3. Sítios experimentais e instrumentação 4. Resultados e Discussão

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Aluno: Bruno Mena Barreto Bastos
Advertisements

Alessandro Augusto dos Santos Michiles Ralf Gielow
ESTIMATIVAS DAS DIMENSÕES ESPACIAIS,
Foto: Bart Kruijt Ciclo de Nitrogênio em Florestas Secundárias da Amazônia: uma abordagem isotópica Michela Figueira Lab. Ecologia Isotópica – CENA/USP.
Expedito Alves Cardoso Humberto Ribeiro Rocha
Climas do Continente Americano
Tipos de camadas de cobertura Asfalto, Geosynthetic Clay Liners (GCL)
Domínios e Paisagens Biogeográficos
CERRADO.
RESUMO A sazonalidade do armazenamento da água no solo pode induzir um efeito memória de longo período na variabilidade atmosférica. Isto implica que a.
422 OBSERVAÇÕES DE CLIMA E FLUXOS TURBULENTOS SOBRE O CERRADO sensu stricto E CANA-DE-AÇÚCAR Robinson I. Negrón Juáreza, Humberto Ribeiro da Rochaa, Osvaldo.
Análise isotópica do oxigênio em folhas, ramos e vapor d’água em uma área de vegetação primária submetida à exclusão parcial de chuva na Flona Tapajós,
Aplicação de dendrometria em uma floresta manejada com corte seletivo na Floresta Nacional do Tapajós Sousa. Cleilim Alberta, Figueira. Adelaine Michelaa,
INTRODUÇÃO À PSICROMETRIA
Variações climáticas contemporâneas
Mestranda: Maria Isabel Mota Carneiro
Aluna de mestrado: Myrla de Souza Batista
E S C O A M E N T O Conceito, Classificação e Formação
E S T I M A T I V A DA I N F I L T R A Ç Ã O
CICLO HIDROLÓGICO.
Física do Ambiente Física do Ambiente Objetivos:
Evaporação e Transpiração
CLIMAS DO BRASIL Tempo e Clima no Brasil Cavalcanti et al. (2009)
Colonização radicular por fungos micorrízicos arbusculares em plantas de clareiras da Província Petrolífera de Urucu, Amazonas. Moreira, F. W.; Willerding,
A DINÂMICA DA ÁGUA DA ÁGUA NUMA ÁREA EM REVEGETAÇÃO NA BASE DE OPERAÇÕES GEÓLOGO PEDRO DE MOURA, COARI - AM Wenceslau Teixeira Embrapa Amazônia Ocidental.
INDICADORES FÍSICOS DA QUALIDADE DO SOLO NO MONITORAMENTO DA RECUPERAÇÃO DE CLAREIRAS DA PROVÍNCIA PETROLÍFERA DE URUCU, AMAZONAS Wenceslau Teixeira.
CLIMATOLOGIA.
Efeito de períodos de semeadura e das condições de armazenamento sobre a qualidade de grãos de feijão para o cozimento.
MEDIDAS DO POTENCIAL DA ÁGUA DO SOLO
CONVERSÃO DE FLORESTA TROPICAL EM PASTAGEM E SUA INFLUÊNCIA NO BALANÇO HÍDRICO DA REGIÃO DE JI-PARANÁ, RONDÔNIA. Kécio Gonçalves LEITE1, Carlos Mergulhão.
Hidrologia Interceptação
PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA E TRANSFERÊNCIA DE NUTRIENTES EM ÁREA DE SEGUNDA ROTAÇÃO COM FLORESTA DE Pinus taeda L. NO MUNICÍPIO DE CAMBARÁ DO SUL, RS Autores:
Bem manejadaskg C m -2 ) Balanço de carbono após 20 anos da conversão de floresta para pastagem bem manejadas na Amazônia (kg C m -2 ) 11 a
Equação do Balanço de Energia à Superfície
Mistura de diferentes materiais, tanto orgânicos, quanto inorgânicos
Definições e Conceitos de Tempo e Clima
Adriano Ferreira Silva Mestrando
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
Cálculo da irrigação Luciane Costa de Oliveira
II CONGRESSSO DE ESTUDANTES E BOLSISTAS DO EXPERIMENTO LBA
Nelson XABREGAS 1, Paulo Monteiro BRANDO 1, Daniel Curtis NEPSTAD 1,2 1 – IPAM Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia 2 – The Woods Hole Research.
Rocha, C.O1; Bresolin, J.D1; Krüger, R.H.2 e Bustamante, M.M.C1.
Variabilidade de crescimento e idade das árvores da floresta Amazônia Simone Ap. Vieira; Diogo Selhorstb, Plínio B. De Camargoa, Niro Higuchic; Jeff Chambersd.
Localização das torres instrumentadas
ANÁLISE DOS FLUXOS DE CO 2 ENTRE A VEGETAÇÃO E A ATMOSFERA EM ÁREAS DE PASTAGEM E FLORESTA NO ESTADO DE RONDÔNIA Anderson Teixeira Telles 1, Fernando L.
