18/6/2014 22:521 Nas grandes cidades, é muito comum as pessoas se deslocarem para o litoral, para seus sítios o chácaras. Em São Paulo, embora existam.

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Transcrição da apresentação:

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Nas grandes cidades, é muito comum as pessoas se deslocarem para o litoral, para seus sítios o chácaras. Em São Paulo, embora existam os mais variados entretenimentos, como cinemas, teatros, casas noturnas, parques aquáticos, bibliotecas, museus, centros culturais, shows gratuitos e o maior centro gastronômico da América do sul, vinte por cento da população se utilizam das seis rodovias que ligam a terceira maior cidade do mundo as demais cidades do Brasil e nelas sofrem engarrafamentos e ficam com os nervos a flor da pele, quando sob forte calor, levam horas para chegarem aos seus destinos, além dos riscos que correm quando alguns irresponsáveis usam as estradas para dar vazão as suas frustrações. 18/6/ :522

Eu particularmente não gosto desse tipo de programa; prefiro mais alguma coisa que torne meu fim-de-semana agradável e relaxante. Era um lindo dia de verão paulista e os paulistanos, em numero superior a quinhentos mil, enfileiravam-se em seus automóveis pela Rodovia dos Imigrantes, rumo ao litoral sul. Eu um tanto contrariado fazia parte daquela monstruosa fila que se arrastava em meio a um calor que já incomodava, principalmente dentro de um carro. cuja ventilação era precária, mas como já havíamos alugado apartamento no Guarujá para 10 dias e como o pessoal já estava curtindo essa viagem já a algum tempo, resolvi participar, sem demonstrar a irritação, o que já fazia parte de mim, principalmente por estar sob um sol de mais de 38 graus. 18/6/ :523

Programa de índio, capaz de tirar o humor de qualquer cidadão, por mais pacifico que seja. Eu não via a hora de chegar, pegar o guarda-sol do condomínio, cadeira de alumínio e sentar-me bem de frente a uma barraca cujo dono já era nosso conhecido e pedir uma batida de coco, mas iria demorar um pouco ainda, pois chegando a Santos, teríamos que fazer a travessia de balsa, pois a estrada Bertioga-Guarujá estava impedida, em virtude de deslizamentos de barreiras provocados pelas chuvas de verão. A fila era quilométrica, isso porque o numero de carros que chegavam de São Paulo e que entravam na fila eram infinitamente superior ao numero de veículos transportados pela balsa. O sol a pino de quase meio-dia fazia com que saíssemos do carro e procurássemos abrigo nas sombras das árvores e aproveitando, tomássemos água, refrigerantes, cerveja ou até chupássemos um picolé que eram vendidos por ambulantes que percorriam aquela fila absurda de carros. 18/6/ :524

Enquanto conversava com meu pessoal e com algumas outras famílias dos carros vizinhos, observei um mendigo esquálido, maltrapilho, barbado, cabeludo e com uma aparência muito suja. Esse homem que estava sentado na mureta tinha na mão direita um chapéu virado de cabeça para baixo, onde eram recolhidas as esmolas oferecidas e nesse chapéu para minha curiosidade, tinha um emblema da UNEF - Força de Emergência das Nações Unidas e a meia lua com fundo verde, escrito em amarelo ouro Brasil, emblema que os pracinhas de Suez usavam no braço direito. Discretamente pedi licença para as pessoas com quem eu conversava e fui em direção àquele homem e ao chegar cumprimentei: -Bom Dia Ele apenas levantou a cabeça, olhou-me nos olhos, mas nada respondeu, depois voltou a baixar a cabeça, olhou para o interior do chapéu, virou o rosto para a direita e por alguns segundos olhou o mar, no seu infinito, como quem esperasse aparecer de lá, alguma coisa muito importante: 18/6/ :525

