos momentaneamente dos fatos implacáveis do cotidiano. Tem gente que não dorme sem seu travesseiro. Eu não durmo sem minhas crônicas. Não as minhas, óbvio. As minhas escritas pelos meus cronistas preferidos. Leio nem que seja um parágrafo ou releio ou trileio. Deixo que o cronista cante no meu ouvido a sua doce canção de ninar. Fosse escolher a crônica que mais gosto de todas quantas já li, diria que é a de Clarice Lispector sobre Brasília. Não é um texto, é uma revelação, uma epifania. (“Sou atraída aqui pelo que me assusta em mim. — Nunca vi nada igual no mundo. Mas reconheço esta cidade no mais fundo de meu sonho. O mais fundo de meu sonho é uma lucidez”.)

Pego ao léu outras crônicas que me servem de travesseiro Pego ao léu outras crônicas que me servem de travesseiro. Uma bem curtinha, que me faz rir riso de criança, nem é de um cronista muito conhecido. É do Luís Martins e se chama Tragédia concretista. Ele brinca com a forma das palavras, a sua concretude. Começa assim: “O poeta concretista acordou inspirado. Sonhara a noite toda com a namorada. E pensou: lábio, lábia. O lábio em que pensou era o da namorada, a lábia era a própria”. Entre os grandes da crônica, meus mestres do fim de noite, está um que também não é muito conhecido pelos textos-travesseiros. É o Millôr, o genial Millôr que faz o maior charme em Notas de um ignorante, na qual ele desfila as muitas humilhações que diz sofrer continuamente. “Em matéria de cultura encontro imediatamente quinhentas pessoas, só entre as que conheço, que sabem mais línguas

do que eu, leram mais, falam melhor e mais logicamente, conhecem mais de teatro e citam com precisão escolas filosóficas, afirmando que tal pensamento pertence a esta e contradiz aquela. Que fiz eu?”. Dá pra ver que não apenas o poeta é um fingidor, o cronista também. O Veríssimo é um dos meus travesseiros preferidos, que dona Lúcia me entenda. A da gramática dá vontade de decorar, mas como tenho memória de lesma, deixo o gaúcho encostado na cama, sempre. Se um escritor tivesse de respeitar a gramática com o rigor de um lexicógrafo, diz o filho do seu Erico, “acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda”.

Antológica também é a crônica de Nelson Rodrigues que definiu o complexo de vira-latas do brasileiros, escrita às vésperas da Copa de 58. Nem é um dos textos mais primorosos da flor de obsessão, mas isso não teve a menor importância. Em sete curtos parágrafos, ele definiu um dos traços mais fortes do caráter verde-e-amarelo. Acabou meu espaço, que pena. Porque tinha muito mais crônica pra me lembrar, cronista pra me embalar, travesseiro pra me acalmar. Ainda bem que, se tudo der certo, mais uma noite virá.