Grande Sertão: Veredas

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Transcrição da apresentação:

Grande Sertão: Veredas JOÃO GUIMARÃES ROSA Grupo: Cairo F., Henrique A., Letícia R., Lucas H., Natália C., Rafael R. Turma: 301

Biografia: João Guimarães Rosa foi um dos grandes escritores dos últimos tempos. Nasceu em Cordisburgo em 27 de junho de 1908. Era o primeiro dos seis filhos de Florduardo Pinto Rosa e de Francisca Guimarães Rosa, desde cedo estudara vários idiomas, iniciando pelo francês aos 7 anos.

A maioria de seus contos e romances ambienta-se no chamado sertão brasileiro. São marcados pela influência de falas populares e regionais que somadas ao excesso de conhecimento do autor, permitiu a criação de inúmeros vocábulos (neologismo).

Foi colega de personalidades importantes, entre as quais Juscelino Kubitschek, futuro presidente da República. Freqüentou ali os círculos literários e publicou alguns contos em revistas do Rio de Janeiro.

Quando morreu aos seus 59 anos, já havia se dedicado à medicina, diplomacia e fundamentalmente às suas crenças, descritas em suas obras literárias. Guimarães Rosa renovou o romance brasileiro, começou a publicar aos 38 anos e sua obra se impôs não apenas no Brasil, mas alcançou o mundo.

Em 1936, venceu um concurso de poemas com a obra Magma, que se recusou a publicar. Em 1937, escreveu os contos de Sagarana, obtendo o segundo lugar em um concurso nacional de contos. Mas só publicou o livro em 1946, bastante modificado e com dois contos a menos. Foi aclamado como um dos grandes ficcionistas do século XX.

O sucesso não fez com que ele esquecesse o sertão mineiro: continuamente retornava à terra natal, em longas viagens a cavalo, revendo a beleza rústica da região.

Obras 1936: Magma 1946: Sagarana 1947: Com o Vaqueiro Mariano 1956: Corpo de Baile 1956: Grande Sertão: Veredas 1962: Primeiras Estórias 1964: Campo Geral 1965: Noites do Sertão 1967: Tutaméia – Terceiras Estórias 1969: Estas Estórias (póstumo) 1970: Ave, Palavra (póstumo)

Grande Sertão: Veredas Foi um romance publicado em 1956 e chama a atenção por sua dimensão – mais de 600 páginas – e pela ausência de capítulos. A história se passa no sertão e por essa razão apresenta palavras que de início causam confusão e estranheza ao leitor que desconhece a região e suas expressões.

Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo (exploração de novos conceitos) e a temática regionalista da segunda fase do movimento para criar uma obra inovadora.

Grande Sertão: Veredas Na obra, o sertão é visto e vivido de uma maneira subjetiva e profunda, e não apenas como uma paisagem ou como uma série de costumes a serem descritos, assim há um processo de integração total entre o autor e a temática. Para contar o sertão, Guimarães Rosa utiliza-se do idioma do próprio sertão, falado por Riobaldo em sua extensa e perturbadora narrativa.

Grande Sertão: Veredas Riobaldo, fazendeiro do estado de Minas Gerais, conta a história a um interlocutor desconhecido, que nunca se pronuncia, a quem ele chama "Senhor, "Moço" ou "Doutor". São histórias de disputas, vinganças, longas viagens, amores e mortes vistas e vividas pelo ex-jagunço nos vários anos que este andou por Minas, Goiás e sul da Bahia. O romance gira em torno das lembranças do jagunço no sertão mítico, e de seu amor por Diadorim.

Análise da obra Enredo: A história gira em torno de dois personagens, Riobaldo e Diadorim. Riobaldo é o narrador-protagonista do livro. Diadorim é Reinaldo, amigo de infância de Riobaldo e filho de Joca Ramiro, chefe de um bando de jagunços. Riobaldo mora às margens do Rio São Francisco e em sua narrativa conta a história de sua vida num discurso de descoberta e autoconhecimento: revelando o sertão-mundo e revelando a si próprio, como se dissesse “o sertão sou eu” para reconhecer-se.

Análise da obra A narrativa não segue uma forma linear, mas podemos tirar dela muito da história de Riobaldo. Depois da morte da mãe, uma mulher pobre que vive como agregada em uma grande fazenda no interior de Minas, ele passou a morar com seu padrinho. Decepcionado com esse que era provavelmente seu verdadeiro pai, foge de casa.

Riobaldo é levado a se juntar ao movimento jagunço ao reencontrar um amigo de infância, Diadorim. Segundo o próprio Riobaldo os episódios que vive com o bando não lhe agradam. O narrador passa a perceber que existe entre ele e Diadorim uma relação diferente da que se podia haver entre os jagunços.

Diadorim é, simultaneamente, a representação do masculino e do feminino, do celeste e do demoníaco, da certeza e da dúvida. Diadorim era sério, "não se fornecia com mulher nenhuma". Destemido, calado, de feições finas e delicadas, impressionava Riobaldo e exercia sobre ele grande fascínio.

Quando Joca Ramiro, chefe do bando, é assassinado, Riobaldo assume seu posto e decide vingar sua morte. Sentindo-se completamente encurralado ele resolve então fazer um pacto com o demônio, de modo que ele lhe permita matar seu inimigo Hermógenes e sair da situação em que se encontra. Não é possível afirmar com certeza se houve ou não o pacto. Essa tensão se estende por toda a narrativa.

Um dos temas do livro é justamente sobre a existência ou não do "Diabo", e se for verdadeira qual a sua condição de pactuário. Durante a narrativa, o narrador oscila entre o crer e o não crer.