- Senhor, que emblema é esse ai ? Apontei para o emblema da força da ONU e ele me respondeu em inglês: -United Nations Emergency Force - Batalhão Suez. Você sabe o que e isso ? Eu me assustei, fiquei perplexo e nada respondi, mas ele continuou: - Você não sabe de nada, ninguém sabe de nada; aliás, ninguém viu o que passamos, portanto jamais conseguirão sentir na pele o sofrimento de um Boina Azul, de um Soldado do Exército Brasileiro que esteve naquele fim-de-mundo. Olha lá, olha lá; olha o Soares Dutra, esta indo para o Egito, cheio de recruta! Apontava nervosamente com o dedo indicador trêmulo, para um navio cargueiro como se fosse o navio militar que transportou nossos heróis para a missão no Oriente Médio. Nesse momento, meus olhos encheram-se d'água e eu não pude conter a emoção. 18/6/ :526

Eu já nem sabia onde estava meu carro, tinha certeza que alguém o estava conduzindo rumo a balsa, mas eu estava tão envolvido com aquele pobre homem que naquele momento, o carro era o que menos estava me interessando. Não sei porque, mas eu não queria me identificar, pelo menos naquele momento: eu queria ter certeza, embora tudo o que ele contava, foi o que realmente aconteceu, principalmente no período em que estive lá. Além das informações precisas, ele falava muito bem, apenas perdia em alguns momentos a lucidez como foi o caso do navio cargueiro que ele viu como se fosse o Soares Dutra.. Não satisfeito eu insisti: - Vamos colega, conte um pouco mais da sua história e ele respondeu: 18/6/ :527

- Colega? Ele mediu-me dos pés a cabeça e depois de olhar-me nos olhos, - Colega ! Esse tamanho e esses olhos verdes... Como quem estivesse tentando encobrir alguma coisa, ele mudou rapidamente o tom da voz e procurou mostrar a sua indignação pela falta de reconhecimento de todo o empenho e dos bons serviços prestados pelos soldados, àquele povo sofrido. - Saiba meu caro, que quem foi para o Egito perdeu sua mocidade, ficou com seu coração endurecido, aprendeu a ser um revoltado diante de tanta desgraça, ficou com a pele morena, castigada por aquele sol inclemente. A única coisa boa que tinha naquele fim-de-mundo era as cartas que chegavam dos nossos familiares, das madrinhas de campanha, aliás, eu tinha algumas namoradinhas de correspondência, mas por outro lado, tinha um compromisso sério aqui no Brasil: eu vivia maritalmente com Atice, uma criatura maravilhosa que me deu um filho. 18/6/ :528

- Sabe moço, quando fui para o Egito, meu filhote tinha cinco meses e o Exército não sabia, senão eles não deixariam que eu fosse e o dinheiro que eu iria ganhar no ano que eu passaria separado de minha família, fazia parte de um plano que eu tinha para o futuro. - Meu filho morreu, meu senhor, três meses após a minha chegada no Oriente Médio. Meu filho morreu de Meningite e durante dez meses, as cartas nada falavam e só tive a noticia quando cheguei no Rio de Janeiro, no dia 24 de junho de Estava confirmado... Ele era realmente um ex-integrante da UNEF e sem dúvidas do 3º Contingente, o mesmo contingente do qual fiz parte. Ele deveria ser uma pessoa bem próxima de mim, pois as madrinhas de campanha que ele se referia, foi eu quem as descobriu num jornal carioca que me foi enviado pela minha mãe. 18/6/ :529