Meteorologia Agrícola
RESULTADOS E DISCUSSÃO
6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Manejo de solo no sistema plantio direto
Monitoramento Automático de Parâmetros Hidrológicos na Bacia do Rio Purus, AM - HIDROPURUS - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC/INPE.
Renata Gonçalves Aguiar
DETECÇÃO DE POSSÍVEIS “MUDANÇAS CLIMÁTICAS” EM SÉRIES HISTÓRICAS DE PRECIPITAÇÃO PLUVIAL Gabriel Blain Estudo de caso: Campinas-SP (1890 a 2005)
Evapotranspiração.
Fluxo de seiva usando a técnica de compensação de pulso de calor (HPC) Piracicaba, 06 de julho de 2009 Danilton Luiz Flumignan Doutorando em Irrigação.
INFILTRAÇÃO E ÁGUA NO SOLO
Resultados e Discussão
Emissão de CO 2 e CH 4 em chavascais do médio Rio Negro – dados preliminares. Propõe-se que a assimilação de CO 2 pela floresta amazônica compensa parte.
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA ‘Luiz de Queiroz’ UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Programa de Pós-Graduação em Irrigação e Drenagem Lígia Borges Marinho Métodos.
Atmosfera, clima e tempo.
 A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Não apenas a sua rica biodiversidade, mas sua relação com o clima também tem grande importância para.
I Reunião de Planejamento & Gestão Aderson Soares de Andrade Júnior Campinas, SP, 08 e 09/03/2006 Zoneamento de riscos climáticos: abordagem para a agricultura.
VARIAÇÃO SAZONAL DA BIOMASSA MICROBIANA-C E DA UMIDADE DO SOLO SOB DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS NA AMAZÔNIA CENTRAL O fluxo de CO 2 do solo é um dos.
Fluxos de energia, vapor de água e CO 2 em floresta de terra firme em São Gabriel da Cachoeira Maria Rosimar P.S. Fernandes 1, Charles L. da Costa 2, Napoleão.
Cláudio Ricardo da Silva – bolsista CNPQ/FAPEPI Aderson Soares de Andrade Júnior - Coordenador Uso e calibração - Diviner 2000.
Zoneamento de riscos climáticos: abordagem para a agricultura familiar, agroenergia e pastagens SEG – MP
DINÂMICA CLIMÁTICA.
AULA Ciclo hidrológico superficie Disciplina INTERAÇÃO BIOSFERA-ATMOSFERA AGM 5724 Pós-Graduação Departamento de Ciências Atmosféricas / Iag / USP.
OFICINA DE CLIMATOLOGIA
AVALIAÇÃO DOS DADOS DE PRECIPITAÇÃO DO SATÉLITE TRMM PARA A BACIA DE CONTRIBUIÇÃO DA UHE ITUMBIARA (GO) Alunos: Marcelo Pedroso Curtarelli,
Atualizações no modelo numérico de mudança climática Eta da representação da cobertura da terra no Nordeste do Brasil Padrões e Processos em Dinâmica de.
Transcrição da apresentação:

3. Sítios experimentais e instrumentação 4. Resultados e Discussão Variabilidade Observada da Umidade do Solo Em Floresta Tropical Úmida e Cerrado Rogério D. Bruno, DCA/IAG/USP Humberto R. da Rocha, DCA/IAG/USP Scott D. Miller, UCI  rogerio@model.iag.usp.br  humberto@model.iag.usp.br  sdmiller@uci.edu Helber C. de Freitas, DCA/IAG/USP Robinson I.N. Juárez, DCA/IAG/USP Michael L. Goulden, UCI  herlbercf@model.iag.usp.br  robinson@model.iag.usp.br  mgoulden@uci.edu Osvaldo M.R. Cabral, CNPMA/Embrapa  cpnma@cnpma.embrapa.br 148 Introdução A condição de umidade no solo é fator preponderante no estabelecimento dos fluxos de calor sensível e latente para a atmosfera1,2,3,4,5,6. Trabalhos sobre a dinâmica da água no solo7,8,9,10,11,12 e fisiologia vegetal13 apontaram que a floresta tropical é capaz de extrair água além de 8 m de profundidade14 evitando estresses hídricos em épocas de severas secas e alterando os processos de evapotranspiração e de partição de energia para a atmosfera. Desta forma, a umidade do solo é uma variável fundamental para o entendimento do ciclo hidrológico e para estudos de previsão climática. 3. Sítios experimentais e instrumentação Floresta Tropical Úmida: FLONA Tapajós, km 83, Santarém/PA, com dois perfis profundos (10m): um sob floresta intacta e outro sob clareira, com 20 refletômetros (0,15; 0,3; 0,6; 1; 2; 3; 4; 6; 8; e 10 m de profundidade) Cerrado sensu stricto: ARIE Gleba Pé-de-Gigante, Santa Rita do Passa Quatro/SP, com um perfil de 2,5 m sob o Cerrado sensu stricto (0,1; 0,2; 0,5; 0,8; 1; 1,5; 2; e 2,5 m de profundidade) Amostras não deformadas coletas in situ a 0,1m e abaixo de 50cm foram calibradas por gravimetria automática e por FDR, simultaneamente. Vista aérea da clareira aberta na Floresta Tropical Úmida (no alto, à esquerda) e instalação do perfil sob a floresta tropical úmida (embaixo, à esquerda). Vista aérea do Cerrado sensu stricto na estação úmida (no alto, à direita) e na estação seca (embaixo, à direita). Fotos: Humberto R. da Rocha. 