Análise da obra Clímax: O clímax do livro está reservado para o final, onde ocorrem revelações que dão sentido aos mais diversos sentimentos descritos por Riobaldo.  Narrador: O foco narrativo de "Grande Sertão: Veredas" está em primeira pessoa, onde o narrador é Riobaldo. A narrativa é longa e de difícil entendimento, devido as divagações do narrador.

Personagens Riobaldo: é o personagem que narra a própria vida, desde a juventude, antes de virar jagunço. Quando entra para a vida de jagunço, o personagem é batizado de Tatarana, que significa “lagarta de fogo”, apelido dado em homenagem à sua exímia pontaria. Em um dado momento da narrativa, depois de um suposto pacto com o Diabo, ele toma a liderança do grupo, sendo rebatizado de “Urutu Branco”. 

Personagens Diadorim: personagem-chave do romance, é tida como homem durante quase toda a narrativa. Apenas nas últimas páginas o narrador conta que, depois de sua morte, quando o corpo é despido e lavado, descobre-se que se tratava de uma mulher. Joca Ramiro: grande chefe político e guerreiro, lidera a primeira guerra narrada no romance, e seu assassinato origina a segunda guerra. É o grande guerreiro, o líder sábio, justo, corajoso. Aparece como encarnação das virtudes. 

Personagens Zé Bebelo: Tinha ambições políticas, mas, segundo o narrador, começou tarde essa busca pelo poder. Zé Bebelo é extremamente orgulhoso e gaba-se de nunca se ter deixado comandar por ninguém. Hermógenes:  É o personagem mais odiado pelo narrador. Na primeira guerra, quando estão lutando do mesmo lado, Riobaldo já revela seu ódio por ele. No romance, Hermógenes é a personificação do mal. 

Personagens Ricardão: enquanto Zé Bebelo guerreava por ambições políticas e Hermógenes era motivado por sua natureza assassina, Ricardão tinha interesse apenas na questão financeira. Fazendeiro rico, guerreava para depois poder enriquecer em paz.

Modernismo A obra de Guimarães Rosa tem início na terceira fase do Modernismo e se impõe como um marco na evolução da literatura brasileira. Os textos regionalistas até então costumavam abordar os problemas brasileiros de uma maneira superficial. O regionalismo de Guimarães Rosa deixa de dar ênfase à paisagem para focalizar o ser humano em conflito com o ambiente e consigo próprio.

Modernismo A maior inovação nos livros de Guimarães Rosa é a linguagem: criativa, que explora a sonoridade das palavras, incorpora a fala regional, cria termos adaptando expressões de outras línguas. Essa novidade obriga o leitor a refletir sobre o significado das palavras para compreender a nova dimensão dada a conteúdos já conhecidos.

Modernismo Guimarães Rosa aboliu as fronteiras entre prosa e poesia: seus textos são sempre em prosa, mas apresentam inúmeras características que se costumam considerar próprias da poesia, como as rimas, aliterações, onomatopéias etc. Operou também grandes transformações na sintaxe, na morfologia, nos usos literários em geral, tendo em vista a forma como tais padrões eram empregados até então na literatura brasileira.

Modernismo Ele cria neologismos e recupera arcaísmos já esquecidos da língua portuguesa. Constrói palavras que implicam a aglutinação de dois ou mais idiomas no sentido de obrigar sua língua literária a dizer e significar mais do que o habitual.

Características modernistas na obra:  Experimentalismo linguístico: “NONADA. TIROS QUE O SENHOR ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvores no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar.” (ROSA, 1956, p.1) O autor cria um novo termo (neologismo) com “nonada”, que significa "coisa sem importância" e resulta da fusão de "non", do português arcaico, com "nada".

Temática regionalista: “Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de echos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucuia vem dos montões oestes. Mas, hoje, que na beira dele, tudo dá – fazendões de fazendas, almargem de vargens de bom render, as vazantes; culturas que vão de mata em mata, madeiras de grossura, até ainda virgens dessas lá há. O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães... O sertão está em toda a parte.” (ROSA, 1956, p.3) A literatura regionalista traduz peculiaridades locais, expressando os traços do momento histórico e da realidade social.

Prosa x poesia: “Aí, de poleiro pego prévio, abrimos nossa calamidade neles. Pessoal do Hermógenes... Não se disse guavai! Supetume! Só bala de aço. – “Dou duelo!... – Ei, tibes...” Só o quanto de se quebrar galho e rasgar roupagem. Um judas correu errado, do lado onde o Jiribibe estava: triste daquele. – “Ouh!” – foi o que ele fez de contrição perfeita.” (ROSA, 1956, p. 127) Guimarães Rosa aboliu a diferença que a prosa tinha com a poesia, em seus textos ele apresenta estruturas como as rimas, aliterações, onomatopéias etc. 

Curiosidades João Guimarães Rosa percorreu a zona rural de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia com um pequeno caderno pendurado no pescoço. Nesse bloco, anotava as expressões do povo e os nomes cultos de plantas e animais da região.

Como diplomata, ele protegeu e facilitou a fuga de judeus perseguidos pelo Nazismo. Pelo feito, Guimarães Rosa e sua mulher foram homenageados em Israel, em abril de 1985: o nome do casal foi dado a um bosque que fica ao longo das encostas que dão acesso a Jerusalém.

Foi internado como prisioneiro na Alemanha durante a segunda guerra mundial. Com os personagens Joãozinho Bem-Bem, Riobaldo, Diadorim, Medeiro Voz, Joca Ramiro surgem os primeiros heróis da literatura brasileira.