A emoção tomou conta de todo o meu ser, mas eu sabia que as lágrimas não poderiam sair de meus olhos naquele momento e a proporção que eu tentava evitar, um nó atravessava minha garganta, não deixando que qualquer som passasse para fora a não ser algum soluço. Eu não queria que as pessoas me vissem emocionado; elas não entenderiam o porque dessa emoção como também não devem ter entendido o fato de eu as ter deixado para ficar tanto tempo conversando com um mendigo. Eu disfarçava usando um lenço branco como se estivesse enxugando o suor e rapidamente passava-o pelos olhos evitando assim que as lágrimas descessem pelo rosto. De súbito pareceu-me que o mendigo sabia que eu era seu colega e queria me gozar, mas por outro lado, a tristeza que tomava conta daqueles olhos azuis, e o tremor dos seus lábios grossos quando falava de sua permanência no Egito, faziam-me acreditar que ali estava apenas um homem sofrido, vitima de um sistema cruel que prefere premiar, homenagear, garantir a sobrevivência e amparar um Soldado da Guerra e transformar num mendigo, um Soldado da Paz. 18/6/ :5210

Para completar a minha emoção e talvez quem sabe, uma forma de dizer que me reconheceu, ele cantou uma música que eu fiz, num momento de profunda solidão: O Navio apitou, Meu bem embarcou, Navio se afastou com o Batalhão Ai, Ai Levando um pedacinho de meu coração Quando será que o navio Voltará a esse porto outra vez Trazendo o meu grande amor Que foi para o Canal de Suez No peito tanta dor Meu Deus tem dó de mim Saudades do meu amor Saudades que não tem fim Ai, Ai. 18/6/ :5211

Correndo desesperadamente, minha filha vinha me avisar que o carro ia entrar na balsa e puxando-me pela mão me afastava daquele colega que acabei por não identificar. Eu andava para frente e ao mesmo tempo me virava na tentativa de me despedir dele. Acenei com o lenço que estava na minha mão, do mesmo modo que nossos familiares fizeram na partida do Rio e me despedi gritando: -Até um dia, boa sorte ! Ele respondeu também gritando: -Até breve, escreva um livro..., embora não tenha valido a pena, você sabe que a história é bonita. 18/6/ :5212

Eu não sabia se corria atendendo aos puxões da mão da minha filha, se parava ou se voltava para abraçar aquele homem que lutou pela paz e que não conseguiu ter a paz suficiente para viver em paz e com isso, quase perdi a balsa. O dia todo e durante toda a madrugada que passei em claro, permaneci quieto, procurando lembrar da fisionomia dos colegas que estiveram mais próximos de mim lá no Egito para que eu pudesse associa-lo a um deles, mas nada, eu realmente não consegui identifica-lo. O curioso é que todos os meus familiares perguntavam de quem se tratava e eu só sabia dizer que era um colega de Suez, mais nada. 18/6/ :5213

No dia seguinte, logo cedo voltei ao local onde estava o mendigo e nem sinal daquele homem; perguntei aos ambulantes que vendiam água, refrigerantes, cervejas e picolés e nada sabiam dizer: informaram apenas que, naquele dia o mendigo não apareceu por aquelas imediações. Voltei por volta do meio-dia e à tardinha e nem uma pista daquela figura triste, que embora suja, babada, com grosso bigode e longo cavanhaque tinha expressivos olhos azuis. Perguntei aos colegas que freqüentavam o Guarujá e ninguém percebeu a existência mendigo ao longo da fila de espera das balsas. Sem dúvidas eu fui reconhecido e o que deve ter acontecido é que envergonhado pelo seu estado, ele procurou, sem muito sucesso, demonstrar o contrário. Somente na hora do meu afastamento é que ele, deve ter tido vontade de revelar tudo, de me abraçar e até de chorar: sinceramente eu não sei como conseguiu agüentar tanto tempo sem se emocionar, aliás, eu não notei qualquer tipo de emoção, apenas seus olhos brilhavam como se estivessem umedecidos, mas, nem uma lágrima foi derramada. 18/6/ :5214

Eu que na época já era Presidente da Associação Brasileira das Forças de Paz (SP) e que procurava fazer com que as autoridades brasileiras reconhecessem o valor dos integrantes do Batalhão Suez, virei as costas para um colega que realmente estava carente de tudo, especialmente de atenção, de carinho e de respeito. Eu não sei o que realmente aconteceu comigo naquele verão de /6/ :5215

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