2. Objetivos Calibração de sensores FDR (CS615 Campbell Sci) p/ amostras de latossolo amarelo argiloso e areia quartzosa; Discutir a variabilidade espaço-temporal da umidade do solo e estimar parâmetros característicos p/ solos sob Floresta Tropical Úmida e Cerrado sensu stricto; Comparar estimativas de evapotranspiração obtidas por balanço hídrico do solo e por médias de fluxo de calor latente (método de eddy correlation). 4. Resultados e Discussão Fig. 2. A umidade do solo sob a floresta depleciona em todas as profundidades (sobretudo na estação seca/2003), como resposta principalmente à extração radicular. Por outro lado, o corte de árvores de grande porte na clareira facilita o influxo de água e/ou reduz as perdas hídricas, o que reflete em uma estratitificação da umidade abaixo dos 3m. Estações secas severas (como a de 2002) podem induzir a floresta a reduzir drasticamente os estoques profundos de umidade do solo. Como a floresta tropical apresenta alto grau de interceptação pluviométrica (15 %) e consome em torno de 3,5 mm dia-1 de água só para a evapotranspiração, a reconstituição desses estoques dificilmente ocorrerá já na estação chuvosa seguinte. Essa “memória” dependerá sobretudo da variabilidade da distribuição das chuvas ocorrida na estação seca. Fig. 3. Sob o Cerrado sensu stricto os processos de umedecimento e de secagem acontecem de forma marcante. O baixíssimo grau de retenção de umidade (entre 0,06 e 0,22 m3m-3) desse solo apresenta uma região de mínimos em torno de 1m de profundidade. Tratam-se de áreas com grande densidade radicular, características de solos sob florestas, e que resultam em camadas com estrutura muito macroporosa, podendo persistir por anos após o corte da vegetação (como também se pode observar em 0,6m de profundidade no perfil da floresta tropical e da clareira). Fig. 1 Curva de calibração para sensor CS615 (linha azul) e parâmetros de ajuste para latossolo amarelo argiloso (FNT) e para areia quartzosa (PDG). É considerável a subestimativa da umidade do solo quando se usa a curva fornecida pelo fabricante (linha vermelha). Fig.4. A análise dos totais de água armazenada no solo por camadas permite identificar regiões com grande atividade radicular. A depleção máxima integrada no perfil inteiro da floresta totalizou 917 ±18 mm de água, dos quais 70% foi distribuído nos primeiros 6m. Na clareira, 43% da retirada total de água (373 ±7 mm) foi registrada nos primeiros 2 m abaixo da superfície. Já no cerrado, a extração radicular nos 2,5 m de perfil somou 225 ±4 mm (valor muito próximo da retirada de água pela floresta nessa mesma camada: 228 ±5 mm) Fig. 5. A diferença entre a capacidade de campo (cc) e os mínimos absolutos de umidade do solo (PMP) forneceram uma estimativa da capacidade de água disponível para a vegetação (CAD). A grosso modo, integrando-se a CAD no primeiro metro abaixo da floresta tem-se um total de 101 ±2 mm, enquanto que sob o cerrado há apenas 83 ±2 mm de água disponível para os processos evapotranspirativos. Fig. 5. Balanço hídrico (S) do solo em dias sem chuva permitiram comparar a evapotranspiração diária (método de eddy correlation) com a retirada de água. Na floresta, S10m variou entre 2,5 e 4,2 mm dia-1, enquanto que no cerrado, S2,5m ficou entre 1,6 e 4,4 mm dia-1. 5. Conclusões Calibrações feitas em amostras coletadas in situ e baseadas em função sigmoidal fornecem valores de umidade do solo mais exatos. O uso de perfis de FDR mostrou-se uma adequada ferramenta para estudos de hidrologia do solo, fornecendo boas estimativas para parâmetros característicos do solo (PMP ,cc e CAD e porosidade), desde que devidamente instalados e com calibrações para cada solo específico. O estudo dos processos evapotranspirativos da floresta tropical úmida, principalmente, demanda a utilização de perfis profundos (>8m) para representar seu sistema radicular por completo. 6. Referências Juárez. Tese IAG/USP, 2004. 8. Rocha et al. Biota Neotrop, 2003. Foley et al. Front Ecol Env, 2003. 9. Lai & Katul. Adv Water Res, 2000. 3. Pielke et al. Glob Change Biol, 1998. 10. Jipp et al. Climat Change, 1998. 4. Sellers et al. Science, 1997. 11.Hodnett et al. Am Defor & Climate, 1996. 5. Delworth & Manabe. J of Climate, 1989. 12.Hodnett et al. J of Hydrology, 1995. 6. Shukla & Mintz. Science, 1982. 13. Caldwell et al. Oecologia, 1998. 7. Bruno. Dissert. IAG/USP, 2004. 14. Nepstad et al. Nature, 1994.