ESCOLA TEIA MULTICULTURAL

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Transcrição da apresentação:

ESCOLA TEIA MULTICULTURAL “Do desperdício de alimento na escola ao trabalho infantil no mundo” Sequencia Didática desenvolvida com 15 crianças do Ensino Fundamental I Prof. Aritanã Oliveira Ribeiro

Disciplina : Ai Ki Do - Educação Física Áreas do conhecimento e conteúdos abordados: - Ciências naturais - Saúde individual e coletiva; - Ciências humanas - Espaço terrestre, a alimentação e sua relação com a cultura local; - Artes - teatro, linguagem poética; - Matemática - soma e subtração, multiplicação e divisão - Língua Portuguesa – Expressão oral e escrita

Aula de Ai Ki Do Tópico do currículo -Saúde/Alimentação saudável. -Ai Ki Do (necessidade de alimentação saudável para ter energia)

Problema local -Desperdício de alimento na escola/populações em situação de fome no Brasil e no mundo O tempo de permanência na escola Teia é de 7 horas diárias, das 8h às 15h ou das 11 às 18h. Nesse período as crianças têm aulas com diversos artistas/especialistas (dança, teatro, música, dança circular, ai ki do, inglês e artes), além de as turmas participarem, juntas, das assembléias e do projeto conviver. O resto do período as crianças passam com o tutor/pedagogo. Dessa forma, as crianças almoçam e lancham na escola. O almoço e o lanche são servidos pela escola para que o aluno não traga nada de casa, até porque não temos cantina. A intenção é desenvolver hábitos saudáveis oferecendo uma alimentação balanceada e de igual teor para todos, evitando “competição” com aquilo que cada um traz, bem como a utilização de marcas lançadas pela mídia. Procuramos, também com isso, dar às crianças a possibilidade de experimentarem alimentos não conhecidos ao verem um colega comendo-o. Incentivamos o desenvolvimento de conceitos como o não desperdício, a autonomia e colaboração nos momentos de se servirem e após comerem, quando levam seus pratos até o local adequado para serem recolhidos e lavados. Tudo isso para também descobrirem o prazer de se alimentar em grupo.

-Conceito da dimensão global Conexão Global -Fome e necessidade de trabalho infantil para saciá-la e mão de obra infantil no Vietnã/Malásia/Oriente Médio -Conceito da dimensão global -Justiça social – desperdício de alimentos no Brasil e em outros países -Como explorou o tópico  Na Teia trabalhamos apresentando um “tema gerador” de discussão, problematizando algo, propondo a realização de algo. A abertura de um tema é sempre realizada em roda, onde as crianças, a partir de questões levantadas pelo professor, falam dos seus conhecimentos sobre o assunto proposto. Partimos, então, desses conhecimentos prévios para desenvolvermos/darmos andamento à questão e, assim, ampliarmos o que sabem sobre o tema. Problematizando a relação do alimento (tema que eu queria abordar) com energia (relação com o ai ki do, minha especialidade) através das perguntas realizadas por mim e as respostas obtidas, caminhamos até o ponto onde pretendia chegar:

Questões primárias propostas Como podemos ser saudáveis? R: Com boa alimentação, cuidando da saúde, tomando banho, escovando os dentes, lavando as mãos, etc.   Como podemos ter energia para executar os movimentos do Ai ki do? R: Alimentando-nos bem. Perguntei, então: O que comemos aqui? R: Arroz, feijão, carne de peixe, de boi, de porco, ovo, cenoura, alface, tomates, brócolis, pepino, repolho, etc. Vocês sabem que a comida está muito relacionada à questão cultural? Que mesmo no Brasil temos características diferentes de alimentação por região? Vamos fazer uma pesquisa sobre o que as crianças comem pelo Brasil.

A alimentação e sua relação com a cultura local Nesse momento a idéia era apresentar inicialmente a diversidade na alimentação, passando rapidamente pela relação da comida com a região/cultura, mas chegar, principalmente, na questão da escassez. Em nossa pesquisa vimos que na região nordeste, por influência de uma mistura das culinárias portuguesa, indígena e africana, as pessoas comem muita carne de boi, de cabra, muito milho, e amendoim. Na região norte os protagonistas são os peixes de água doce, e os coadjuvantes, o açaí, o biju e o amendoim, heranças das culinárias indígenas e portuguesa. No centro-oeste, portugueses, italianos, africanos e sírios, preparam o peixe, o arroz com pequi, milho e a carne de porco. No sudeste, o arroz, o feijão, a feijoada, queijos, ovos e as carnes sofreram influência dos italianos, dos portugueses, libaneses, árabes, japoneses e chineses . Já no sul o churrasco é o prato mais apreciado, as uvas vêm em seguida como matéria prima para os vinhos, influência clara da cultura italiana. Mas, temos alguns lugares com maiores problemas de escassez de alimentos. A região nordeste é a que mais sofre aqui no Brasil. Então, todos comem aquilo que comemos na escola? E todos têm condições de comer? R: Não

Sensibilização Primeiro apresentei imagens de falta de comida:

Depois, de desperdício:

Utilizei, neste momento, o curta metragem “Ilha das Flôres”. Após o filme diversos alunos trouxeram comentários de observações próprias a esse respeito, como a alimentação dos moradores de rua, que muitas vezes eles vêem. Levantei, então, a partir daí, as seguintes questões: Novas Questões Em São Paulo, quais pessoas não comem bem? R: As pessoas pobres. Que moram na rua porque não tem dinheiro. Porque existe essa diferença? Porque tem pessoas que não tem condição de ter uma vida saudável? Vamos averiguar?

A partir da minha questão sobre vida saudável, os alunos voltaram a falar sobre o Ai ki do e sobre esportes, então chegaram ao assunto da “jabulani”. Aproveitei o tema para falarmos sobre a mão de obra infantil no Vietnã, na China e em alguns países do oriente médio. Antes, os localizamos no mapa. Mapa para localização

Porque essas crianças têm necessidade de trabalhar? Como eles não sabiam responder, falei sobre a necessidade de ajudarem os pais no sustento da família, principalmente em relação à alimentação. Abordei, ainda, a questão do “ECA”, (Estatuto da criança e do adolescente), relativo ao trabalho infantil, mas disse que falaríamos sobre esse assunto, mais profundamente, em outro momento.

Uma triste matemática Temos crianças aqui no Brasil que trabalham para comer (os malabares infantis de rua que estão trabalhando para “os pais” é um exemplo). Levantamos, aproximadamente, o quanto é possível ganhar num dia de trabalho na rua. Partimos do estudo de estimativa. Em casos raros, ou em dias bons algumas crianças conseguem arrecadar até cem reais em um dia no semáforo. Mas o mais comum é de R$10,00 a R$40,00 reais. Fizemos as contas para checarmos o que significava essa diferença dividindo valores, somando, subtraindo, até chegarmos ao valor médio de R$15 reais. Verificamos quantos dias temos em cada mês, subtraímos os fins de semana e chegamos a 24 dias de trabalho. Multiplicamos o valor de R$15,00 por 24 dias. O total foi: R$360,00 de ganho mensal.

Então, na nossa realidade, aqui na Teia, desperdiçamos alimentos? No horário de almoço, após todos comerem, mostramos o lixo de alimentos da escola e puderam ver a quantidade de comida boa jogada fora. R:Sim Lixo da escola

Porque isso acontece e nós nem nos damos conta? R: Porque colocamos muita comida no nosso prato, sem pensar. Porque esquecemos. Porque são muitas crianças e se todos jogam um pouquinho de comida fora, no final acaba ficando um montão de comida no lixo. Porque desperdiçamos e temos pessoas, tão próximas a nós, que não têm o que comer? R: Porque na cidade tem pessoas pobres, ricas e de classe média. Porque tem muitas pessoas que não tem emprego e não tem Dinheiro para comprar comida. E outras pessoas que tem muito dinheiro como os jogadores de futebol por exemplo.

Há muita desigualdade? R: Sim. Um aluno intervém dizendo que em Cuba o regime é socialista e Pessoas com empregos diferentes ganham o mesmo salário, moram em casas iguais, e estudam nas mesmas escolas. “Lá não tem tanta desigualdade.” Sim, parece que lá as coisas são mais justas, não é mesmo. Isso é bom, é muito bom. Mas, por outro lado, eles não têm muita liberdade para criticar o governo por exemplo. Se fizerem isso, correm riscos. Produtos considerados essenciais como sapatos, arroz e sabonete são contados e cada família pode consumir uma determinada quantidade deles por mês. A liberdade das pessoas fica comprometida, exatamente como na peça em que estamos trabalhando. Vamos voltar para um trecho do texto:

Viveiro de Pássaros Trecho1 autor: Braguinha Trecho1 “MANDUCA: Pinduca, solta esse bicho, esse pássaro não presta, é o moleque mais teimoso, que existe em toda a floresta. Atrapalha a cantoria, faz barulho, faz berreiro, vai fazer desarmonia,vai bagunçar o viveiro. PINDUCA: Papai, tenha paciência, eu gosto do Pica-pau, ele tem suas idéias, mas no fundo não é tão mau. MANDUCA: Então volte para casa, esse bicho é muito vivo, não quero você metido com esse subversivo”. Trecho 2 MARITACA: MARITACA-CÁ, MARITACA-CÁ, eu aqui to presa e só fiz gritar. PICA-PAU: Cala a boca Maritaca, eu quero muito silêncio, vai começar o comício. CARDEAL: Toma cuidado meu filho,com tudo o que vais dizer, neste mundo em que vivemos, tudo pode acontecer.” Trecho 3 PINDUCA: (sobre o canto dos pássaros, do banco): E começou no viveiro um canto triste, abafado, era o coro do poleiro, cantando o “bico amarrado”.O meu pai não compreende que quem não pode voar, precisa de liberdade ao menos pra cantar. (Pinduca vai ficando triste, e exclama):Isto assim não é possível, que maldade, coitadinhos! Eu vou é desamarrar o bico dos passarinhos.

Ação das crianças: Mas, voltando à questão do alimento, o que podemos fazer, então? 1º - Sensibilizar todos da escola para essa questão através de conversas, cartazes e campanhas organizadas dentro de nossas assembléias; 2º - Separar o lixo orgânico em dois: Um com as cascas de frutas, e etc., com o qual faremos compostagem, realizando essa atividade no Parque da Água Branca; e o outro, com os restos de comida para podermos Acompanhar melhor as quantidades jogadas. 3º - Acompanharmos o lixo de alimentos após as refeições para ver se conseguimos diminuir o desperdício pesando-os. 4º - A economia gerada pela diminuição de gastos dos alimentos não jogados será calculada pelos alunos que verificarão que quantidade poderemos comprar de cestas básicas com o dinheiro economizado. Isso para que as crianças compreendam que o alimento não desperdiçado pode servir para alimentar outras pessoas. Entregaremos essas cestas, no final do ano, para uma entidade do bairro.